Requisitos ambientais e suas relações com os objetivos das empresas: um estudo de caso na construção civil

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Transcrição:

SBQP 2009 Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído 18 a 20 de Novembro de 2009 São Carlos, SP Brasil Universidade de São Paulo Requisitos ambientais e suas relações com os objetivos das empresas: um estudo de caso na construção civil Environmental requirements and its relations with companies objectives: A case study in construction Camila PEGORARO Arquiteta e Urbanista, Mestranda PPGEP - UFRGS e-mail: camila_pegoraro@yahoo.com.br http://lattes.cnpq.br/4454546227854125 Tarcísio Abreu SAURIN Professor Adjunto, Dr. (PPGEP UFRGS) e-mail: saurin@ufrgs.br http://lattes.cnpq.br/5962864088565037 Istefani Carísio de PAULA Professora Adjunta, Dra. (PPGEP UFRGS) e-mail: istefani@producao.ufrgs.br http://lattes.cnpq.br/5517312400442367 RESUMO Os requisitos ambientais, enquanto demandas emergentes do desenvolvimento sustentável, surgem como mais um desafio na gestão do processo de projeto de edifícios. Tradicionalmente expostas a uma série de dificuldades gerenciais, as empresas que desenvolvem estes projetos vêem-se diante de uma nova oferta de informações e precisam desenvolver meios para identificar quais demandas são mais alinhadas ao seu negócio. Este artigo baseou-se em um estudo de caso em uma construtora, onde foi replicada parte de um método de gestão de requisitos para produtos sustentáveis. Busca-se apresentar um procedimento para o levantamento e organização dos requisitos ambientais de um projeto para o seu gerenciamento e, em destaque, para montar o seu arranjo frente aos objetivos estratégicos da empresa. Entre os resultados, foi constatado que o método é adequado para a organização dos requisitos ambientais no projeto e que, para estes serem efetivamente considerados e atendidos, deve haver orientações desde o planejamento estratégico. Palavras-chave: Processo de projeto, Gestão de requisitos, Requisitos ambientais, Construção Civil ABSTRACT As new demands from sustainable development, environmental requirements arise as another challenge to design process management. Usually exposed to many managerial difficulties, companies which design buildings have got faced to new information, through which they should identify the best opportunities to their own business. This paper is based on a case study in a construction company where a part of a requirements management method for sustainable products was applied. It is intended to present a procedure for elicitation and organization of project environmental requirements for management and also for their arrangement faced to the company s strategic objectives. As results it was concluded that the method is useful for environmental requirements organization and that strategic planning should give directions for the effective environmental requirements adherence. Key-words: Design process, Requirements management, Environmental requirements, Construction 10.4237/sbqp.09.162 432

1 INTRODUÇÃO Para oferecer à sociedade o espaço construído para a realização de suas principais necessidades, como habitação, trabalho, educação e lazer, o setor da construção civil tem o suporte de uma extensa cadeia de produção (OTHMAN, 2009). A construção de um edifício é dependente do fornecimento de muitos outros subprodutos, que acrescidos ao elevado consumo de materiais e energia durante sua produção e uso, à geração de poluição, resíduos e à ocupação do solo, fazem da construção civil o setor industrial que mais provoca impactos no meio ambiente (ZAMBRANO, 2008). Tendo em vista esta condição e considerando a sustentabilidade como uma preocupação emergente em quase todas as áreas de produção e pesquisa, a construção civil não é exceção. Segundo Cole (2005), a partir da década de 90, países, como Canadá, Reino Unido, Japão e Estados Unidos, preocupados com os efeitos de longo prazo das atividades da construção civil, passaram a dar mais ênfase a pesquisas ligadas à dimensão ambiental da sustentabilidade. Como resultado surgiram sistemas de avaliação ambiental de edifícios como o Leadership in Energy and Environment Design (LEED ), Haute Qualité Environnementale (HQE), BRE Environmental Assessment Method (BREEAM), Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency (CASBEE), entre outros. Estes sistemas, embora tenham sido desenvolvidos com diferentes métodos e contextos, têm a finalidade comum de prestar apoio ao desenvolvimento de edifícios que atendam mais efetivamente à dimensão ambiental da sustentabilidade (SILVA, 2003), através da sugestão de requisitos, indicadores, métodos e ferramentas (COLE, 2005). Tais sistemas de avaliação têm sido criticados devido a questões como a pouca definição quanto a suas reais atribuições dentro do processo de projeto (COLE, 2005) e sobre a adequação dos mesmos ao contexto de países diferentes daqueles onde foram desenvolvidos (SILVA, 2003). Contudo, o estudo apresentado neste artigo concentra-se não na crítica ou comparação entre eles, mas na utilização das suas informações para gerar um banco de dados abrangente, que sirva para as empresas analisarem oportunidades de atendimento de requisitos ambientais em seus projetos. Neste contexto, o objetivo do artigo é propor um procedimento de análise e seleção de requisitos ambientais frente aos objetivos estratégicos das empresas construtoras e projetistas, seguindo parte do método de Marx (2009). Podem-se citar duas contribuições: a elaboração de um documento de referência para organização de requisitos ambientais na construção civil e o arranjo sistemático destes entre si e também diante dos objetivos estratégicos do negócio. Este trabalho é parte de uma pesquisa em desenvolvimento, que visa à proposição de diretrizes para a gestão de tais requisitos ao longo de todo o processo de projeto. 2 REVISÃO TEÓRICA 2.1 A Dimensão Ambiental da Sustentabilidade no Projeto de Edificações Segundo Zambrano (2008), as primeiras evoluções da construção civil na direção do desenvolvimento sustentável ocorreram com a ECO 92, quando foi apresentada a problemática de que as atividades que envolvem a construção eram grandes contribuintes na degradação do meio ambiente. Até então prevaleciam abordagens como a Arquitetura Ambiental, onde a preocupação era voltada à redução de impactos ambientais, pouco considerando questões sociais e econômicas envolvidas (ZAMBRANO, 2008). Foi a partir deste evento, que se sentiu a evolução mais expressiva de instrumentos e métodos de apoio ao projeto como parte das iniciativas para o cumprimento das metas ambientais estabelecidas na ECO 92 (SILVA, 2003). Alguns deles estão descritos a seguir: 433

HQE (2006) - França: Segundo Hetzel apud Zambrano (2008), o HQE é um método que busca melhorar a qualidade do ciclo de vida das edificações e minimizar os impactos ambientais e sanitários provocados por sua implantação. Tem como principal objetivo auxiliar na concepção, produção e manutenção do edifício assumindo uma lista de condicionantes de projeto (ZAMBRANO, 2008). Além de oferecer diretrizes para o atendimento de requisitos ligados a aspectos ambientais, o HQE destaca também questões sociais. Para desenvolver este estudo, foi revisado também o método ADDENDA (ADDENDA, 2009; ZAMBRANO, 2008), o qual propõe recomendações para o atendimento das diretrizes do HQE. LEED Green Building Rating System (2005) - Estados Unidos: É um instrumento de avaliação ambiental de edifícios e, segundo o United States Green Building Council (USGBC), pode ser utilizado tanto como instrumento de certificação, como ferramenta de apoio no desenvolvimento de projetos orientados à dimensão ambiental da sustentabilidade. Possui algumas variações, adaptáveis a cada tipo de edificação, e propõe-se a oferecer soluções não somente para edifícios novos, mas também já existentes (USGBC, 2009). Possui uma sequência de pré-requisitos, que se desdobram em requisitos de projeto na forma de um checklist. Estes requisitos, por sua vez, se atendidos em conformidade podem proporcionar uma certificação (SILVA, 2003). Direcionado ao atendimento de aspectos ambientais, pouco os coloca em paralelo a questões econômicas e sociais. CASBEE (2006) - Japão: Segundo o Institute for Building Environment and Energy Conservation (IBEC) consiste em um método que busca avaliar e classificar o desempenho ambiental das edificações, considerando a qualidade do projeto mediante aspectos como conforto interno e externo, uso de materiais e energia. Conforme Cole (2005), o CASBEE vai além de um simples somatório de pontos, pois suas orientações fazem uma distinção tanto quantitativa quanto qualitativa dos itens de projeto que apresenta. Assim como o LEED, é um sistema que para ser aplicado exige conhecimento avançado, não sendo de fácil utilização por qualquer projetista. Índice de Sustentabilidade CNTL-SENAI (2008) - Brasil: Foi por pesquisadores do Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), ligado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul. É a mais recente tentativa de adaptação dos sistemas de avaliação internacionais para o contexto brasileiro. Através de uma comparação entre eles foi desenvolvida uma ferramenta em forma de checklist que atribui pontuações ao projeto de acordo com as medidas adotadas, emitindo, ao final, um conceito sobre o quão sustentável será o produto (GORON, 2009). Com a preocupação de oferecer uma ferramenta simples e acessível, se comparada aos sistemas internacionais (GORON, 2009), pode ser considerada superficial por pouco aprofundar-se nos itens abordados. Ainda, há a limitação de que o Brasil é um país de grandes variações não somente ambientais, mas também sócio-econômicas, assim, um índice genérico, como é o caso, deve passar por complementações regionais para ser efetivo (GORON, 2009). Neste checklist é identificada a preocupação também com questões sócio-econômicas. Através desta revisão, entendeu-se que há uma preocupação em todos os exemplos em contribuir com o projeto e execução de edificações mais eficientes do ponto de vista ambiental. Além disso, alguns apresentam claramente o entendimento de que os requisitos ambientais não devem ser considerados isoladamente, pois o sucesso do empreendimento está vinculado ao atendimento de outras categorias de requisitos. Ainda, aparte o fato de que cada vez mais as necessidades ambientais estão sendo normatizadas e seu atendimento tornado obrigatório, a consideração de requisitos ambientais é uma decisão de nível estratégico e está vinculada aos valores organizacionais. As dimensões social, econômica e ambiental devem estar previstas nos objetivos da organização que pretende ter produtos sustentáveis, de tal forma que estes objetivos possam orientar os subobjetivos dos níveis operacionais (MARX, 2009). 434

2.2 O Processo de Projeto e a Gestão de Requisitos O processo de projeto da construção civil impõe uma série de dificuldades ao seu gerenciamento devido a algumas características intrínsecas como a sua natureza única, longo tempo de desenvolvimento e elevada quantidade de envolvidos. Todas já amplamente discutidas por autores como Tzortzopoulos (1999, 2004) e Melhado (2005). Tratando-se do último item, entende-se que a gestão de requisitos pode ser uma alternativa para gerenciar os interesses dos diferentes envolvidos no projeto, visto que seus principais objetivos são compreender, rastrear e controlar as mudanças de requisitos do início ao fim do projeto (SOMMERVILLE, 2007). Em outras palavras, é possível esclarecer quais são os envolvidos, que requisitos propuseram, qual a sua importância, como este requisito evoluiu e o quanto outros requisitos poderão ser afetados por uma eventual mudança. A gestão de requisitos (Figura 01) baseia-se em quatro fases que percorrem ciclicamente o projeto: (i) levantamento, (ii) análise e priorização, (iii) especificação e (iv) validação. Figura 01: Modelo das fases da gestão de requisitos Fonte: Adaptado de Sommerville (2007) Na Figura 01, as duas primeiras fases, levantamento e análise/priorização, são alocadas no mesmo terço, pois uma vez constatado que a análise/priorização não emitiu requisitos satisfatórios para a continuação do projeto, pode-se retornar a um novo levantamento antes de avançar à especificação. Elas têm um funcionamento iterativo e são as fases mais importantes do projeto por determinarem o que será entregue (BRAY, 2000). Por este motivo, o foco do artigo está na fase de levantamento. Kamara et al. (2002) afirmam que a captação correta das necessidades e desejos das pessoas e organizações que se pretende atender é um dos primeiros e mais importantes passos a serem realizados para a concepção do projeto. Uma vez identificadas, as demandas devem ser convertidas em requisitos, que são as funcionalidades que o sistemaproduto ou serviço devem ter para satisfazer uma necessidade ou para alcançar um objetivo do stakeholder, qualificadas por condições mensuráveis e limitadas por restrições (MARX, 2009). Tais requisitos devem ser acompanhados e controlados ao longo do processo de projeto (HUOVILA, 2005) e é através do seu atendimento que se poderá mais facilmente gerar o valor esperado e satisfazer a todos os interessados (HUOVILA, 2005). 435

A respeito da fase de levantamento, Sommerville (2007) alerta que podem existir algumas dificuldades para o levantamento inicial dos requisitos, tais como: alguns envolvidos ainda não sabem exatamente o que precisam ou desejam, problemas de comunicação, omissão de informações óbvias, limitações do produto mal definidas. Ainda, é importante ter em mente que para atingir os objetivos das empresas, primeiramente deve haver um esforço na investigação do porquê da existência do projeto com um levantamento detalhado dos objetivos estratégicos (BRAY, 2000). Alguns mecanismos sugeridos por Bray (2000) para realizar levantamentos são entrevistas, questionários, brainstorming, análise documental, observação e análise conjunta. Entende-se assim, que a gestão de requisitos é uma abordagem que pode promover uma significativa contribuição para o processo de projeto. Neste trabalho, serão usadas algumas orientações para selecionar e incorporar os requisitos ambientais em tal processo, na tentativa de uma organização dos requisitos ambientais provenientes das diversas partes interessadas. 3 MÉTODO DE PESQUISA Para a realização deste trabalho, adotou-se parte do método de gestão de requisitos proposto por Marx (2009), especificamente naquelas atividades relacionadas ao levantamento dos requisitos ambientais do projeto do estudo de caso e ao alinhamento dos mesmos com a estratégia da empresa. Marx (2009) estabeleceu o alinhamento dos requisitos do projeto de um produto sustentável, a partir do desdobramento de requisitos estratégicos do negócio, de forma sistemática e organizada no formato de uma árvore. A pesquisadora concluiu que a representação gráfica da árvore é uma ferramenta que garante a formalização dos requisitos do negócio, propicia visibilidade aos envolvidos e assegura o alinhamento do projeto às estratégias da organização. Foram realizados os seguintes passos: 3.1 Estudo dos sistemas de avaliação ambiental de edificações Após a revisão teórica, foi elaborado um documento que reuniu informações ligadas ao atendimento de requisitos ambientais no projeto de edifícios, conforme Figura 02. É importante esclarecer que, embora alguns dos sistemas consultados apresentem diretrizes além das questões ambientais, elas não foram incluídas no documento por estarem fora do foco específico da pesquisa. Figura 02: Exemplo da lista de diretrizes de projeto ligadas à dimensão ambiental da sustentabilidade 3.2 Compilação e categorização de diretrizes As diretrizes de projeto encontradas foram impressas, recortadas e foi montado um cartaz, no qual elas, permanecendo na coluna de seus respectivos sistemas de avaliação, foram 436

posicionadas lado a lado por similaridade de propósito. Em seguida, as informações foram compiladas em uma só lista. Para isso algumas diretrizes foram adaptadas de suas versões originais por um destes três motivos: estavam pouco claras, foram agrupadas com outra(s) por serem muito similares, foram divididas por englobar assuntos que poderiam formar mais de uma diretriz. Com a planilha organizada obteve-se 73 diretrizes categorizadas em 9 grupos. 3.3 Estudo de caso O estudo de caso baseou-se em um empreendimento com as características indicadas na Figura 06. Sua concepção foi feita por uma empresa paulista (empresa A), experiente em outros empreendimentos semelhantes, sendo este, porém, um caso diferenciado devido ao canal. Quando ainda em aprovação nos órgãos governamentais, a empresa A necessitou de um parceiro local, conhecedor do mercado, leis e condicionantes ambientais, que pudesse atuar como um apoio no planejamento e execução das obras. A parceria foi feita com a empresa B, construtora porto-alegrense, líder em empreendimentos alto padrão no Rio Grande do Sul, que foi a principal contribuinte na emissão de dados para a pesquisa. Destaca-se que o objeto do estudo de caso é o empreendimento, pois as casas serão construídas posteriormente por diferentes profissionais, seguindo um plano diretor estabelecido pelas construtoras. Figura 06: Características do empreendimento A empresa A apresenta uma orientação sustentável explícita no seu planejamento estratégico, guiada pela ISO 14.001-2004, visando experimentar a organização dos requisitos de sustentabilidade no seu negócio. Segundo Marx (2009), esta organização pressupõe identificar declarações estratégicas de missão, visão, valores e políticas em um nível estratégico, que possam ser convertidos em requisitos do negócio. Estes requisitos passam a fazer parte da base da árvore de requisitos, conforme exemplo da Figura 03, sobre os quais serão, posteriormente, ancorados os requisitos do produto provenientes das diversas partes interessadas. A orientação sustentável da empresa A é a principal justificativa da escolha da mesma, pois era fundamental que o empreendimento tivesse requisitos ambientais a serem considerados. O estudo de caso divide-se em 4 etapas: -Conhecimento da empresa e levantamento de aspectos ambientais do projeto. Fontes de evidência: sete entrevistas semi-estruturadas transcritas e análise documental; -Transcrição das demandas estratégicas da empresa e das informações coletadas sobre o projeto no formato de requisitos, conforme Marx (2009); -Comparação entre os requisitos do projeto e as diretrizes da lista formulada a partir dos sistemas de avaliação; 437

-Elaboração da árvore de requisitos organizando as relações entre os requisitos estratégicos e operacionais, conforme Marx (2009). Figura 03 Exemplo de árvore de relacionamento de requisitos de um produto sustentável Fonte: Adaptado de Marx (2009) 4 RESULTADOS Com a compilação das informações em uma única coluna, seguindo os critérios esclarecidos na seção 3.2, obteve-se uma lista final de diretrizes, conforme Figura 04. Ao lado de cada diretriz foi mantida na coluna Origem a indicação da procedência da mesma, para o caso da necessidade de consulta detalhada. Das 73 diretrizes resultantes, 4 foram acrescentadas pelos pesquisadores por terem sido deduzidas durante a revisão teórica, mas não estarem claramente citadas. Como já afirmaram Cole (2005) e Silva (2003), foi possível observar que alguns sistemas estão mais focados em determinados aspectos ambientais do que outros. Figura 04: Exemplo da lista final de diretrizes 438

As diretrizes foram categorizadas em 9 grupos, conforme Figura 05, e a contribuição de cada grupo aponta algo já indicado na maioria das pesquisas que estudam o processo de projeto: é na fase inicial, durante a concepção do produto que a maioria das decisões deve ser tomada. Isto explica, em parte, o maior número de itens do primeiro grupo. Em seguida, destacam-se a geração de resíduos e um aspecto levantado em todos os sistemas: desde o desenvolvimento do projeto prévio à execução, os projetistas devem preocupar-se com soluções para os requisitos, pois isto leva ao projeto de edificações mais eficientes, geradoras de menos poluição e resíduos durante as obras. Figura 05: Grupos da lista final de diretrizes É importante reiterar que esta lista tem caráter qualitativo e sua finalidade é sugerir oportunidades ao empreendedor e aos projetistas. Esta lista deve ser constantemente alimentada com novos itens, assim, a empresa terá disponível um documento atualizado para orientá-la na concepção do produto, podendo as soluções adotadas em um projeto servirem de referência para outros. Finalizada a lista final de diretrizes ambientais, foi iniciado o estudo de caso. Em duas entrevistas semi-estruturadas, uma com o engenheiro coordenador do projeto na empresa B, e outra com gerente de projetos da mesma, foram apresentadas as principais premissas, restrições e características do empreendimento, bem como a organização das empresas. Juntamente com os dados da análise de documentos da empresa A, foi possível identificar associações entre o projeto e os princípios do planejamento estratégico do negócio. Também foi permitido o acesso a documentos específicos deste projeto (Estudo de Impacto Ambiental, Relatório de Impacto Ambiental e Licença Prévia da Fundação Estadual de Proteção Ambiental) através dos quais os pesquisadores identificaram muitos dos requisitos de sustentabilidade previstos no projeto. Outras três entrevistas semi-estruturadas foram realizadas posteriormente com os gerentes de Marketing e de Incorporação da empresa B, e com a engenheira agrônoma, terceirizada, responsável pela escolha da vegetação. Nestas entrevistas novos requisitos ambientais foram identificados. Ao todo, foram resultantes 20 requisitos estratégicos e 60 requisitos operacionais ligados ao atendimento de demandas ambientais do projeto. 23% foram identificados somente nas entrevistas; 34%, somente na análise documental e 43%, em ambas as fontes. A seguir, foi feita uma comparação entre a lista de diretrizes dos sistemas de avaliação com os requisitos encontrados no estudo de caso, conforme Figura 07. A apresentação desta comparação às empresas oportunizou a obtenção de novas idéias e a percepção de alguns requisitos ambientais que estavam sendo atendidos, mas não eram percebidos pelos gerentes por não estarem documentados. Considerando o conteúdo dos requisitos do projeto e analisando a Figura 08, percebe-se que o empreendimento contempla uma parcela relevante das diretrizes elencadas na revisão teórica, 64,36%, confirmando as premissas expressas nas políticas ambientais da empresa A. É importante esclarecer que esta 439

comparação deve ser realizada desde a fase planejamento dos projetos, quando a empresa pode fazer uma análise mais estratégica das oportunidades diante das demandas do mercado e de suas possibilidades. Figura 07: Exemplo da lista comparativa entre diretrizes dos sistemas de avaliação e requisitos do projeto Figura 08: Resultados da comparação entre as diretrizes dos sistemas de avaliação e os requisitos do projeto Tendo os requisitos ambientais do projeto organizados, partiu-se para a alocação dos operacionais diante dos estratégicos (Figura 09). Neste momento a lista de diretrizes derivadas dos sistemas de avaliação passa a fazer parte do histórico, pois somente os requisitos do empreendimento são considerados. Para a formação da árvore partiu-se da missão e visão da empresa A, orientadora do projeto. No segundo nível estão os macro-objetivos da mesma seguidos, no caso ambiental, das políticas ligadas à ISO 14.001-2004. Em um terceiro nível estão os 20 requisitos ambientais estratégicos do projeto, identificados nas entrevistas e na análise documental. Por fim, todos os requisitos operacionais encontrados foram ancorados aos requisitos estratégicos, seguindo a lógica de Marx (2009). A árvore resultante é aparentemente mais desorganizada do que a da Figura 03. Este resultado era um pressuposto da pesquisa, pois se sabe que, na prática, os requisitos possuem muitas interfaces uns com os outros originando conexões menos rígidas. Verificou-se, por exemplo, que 14 requisitos operacionais estavam relacionados a mais de um requisito estratégico, ao passo que 10 requisitos estratégicos estavam relacionados a mais de uma política ambiental. A lacuna mais relevante encontrada na elaboração da árvore foi a falta de conexão de alguns requisitos operacionais com políticas. Para exercer esta função, foram sugeridos pelos 440

pesquisadores dois requisitos estratégicos, que estavam implícitos, mas não formalizados. Estão assinalados na Figura 09 em vermelho. Figura 09: Árvore de Requisitos A visualização dos requisitos neste formato foi muito útil, pois foi permitida a compreensão das conexões, o que facilita a identificação do porquê da existência de um requisito e também dos impactos de sua mudança. Além disso, os requisitos obrigatórios, como os legais, podem ser assinalados, apontando uma atenção especial. Ainda, através desta organização, pode-se perceber que os requisitos não estavam distribuídos equilibradamente entre as 3 políticas ambientais, e que existiam alguns requisitos estratégicos pouco atendidos por requisitos operacionais. A interpretação deste resultado pode variar entre projetos, pois à vezes uma política, ou requisito, pode ser mais importante ou complexo do que outra, mas este desbalanceamento, também pode indicar necessidade de revisão. Destaca-se que a árvore é um retrato da etapa atual do projeto e terá seu formato modificado ao longo de seu desenvolvimento, devido à adição, subtração ou alteração de requisitos. Ela poderia ainda envolver requisitos de outras categorias tornando-se mais 441

complexa, ou evoluir para outros formatos, agrupando os requisitos por stakeholders, por exemplo. Os números indicados nos quadros da Figura 09 possibilitam o rastreamento de sua origem estratégica, independentemente do critério para reformulação da árvore, o que é fundamental para a gestão da mudança. Na continuação desta pesquisa, os requisitos retornarão a uma planilha para ser feita uma análise quantitativa para o apontamento dos requisitos prioritários segundo critérios como importância, competitividade e dificuldade de implementação. 5 CONCLUSÕES Com o estudo apresentado, concluiu-se que diante das novas demandas ambientais, é muito importante que empresas interessadas em atendê-las em seus projetos, incorporem algumas premissas ambientais desde o planejamento estratégico, de forma a criar um ambiente propício para a organização dos requisitos após seu levantamento. Assim, desde o princípio, as partes envolvidas já estarão orientadas a cumprir determinadas diretrizes. Entendeu-se que a representação em forma de árvore sugerida por Marx (2009) é uma forma adequada para esclarecer conexões entre os requisitos provenientes de demandas e normatizações com os requisitos do negócio. Utilizando o procedimento proposto é possível visualizar uma série de interfaces e evitar situações de conflito ao longo do processo de projeto e possibilitando a maior geração de valor. 6 REFERENCIAL TEÓRICO ADDENDA. www.addenda.fr. Acessado em 12 de julho de 2009. BRAY, I.K. An Introduction to Requirements Engineering. Pearson Education Limited. UK. 2002. IBEC-CASBEE Disponível em www.ibec.or.jp/casbee/english/index.htm. Acessado em 25 de junho de 2009. COLE, R.J. Building environmental assessment methods: redefining intentions and roles. Build Research & Information. V.35. 2005. GORON, L. S.; OLIVEIRA, J.M.; TUBINO, R.M.C. Índice de Sustentabilidade para a Construção Civil: Proposta de Check-List Nacional. International Workshop Advances in Cleaner Production. 2009. HQE. www.assohqe.org. Acessado em 12 de julho de 2009. HUOVILA, P. Decision Support Toolkit. Technical Research Centre of Finland, VTT, 2005. KAMARA, J. M.; ANUMBA, C. J.; EVBUOMWAN, N. F. Capturing Client Requirements in Construction Projects; American Society of Civil Engineers; Thomas Telford Ltd. 2002 MARX, A. M. Proposta de Método de Gestão de Requisitos para o Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis. Dissertação (Mestrado). PPGEP, UFRGS. 2009. MELHADO, S.B. Coordenação de projetos de edificações. Escola Politécnica da USP. São Paulo: O Nome da Rosa, 2005. OTHMAN, A.A.E.; Corporate Social Responsibility of Architectural Design Firms Towards a Sustainable Built Environment in South Africa. Architectural Engineering and Design Management Volume 5, Number 1-2, 2009. 442

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