UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO DE GESTÃO E ECONOMIA PROG. DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PLANEJAMENTO E GOVERNANÇA PÚBLICA

Documentos relacionados
SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE. Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE PGIRSU

RECEPÇÃO DE CALOUROS COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS UFES Campus ALEGRE

Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS LEI / 08/ 2010 DECRETO 7.404/ 12/ 2010

Carta Compromisso Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos

Fontes de Recursos Ação. Curto Médio Longo (1 a 4 anos) (4 a 8 anos) (8 a 20 anos)

Análise SWOT. Resíduos Sólidos Domiciliares e Comerciais

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

LEI MUNICIPAL Nº 687 DE 09 DE SETEMBRO DE 2013 LEI:

Parcerias Público Privadas com a inclusão Socioprodutiva de catadores e a Função Fiscalizatória do Ministério Público

PLANOS DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Alceu Galvão Analista de Regulação da ARCE Fortaleza, 11 de maio de 2015

ESTADO DE RONDÔNIA MUNICÍPIO DE PRIMAVERA DE RONDÔNIA GABINETE DO PREFEITO GESTÃO 2013/2016

Plano Nacional de Resíduos Sólidos

Implantação de Medidas Emergenciais para cessar os danos ambientais pela disposição inadequada de resíduos sólidos nos municípios

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CIDADE DE MONTEIRO-PB

DESAFIOS ATUAIS DA GESTÃO DE RESÍDUOS URBANOS

CONTEXTO. 79,68% ( habitantes) residem em áreas urbanas, conforme IBGE (2000) VISTA AÉREA CURITIBA Fonte: google. Earth.

[DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS]

O ILOG conta com a participação de Empresas, Cooperativas, Associações e Sindicatos, que juntas representam mais de 400 empresas, comprometidas com a

COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE POÇO VERDE/SE: DESAFIO PARA O DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL MUNICIPAL

PLANO ESTADUAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO ESTADO DE SANTA CATARINA PERS-SC LEGISLAÇÃO RELATIVA A RESÍDUOS E SUAS IMPLICAÇÕES

P L O Í L TI T CA C A NA N C A I C ON O A N L A L D E D E R E R S E Í S DU D O U S O S SÓ S L Ó I L DO D S O S

Hsa GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Resíduos Sólidos. PROFa. WANDA R. GÜNTHER Departamento Saúde Ambiental FSP/USP

Criando valor através de resíduos sólidos. Marcelo Luércio, Sérgio Oliveira e Yuri Santos

Belo Horizonte, novembro de 2010

PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE. Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

A importância dos Consórcios Públicos Intermunicipais para a GIRS.

Unidade de Recuperação Energética integrada ao Sistema Municipal de Limpeza Urbana. Estudo de Caso Município de São Bernardo do Campo

ESTUDO DOS PARÂMETROS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DA COLETA SELETIVA NO MUNICÍPIO DE ASSIS-SP.

DESTINAÇÃO FINAL DE ( RSU ) PROPOSIÇÃO

Panorama e Política Nacional de

Seminário POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: AVANÇOS E DESAFIOS DE IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DE RESÍDUOS URBANOS. IEE/USP 16/Agosto/2017

Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública

COMISSÃO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS RELATÓRIO DE PRODUTIVIDADE

II SEMINÁRIO NACIONAL ROTAS TECNOLÓGICAS PARA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS COM A RECICLAGEM POPULAR

REFLEXÃO SOBRE O PROJETO DE UMA USINA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE BENTO GONÇALVES - RS

ITAÚNA. Emancipação: 16 de setembro de 1901.

GERAÇÃO DE RESÍDUOS. Planejamento e Gestão de Resíduos

III CODIAM - CONSÓRCIO DE DESENVOLVIMENTO INTERMUNICIPAL DA ÁREA METROPOLITANA DE JOÃO PESSOA -PB COMO SOLUÇÃO DE DESTINAÇÃO FINAL DOS RSU

Questionário - Levantamento de Dados Municípios do Estado do Tocantins 1. Requisitos Legais / Estudos Específicos

Gestão de Resíduos Sólidos

A Geração de Resíduos na Cidade de São Luís, Maranhão, no Contexto da Política Nacional de Resíduos Sólidos

MAPEAMENTO LOGÍSTICO DO PROCESSO DE DESCARTE DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO SETOR SUL DA CIDADE DE BOTUCATU 1 INTRODUÇÃO

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Zilda Maria Faria Veloso

Situação e Arcabouço Conceitual da Disposição de RSU

CONTRIBUIÇÕES DA CONTABILIDADE EM EMERGIA

Aspectos Gerais Sobre os Resíduos Sólidos

AVALIAÇÃO DA USINA DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM DA CIDADE DE PARAISÓPOLIS - MINAS GERAIS

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE MMA

PNRS /10. 8 Anos da Lei Federal que Define a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Logística Reversa, Dificuldades e Perspectivas

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS CURITIBA MAIO-2004

Resíduos Sólidos. Panorama Estadual e Gestão

Cultura do lixo. Premissas. Modelo Linear

AVALIAÇÃO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 NO BRASIL: O CASO DO TEMA AMPLIAÇÃO DO ALCANCE DOS SERVIÇOS QUE SE OCUPAM DE RESÍDUOS

PLANO ESTADUAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE MATO GROSSO DO SUL (PERS-MS)

RESÍDUOS SÓLIDOS. Introdução

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

RESÍDUOS SÓLIDOS E O PROGRAMA DE METAS DA CIDADE DE SÃO PAULO

As Políticas Públicas Ambientais de Pernambuco e Resíduos Sólidos

Mostra de Projetos Lixo que vale

O DESAFIO DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Qualidade e Conservação Ambiental TH041

Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Congestas 2013

RESÍDUOS SÓLIDOS. UFPR-Profª Eliane C. Gomes

A GESTÃO DE SEIS ATERROS SANITÁRIOS SIMPLIFICADOS NA BAHIA

AUDIÊNCIA PÚBLICA. Prospectiva, Planejamento Estratégico e Prognóstico do PMSB e PMGIRS

Seminário Consórcios Públicos

IMPACTO AMBIENTAL DOS MATERIAIS USADOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL. Fundamentos de Materiais e Construções (FMC) Profª Bárbara Silvéria

IDENTIFICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO. NÚMERO DE CADASTRO DA ENTIDADE NO MUNICÍPIO (Preenchido de acordo com o Relatório de Números Cadastrais / IBGE)

PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ENGENHEIRO SANITARISTA CARLOS EDSON WALTRICK

Política Nacional de Resíduos Sólidos e a Logística Reversa. 21 de Setembro de 2018

Homero Soares Fev/ /3/2012 2

Mostra de Projetos 2011 RECICLA TIBAGI

MUDANÇAS. Transformando a realidade dos resíduos sólidos no Distrito Federal Relatório Atividades Kátia Campos Presidente do SLU

Avaliação das Demandas e Potenciais Associados à Gestão de Resíduos Sólidos em Cidades Emergentes: O Caso do Município de Rio das Ostras, RJ

Sacolas Bioplásticas e a Coleta Seletiva da cidade de São Paulo

DIAGNÓSTICO DA DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES NO ESTADO DA PARAÍBA

Contratação de Serviços Públicos

Produção e caracterização de resíduos da construção civil

IV Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental

Resíduos Sólidos Urbanos

A RECUPERAÇÃO ENERGÉTICA DE RESÍDUOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

A construção do Plano Intermunicipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos através de Consórcio de Municípios: A Experiência do CISGA

Brasil terá que investir R$15,59 bi em tratamento de resíduos

Consumo sustentável e a implantação da logística reversa de embalagens em geral. XI SEMINÁRIO ABES Brasília, agosto de 2014 Patrícia Iglecias

Prefeitura Municipal de Laje publica:

MÓDULO 2. Prof. Dr. Valdir Schalch

RELATÓRIO DE GRAVIMETRIA CONDOMÍNIO VERDE

SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE WORKSHOP GERAÇÃO DE ENERGIA POR MEIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE MMA POLITICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Realização: Instituto Venture e Ecos da Sardenha

Tema: Tratamento de Resíduos Sólidos

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A IMPLANTAÇÃO DE UM ECOPONTO PILOTO NO MUNICÍPIO DE ITABAIANA/PB

Estágio da implementação das Políticas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos em Minas Gerais

Panorama da Política Nacional de Resíduos Sólidos: Principais avanços e gargalos

PEGADA ECOLÓGICA A PEGADA DE ALGUNS PAISES. Estados Unidos: 9,7 hectares / pessoa. Brasil: 2,2 hectares / pessoa. Etiópia: 0,47 hectares / pessoa

Governança na Gestão de Resíduos Sólidos Painel I. Waste Expo Brasil São Paulo-SP- 2016

Empresas produtoras e comercializadoras. Usuários de agrotóxicos

DECLARAÇÃO DE JUNDIAÍ Os Novos Desafios da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS

Transcrição:

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO DE GESTÃO E ECONOMIA PROG. DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PLANEJAMENTO E GOVERNANÇA PÚBLICA POLÍTICA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DE CURITIBA RELATÓRIO TÉCNICO CURITIBA 2011

JULIANA TRIANOSKI HEGENBERG POLÍTICA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DE CURITIBA Relatório Técnico referente ao Estudo de Caso apresentado ao Programa de Pós- Graduação em Planejamento e Governança Pública da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como requisito parcial para aprovação na Disciplina Tópicos Especiais Aplicados ao Setor Público: Seminários de Casos de Boas Práticas na Gestão Pública. Orientador: Prof. Dr. Sérgio Tadeu G. Muniz CURITIBA 2011

RELATÓRIO TÉCNICO Discente Responsável: Juliana Trianoski Hegenberg Orientador: Prof. Dr. Sérgio Tadeu Gonçalves Muniz Tema: Política de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos de Curitiba Palestrante: Eng. Luiz Celso Coelho da Silva Engenheiro Civil Sanitarista, especialista nas áreas de Gestão Ambiental, Incineração de Resíduos de Serviços de Saúde, Gestão de Perícia e Auditoria Ambiental e Emergências Ambientais. Atuou na coordenação e fiscalização das obras de construção e funcionamento do Aterro Sanitário de Curitiba (Cachimba), entre outras coordenações e, atualmente é responsável pela Gerência de Coleta e Destinação Final dos Resíduos Sólidos Urbanos do Município de Curitiba. Data do Evento: 23 de novembro de 2011 Lista de Participantes: Anexo A DESCRIÇÃO DO CASO 1. INTRODUÇÃO A problemática do lixo no meio urbano está totalmente relacionada à questão da poluição do solo, água e atmosfera, além dos diversos riscos epidemiológicos. A gestão adequada dos resíduos sólidos urbanos é imprescindível para a manutenção da qualidade de vida da população e das condições ambientais da cidade. Neste sentido, o Município de Curitiba, que apresentou um acelerado crescimento populacional nas últimas décadas, impulsionando um significativo aumento no consumo e, consequentemente, na geração de resíduos sólidos, demandava uma gestão adequada e eficiente dos seus resíduos sólidos urbanos. Entretanto, as ações desenvolvidas nesse sentido eram bastante incipientes no Município até o final da década de 80. Após esse período, no entanto, houve uma visível transformação na gestão ambiental da Capital. Assim, o presente caso tem o objetivo de apresentar que ações e políticas foram adotadas pelo Município visando minimizar o problema dos resíduos sólidos urbanos, as quais foram capazes de 1

tornar a cidade um modelo no assunto, tornando-a conhecida internacionalmente como Capital Ecológica. 2. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA Com a crescente urbanização e aumento da população nos últimos anos, Curitiba passou a sofrer com a acentuada geração de resíduos e necessidade de promover a destinação adequada dos mesmos. Entre os anos de 1964 e 1989, todos os tipos de resíduo produzidos em Curitiba (tanto os resíduos domiciliares e comerciais, quantos os resíduos provenientes dos serviços de saúde e da indústria) eram destinados para uma área própria para isso na Lamenha Pequena, região situada entre os municípios de Curitiba e Almirante Tamandaré. Entretanto, a área da Lamenha Pequena não era totalmente preparada para receber tais resíduos de maneira adequada e, apesar de no decorrer dos anos ter recebido diversos cuidados e técnicas de manejo, como drenagem e tratamento do chorume, cobertura do lixo e outros, chegando a ser considerado um aterro controlado, o passivo ambiental resultante da sua operação foi muito alto. Com o esgotamento das condições e capacidades do aterro controlado da Lamenha Pequena, havia a necessidade de dimensionar uma nova área para recepção dos resíduos que fosse totalmente preparada para destinação final adequada do lixo produzido em Curitiba e região metropolitana. Além disso, era necessário rever a gestão dos resíduos, tendo em vista que cada tipo de material exige uma destinação específica e o Município não poderia continuar se responsabilizando pela coleta e tratamento de tudo, sendo necessário que o gerador dos resíduos também se responsabilizasse. Outro fator importante que precisava ser repensado e organizado era a necessidade de segregar o lixo orgânico ou tóxico do lixo que poderia ser reciclado ou reaproveitado de alguma forma. Tal separação, além de reduzir significativamente o volume de resíduos a ser destinado para o aterro, também era uma proposta importante para a inserção social de parcela da população que se dedicava a fazer essa seleção dentro dos lixões. A separação e valorização adequada dos resíduos constituem uma importante proposta com 2

vantagens tanto econômicas quanto ecológicas e precisava ser adequadamente organizada em Curitiba. De forma geral, o problema a ser apresentado trata da necessidade de gestão adequada de resíduos sólidos em Curitiba e suas diversas vertentes e de como ele foi solucionado, tornando o Município referência no assunto. 3. MÉTODO DE IMPLEMENTAÇÃO A solução buscada pela prefeitura foi investir na gestão de resíduos, através da gestão do serviço de limpeza urbana. O Plano de Gestão do Serviço de Limpeza Urbana de Curitiba é constituído das seguintes tarefas da gestão de resíduos sólidos: coleta, transporte, tratamento, valorização e eliminação. Para tanto, a gestão integrada de resíduos sólidos urbanos adotou as seguintes ações prioritárias: 1 Coletar todo o lixo gerado de responsabilidade da prefeitura; não deve coletar o que não é de sua responsabilidade (indústrias, hospitais etc.); 2 Dar um destino final adequado para todo lixo coletado; 3 Buscar formas de segregação e tratamento para o lixo do município. Considerar que essas formas só darão resultados positivos e duradouros se responderem a claros requisitos ambientais e econômicos; 4 Fazer campanhas e implantar programas voltados à sensibilização e conscientização da população no sentido de manter a limpeza da cidade; 5 Incentivar medidas que visem diminuir a geração de lixo. As principais medidas adotadas em Curitiba para a gestão adequada dos resíduos são: implantação, em 1989, do Aterro Sanitário de Curitiba (Caximba), desenvolvido utilizando as mais modernas técnicas para gerenciamento de resíduos na época, sendo constantemente aprimorado e modernizado no decorrer dos anos; implantação do Programa de Coleta Seletiva e Valorização do Lixo Doméstico (1989), visando à separação do lixo orgânico do reciclável nas residências, bem como à reciclagem e à reutilização do lixo; implantação dos Programas Compra do Lixo (1989) e Câmbio Verde (1991) que visavam à troca do lixo comum e reciclado por produtos hortifrutigranjeiros; promoção da educação ambiental na Rede Municipal de Ensino (1991); implantação do Projeto Olho D Água (1997) visando o monitoramento da qualidade dos rios pela população; implantação do Programa de 3

Coleta do Lixo Tóxico Domiciliar (1998); implantação do serviço de coleta de resíduos vegetais; criação do Consórcio Intermunicipal para o Gerenciamento de Resíduos (2001) com a integração da Região Metropolitana na gestão dos resíduos; implantação do Programa Reciclagem Inclusão Total ECOCIDADÃO destinado a promoção da inclusão social dos catadores que realizam a coleta de recicláveis. Com tais políticas, Curitiba avançou significativamente na problemática do lixo, assumindo posição de modelo e vanguarda em relação à gestão de resíduos. 4. DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS Atualmente, o serviço de coleta convencional de resíduos domiciliares cobre 100% da área urbanizada e é realizado com freqüência mínina de 3 vezes por semana. Onde não é possível o acesso dos caminhões coletores, são disponibilizadas caçambas estacionárias possibilitando a coleta adequada dos resíduos. Desta forma, praticamente 100% da população utiliza os serviços de coleta pública. Os resíduos provenientes da coleta domiciliar são destinados ao aterro sanitário, onde recebem a disposição final adequada. O Aterro Sanitário de Curitiba encerrou suas operações em novembro de 2010 e, desde então, a disposição final dos resíduos ocorre, temporariamente, no aterro sanitário privado no Município de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba. O aterro sanitário de Curitiba está em processo de manutenção e monitoramento seguindo as ações definidas em seu Plano de Encerramento. Em relação à coleta seletiva e valorização de recicláveis, o serviço atende 100% da população através do programa Lixo que Não é Lixo, que possui frequência de 1 a 3 vezes por semana e coleta diariamente uma média de 90 toneladas de materiais recicláveis. Além disso, através do programa de entrega voluntária Câmbio Verde, cerca de sete mil pessoas são atendidas mensalmente, sendo coletadas 250 toneladas de material reciclável em troca de 90 toneladas de alimentos por mês. Os materiais provenientes destas coletas são destinados à Unidade de Valorização de Resíduos da Prefeitura, localizado em Campo Magro, onde sofrem a separação e manejo adequados (reciclagem, reaproveitamento e outros). Ainda em relação à coleta seletiva, o programa ECOCIDADÃO proporcionou o fortalecimento dos catadores por meio da organização em sistema de associações 4

e cooperativas, permitindo seu reconhecimento e inclusão na cadeia de reciclagem, disponibilizando infraestrutura física, administrativa e gerencial para recepção, classificação e venda do material coletado. Atualmente, são mais de 3 mil catadores cadastrados, sendo que 1.260 participam ativamente, e 14 parques de recepção de recicláveis foram implantados. Já foram constituídas 13 Associações de Catadores e 1 Cooperativa. O aumento da renda dos catadores envolvidos foi de 110% e aumentou em 50% a quantidade de materiais reciclados e a produtividade da rede de associações/cooperativa envolvidas. O índice de separação do lixo em 2010 foi 22%, ou seja, das 2.426 toneladas/dia de resíduos gerados em Curitiba, 545 toneladas/dia foram separadas para reciclagem. Outros importantes resultados referem-se à continuidade e permanência dos programas de coleta de lixo tóxico domiciliar, cujos resíduos são destinados à Central de Tratamento de Resíduos Industriais CTRI; o serviço de coleta de resíduos vegetais, que realiza aproximadamente 23.000 coletas por mês com um prazo de atendimento superior a 15 dias, e destinação adequada dos resíduos através da Unidade de Processamento de Materiais Vegetais; o serviço de varrição e lavagem de feiras livres, serviço de varrição manual e limpeza especial, responsáveis pela limpeza de aproximadamente 18 mil quilômetros de ruas, praças e calçadões por mês; o serviço de limpeza de dômus e raspagem de cartazes; serviço de varrição mecânica, que coleta em média 350 toneladas de resíduos de varrição por mês, num percurso de aproximadamente 5.500 quilômetros de ruas, logradouros e outros. 5. DESAFIOS PARA MELHORIA O principal desafio para melhoria a ser superado é a constituição efetiva do SIPAR Sistema de Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos, que tem como premissa: máximo aproveitamento dos resíduos e mínima dependência de aterro sanitário. Trata-se de uma tecnologia que visa substituir o aterro sanitário. Utilizando modernas tecnologias, o sistema é capaz de promover o máximo aproveitamento dos resíduos tanto dos materiais recicláveis quanto dos materiais orgânicos, permitindo que 85% dos resíduos possam ser reaproveitados de alguma forma e que apenas os 15% restantes sejam destinados ao aterro 5

sanitário. A implantação e operacionalização do SIPAR estão em processo de licitação desde 2007, mas demandas judiciais têm impedido a finalização do processo. Foram abordados também os desafios relacionados à dificuldade em atender a demanda para determinados serviços devido ao reduzido número de pessoal e equipamentos, como ocorre com o serviço de coleta de resíduos vegetais, para o qual a pretensão é reduzir o tempo de espera máximo, que atualmente é superior a 15 dias, para sete dias; desafios relacionados à implementação e consolidação de programas e ações de educação ambiental e fiscalização visando à conscientização da sociedade para a necessidade de consumo consciente e disposição adequada dos resíduos, através dos quais se espera a redução da quantidade de resíduos a serem removidos devido à disposição inadequada feita pela população, bem como dos gastos com serviços de limpeza propriamente ditos, além da adoção espontânea de atitudes e comportamentos que contribuam para o desenvolvimento de uma cidade sustentável; e grandes desafios relacionados à necessidade de recuperação das áreas de passivo ambiental, bem como a necessidade de revisão constante da regulamentação municipal e acompanhamento da evolução da legislação federal. Em relação à dinâmica de perguntas respostas, as discussões e debates giraram em torno dos limites legais para quantidades a serem coletadas sob responsabilidade da Prefeitura, bem como responsabilização dos grandes geradores de resíduos; controle e fiscalização dos procedimentos de coleta e transporte e da disposição final de resíduos de grandes geradores; procedimentos de contratação dos serviços terceirizados de limpeza urbana; diferenças e especificidades em relação aos tipos de tratamento de resíduos (microondas, autoclave e outros); revenda de materiais contaminados, como resíduos hospitalares (tecidos e outros materiais); precificação dos materiais recicláveis, bem como os critérios para cadastramento de compradores e outros interessados; especificidades acerca da implantação, funcionamento, manutenção e desativação de um aterro sanitário, entre outros assuntos. A discussão foi extremamente participativa, produtiva e enriquecedora e o palestrante foi muito elogiado por sua desenvoltura e envolvimento com o público na apresentação, bem como pelo seu nítido domínio do assunto. 6

ANEXO A: LISTA DE PARTICIPANTES 7

8

ANEXO B: APRESENTAÇÃO UTILIZADA PELO PALESTRANTE 9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44