SAÚDE AMBIENTAL E OS SISTEMAS DE INTERAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA

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Transcrição:

SAÚDE AMBIENTAL E OS SISTEMAS DE INTERAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA Deivid Cristian Leal Alves Universidade Federal de Goiás/Campus Catalão dclealalves@gmail.com Manoel Rodrigues Chaves Universidade Federal de Goiás/Campus Catalão manoelufg@gmail.com Resumo: A promoção da saúde coletiva está intimamente relacionada à qualidade ambiental, fazendo-se necessário conhecer a origem relativa das causas das doenças e as características do meio físico. Neste contexto integrador dos conceitos da saúde coletiva e da problemática ambiental é possível tecer comentários e discussões acerca das interações entre ambiente e saúde, reflexão pertinente aos estudos geográficos através da relação dialética Sociedade Natureza. Palavras-chaves: Geografia. Saúde Coletiva. Ambiente. INTRODUÇÃO A promoção da saúde coletiva está intimamente ligada à Saúde Ambiental. Esta compreende os aspectos da saúde humana, incluindo a qualidade de vida, que são determinados por fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos no meio ambiente. As relações entre saúde e ambiente devem ser tratadas de forma integrada, numa abordagem sistêmica onde há consciência que as intervenções antropogênicas no meio natural influenciam não só na qualidade dos ambientes como na qualidade de vida da sociedade. Na relação dialética entre Sociedade Natureza há uma interatividade orgânica onde ora a natureza é socializada pelo homem, ora o homem é naturalizado pela mesma. Este processo reverbera numa mútua troca de impactos tanto na saúde de ambos como na produção e reprodução do espaço, ou seja, na transformação da paisagem e do homem. O presente trabalho surge da necessidade em compreender e fundamentar uma pesquisa onde tanto os elementos da saúde coletiva como os da análise do meio ambiente se fazem presentes. OBJETIVOS O Projeto Mortalidade, incidência e análise de risco: estudo sobre a ocorrência de câncer na microrregião de Catalão (GO) 1976 a 2006 têm como objetivo central elaborar 1

um estudo sobre a incidência, a mortalidade e os fatores de risco relacionados ao câncer na microrregião de Catalão (Goiás). Para tal tarefa uma revisão teórica do tema bem como a busca por uma base metodológica se fez necessário tanto para compreender a complexidade do tema Saúde Ambiente como as possíveis relações do meio com os casos de carcinoma. Atualmente o Projeto encontra-se em fase de análise dos dados recolhidos em etapas passadas e finalização do embasamento teórico-metodológico bem como aperfeiçoamento técnico (estatística e geoprocessamento) para a qualificação destas informações. METODOLOGIA Houve uma primeira etapa de levantamento dos dados disponíveis relacionado aos casos de câncer através dos órgãos de saúde pública dos 11 municípios que integram a microrregião e o posterior tratamento destes dados. Como produto desta pesquisa pretende-se construir textos, mapas e um Sistema de Informação Geográfico (SIG) que de suporte aos estudos na temática Saúde Ambiental, que será constantemente alimentado com informações atualizadas. Este trabalho refere-se à busca por um escopo teórico-metodológico que irá balizar a análise e a qualificação dos dados anteriormente recolhidos. Para tal tarefa foram pesquisados textos científicos com a temática ambiental, assim como aqueles aplicados a análise da saúde coletiva. RESULTADO E DISCUSSÕES O ser humano é simultaneamente um ser biológico e social e sua saúde é um fator fundamental para sua existência. Plena de emoções e dotada de consciência, a sociedade humana é apta a interagir de forma diferenciada com o meio, reconhecendo seus limites, mas também muitas vezes ultrapassando-os. De forma dialética a relação do homem com o meio pode ser expressa como uma interação Sociedade Natureza. A intersecção entre a sociosfera e a geosfera se dá no palco das atividades da vida, a biosfera, um sistema complexo e dinâmico de múltiplos fatores ecológicos. A produção e reprodução do espaço de forma acelerada e intensa nos últimos dois séculos levou a uma pressão incontrolável dos recursos e conseqüentemente da qualidade do meio, uma verdadeira crise da civilização (LEFF, 2003). A tecnificação aliada a intervenções 2

muitas vezes não planejadas desenvolveu um quadro de completa fragilidade dos sistemas onde o comprometimento da saúde está intimamente ligado ao comprometimento da qualidade dos ambientes. Na época contemporânea, o estranhamento do homem com relação ao meio deve-se em muito a uma postura antropocêntrica que gera um antagonismo com relação à natureza e é agravada pela ideologia dos atuais processos econômicos e do desenvolvimento individual acima do coletivo (AUGUSTO; MOISES, 2009). A falta de empatia com o meio contribuiu para a um quadro dicotômico do homem com o ambiente, uma postura de não pertencimento a sociedade não se vê na natureza, ela considera-se externa ao meio. Na verdade, somos natureza e cultura num binômio intricado de interações. Os elementos sociais e ambientais são em suma interdependentes. Sua relevância para o homem não está nas características distintas que diferem sociedade e natureza mais sim em suas interações complexas, dinâmicas e necessárias (LEFF, 2007). O meio garante o suporte à vida, não apenas de forma biologicamente determinista promovendo a sobrevivência do homem, mas sim proporcionando o bem estar para a sociedade, mesmo que de forma indireta já que as leis naturais dos ecossistemas não são regidas pela cultura humana. Por outro lado cabe ao homem manter, em sua escala de atuação, a estabilidade do meio para que a promoção da saúde aconteça. Uma dupla, necessária e permanente interação onde o homem naturaliza-se e a natureza é humanizada. Promover a saúde não se resume em procedimentos científicos e técnicos para impedir ou tratar de doenças, mas sim estabelecer condições propícias para a saúde do homem bem como para a recuperação dos enfermos (AUGUSTO; MOISES, 2009). Para tal as condições sanitárias do meio onde as sociedades se estabelecem são de suma importância. As diversas esferas do meio e suas inter-relações bióticas e abióticas têm influência direta na qualidade de vida, não só do homem, mas de todos os organismos que habitam uma determinada parcela do espaço. Fomentar a consciência sanitária e assim desenvolver planos onde a saúde ambiental seja tratada de forma holística, onde as intervenções ambientais sejam racionais e com o suporte das diversas áreas envolvidas (saúde ambiental social) é o primeiro passo. A complexidade ambiental de nossos tempos perpassa pela necessidade de compromissos para com o ambiente (LEFF, 2003). Superar as dificuldades e barreiras seja elas econômicas, 3

culturais, sociais ou mesmo legais é tarefa dos vários atores que compõem a problemática ambiental: movimentos sociais, poder público, setor privado, meio acadêmico, dentre outros. A complexidade ambiental aplicada à questão saúde-ambiente precisa ser pensada de forma ampla, onde o conhecimento científico, os saberes locais e as especificidades do meio transponham as dificuldades encontradas nas mais variadas e nocivas formas de desequilíbrio, tendo em vista a promoção, proteção e recuperação da saúde da sociedade e do ambiente, tais como: os diversos vetores de doenças, a deficiência ou falta de saneamento, a ocupação desordenada solo ou sem infra-estrutura adequada, a exposição direta do homem a substâncias químicas ou as mesmas substancias presentes no alimento, a poluição do solo e dos recursos hídricos no meio rural através dos defensivos agrícolas e/ou do manuseio incorreto dos mesmos acarretando injurias a saúde humana, a poluição industrial principalmente no caso dos corpos d água e meio atmosférico. Essenciais a vida, a qualidade do solo, da água, do ar e da biodiversidade são pressionados sem que haja uma consciência de suas inter-relações e destas com a Saúde Ambiental. O atual padrão de consumo e a ocupação cada vez mais intensa do espaço geram a produção e reprodução do mesmo como uma simbiose, quase sempre como um tipo de comensalismo acarretando o desequilíbrio do meio. Se o futuro das sociedades é incerto o presente constitui-se de saneamento ineficiente nas cidades, graves problemas de distribuição de água para consumo humano, poluição química da terra e dos corpos d água, disparidades econômicas atrozes, estresse e violência. Todos estes mecanismos são sinérgicos trazendo risco a saúde do meio e do homem, sintomas da crise da civilização. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho procurou fazer uma discussão abordando a interface saúde e meio ambiente. Neste contexto a contribuição dos estudos da Saúde Ambiental nos permite observar os indicadores relacionados à qualidade de vida da população, considerando a promoção da saúde coletiva e a sanidade do ambiente. Sendo assim, tanto a qualidade ambiental dos lugares quanto a saúde coletiva devem ser analisados de uma forma holística, ressaltando os processos de interações da sociedade com o meio físico. O Projeto Mortalidade, incidência e análise de risco: estudo sobre a ocorrência de câncer na microrregião de Catalão (GO) 1976 a 2006 procura, a partir dessa percepção, 4

analisar os processos e interações da sociedade com o meio e compreender como os elementos que compõem esta dinâmica podem comprometer a qualidade de vida da população a partir da insalubridade dos ambientes. REFERÊNCIAS AUGUSTO, L. G. S.; MOISES, M. Conceito de ambiente e suas implicações para a saúde. In: ABRASCO. Caderno de textos da 1 conferência nacional de saúde ambiental. Brasil: GT saúde e ambiente, 2009. p 20-24. BARCELLOS, C. (Org.). A Geografia e o contexto dos problemas de saúde. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2008. 384 p. DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 206 p. IBGE. Vocabulário básico de recursos naturais e meio ambiente. Rio de Janeiro: FIBGE, 2004. 332 p. LEFF, E. (coord.). A complexidade ambiental. São Paulo: Cortez, 2003. 342 p. LEFF, E. Saber ambiental. Petrópolis: Vozes, 2007. 494 p. 5