LOGÍSTICA REVERSA Vantagem Competitiva e Econômica



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Transcrição:

LOGÍSTICA REVERSA Vantagem Competitiva e Econômica Benedito Inácio De OLIVEIRA 1 - RGM 072928 Kelly Cristina PUJOL 1 - RGM 051865 Maria José Da SILVA 1 - RGM 037410 Pamela Thais Mendes De MORAES 1 - RGM 073094 Tarciso Guilherme GUILGE 1 - RGM 072829 Renato Francisco Saldanha SILVA 2 Elcio Aloísio FRAGOSO 3 Resumo A Logística Reversa surgiu como um conceito de remanejamento de materiais e resíduos, cujo um dos principais objetivos é o recolhimento e a recolocação dos mesmos nos canais de distribuição, podendo assim promover ganhos econômicos consideráveis, menos desgastes ambientais e agregar maior valor ao produto. A eficiência em relação ao combate á desperdícios que esse conceito pode trazer eleva significativamente a lucratividade para as empresas que desejam longevidade. A escolha do tema foi motivada pela necessidade em explanar a logística reversa como o oxigênio para as empresas de todos os portes e como ela ofertará campo de grande atuação profissional aos que dominarem esse assunto. Palavras-chave: logística reversa. Eficiência. Competitividade. Lucratividade. Longevidade. Introdução A crescente demanda, especialmente por bens de consumo, passou a ser responsável pelo lançamento anual de milhares de toneladas de resíduos no meio ambiente, que vão de embalagens plásticas de produtos de uso doméstico à fuselagens sucateadas de antigos aviões de passageiros. Mas que fazer com esse material após o seu descarte? A logística reversa (conhecida também como reversível ou inversa) tem como objetivo a recuperação ou deposição em local seguro de produtos, embalagens, materiais, entre outros, desde o ponto de consumo até o local de origem. Essa nuance da logística abrange fatores econômicos, uma vez que os serviços de devolução ou reparo passam a ser um fator competitivo em termos de qualidade, eficiência e baixo custo nos serviços de pós-venda e, especialmente, a responsabilidade ambiental e questões de sustentabilidade, em detrimento a utilização desenfreada de recursos naturais e a falta de um cuidado especial com resíduos que atualmente são políticas tão importantes para a sociedade e interessantes para os objetivos de marketing da empresa. 1 Formandos do curso de Administração do CEUNSP (ano de conclusão 2012). 2 Professor do CEUNSP; Especialista em Administração. 3Professor do CEUNSP; Especialista em Administração

2 Embora por muito tempo não fosse tratada ou denominada como tal, já existiam processos de logística reversa, como por exemplo, o retorno de garrafas (vasilhame). No final dos anos 80, o inicio de estudos mais aprofundados tornou possível a sistematização dos processos inerentes à logística reversa, tal como ela é nos dias atuais. Já no ano de 2003, mais de 80% dos operadores logísticos atuantes no Brasil ofereciam o serviço de logística reversa, revelando crescimento acentuado de interesse, diferente entre setores em razão dos diversos níveis de impacto causados pelo retorno de produtos e materiais ao ciclo de negocio e produtivo (Leite, 2009, p.16). Nos países mais desenvolvidos e com maior qualidade de vida existe o maior numero de pessoas e organizações conscientes ante as questões ambientais, colaborando na separação e recolha de diferentes tipos de resíduos domésticos e industriais, que em grande parte podem ser reciclados ou reaproveitados, ou a sua matéria prima reutilizada em novos produtos e retornar a cadeia de distribuição. Nos EUA, a logística reversa já representa 0,5% do produto interno bruto. Em Portugal, existem cada vez mais empresas especializadas em gestão de resíduos, realizando a recolha, transporte, separação e deposição no local próprio, e algumas delas, executando a reciclagem do próprio material. Isso se deve à conscientização dos empresários em tornar a empresa ambientalmente adequada e denota uma visão de longo prazo por parte deles, que ao observarem tendências sociais de consumo, leva-os a criar processos que traga bons resultados financeiros, pois o consumidor geralmente busca por marcas ambientalmente corretas. No entanto, essa característica ainda é um privilégio da minoria entre o empresariado brasileiro, pois além de não haver uma legislação federal que obrigue os fabricantes a receberem seus produtos de volta ao final de suas vidas úteis, esse tipo de atividade, em sua implantação, costuma ser cara e nem mesmo as próprias empresas costumam mapear o custo. Embora o cenário nacional ofereça frequentemente a alternativa de cooperativas, que tanto podem comprar os resíduos dessas empresas como recolher os materiais que já chegaram ao fim de sua vida útil, essa ainda depende da boa vontade do consumidor em fazer a devida separação, o que reforça a tese de que, a oportunidade de recuperação está também diante de quem produz, e não apenas de quem consome.

3 Conceito de logística reversa Antes de entrarmos nesse assunto, precisamos entender que, nas últimas décadas, houve um enorme crescimento de modelos diferentes, em uma única categoria de produtos, nos mais diversos seguimentos de mercado. Esse crescimento atendeu as diversas expectativas do mercado mundial por produtos cada vez mais diversificados, especialmente os que atendessem às particularidades de cada organização. Produtos e modelos que atendessem os mais diferentes seguimentos de clientes, em uma variedade de aspectos: cores, tamanhos, capacidades e propriedades específicas, tecnologia agregada, além de aspectos ainda mais íntimos como sexo, idade, etnia, tamanho e tipo de embalagens, etc. De acordo com leite (2009), com a constante oferta de novos produtos e a respectiva necessidade de aquisição por parte do mercado, houve uma nítida redução no tempo de vida mercadológico e útil dos produtos anteriormente produzidos. Essa substituição vem em consequência de projetos mais sofisticados, concepção de único uso, pelo uso de materiais de pouca durabilidade, inviabilidade técnica e econômica de conserto, etc. Como reflexo dessa expansão e substituição contínua, há quantidades maiores de produtos retornando ao ciclo de negócio na busca pela recuperação de valor, esses ainda novos, com pouco uso, já consumidos, com defeitos ou dentro da garantia, obsoletos ou com validade vencida. Produtos no fim de sua vida útil, em condições de reutilização ou aproveitamento de sua matéria prima e resíduos industriais, que não mais despertando interesse ao primeiro proprietário, retornam ao ciclo de negócio ou produtivo com objetivos idênticos, porém por caminhos diferentes. Com o advento da globalização e da alta competitividade, as organizações reconheceram a necessidade em atender a uma variedade de interesses sociais, ambientais e governamentais, e garantir seus negócios e sua lucratividade ao longo do tempo. Contudo, satisfazer acionistas, clientes, fornecedores, funcionários, comunidade local, governo, enfim, seus stakeholders, que avaliam a empresa sob diferentes perspectivas, seria praticamente impossível ignorando os reflexos negativos que o retorno de crescentes quantidades de produtos de pós-venda e de pós-consumo poderiam causar nas operações empresariais (e consequentemente na rentabilidade), e a saturação dos sistemas tradicionais de disposição final (aterros sanitários, ferro-velho, etc.), o que pode provocar poluição por contaminação ou por excesso.

4 Prosseguindo com os estudos de leite, legislações ambientais passaram a responsabilizar cada vez mais as empresas pelo correto equacionamento dos fluxos reversos de seus produtos de pós-consumo. Para muitas, isso representa apenas maiores níveis de custo. Para outras, apesar dos custos inerentes, uma excelente oportunidade para o marketing da organização, pois essas ações valorizam a imagem da empresa como cidadã e consciente da responsabilidade socioambiental diante da comunidade. Os primeiros estudos sobre logística reversa se encontram nas décadas de 1970 e 1980, (embora muitas práticas empresariais que podem ser entendidas como logística reversa já existissem a muito tempo, inclusive no brasil, como o retorno de garrafas de cerveja). Na época, o foco principal era relacionado ao retorno de bens a serem processados em reciclagem de materiais, denominados como canais de distribuição reversos. O tema ganhou uma melhor distinção no cenário empresarial a partir da década de 1990. Como consequência do crescimento de volumes que passaram a integrar o mercado, pelos motivos já citados, houve uma maior difusão das principais ideias e um estudo mais aprofundado por parte dos agentes das cadeias de suprimentos sobre as possibilidades estratégicas e oportunidades empresariais através da aplicação da logística reversa, o que possibilitou importantes avanços nessa área e fez com que ela ganhasse um maior espaço nos hábitos empresariais brasileiros. Mas afinal, qual o conceito geral de logística reversa? Levando em consideração o parecer de alguns autores como a council of logistics management (1993, p.323), stock, rogers (1998, p.20) e tibben-lembke (1999, p.2), e sintetizando os principais tópicos que ajudam a definir melhor as características principais dessa variante da logística, podemos dizer que: A logística reversa é um amplo termo que relaciona entre si as atividades contidas nos processos de planejamento, implementação, direcionamento e controle da eficiência e do custo efetivo do fluxo inverso de matérias primas, estoques em processo, produtos acabados, produtos em fim de sua vida mercadológica e útil, sucatas, embalagens e resíduos. O tema engloba também o gerenciamento de produtos retornados para reforma ou reparação (pósvendas), devolução, substituição de materiais, remanufatura, reciclagem, reuso de materiais, movimentação e disposição e informações correspondentes do ponto de consumo ao ponto de origem.

5 O objetivo dessas atividades é a recaptura de valores ainda agregados a esses itens, efetivo atendimento do pós-vendas, redução de consumo e a destinação final adequada dos itens pós-consumo. Logística reversa é um processo de planejamento, implementação e controle, eficiente e á um custo eficaz, do fluxo de matérias primas, estoques em processamento e produtos acabados, assim como do fluxo de informação, desde o ponto de consumo até ao ponto de origem, com o objetivo de recuperar valor ou realizar um descarte final adequado (barbieri; dias, 2002 p.32). Objetivos da logística reversa Segundo Leite, a logística reversa tem por objetivo todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e materiais, incorporados em todas as atividades logísticas como coletar, desmontar e processar produtos ou materiais e peças usadas a fim de assegurar uma recuperação sustentável. Foi historicamente associada com as atividades de reciclagem de produtos e aspectos ambientais, passando a ter importância nas empresas devido á pressão exercida pelos Stakeholders relacionadas às questões ambientais na cadeia de suprimentos. (Kopicki; Berg; Legg,1993; Kroon, Vrijens 1995; Stock, 1992; Hu; Sheu; Haung, 2002). Segundo Christopher (1999), a decisão pelo gerenciamento de fluxos reversos amplia ainda mais as oportunidades de acréscimo de valor de diferentes naturezas que a atividade logística pode agregar ao bem. A logística reversa apresenta diversas definições, que ao longo dos tempos foram evoluindo e se encaixando nas organizações. Seu principal objetivo é o de atender os princípios de sustentabilidade ambiental, a partir da conscientização das empresas, no momento da compra da matéria prima, durante o processo produtivo, até a distribuição final da mercadoria. Também tem o objetivo de reduzir a poluição e insumos que degradem o meio ambiente, adotando produtos e procedimentos que auxiliem esse processo. Logística reversa é um amplo termo relacionado ás habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduo de produtos, embalagens e prestação de serviços (CLM, 1993: 323, Apud: Leite, 2003). As empresas, de alguma forma, estão se adequando a estes procedimentos e se adequando involuntariamente aos 3R s (Redução, Reutilização e Reciclagem), com a finalidade de maximizar o aproveitamento do material utilizado como um todo, tanto na

6 utilização das sobras quanto nos produtos refugados, reaproveitando-os e evitando os desperdícios e danos ao meio ambiente, abrindo assim subsídios para o atendimento do mercado com menores custos. Hoje os produtos estão sendo diferenciados pela qualidade, benefícios e satisfação nos produtos ecológicos. Planejamento, implementação e controle. Partindo sempre do pressuposto de que a Logística Reversa deve ser introduzida em um meio para trazer benefícios à organização e a sociedade, sem desprezar os objetivos econômicos, as empresas devem estabelecer clareza em suas implantações e ao que almejam nas mudanças em médio prazo. Normalmente é o profissional do gerenciamento da cadeia de suprimentos - Supply Chain Management (SCM) - quem cria as estratégias, devendo contar sempre com o comprometimento e apoio da alta direção e com a participação direta de colaboradores de áreas chaves como financeira, comercial e estoque, pois todas as ações deverão ser planejadas e executadas entre as áreas que farão parte de uma estrutura sistêmica e integrada relacionadas á logística direta e reversa. PRM Administração da Recuperação de Produtos De acordo com Sergio Lopes de Souza Junior, especialista em projetos EPC e automação de projetos de engenharia em 16/10/2009, no portaldomarketing.com.br, a Administração da Recuperação de Produtos - Product Recovery Management (PRM) - é o gerenciamento das operações que compõem o fluxo reverso. Seu objetivo é a recuperação, tanto quanto possível, de valor econômico e ecológico dos produtos, componentes e materiais, sendo algumas de suas atividades parcialmente similares às que ocorrem no processo de devoluções internas de itens defeituosos, devido a processos de produção não confiáveis. O sistema de logística reversa deverá ser desenhado de acordo com as opções de PRM escolhida por cada empresa. O gerenciamento de todos os produtos, componentes e materiais usados e descartados pelos quais uma empresa fabricante é responsável legalmente, contratualmente ou por qualquer outra maneira (Thierry et al, APUD Krikke: 1998, p.9).

7 A PRM lida com uma série de problemas administrativos, entre os quais se encontra a logística reversa. As seis áreas principais do PRM são: (Thierry et al., APUD Krikke: 1998, pp. 11-20). Tecnologia: nesta área estão incluídos desenho do produto, tecnologia de recuperação e adaptação de processos primários. Marketing: diz respeito à criação de boas condições de mercado para quem está descartando o produto e para os mercados secundários. Informação: Diz respeito à previsão de oferta e demanda, assim como à adaptação dos sistemas de informação nas empresas. Organização: distribui as tarefas operacionais aos vários membros de acordo com sua posição na cadeia de suprimentos e estratégias de negócios. Finanças: Inclui o financiamento das atividades da cadeia e a avaliação dos fluxos de retorno. Logística Reversa e Administração de Operações: este é o foco do trabalho e será aprofundado no decorrer do desenvolvimento. Segundo Krikke (1998, pp. 33-35) os produtos retornados podem ser recuperados em quatro níveis: nível de produto, módulo, partes e material, se tratando o último da reciclagem propriamente dita. Por fim, um estudo aprofundado de todo o contexto econômico inerente ao tipo de indústria e ramo de negócios se faz necessário para a elaboração de uma projeção de cenários possíveis, essencial para o planejamento estratégico de médio e longo prazo, além do impacto econômico esperado e seus resultados. Avaliar o aspecto econômico de uma cadeia reversa torna-se às vezes um processo difícil. Isso irá depender das quantidades retornadas ao ciclo produtivo através da cadeia reversa e das quantidades que são produzidas na cadeia produtiva direta (LEITE, 2003, p. 108). Implementação Primeiramente, buscar as parcerias necessárias, como operadores logísticos especializados, empresas de correios, fornecedores e clientes, através de contratos escritos ou mesmo verbalmente, dependendo da complexidade das negociações, sem descartar a necessidade de se utilizar os serviços de um consultor em logística ou mesmo do apoio do Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB).

8 Como esse projeto implica em muitas iniciativas e mudanças organizacionais essenciais para a implementação e efetividade do processo de logística reversa na companhia, o gestor poderá se deparar com algumas barreiras e resistências, sejam econômicas, culturais, operacionais, etc. Nessa fase, será necessário muito incentivo e integração, e uma especial atenção á criticas e sugestões de todos, o que poderá torna-los fortes aliados. Segundo (Chouinard et al., 2004, p. 107), para adequar e integrar as atividades de logística reversa com as atividades primárias, as organizações precisam se estruturar e organizar-se, passando pelas seguintes etapas. Análise de possibilidades de mercado para recuperação de produtos: a) Políticas de retorno para controlar os fluxos reversos de material; b) Fechar ou abrir o canal reverso; c) Processos alternativos de recuperação de paletes; Examinar a necessidade de uma rede de logística reversa: d) Definir um critério de desempenho da rede; Determinar o grau de integração da logística reversa com a cadeia de suprimentos regular: e) Rede de logística reversa dedicada ou integrada; f) Rede centralizada ou descentralizada; g) Número de níveis das redes; h) Recursos dedicados ou recursos comuns à cadeia de suprimentos regular; i) Definir processos operacionais; j) Definir necessidade de informação; k) Estabelecer um desenvolvimento contínuo do canal de logística reversa. De acordo com o artigo publicado no site http://pg.utfpr.edu.br/dirppg/ppgep/ebook/2008/congressos/nacionais/2008%20- %20enegep/8.pdf, os clientes de atacado e varejo são o elo final da cadeia reversa, e passam a ser estratégicos no sentido de promover a eficiência da cadeia reversa de retorno de itens pósconsumo, o que traz a necessidade de se envolver no projeto o departamento comercial, para que esse mostre aos parceiros a necessidade e a importância dessa operação, considerando

9 ainda estabelecer através de contrato, a recaptura de valor desses ativos acarretando maior flexibilidade e ganhos nessa cadeia, tanto para o fornecedor que obtêm redução de seus custos na recuperação desses ativos e para o cliente que terá frequentemente disponibilidade de área em suas lojas. O mesmo artigo acima demonstra que a gestão eficiente do fluxo somente é possível em função de outros fatores importantes: a) Estruturar um centro consolidador de retorno: A criação dessa estrutura acarreta inúmeras vantagens operacionais, com o objetivo de concentrar todo o gerenciamento de movimentação, triagem, conserto, seleção e distribuição. Para (Arima et. al, 2003, p. 6) estabelecer um centro consolidador de retorno traz inúmeras vantagens operacionais, como a concentração dos seus recursos operacionais e técnicos, que irão separar e identificar os materiais com melhor qualidade, destinando aos locais, tornando o processo visível e gerencial. b) Mapear e padronizar os processos: Atividade mandatória relacionada ao desenho de todos os fluxos, definindo itens de controle, ciclos e tempos de execução e treinamento de todos os envolvidos. c) Planejar a malha logística de transporte: Estudo, mapeamento e padronização de toda a malha logística, para atender o fluxo de retorno de itens pós-consumo ao centro consolidador de retorno. A vantagem principal são os ganhos com consolidação de fretes e maior aproveitamento de veículos da frota de transportadores. d) Sistemas de Informação: Nem todos os que fazem parte da cadeia de logística reversa tem acesso ao sistema de gestão da companhia. Os sistemas integrados de gestão acabam não sendo customizados para atendimento do fluxo de logística reversa, mas o princípio de um sistema de informação para (Arima et al, 2003, p. 6) é ser flexível e absorver de forma lógica as exceções do processo, fazendo a interface com vários participantes, enviando e recebendo informações fundamentais. De acordo com (Richey et al, 2005, p.831) para obter uma logística reversa otimizada, eficiente e efetiva, com sistemas de informações e gerenciamento dos dados têm que ser redesenhados ou expandidos para compreender os retornos. Controle Assim como em qualquer área, os trabalhos devem ter acompanhamento em seu desenvolvimento. Especialmente no começo, os processos de logística reversa representarão

10 um destino de investimentos sem retornos garantidos, onde o objetivo de redução de custos será ainda mais alcançado dentro de alguns meses ou anos, por isso, o monitoramento dos recursos investidos e de todas as etapas operacionais se faz tão importante como provedor de um futuro de êxito no projeto. Sondar fatores externos como índices inflacionários, cotação de preços de materiais, tendências, legislação ambiental, novos fornecedores e clientes, enfim, todos os ofensores e catalisadores do mercado são de suma importância para reduzir riscos e cada vez mais encontrar oportunidades de melhorias dentro dos canais reversos para a empresa. Do ponto de vista operacional, Resende (2006) afirma que uma boa gestão dos processos requer a mensuração dos processos inerentes à prestação de serviços, para que seja possível identificar os desvios e as melhorias necessárias. Taylor (2005) propõe o uso de um conjunto de medidas de monitoramento do desempenho como estratégia de otimização das operações. Ballou (1995) defende a ideia das atividades logísticas como sendo um processo contínuo do colaborador como monitor e provedor das informações sobre o desempenho das atividades logísticas. Ponto de vista econômico De acordo com os estudos de LEITE (2009), no âmbito das operações industriais, a logística reversa de pós-consumo tem o papel fundamental de reintegrar ao ciclo produtivo matérias primas e componentes secundários provenientes dos canais reversos de remanufatura, reciclagem ou de revalorizações mercadológicas. Devido aos seus preços muito menores em relação aos de primeira linha ou novos, esses materiais oferecem oportunidades de reduções nos custos, consumo de insumos energéticos e nos investimentos necessários às operações que envolvem materiais secundários. Se empregado com o devido planejamento, o investimento consequentemente trará a rentabilidade satisfatória pode ser conferida aos agentes comerciais e industriais em todas as etapas dos canais reversos. Podemos, assim, entender que o objetivo econômico da logística reversa é a comercialização de um produto usado, em suas plenas condições de utilização pelo futuro comprador, e a revalorização do produto ou componente que ofereça condições tecnológicas de remanufatura. O objetivo estratégico econômico da implementação da logística reversa está na economia observada entre o valor produzido com matérias primas primárias e secundárias, e valor do produto de pós-consumo.

11 O interesse econômico e o equilíbrio entre as partes Segundo LEITE (2009, p. 103), a cadeia logística de suprimentos, tanto direta quanto reversa, é constituída por elos, ou seja, fornecedores, produtores, cooperativas, distribuidores, operadores logísticos, consumidores, etc. Esses, como já vimos, buscam (e precisam) obter uma rentabilidade satisfatória em retorno à sua respectiva função dentro da cadeia de suprimentos, sendo no caso dos agentes da cadeia inversa, constituída pela coleta de pósconsumo, processamentos diversos de agrupamento e separação, reciclagem ou remanufatura industrial e reintegração ao ciclo produtivo ou de negócios por meio de um produto aceito pelo mercado. Porém, os objetivos econômicos devem ser sempre alcançados por todos os agentes da cadeia reversa para que exista, além da motivação e interesse por estes em se manter no negócio, o fluxo financeiro correspondente aos esforços e custos inerentes ao processo e aos valores agregados aos produtos a serem reaproveitados, para que esses possam manter a continuidade de suas funções. Resumindo a colocação de LEITE (2009 p.103), a falta da rentabilidade esperada geralmente resulta em uma característica estrutural negativa para o mercado de produtos de pós-consumo. Quando um desses elos se vê obrigado a tomar a decisão de interromper ou abandonar suas atividades por falta de recursos financeiros, a dinâmica da cadeia é quebrada, ou seja, o fluxo inverso até então existente fica prejudicado, desfalcado pela ausência desse agente. O resultado é o desequilíbrio entre os fluxos diretos e reversos na oferta e demanda dos produtos de pós-consumo, prejudicando assim todos os outros agentes da cadeia. CLM (1993) afirma que, devido á própria natureza do mercado, muitos canais reversos se desenvolveram sem mesmo a necessidade de uma legislação ou fatores ecológicos e sociais que o motivassem a tal processo. A consolidação desses mercados de fluxo reverso, já existentes há muito tempo em muitos países, se deu às condições essenciais para a consecução e o desenvolvimento, e os efetivos ganhos proporcionais aos agentes envolvidos. São os casos, por exemplo, dos metais ferrosos e não ferrosos, papeis, lubrificantes automotivos, entre outros. Em contrapartida, é fácil perceber a existência de uma concorrência entre melhores produtos de pós-consumo, centros de interesse e estruturação da cadeia reversa de seu setor e provedores dos melhores resultados financeiros pela quantidade disponível, custo do processo de reaproveitamento, ou pelo seu valor comercial praticado.

12 A história e as pesquisas em diversos países demonstram que os canais de distribuição reversos se organizam e se estruturam, apresentando relação eficiente e equilibrada entre o fluxo reverso de materiais e produtos e a disponibilidade de bens de pós-consumo correspondentes, pelo fato de seus agentes da cadeia reversa encontrarem, nas diversas etapas, resultados financeiros compatíveis com suas necessidades, empresas ou trabalhadores isolados. (Penman e Stock, 1995). LEITE (2009) também aponta as características conjunturais de mercado como sendo responsáveis pela interrupção ou modificação do fluxo reverso dos materiais reciclados ou produtos a serem reaproveitados. Os fatores que provocam essas alterações geralmente são a escassez temporária de resíduos industriais ou de produtos a serem reaproveitados, mercados concorrenciais, redução de demanda, entre outros, referentes ao mercado em questão. Neste trecho, com base nos estudos de LEITE (2009, p.104, 105 e 107), veremos os papeis fundamentais das cadeias reversas de remanufatura, reciclagem e reuso (tópicos 2.4.2, 2.4.3 e 2.4.4), e suas respectivas funções como um agente de reaproveitamento de materiais de pós-consumo. Os canais reversos de remanufatura As cadeias reversas de remanufatura de pós-consumo já existem há muito tempo e tem hoje um papel fundamental, visto pela grande maioria das empresas como uma oportunidade de grande economia e rentabilidade no processo produtivo e na montagem ou fabricação do produto final. Seu objetivo no canal reverso é reintroduzir parte de um produto - denominado de core ou carcaça, como motores elétricos em geral, e cartuchos de impressoras - na linha produtiva industrial, em substituição a componentes novos, mantendo as mesmas características físicas, tecnológicas, qualitativas e funcionais de um produto inteiramente novo. Mesmo as partes que não são inteiramente aproveitadas podem ser recicladas e, muitas vezes, se tornam elementos acrescidos ao mesmo produto remanufaturado, reduzindo lhe ainda mais o custo e tornando seu preço mais competitivo, o que explica os altos retornos financeiros e a grande quantidade de produtos e componentes em transação. Os canais reversos de reciclagem O objetivo dos canais reversos de reciclagem é reintegrar os materiais constituintes de produtos de pós-consumo, como sucata de ferro e plásticos, como substitutos de matérias primas primárias na fabricação de outras matérias primas, ou na fabricação de outros produtos, como plástico na indústria de plásticos. Porém, como já citamos, para que esses

13 canais possam existir, se desenvolver e trabalhar na melhor sincronia possível, é necessária a viabilidade econômica e o interesse comercial em sua utilização por todos os membros da cadeia. Para atender á esse requisito, exceto em condições extraordinárias de mercado, o preço do material reciclado deve ser sempre menor em relação ao da matéria-prima que substitui. Paralelamente, o material de pós-consumo tem seu preço regulado pelo próprio mercado, de acordo com as variações de preço da matéria-prima primária. Uma das principais questões é a da reciclagem dos resíduos sólidos. O mundo possui sofisticados canais para matérias primas e produtos acabados, porém deu-se pouca atenção para a reutilização destes materiais de produção. É geralmente mais barato usar matérias primas virgens do que material reciclado, em parte pelo pouco desenvolvimento dos canais de retorno, que ainda são menos eficientes do que os canais de distribuição de produtos. (BALLOU, 1993. P.348). O mecanismo econômico do mercado na formação de preços O preço do material reciclado considerando as variações e particularidades de cada canal de distribuição reverso - é formado pela soma dos custos (incluindo eventuais subsídios ou tributos), e dos lucros respectivos dos agentes em cada etapa do canal reverso. Essa soma começa desde a aquisição do produto ou componente de pós-consumo pelo primeiro proprietário e segue até a sua reintegração ao ciclo produtivo, conforme a demonstração básica do esquema abaixo que exemplifica funcionamento das transações entre comprador e vendedor e os respectivos diferenciais de custos e lucros. Etapa de coleta Custo de coleta (Cc) = Custo de posse (Cp) + custo de beneficiamento inicial (Cb) Preço de venda ao sucateiro = Cc + lucro do coletor (Lc) Etapa do sucateiro Custo para o sucateiro = Cc +LC + custo p róprio (Cs) Preço de venda do sucateiro = Cc + Lc + Cs + Lucro do sucateiro (Ls) Etapa de reciclagem Custo do reciclador = Cc + Lc+ Cs+Ls+custo próprio (Cr) Preço de venda do reciclador = Cc+LC+Cs+Ls+Cr+lucro do reciclador (Lr) FONTE: Adaptado do livro Logística Reversa 2º Edição, Paulo Roberto Leite, 2009, p. 104.

14 Os canais reversos de reuso A implementação da logística reversa, nesse contexto, surge a partir da percepção da viabilidade econômica e o diferencial de preços obtidos no mercado secundário, considerando, em cada caso, a existência de outros fatores importantes e suas variações aos efetivos resultados econômicos. Podemos exemplificar o comércio de itens de segunda mão como sendo o de veículos, máquinas, ferramentas industriais, componentes eletrônicos de diversos tipos, entre outros, bem como a reutilização (ou o retorno ao centro produtivo) de embalagens e vasilhames. Assim, com essas três explanações resumidas a partir da obra de LEITE (2009), é possível entender que o crescimento, organização e estruturação dos canais de distribuição reversos de pós-consumo surgem a partir da procura e pelo interesse comercial dos agentes da cadeia reversa por esses itens. Logística Reversa e suas vantagens Devido ao dinamismo do cenário global, manter a competitividade está cada vez mais complicado. É preciso encontrar os diferenciais para manter a liderança do mercado ou permanecer entre os primeiros, seja qual for a necessidade. Trata-se de uma tarefa cada vez mais difícil, e neste contexto a logística reversa vem agregando vantagens para as organizações, pois não basta encontrar vantagens competitivas, é preciso sustentar as vantagens encontradas. A cadeia reversa é uma tendência inevitável, cabe a cada um difundir essa cultura a favor dos beneficio estratégicos e econômicos. Segundo LEITE (2009, p.21), atualmente as preocupações relativas ao tree bottom line (figura abaixo) tem mudado suas realidades no sentindo de que as preocupações relativas à responsabilidade empresarial e ética ambiental e social sejam o alicerce necessário para a garantia da sustentabilidade econômica. O processo de planejamento e implementação deve ser bem entendido, pois o seu fluxo é inverso ao da logística direta. Trata-se do reaproveitamento de matéria prima na cadeia de produção, como descarte dentro da empresa, reaproveitando as rebarbas para produzir outros itens, retornos de produtos de pós-consumo permitindo realocação, reciclagem, reuso e desmanche, diminuindo consideravelmente a agressão ao meio ambiente (conforme informação da associação brasileira de logística), além dos citados acima, há outros motivos que tornam a logística reversa competitiva para o mercado.

15 Segundo LACERDA (in CEL 2000), os processos de logística reversa têm oferecido consideráveis retornos para as empresas. O reaproveitamento de materiais e a economia com embalagens retornáveis têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas e esforços em desenvolvimento e melhoria nos processos reversos. Os consumidores também estão preocupados com a questão ambiental, e essa sensibilidade ecológica faz com que procurem por empresas com a certificação ISO 14000, e por ser politicamente correta, sua imagem de boa reputação deixa sua marca muito mais confiável, ganhando espaço no mercado e conquistando seu público alvo. Com relação à concorrência, LACERDA (in CEL 2000) defende que os clientes valorizam empresas que possuem políticas de retorno de produtos, pois isso garante á eles o direito de devolução ou troca de produtos. Este processo envolve uma estrutura para recebimento, classificação e expedição de produtos. Desta forma, empresas que possuem um processo de logística reversa bem gerido tendem a se sobressair no mercado, uma vez que estas podem atender seus clientes de forma melhor e diferenciadas de seus concorrentes. A questão econômica é vista mais fortemente na lucratividade e rentabilidade, pois a redução de custo inicialmente é muito baixa. A logística reversa precisa de investimentos e seu retorno geralmente é de médio á longo prazo, dependendo do seguimento, mas o custo é rapidamente revertido em benefícios, como por exemplo, aumento de sua carteira de clientes, nas vendas, na família de produtos e da longevidade, pois a empresa que se preocupa com os recursos naturais certamente preservará tal recurso, e através de avançadas tecnologias e inovações inteligentes terá outras opções como outros tipos de matéria prima e outras fontes de produção. A logística reversa é atual e viável, não faltarão estímulos para sua adesão. Não podemos esquecer que a maior vantagem é do planeta, onde todos são beneficiados, pois a aplicação da logística nos canais reversos implica em proteção do planeta terra. Sustentabilidade, o mercado exige, e o planeta agradece. (Revista LogWeb Ed,133 Jul 2011). Pensando nisto, não podemos deixar de comentar sobre a logística verde, que recicla os materiais descartáveis, transformando-os em matéria prima e permitindo a criação de centros produtivos, gerando empregos formais e informais que colaboram com uma pequena parcela na economia do país. O Brasil movimentou R$ 850 milhões (Reciclagem, 2003).

16 A logística reversa, de maneira discreta, enfatiza a necessidade de melhorar a relação entre indústria e varejo, seja para corrigir um problema ou para que negociações liberais sejam tratadas de maneira clara e com menos custo possível. Não há nada mais difícil de controlar, mais perigoso de conduzir, ou mais incerto no seu sucesso, do que liderar a introdução de uma nova ordem. (Maquiavelli N;1469). Essa frase expressa bem o nosso interesse em desenvolver o trabalho sobre logística reversa, muitas organizações já a praticam, mas sem dar a devida atenção ao processo, sem foco, sem controle nos custos, com isso não conseguem absorver as vantagens que ela tem a oferecer. Muitas empresas oferecem o serviço de logística reversa, uma delas são os correios, que agregou aos seus serviços uma oportunidade de parceria com as empresas no que diz respeito a retorno ou envio de materiais. Esse serviço facilita as negociações através de contratos, com descontos progressivos, rapidez na entrega, pagamento mensal e sem burocracias. (Maria Cláudia - correios Vl Martins-Itu). Projeção da logística reversa no Brasil A logística reversa é o principal instrumento para o cumprimento da política nacional de resíduos sólidos, metais, agrotóxicos, radiações e outros mais. Porém, muitas empresas brasileiras continuam concentrando seus esforços somente na logística tradicional, que abrange apenas o fluxo direto entre o fornecedor, passando pela fábrica até o cliente final, ou seja, estão seguindo apenas o simples conceito de produção e venda, o que explica certo atraso no desenvolvimento da logística reversa em nosso país. O crescimento da logística reversa no Brasil se dará com as simplificações de seus processos. Suas transações através de meios eletrônicos fiscais tendem a ser menos burocráticas, aumentando as compras e, proporcionalmente, as devoluções de produtos quando necessário. Segundo as informações do site Negócios em Transportes (http://www.negociosemtransporte.com.br/logistica/noticias/terceirizacao_de_servicos_impul siona_setor_de_logistica.html), publicadas em 19/03/2012, a expectativa de faturamento para a logística no Brasil em 2012 será próximo R$ 450 bilhões, valor acima da media de R$ 400 bilhões anuais. Com essa projeção, é esperado o aumento de terceirizações dos serviços logísticos, entre eles, os de logística reversa de pós-consumo.

17 O diretor-executivo da Associação Brasileira de Logística (ABRALOG), Adalberto Panzan, projeta um avanço de 20% em 2012 para os setores de logística reversa, somente com os negócios do setor de resíduos eletrônicos, atribuindo esse crescimento justamente pela simplificação e redução da burocracia. As empresas estão se concentrando mais em seus produtos, e passaram a terceirizar serviços como armazenagens, estoques, planejamento de demandas e processamento de seus pedidos. O segmento deverá abrir varias oportunidades para os próximos anos. Um exemplo disso é o comércio eletrônico (E-Commerce) que, segundo a publicação do portal R7 (http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/comercio-eletronico-deve-crescer-25-em- 2012-para-r-23-4-bi-20120314.html) de 14/03/2012, deverá crescer 25% em 2012. Com a projeção para a logística reversa, todos os municípios deverão estar se preparando para não descartar resíduos sólidos em aterros, ter suas responsabilidades compartilhadas com os fabricantes, consumidor e com o governo. Todos os cidadãos devem ter comprometimentos em descartar corretamente os resíduos sólidos. No sistema de logística reversa voltado aos metais, seu investimento inicial que está previsto para junho de 2012 é de dois milhões de reais. A reciclagem de metais vai ser monitorada por um sistema próprio da logística reversa. Segundo a postagem site Guia da Embalagem (http://www.guiadaembalagem.com.br/noticias_action.php?id=3706o) do dia 21/03/2011, o Sindicato Nacional Da Indústria Da Estampa De Metais SINIEM - em parceria com a Associação Brasileira da Embalagem de Aço ABEAÇO - informaram a construção de um centro-modelo com aproximadamente 10.000 m 2, onde vão ser recicladas todas as embalagens de aço de pós-consumo, para preservar o meio ambiente e a economia nacional. O novo sistema, específico para metais, contará com investimento inicial de dois milhões de reais e funcionará a partir de junho de 2012. No site, o presidente do SINIEM, Antonio Carlos Teixeira Álvares afirma que a embalagem metálica geram insumos, pois o aço ou alumínio são 100% recicláveis e retornam à condição de matéria-prima com alto valor comercial. O setor de metal já possui no Brasil a experiência bem-sucedida de coleta: as latas de alumínio registram 98% de reciclagem, e as latas de aço obtiveram um índice de 82%, ambas registrando recorde mundial. Com o novo sistema, haverá aumento na reciclagem das demais latas de aço utilizadas para produtos alimentícios, tintas e produtos químicos.

18 Segundo Thais Fagury, gerente-executiva da ABEAÇO, entidade que coordenará o novo centro, o início do projeto ocorrerá na periferia da Grande São Paulo, por concentrar o maior mercado consumidor do Brasil, onde também está situado o maior número de cooperativas de reciclagem e de catadores. A executiva afirma que o projeto representa uma maneira de formalizar e incentivar a reciclagem dos metais, além de educar e conscientizar a sociedade em relação à coleta espontânea. Hoje, são reciclados no Brasil aproximadamente 47% das embalagens de aço. A projeção é aumentar esse percentual para 70% dentro de cinco anos, com a construção de novos centros complementa. O custo do investimento será dividido entre fabricantes de embalagens de aço, siderúrgicas e envasadores interessados em participar da iniciativa. Esse centro receberá latas e tampas de aço das indústrias, do varejo, de cooperativas, de catadores, dos consumidores finais, entre outros, isso facilitará o descarte correto. Os metais que são 100% recuperados terão sua matéria prima encaminhada para as indústrias siderúrgicas, onde serão reutilizadas para outros fins. Com esse projeto, a ABEAÇO formalizará e incentivará a reciclagem dos metais, educando e conscientizando a sociedade em relação coleta espontânea, pois além de ser um facilitador, o novo centro de logística reversa deverá estimular o mercado siderúrgico com o reaproveitamento do aço, que é importante para a redução de custos. O projeto permitirá o registro de dados reais e auditados da reciclagem das latas de aço e as cooperativas interessadas em participar receberão o selo do projeto por realizarem a coleta das latas de aço. Considerações Finais Este trabalho tem o intuito de fornecer ao leitor conhecimento e consciência sobre a importância do desenvolvimento da logística reversa no Brasil visto que a logística reversa é uma obrigatoriedade para atender a legislação ambiental, especialmente a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A falta de conhecimento e aplicação deste processo pelas empresas as faz com que percam oportunidades competitivas e econômicas. Considerando a projeção dos especialistas nos próximos anos, observado a necessidade e demanda do mercado, pela diversificação de produtos e pela exigência governamental, a logística reversa será muito mais praticada, fazendo-se assim necessário seu crescimento e maturação dentro do contexto empresarial.

19 Referências Bibliográficas A Importância da devolução. Intra Logística. São Paulo: IMAM, 2011, nº 254, p. 70-73. BALLOU, Ronald H. Logistica Empresarial. São Paulo: Atlas, 1993. CARVALHO, José Crespo de; DIAS, Eurico Brilhante Estratégias Logísticas: Como servir o cliente a baixo custo. Lisboa. Edições Sílabo. 2004. ISBN 978-972-618-332-7 LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. ISBN 978-85-7605-365-1 NOVAS, Antonio Galvão N. ALVARENGA, Antonio Carlos. Logistica Aplicada: Suprimento e Distribuição Física. São Paulo: Pioneira, 1994. RODRIGUES, G.; PIZZOLATO, N. A Logística Reversa Nos Centros De Distribuição de Lojas de Departamento. Anais do XXIII ENEGEP, Ouro Preto, 2003.