ANOMALIA DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO Jonas Teixeira Nery 1, Eraldo Silva Sunchk 2, João MaurícioHypolit 3,
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- Bianca Campos Barata
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1 RESUMO ANOMALIA DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO Jonas Teixeira Nery, Eraldo Silva Sunchk, João MaurícioHypolit, O objetivo desse trabalho foi analisar a precipitação pluvial do Estado de S. Paulo, com base em dados obtidos junto a Agência Nacional de Água (ANA). O período de análise foi de 974 a 00. Com base nesses cálculos pode-se concluir que as chuvas no Estado sofre variabilidade espacial e temporal e que a explicação dessa variabilidade espacial está associada a ocorrência de eventos El Niño e La Niña. Palavras chaves: variabilidade, anomalias, precipitação, ENOS. ABSTRACT The purpose of this paper is to analysis a rainfall in S. Paulo State. Monthly rainfall data during the period from 974 to 00. Rainfall during periods of El Niño and La Niña occurrence were compared with periods when these phenomena did not occur. The result showed that a rainfall in S. Paulo State suffered special and temporal variability. The warm event of ENSO (El Niño) is favorable more precipitation in this area. Key Words: variability, anomaly, rainfall, ENSO. INTRODUÇÃO O Sudeste, devido a sua localização latitudinal, caracteriza-se por ser uma região de transição entre climas quentes de latitudes baixas e climas mesotérmicos de tipo temperado das latitudes médias (Nimer, 979). O sul da região Sudeste é afetado pela maioria dos sistemas sinóticos que atingem o sul do país, com algumas diferenças em termos de intensidade e sazonalidade do sistema. Segundo Fernandes e Satyamurty (994), os cavados invertidos atuam basicamente durante o inverno, provocando condições de tempo moderado, principalmente sobre o Mato Grosso do Sul e São Paulo. Vórtices ciclônicos em altos níveis, oriundos da região do Pacífico, organizam-se com intensa convecção associada à instabilidade causada pelo jato subtropical. Linhas de instabilidade pré frontais, geradas a partir da associação de fatores dinâmicos de grande escala e características de mesoescala são responsáveis por intensa precipitação (Cavalcanti et al., 98). Os índices pluviométricos exibidos pelo Estado de São Paulo variam, desde quotas excepcionalmente altas como aquelas apresentadas pelas encostas da Serra do Mar (000 a 400mm, anuais) até índices moderados como aqueles que são conhecidos em certos trechos da depressão periférica (de 000 a 00mm anuais). Professor da UNESP/Ourinhos, curso de Geografia. jonas@ourinhos.unesp.br CLIMA/CNPq Professor de Estatística da UEM/Maringá. CLIMA/CNPq Professor da FATEC, Ourinhos, SP.
2 O trabalho realizado por Alves (00), apresenta padrões atmosféricos e oceânicos dominantes no início da estação chuvosa da região Sudeste do Brasil, bem como sua variabilidade interanual, a partir da análise conjunta dos dados de precipitação produzidos pelo Climate Prediction Center da NOAA. O objetivo deste trabalho foi analisar as anomalias da precipitação pluvial no Estado de S. Paulo, tanto espacialmente quanto temporalmente. METODOLOGIA Foram analisadas séries pluviométricas do Estado de São Paulo. Esses dados foram obtidos através do site da ANA, para selecionar as informações. O período analisado foi de 974 a 00, buscando-se a melhor distribuição espacial. Primeiro calculou-se os valores médios e desvio padrão dentro do período analisado e, logo a seguir, fez-se o cálculo das anomalias ( X i X ) e traçou-se as isolinhas dessas anomalias para diferentes anos. A seguir, utilizando-se de análise multivariada obteve-se áreas homogêneas, ou seja, áreas que representavam o mesmo regime de precipitação pluvial. A Análise Multivariada é uma ferramenta estatística que processa as informações de modo a simplificar a estrutura dos dados e a sintetizar as informações quando o número de variáveis envolvidas é muito grande, facilitando o entendimento do relacionamento existente entre as variáveis do processo. As regiões homogêneas de precipitação pluvial foram determinadas a partir de uma Análise de Componentes Principais (ACP), modo S (Richman, 98), seguida de uma análise de uma Análise de Cluster (AC). A aplicação da ACP, a um conjunto de dados com um grande número de variáveis, é interessante para determinar combinações lineares das variáveis originais, que expliquem o máximo possível à variação existente nos dados iniciais (Reis, 997). Com a ACP eliminamos parte da dificuldade para interpretar os resultados obtidos, pois a ACP elimina as informações redundantes e separa o sinal de grande escala (variância comum) do ruído (variância específica) associado a cada estação e fornece uma análise isenta de subjetividade e justificada em um critério estatístico (Silva e Nery, 000). ANÁLISE DOS RESULTADOS Nas Figuras e, são apresentadas as isolinhas dos valores médios e do desvio padrão, para as séries pluviométricas analisadas, dentro do período estudado. Pode-se observar que as precipitações médias são maiores a sudeste do estado, diminuindo para o interior, Figura.
3 Figura Isolinhas de valores médios, no período estudado Figura Isolinhas dos desvios padrões, no período estudado. Os maiores valores médios estão na costa, com valore superior a 800mm e os menores valores estão à noroeste, com valores inferiores a 00mm. A maior variabilidade está também na costa, com valores superiores a 0mm, à leste do estado e os valores menores a Oeste, 0mm. Foram traçadas as isolinhas do coeficiente de variação e das amplitudes interquartis, dentro do período de estudo. Observou-se nas isolinhas do coeficiente de variação que o máximo distanciamento do desvio em relação a média climatológica (o coeficiente explica o quanto o valor calculado se afasta da média, ou seja, mede a variabilidade amostra analisada). Observa-se que os valores do coeficiente oscilaram entre e 4%, sendo os menores valores à Leste do Estado e os maiores valores (4%), à Sudeste da área analisada. Também foram traçadas isolinhas da amplitude interquartil, observando-se amplitudes de 440mm (região Sudeste) a 0mm, na região Sudoeste, dessa área analisada. Esses valores de amplitude analisam a variabilidade espacial para valores de precipitação pluvial entre % (superior a % de chuva) e 7% (valores inferiores a 7% de chuva), ou seja, amplitudes dentro de intervalo retirando os % extremos de chuvas, nosso caso dessa análise. Mesmo analisando os 0% centrais, houve amplitude de 440mm, dentro do período de análise, o que é significativo, mesmo para um período de 0 anos de dados. Traçou-se as isolinhas dos quartis inferior e isolinhas do quartil superior. Considerando a análise dos dados referentes ao quartil inferior (corresponde a % dos dados analisados, ou seja, % corresponde aos dados mais baixos de chuvas da série, pode-se observar que os valores oscilaram entre 00mm (à Oeste) e 00mm (à Leste). Esta é também uma medida de variabilidade de uma amostra analisada, no caso a precipitação pluvial. Na distribuição espacial das isolinhas de máximas e mínimas precipitações, pode-se observar que a variabilidade entre esses valores é bem marcada. Os valores máximos de chuva, dentro do período analisada concentram-se a Leste, Sudeste e Sudoeste, com 400mm de precipitação pluvial e à Oeste pode-se observar os menores valores, 00mm, aproximadamente. Pode-se observar variabilidades de valores mínimos de precipitação pluvial, com valores de 0mm, aproximadamente, à Sudeste do Estado e valores de 700mm, à Oeste do referido Estado. Foram traçadas isolinhas de anomalias de precipitação para
4 os anos analisados nesse trabalho. Pode-se observar significativa variabilidade de um ano para outro, sendo que em alguns anos, as chuvas forma bem acima da média climatológica e em outros bem abaixo dessa média, ou seja, em alguns anos as chuvas forma intensas, provocando excedente de água no Estado e, em outros anos, houve escassez de chuvas Figura Isolinhas de anomalia: 98 Figura 4 Isolinhas de anomalia: 98 Os anos 978 e 980 foram anos com valores de chuvas abaixo da média climatológica, podendo-se observar que a região Norte e Noroeste apresentaram valores de precipitação pluvial acima dos valores médios, no ano 978, não sendo, no entanto, valores muito acima das chuvas normais. Também pode-se observar chuvas bem abaixo 00mm, à leste do Estado, para o ano 978. Isso mostra que mesmo para um ano específico, a variabilidade espacial da precipitação pluvial é significativa. O ano 980, apresentou valores de chuvas bem abaixo do valore médio climatológico, apresentando uma pequena área, à nordeste do Estado com precipitação acima de 00mm, comparativamente a média climatológica. Os anos 98 e 98 foram anos de chuvas intensas, principalmente dentro do período de ocorrência do evento El Niño Oscilação Sul (ENOS) e pode-se observar nas Figuras e 4 que as isolinhas de anomalias para esses anos foram positivas em todo o estado, com valores superiores a 700mm no ano 98, à Leste do referido estado. Outra observação importante que a variabilidade espacial também foi significativa apresentando no mesmo ano, valores de 00mm à Oeste do estado. Já o ano 98 (Figura ) apresentou valores de anomalias menores que 98, mas ainda assim positivo em todo o estado. À Leste e ao Sul do referido estado os valores das isolinhas de anomalias forma superiores a 00mm (superiores a média climatológica) Figura - Isolinhas de anomalias: Figura - Isolinhas de anomalias:
5 Nas Figuras e, são apresentados as anomalias da precipitação pluvial para os anos 98 e 990. Os ano 98 apresentou anomalias negativas e significativas em todo o estado, com valores inferiores a média climatológica de 00mm à Oeste Sudoeste do estado, Figura. O ano 98 foi um ano com significativo déficit de chuva em toda a região Sul e Sudeste do Estado. Já o ano 990 apresentou significativa variabilidade espacial, com valores negativos em grande parte do estado, mas com valores positivos à Sudoeste do mesmo estado, Figura. Os anos 994 e 997 apresentaram significativamente variabilidade da chuva, com valores abaixo da média climatológica, embora o ano 997 apresente valores positivos, ou seja, acima da média climatológica, à Leste e Noroeste do Estado. Esse ano é tem um significado especial, pois se trata do ano do começo de um intenso evento El Niño, embora não tão pronunciado quanto o evento de 98 98, para o Estado de São Paulo. Como discutido anteriormente, 98 foi um ano em que ocorreu um evento intenso de El Niño, com início em 997. Pode-se observar que as isolinhas de anomalias da precipitação pluvial não foram positivas em todo o estado. Valores negativos de anomalias estão bem marcados em grande parte do Estado de S. Paulo. Desta forma, pode concluir que, embora esse evento tenha sido considerado intenso, pelos efeitos provocados em diferentes regiões da Terra, em S. Paulo, sua atuação não foi tão marcada quanto ao evento El Niño 98/8, citado anteriormente. Anomalias da precipitação para o ano 00, também foram traçadas, com valores negativos em todo o estado. Através da análise multivariada determinou-se o dendograma. Esse método tem por finalidade classificar áreas homogêneas. Foram utilizados dados totais anuais de todas as séries pluviométricas utilizadas nesse trabalho e, através de um corte subjetivo, pode-se determinar seis áreas homogêneas no estado. Na Figura 7, são apresentadas essas áreas, podendo-se observar um a área à Oeste (área de baixa precipitação pluvial), uma área mais à Leste, com precipitações pluviais significativas, influenciada por sistemas dinâmicos completamente diferentes daqueles observados na Oeste (área três), além de outras áreas com características continentais. Essa classificação possibilita inferir que há significativa variabilidade da precipitação pluvial em todo estado e cada uma das variabilidades espaciais pode ser explicada por uma dinâmica climática associada a diferentes características, tais como continentalidade, maritimidade, dentre outros.
6 Figura 7 Classificação das áreas homogêneas dentro das áreas de estudo. CONCLUSÃO O Estado de São Paulo apresenta significativa variabilidade espacial e temporal da precipitação pluvial. Grande parte dessa variabilidade temporal pode ser explicada pela ocorrência dos eventos El Niño e La Niña que afetam as chuvas desse Estado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, M. L.; MARENGO, A. J., JUNIOR, C. H., CASTRO, C. Início da estação chuvosa na região sudeste do Brasil: Parte Estudos Observacionais. Revista Brasileira de Meteorologia, SP, v. 0, n., pp CAVALCANTI, I. F. A.; FERREIRA, N. J.; KOUSKY, V. E. Análise de um caso de atividade convectiva associado a linhas de instabilidade na Região Sul e Sudeste do Brasil. INPE-74- PRE /. 98. FERNANDES, K. A.; SATYAMURTY, P., 994. Cavados invertidos na região central da América do Sul. Congresso Brasileiro de Meteorologia, 8:9-94. Belo Horizonte MG. Anais II. NERY, J. T.; SILVA, E. S.; CARFAN, A. C. Distribuição da precipitação pluvial no Estado de São Paulo. In: VI Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica,., 004, Aracaju. Anais... Aracaju: UFS, CD-ROM. NIMER, E., 979. Climatologia do Brasil. SUPREN/IBGE. Volume 4. RICHMAN, M.B. Rotation of principal components: a reply. Londres: Journal of Climatology, 98.
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