ESTUDO CLIMATOLÓGICO DA VARIABILIDADE TEMPORAL DA PRECIPITAÇÃO EM IPORÁ, GOIÁS

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Transcrição:

ESTUDO CLIMATOLÓGICO DA VARIABILIDADE TEMPORAL DA PRECIPITAÇÃO EM IPORÁ, GOIÁS Elis Dener Lima Alves 1, Jéssica Silva Lara 2 Stéfano Teixeira da Silva 1, Erondina Azevedo de Lima 1, Vanessa Rakel de Moraes Dias 1 1-Mestre em Física Ambiental pelo programa de Pós-Graduação em Física Ambiental do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso - Av. Fernando Corrêa da Costa, s/n Cidade Universitária - Cuiabá/MT; CEP.: 78060-900. e-mail: elisdener@hotmail.com 2- Graduanda pelo Curso de Ciências Biológicas, UEG UnU de Iporá. Av. R-02, Q. 01, Jardim Novo Horizonte Iporá/GO; CEP.: 76200-000. Data de recebimento: 02/05/2011 - Data de aprovação: 31/05/2011 RESUMO Este trabalho objetivou verificar a variabilidade mensal, sazonal, e anual, dos totais médios de precipitação pluviométrica, observar a tendência da mesma correlacionando os anos chuvosos e secos com os fenômenos El Niño e La Niña. Para tanto, foram utilizados dados de precipitação de 1974 a 2005 da estação da Agência Nacional de Águas (ANA) localizada no município de Iporá-GO. Com a análise dos dados constatou-se que nos anos de 1980, 1983, 1992, 1997 e 1998 a precipitação excedeu o desvio padrão positivo, caracterizando esses anos como anomalias positivas. Em 1977, 1981, 1985 e 2002 as chuvas foram inferiores ao desvio padrão negativo, caracterizando-os como anomalias negativas. Verificou-se também uma maior ocorrência de anos agrícolas com o padrão normal (71,9% dos anos), confirmando boa distribuição de chuvas na região de estudo. Os anos tendentes a secos foram 1977, 1981, 1985 e 2002, representando 12,5% dos anos, os tendentes a chuvosos foram 1980, 1992, e 1996, representando 9,5% dos anos, já os chuvosos foram apenas dois, 1983 e 1997. Além disso, foi detectada uma relação estreita entre a anomalia pluviométrica e o El Niño do ano de 1997, no entanto, esta correlação somente foi observada para o El niño de forte intensidade, necessitando de estudos mais abrangentes. PALAVRAS-CHAVE: sazonalidade, tendência, El Niño, Iporá. CLIMATOLOGICAL STUDY OF THE TEMPORAL VARIABILITY OF PRECIPITATION IN IPORÁ, GOIÁS ABSTRACT This work aimed at to verify the variability monthly, seasonal, and annual, of the medium totals of pluviometric precipitation, to observe the tendency of the same correlating the rainy and dry years with the phenomena El Niño and La Niña. For so much, data of precipitation from 1974 to 2005 of the National Agency of Waters (ANA) located in the municipal district of Iporá-GO were used. With the analysis of the data it was verified that in the years of 1980, 1983, 1992, 1997 and 1998 the precipitation exceeded the positive standard deviation, characterizing those years as positive anomalies. In 1977, 1981, 1985 and 2002 the rains were inferior to the ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 1

negative standard deviation, characterizing them as negative anomalies. It was also verified a larger occurrence of agricultural years with the normal pattern (71,9% of the years), confirming good distribution of rains in the study area. The years tendentes the dry ones were 1977, 1981, 1985 and 2002, representing 12,5% of the years, the tendentes the rainy ones were 1980, 1992, and 1996, representing 9,5% of the years, already the rainy ones were only two, 1983 and 1997. Besides, a narrow relationship was detected between the anomaly pluviométrica and the El Niño of the year of 1997, however, this correlation was only observed for the El niño of strong intensity, needing including studies. KEYWORDS: seasonal variation, tendency, El Niño, Iporá. 1. INTRODUÇÃO É reconhecido que as variações dos elementos meteorológicos ao longo dos anos determinam as características climáticas de uma região, de tal forma que sua estrutura sócio-econômica e, até mesmo seus meios de produção, são dependentes dessas características (MARIN et al., 2000). Essa variabilidade pode afetar a vida econômica e social da população de diversas formas, como, na geração de energia, nas atividades agrícolas, na indústria, em todo setor produtivo (BRITTO et al., 2008). A precipitação é um desses elementos que tem uma grande variabilidade espacial e temporal, resultante tanto da localização continental, como, do período sazonal de entrada das massas de ar, sendo que em algumas regiões há influência dos fenômenos El Niño e La Niña. El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical e que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento em nível mundial, afetando assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias. A La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas ao El Niño e que se caracteriza por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Alguns dos impactos da La Niña tendem a ser opostos aos do El Niño (EL NIÑO e LA NIÑA, 2009). Vários estudos (MARIN et al., 2000; ANDREOLI et al., 2004; BRITTO et al., 2008) tem mostrado uma relação entre a ocorrência do El Niño e as variações interanuais na precipitação. No entanto, MELO (2009), em seu estudo, concluiu que o fenômeno El Niño não tem uma influência direta sobre a região Centro-Oeste, mas que as variabilidades temporais e espaciais sobre o regime de precipitação da região podem ser causadas por ações de outros fenômenos meteorológicos de grande escala, os quais teriam um peso maior no regime chuvoso desta região. Porém no estudo de Melo, foram analisados somente os anos de 1984/1985 (sem El Niño) e 1997/1998 (El Niño severo). Na área da climatologia agrícola, vários estudos têm mostrado a influência do regime pluviométrico na agricultura, revelando uma correlação entre a precipitação e o rendimento das culturas (SILVA et al., 2006; PIZZI & TRINDADE, 2006; SILVA et al., 2008). Por isso o conhecimento da variação temporal (mensal, ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 2

sazonal e anual) da precipitação torna-se imprescindível, pois propicia um maior entendimento desta variação, fornecendo subsídios à agricultura e ao planejamento regional. O objetivo deste trabalho foi verificar a variabilidade mensal, sazonal e interanual dos totais médios de precipitação pluviométrica com os fenômeno El Niño e La Niña. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Caracterização da área de estudo Para a realização deste estudo foram utilizados dados mensais da precipitação pluvial de 1974 a 2005, da estação da ANA (Agência Nacional de Águas) localizada nas coordenadas de 16 25 56 Latitude Sul e 51 4 45 Longitude Oeste, na altitude de 400 metros, próxima da cidade de Iporá-GO (Figura 1). FIGURA 1. Localização de Iporá-GO e da Estação da ANA. Fonte: Google Earth (2010). O município de Iporá localiza-se na região Sudoeste de Goiás, nas coordenadas de 16 26 31 Latitude Sul e 51 07 04 Longitude Oeste, é banhado pelos rios Claro e Caiapó, os ribeirões Santa Marta e Santo Antônio e vários córregos, com destaque para o córrego Tamanduá. De acordo com o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizado em 2007 o município tem área total de 1.026 Km², com uma população estimada de 31.000 habitantes. A economia do município recebe forte influência do setor agropecuário, possui um rebanho bovino de 96.300 (IBGE, 2005). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 3

O sistema classificador de Thornthwaite utilizado por ALVES & SPECIAN (2008) indica que o clima de Iporá é Primeiro Úmido com moderado déficit de água no inverno e grande excesso no verão (B1WW2). Em relação ao relevo o município está fora das áreas mais elevadas do chapadão goiano, que recebem maior influência dos sistemas atmosféricos tropicais e polares. Iporá tem seu território espalhado pela região de borda da Bacia Sedimentar do Paraná, o relevo ao invés de apresentar os típicos planos que se estendem por longas áreas dos chapadões, é mais ondulado, com serras bastante dissecadas. Método O comportamento da precipitação foi analisado através da espacialização dos dados mensais, das médias mensais, dos totais anuais, do desvio padrão negativo e positivo, sendo que as anomalias de precipitação foram detectadas quando as mesmas foram maiores que o desvio padrão e se comparou essas anomalias com a ocorrência dos fenômenos El Niño e La Niña. Para caracterizar os anos-padrão foi utilizada a técnica de valores percentuais, baseado em MONTEIRO (1971) que estabelece categorias qualitativas para o comportamento da precipitação anual, considerando como: 1- ano seco: com pluviosidade excepcionalmente reduzida, quando os desvios negativos são maiores que 30% da média normal (valores inferiores a 1127mm); 2- ano tendente a seco: com pluviosidade ligeiramente reduzida, com desvios negativos oscilando entre -30% e -15% (valores entre 1127 a 1368mm); 3- ano normal: com pluviosidade normal, cujos desvios variam entre -15% e +15% (valores entre 1368 a 1851mm); 4- Ano tendente a chuvoso: com pluviosidade ligeiramente elevada, com os desvios positivos oscilando entre 15% e 30% (valores entre 1851 a 209 mm); 5- Ano chuvoso: com pluviosidade excepcionalmente elevada, com índices positivos superiores a 30% (valores acima de 2092mm). 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A figura 2 apresenta a distribuição da precipitação pluviométrica de 1974 a 2006. Pode-se observar nitidamente a sazonalidade do regime pluviométrico, o período que vai de abril a setembro é caracterizado como seco, pois em média a soma da precipitação nesses meses não ultrapassa os 12% da precipitação anual, sendo que o mês que apresenta a menor média é julho, com 2,6mm. Já de outubro a março, a pluviosidade é elevada, ocorrendo em média nesses meses 88% da precipitação, no qual o mês de janeiro de destaca como o mais chuvoso. No ano de 1985 verificou-se a menor pluviosidade (1172,4mm) dos 32 anos de análise, já o ano de 1997 apresentou a maior precipitação (2198,6mm), devido principalmente a elevada precipitação do mês de junho, conforme mostra a figura 2. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 4

nov set jul mai mar jan 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 198 190 192 194 196 19 201 203 205 0-50 50-100 100-150 150-200 200-250 250-300 300-350 350-400 400-450 450-500 500-550 550-600 FIGURA 2. Distribuição mensal da precipitação em Iporá-GO, no período de 1974-2005. Fonte: do autor. Nota-se na figura 3 que a marcha crescente da precipitação se inicia em julho e vai até janeiro, e em março há o início de uma marcha decrescente que se encerra em julho. Os meses de abril e outubro são meses de transição entre as estações, pois apresentaram na maioria dos anos um índice pluviométrico médio, de 91,675mm (abril) e 119,875mm (outubro). 350 300 Precipitação (mm) 250 200 150 100 50 0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Meses FIGURA 3. Precipitação média mensal (1974 a 2005). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 5

Por meio da utilização de anos-padrão foi possível observar os anos tendentes a seco, normais, tendentes a chuvosos, e chuvosos, não sendo contatados anos secos. Conforme a figura 4 observa-se uma maior ocorrência de anos agrícolas com o padrão normal (71,9% dos anos), confirmando boa distribuição interanual de chuvas na região de estudo. Os anos tendentes a secos foram 1977, 1981, 1985 e 2002, representando 12,5% dos anos, os tendentes a chuvosos foram 1980, 1992, e 1996, representando 9,5% dos anos, já os chuvosos foram apenas dois, 1983 e 1997. Nota-se, ainda, uma tendência positiva na precipitação, isso mostra que em Iporá os totais anuais tendem a ficar maiores com o avançar dos anos. 2500 mm tendência desv. pad negativo desv. pad. positivo média 2000 Precipitação (mm) 1500 1000 500 0 1974 1977 1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 Anos FIGURA 4. Anomalias da precipitação no período de 1974 a 2006. Nos anos de 1980, 1983, 1992, 1997 e 1998 a precipitação excedeu o desvio padrão positivo, caracterizando esses anos como anomalias positivas. Em 1977, 1981, 1985 e 2002 as chuvas foram inferiores ao desvio padrão negativo, caracterizando-os como anomalias negativas. Correlacionando esses anos que apresentaram anomalias pluviométricas com os anos de ocorrência do El Niño e La Niña (Quadro 1), pode-se observar que em 1983, 1992 e 1997 anos que apresentaram El Niño de forte intensidade foram também verificadas anomalias positiva nos totais anuais. De acordo com MELO (2009) no ano de 1997 ocorreu o mais forte El Niño já registrado, e nesse ano houve também a maior anomalia pluviométrica registrada nos 32 de análise (Figura 5), mostrando uma estreita relação entre a anomalia pluviométrica e o fenômeno El Niño. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 6

QUADRO 1. Anos de ocorrência do El Niño e La Niña. EL NIÑO LA NIÑA Ano IOS Ano IOS 1976-1977 Fraco 1973-1976 Forte 1977-1978 Fraco 1983-1984 Fraco 1979-1980 Fraco 1984-1985 Fraco 1982-1983 Forte 1988-1989 Forte 1986-1988 Moderada 1995-1996 Fraco 1990-1993 Forte 1998-2001 Moderada 1994-1995 Moderada 1997-1998 Forte 2002-2003 Moderada 2004-2005 Fraco 2006-2007 Fraco Fonte: CPTEC/INPE (2010). No entanto não se verificou correlação entre o fenômeno La Niña com as anomalias pluviométricas, salienta-se também que nos anos de ocorrência do El Niño de fraco e moderada intensidade não se observou anomalias significativas na pluviometria. FIGURA 5. Alturas pluviométricas de 1974 a 2006. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 7

4. CONCLUSÃO Conclui-se nesta pesquisa que a precipitação na região de Iporá apresentou uma sazonalidade bem definida, caracterizando-se em duas estações, uma seca que vai de abril a setembro, e uma chuvosa que vai de outubro a março, apesar da precipitação ser um dos elementos meteorológicos que mais variam no tempo e no espaço, notou-se uma certa regularidade na precipitação. Averiguou-se quatro anos tendentes a seco, três tendentes a chuvosos e dois chuvosos, e não se observou nenhum ano seco. A anomalia mais significativa da precipitação ocorreu em 1997, ano que coincide com o maior El Niño já registrado, isto sugere uma influência do El Nino na região de Iporá, no entanto, isso parece ocorrer somente nos fenômenos extremos, pois na ocorrência do El Nino de moderada intensidade não se observou essa correlação. A tendência geral da precipitação foi positiva, ou seja, as alturas pluviométricas estão aumentando no decorrer dos anos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Índices Pluviométricos. Disponível em http//www.ana.gov.br >. Acesso em Fevereiro de 2010. ALVES, E. D. L; SPECIAN, Valdir. Caracterização do Balanço Hídrico e Clima do Município de Iporá (GO). In: 1 Encontro de Divulgação da Produção Científica do Oeste de Goiás. 2008. p. 1 22. Disponível em meio digital (CD Room). ANDREOLI, R.V.; KAYANO, M. T.; GUEDES, R. L.; OYAMA M. D.; ALVES, M. A. S. A influência da temperatura da superfície do mar dos oceanos pacífico e atlântico na variabilidade de precipitação em Fortaleza. In: Revista Brasileira de Meteorologia. v.19, n.2, 113-122, 2004. BRITTO, P. F.; BARLETTA, R.; MENDONÇA, M. Variabilidade espacial e temporal da precipitação pluvial no Rio Grande do Sul: influência do fenômeno El Niño Oscilação Sul. In: Revista Brasileira de Climatologia. Ano 4, Agosto, 2008. v. 3/4, p. 37-48. CENTRO DE PREVISÃO DE TEMPO E ETUDOS CLIMÁTICOS. CPTEC/INPE. Disponível em <www.cptec.inpe.br>. Acesso em 26 de agosto de 2010. EL NIÑO E LA NIÑA. Disponível em <http://www.enos.cptec.inpe.br/ >. Acesso em 01 de maio de 2011. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). 2005. Produção Pecuária Municipal. Disponível em <http:// www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php >. Acesso em maio 2009. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 8

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