Palavras-chave: Laboratório de ensino de Matemática. Jogos. Materiais manipulativos. Vivências práticas.

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Transcrição:

A IMPLANTAÇÃO DO PRIMEIRO CLUBE DE MATEMÁTICA DAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DA CIDADE DE RIO TINTO-PB, COMO RESULTADO DE UM PROJETO DO PROLICEN SOBRE A UTILIZAÇÃO DE JOGOS E MATERIAIS MANIPULATIVOS NO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM Jussara Patrícia Andrade. Alves Paiva Universidade Federal da Paraíba Brasil jussara@dce.ufpb.br Surama Santos Ismael da Costa Universidade Federal da Paraíba Brasil surama@dce.ufpb.br Resumo: Este texto tem por objetivo apresentar o processo de implantação de um laboratório de ensino de matemática, como resultado de uma das ações desenvolvidas pelo Projeto Prolicen, projeto de apoio aos cursos de licenciatura da Universidade Federal da Paraíba - UFPB vinculado a Pró-Reitoria de Graduação, o qual tem como objetivo melhorar a formação inicial dos cursos de Licenciatura, bem como a formação continuada nas escolas públicas do estado da Paraíba. O projeto visava inserir a utilização de jogos e materiais manipulativos como uma abordagem metodológica para o processo ensino-aprendizagem de Matemática na Escola Municipal de Ensino Fundamental Antonia Luna Lisboa, situada no município de Rio Tinto Paraíba, por meio de vivências práticas (oficinas) ofertadas aos professores desta escola. Para essas oficinas foi dada ênfase aos pressupostos teóricos, mas, especialmente a uma vivência prática, dando aos professores a possibilidade de confeccionar Kits matemáticos com jogos e outros materiais manipulativos para utilizar nas escolas. Mostraremos como este objetivo foi alcançado, descrevendo as etapas de desenvolvimento e como esta ação culminou na criação do primeiro clube de matemática da cidade de Rio Tinto, dotando a Escola de um espaço e recursos adequados ao ensino-aprendizagem da Matemática, dando ao aluno a oportunidade de realizar de atividades lúdicas em sua aprendizagem.. Há de se destacar ainda, a participação de quatro alunos do Curso de Licenciatura em Matemática da UFPB- Campus IV, sendo uma aluna bolsista e três alunos voluntários, fortalecendo a relação Universidade-Escola, de forma que a indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão possa trazer contribuições na formação docente destes alunos. Palavras-chave: Laboratório de ensino de Matemática. Jogos. Materiais manipulativos. Vivências práticas. Livro 3 - p.006399

2 INTRODUÇÃO A aquisição de conhecimentos básicos de Matemática é um dos grandes desafios do nosso sistema educacional, como se pode verificar no cenário mostrado pelos resultados de diversos sistemas de avaliação da Educação Básica brasileira. Isso nos remete a metodologia de ensino que ainda predomina nas nossas salas de aula, e que permite apenas o sucesso de uma minoria dos estudantes, excluindo o restante, se considerarmos o número de alunos que concluem o Ensino Básico ou ingressam no Ensino Superior. Dessa forma, os professores que atuam hoje, e os licenciandos que serão os futuros professores de Matemática necessitam preparar-se cada vez melhor para esse desafio. Diante desse fato, torna-se cada vez mais importante a discussão das abordagens metodológicas nas quais o aluno possa aprender Matemática de maneira a empregá-la adequadamente nas situações diversas com as quais se depara. A abordagem do ensino de Matemática por meio de jogos e materiais manipulativos tem despontado como uma das metodologias que podem ser utilizadas pelos professores como forma de motivar os alunos e dar concretude a conceitos matemáticos. Apesar dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), da década de 1990, já apontarem os recursos aos jogos como uma metodologia eficaz no processo ensino-aprendizagem da Matemática, e muitas pesquisas acadêmicas confirmarem isto, percebe-se que esta ainda é uma abordagem pouco utilizada de forma efetiva nas nossas escolas. Um dos problemas citados por muitos professores para a não utilização desta metodologia é o fato das salas de aula não estarem equipadas convenientemente e/ou a inexistência de um espaço próprio, como um laboratório de matemática. Outro ponto destacado pelos professores é a falta de preparo e segurança para implementar essa metodologia na sua sala de aula, haja vista que a grande maioria destes não teve contato com essa metodologia em sua formação inicial. Com este trabalho procurou-se amenizar essa falta de preparo e segurança para utilizar a metodologia dos jogos e materiais manipulativos por meio de vivências (oficinas), guiadas por um roteiro estabelecendo situações práticas que pudessem ser utilizadas numa sala de aula do Ensino Fundamental. Além disso, o conjunto de materiais construídos pelos professores nas oficinas possibilita a formação embrionária de um laboratório de matemática na escola. Livro 3 - p.006400

3 FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Embora muito se tenha discutido acerca do uso de jogos no ensino, em razão de uma maior compreensão que se tem hoje das justificativas teóricas para isso, tal prática tem sido defendida ao longo dos séculos, desde a antiguidade, por diversos estudiosos e pesquisadores. No texto, O brinquedo na educação, Considerações históricas, Kishimoto afirma que, com o advento do Cristianismo, os jogos e brincadeiras foram afastados do processo de ensino/aprendizagem e só retomaram seu lugar nele a partir do Renascimento, sendo explorados no século XVII e se tornando populares no século seguinte. O início do século XIX presencia o término da Revolução Francesa e o surgimento das inovações pedagógicas. As escolas esforçam-se para colocar em prática princípios de ROUSSEAU, PESTALOZZI e FROEBEL. ROUSSEAU, por exemplo, já aponta duas facetas no brinquedo: o objeto e a ação de brincar. A primeira não merece sua atenção, uma vez que considera os sentidos uma fonte nem sempre fidedigna de conhecimento. É a ação do sujeito, a relação estabelecida pela inteligência, que julga relevante ao desenvolvimento infantil. PESTALOZZI segue o mestre e procura estudar a ação mental da criança, pesquisando as intuições necessárias ao estabelecimento de relações. Mas é com FROEBEL que o jogo, entendido como objeto e ação de brincar, passa a fazer parte da história da educação pré-escolar (KISHIMOTO, p.4). Temos outros autores que se destacam no trabalho com a elaboração de jogos, além de Froebel, como por exemplo no início do século XIX foi Decroly, médico que se dedicou ao trabalho com crianças especiais. Na mesma época podemos citar temos Maria Montessori, lidando com o mesmo público alvo, desenvolveu uma série de materiais manipulativos para o ensino, até hoje bastante utilizados em nossas escolas. Um exemplo deles é o Material Dourado, criado por ela visando facilitar a apreensão das relações entre as ordens no Sistema de Numeração Decimal, por crianças com necessidades especiais, e que depois passou a ser amplamente utilizado nas escolas de ensino regular. Kishimoto destaca ainda que, apesar da defesa por parte de muitos pesquisadores, alguns apontam a permanente contradição que há no jogo didático. Para autores como Vial e Brunelle (in KISHIMOTO), os jogos que têm esse objetivo procuram conciliar Livro 3 - p.006401

4 elementos opostos, na medida em que tentam associar prazer e estudo. Para eles, os criadores desse tipo de jogo teriam que escolher entre a didática, que tira o prazer do jogo livre, e o jogo em si, que interferiria na apreensão sistemática do conteúdo ao qual se vincula. É importante ter em mente que os jogos não precisam estar necessariamente, voltados para o desenvolvimento de conteúdos curriculares específicos para trazer ganhos cognitivos que auxiliarão o aluno a construir a formação geral. Visto que, a interpretação e uso das regras de um jogo têm um grande valor didático, levando os alunos a aprenderem a questionar, negociar, colocar seu ponto de vista e discutir com os colegas, aprendendo a perder e a ganhar. Apesar das constantes e crescentes referências acerca do uso de jogos no ensino, esta é uma prática ainda pouco difundida e aceita em nossas salas de aula. Entretanto, se a maneira como se joga, como lembra Brotto (1997, apud EMERIQUE, 1999) significa nada mais nada menos que a maneira como estamos no mundo, recomendamos àqueles que apresentam ainda alguma resistência à concessão de espaço para o lúdico em sua sala de aula, que experimentem pensar que o jogo não se opõe ao sério mas, deve ser seriamente considerado como um recurso didático que pode conferir eficiência, entusiasmo e prazer ao processo de ensino/aprendizagem da Matemática. No Brasil, no final da década de 1990, com o lançamento dos Parâmetros Curriculares Nacionais surgiu um espaço maior para a discussão. O documento foi elaborado por uma equipe de pesquisadores a convite do MEC e teve ampla repercussão e muitos desdobramentos em políticas nacionais que viriam a ser elaboradas posteriormente, como as voltadas para o livro didático ou para a criação de sistemas de avaliação da Educação Básica. O professor que deseja implementar o uso de jogos em sua sala de aula, visando tornar mais eficiente e prazeroso o processo de ensino e aprendizagem da Matemática, deve estar seguro quanto à metodologia a ser introduzida, sua fundamentação teórica, seu alcance e limitações. Deve analisar a situação específica de seus alunos, de sua escola, discutir com os colegas, promover inicialmente eventos extracurriculares, tais como exposições e oficinas, que apontem à comunidade escolar a potencialidade das modificações didático-metodológicas que podem ser adotadas em sala de aula. Para a implementação dessa metodologia é importante que o professor possua em sua escola um espaço físico próprio para a utilização dessa metodologia, como um Livro 3 - p.006402

5 Laboratório de Ensino de Matemática (LEM). Mas, devemos ter claro que apenas o ambiente físico não garante o sucesso dessa metodologia. Existem várias concepções acerca do que seria um LEM. Numa primeira concepção o LEM pode ser considerado como um local para guardar materiais essenciais para as aulas, tais como: livros, transparências, materiais manipuláveis, e também para guardar as matérias-primas instrumentos utilizados para confeccionar materiais didáticos. Uma segunda concepção, ele seria também um local reservado para aulas regulares de matemática, para tirar dúvidas, para planejamento de atividades. Segundo Lorenzato (2006), o Laboratório do Ensino da Matemática - LEM pode ser um espaço especialmente dedicado a criação de situações pedagógicas desafiadoras como também serve para auxiliar no equacionamento de situações previstas pelo professor em seu planejamento, mas imprevistas pelos alunos em seus questionamentos. Nessa concepção o laboratório é então uma sala-ambiente para estruturar, organizar, planejar e fazer acontecer o pensar matemático, é um espaço para facilitar, tanto ao aluno quanto ao professor, questionar, conjecturar, experimentar, analisar e concluir, enfim aprender e principalmente aprender a aprender. O LEM é um espaço propício para que o aluno relacione o conhecimento escolar com a vida e com as situações reais do mundo em que vive. A partir do momento que o aluno se depara com uma maior diversidade de recursos e materiais pedagógicos, tem a possibilidade de fazer essa relação com mais eficácia. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO O objeto de estudo do projeto foi a utilização de jogos e materiais manipulativos como uma abordagem metodológica para o processo ensino aprendizagem de Matemática. Quanto à amplitude foi dado ênfase nos jogos e outros materiais que possam ser utilizados em salas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental de escolas da rede pública. Para possibilitar uma maior oportunidade de utilização por parte das escolas públicas procurou-se desenvolver jogos com materiais recicláveis e outros de baixo custo de aquisição. A primeira etapa do Projeto foi de planejamento das atividades, na qual os professores coordenadores realizaram diversas reuniões preparatórias com os licenciandos envolvidos no projeto, a fim de escolher os conteúdos específicos que seriam debatidos nas oficinas, bem como os jogos que seriam confeccionados e Livro 3 - p.006403

6 utilizados. Nesse momento procurou-se enfatizar junto aos licenciandos a importância da etapa de planejamento, na qual é realizada a seleção de conteúdos e metodologias obedecendo aos objetivos e finalidades propostas. Os Licenciandos também tiveram a oportunidade de aprofundar estudos teóricos sobre Laboratório de Matemática e a metodologia de jogos, além de estudos sobre os conteúdos matemáticos escolhidos que seriam debatidos nas oficinas. Em seguida, demos início a uma segunda etapa que foi a mobilização da escola, para tal marcamos uma audiência com a Secretária de Educação do município de Rio Tinto para explicar o Projeto, solicitar a autorização para visitar as escolas e um apoio financeiro para a compra dos materiais a serem utilizados nas oficinas, uma vez que os kits confeccionados seriam entregues à secretaria de educação do município e a escola. Com a autorização concedida foram feitas algumas visitas e optou-se pela participação de um grupo de professores de Matemática de uma mesma Escola, ao invés de um grupo de professores de diversas Escolas. Pois, isso, aumentaria as chances da metodologia ser aplicada num segmento completo, bem como criaria a oportunidade da implementação do laboratório de matemática, uma vez que os materiais confeccionados no projeto seriam os primeiros elementos desse laboratório. Assim, escolheu-se a Escola Municipal de Ensino Fundamental Antonia Luna Lisboa. Após a escolha da escola, partiu-se para a terceira etapa do projeto, na qual realizou-se cinco oficinas, com duração de 4 horas-aula cada, no período de setembro à novembro de 2011. As oficinas realizaram-se nas quartas-feiras, no LEPEM (Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino de Matemática do Campus IV da UFPB). Ressalta-se que foi de fundamental importância a parceria com a Secretaria de Educação do município que liberou os professores para participação nas oficinas, nos horários destinados aos plantões pedagógicos nas escolas, o que indica uma valorização da formação continuada desses docentes. Em cada oficina, num primeiro momento, apresentavam-se os jogos e os conteúdos que iriam ser trabalhados, sempre com uma reflexão sobre quais eram as principais dificuldades que os alunos encontravam quando trabalhavam na sala de aula aquele conteúdo. Em seguida, os professores recebiam um material de apoio e um guia com uma sequência de atividades para vivenciarem os jogos propostos. Ao final da utilização de cada jogo havia uma discussão sobre quais as dificuldades e potencialidades encontradas, sobre a maneira que esse jogo poderia ser utilizado na sala de aula, e quais outros conteúdos poderiam ser trabalhados. Livro 3 - p.006404

7 Na vivência com os jogos percebia-se que os professores muitas vezes conseguiam entender, analisar, levantar questionamentos, e até se divertir com eles. Entretanto, quando colocava-se problemas com conteúdos matemáticos para serem resolvidos por meio da manipulação dos jogos muitos encontravam dificuldade para responder. A discussão sobre essas dificuldades foi muito importante para quebrar alguns preconceitos existentes em relação à metodologia da utilização dos jogos. Levou-se os professores a perceberem a quantidade de conceitos matemáticos que podem ser trabalhados por meio de jogos muitas vezes simples. Nesse ponto destacava-se sempre a diferença entre utilizar o jogo pelo jogo, sem planejamento algum, e quando esse pode ser utilizado dentro de um planejamento didático para trabalhar determinados conceitos matemáticos. Em algumas oficinas, além de vivenciar a utilização, os professores vivenciavam também a construção dos jogos, com materiais simples e de baixo custo. Esses momentos foram importantes para que os professores percebessem que para a utilização da metodologia dos jogos na sala de aula, nem sempre é necessária a utilização de jogos elaborados, com materiais caros. Nas duas primeiras oficinas realizadas, enfatizou-se a familiarização dos professores com a metodologia dos jogos, especialmente para quebrar resistências e preconceitos quanto a utilização de materiais manipulativos. Era recorrente, na maior parte dos professores, a afirmação de que os jogos funcionavam bem no ambiente do Laboratório da UFPB, mas ainda percebia-se dúvidas quanto a possibilidade de aplicação em suas salas de aula, quer seja pela reação dos alunos, ou mesmo pela insegurança quanto a utilização dessa metodologia. Diante disso, a partir da terceira oficina, percebendo os professores mais à vontade com a metodologia, estimulava-se que levassem alguns dos jogos e experimentassem a utilização nas suas salas de aula. Ressaltava-se sempre a necessidade de um bom planejamento didático para essa utilização. Licenciandos do projeto acompanharam algumas dessas intervenções didáticas, com o intuito de apoiar e dar mais segurança aos professores durante a aplicação. Esse acompanhamento foi importante tanto para os professores da rede municipal, que se sentiam mais seguros, quanto para os licenciandos, que tiveram uma excelente oportunidade de vivenciar o dia-a-dia de uma sala de aula no ensino fundamental. Com o encerramento das cinco oficinas planejadas, realizou-se um sexto encontro em que os professores realizaram uma apresentação sobre a aplicação dos jogos na sua Livro 3 - p.006405

8 sala de aula. Este momento foi importante para a socialização das experiências entre os professores e também para que a equipe do projeto avaliasse os resultados. Dos oito professores que participaram das oficinas, seis efetivamente aplicaram alguns jogos nas suas salas de aula, e realizaram a socialização. A equipe, durante o período do Projeto, confeccionou diversos kits com jogos e materiais manipulativos, que foram entregues à escola participante. Com isso, deu-se um primeiro passo para a implementação de um Laboratório de Matemática na escola. RESULTADOS/CONCLUSÕES Dentre os resultados alcançados pelo projeto podemos destacar: A motivação e interesse dos professores participantes das oficinas os quais avaliaram muito positivamente o projeto, sugerindo sua continuidade; A criação de todos os kits que o projeto propôs. Pelos resultados supracitados concluímos que o projeto teve êxito uma vez que inserimos a utilização de jogos e materiais manipulativos como recursos pedagógicos em uma escola pública da região, possibilitando aos professores desta escola vivenciar metodologias de ensino que possam contribuir com a melhoria do processo de ensinoaprendizagem. Os professores que participaram das oficinas e aplicaram as atividades nas salas de aula, sentindo o efeito da metodologia no desempenho e na motivação dos seus alunos, dialogaram com a direção da escola e conseguiram um espaço para que fosse implantado um Laboratório de Matemática. Ressalta-se aqui que, se a participação no projeto fosse de apenas um professor daquela escola, apesar da sua motivação ser a mesma, seria muito mais difícil conseguir o apoio da direção da escola para a implantação do laboratório de Matemática, já que seria reivindicação de apenas um professor. Outro ponto importante a se destacar é que a implantação do Laboratório surgiu da necessidade dos professores para dar continuidade à utilização da metodologia já experimentada por eles. Acreditamos que o surgimento do Laboratório, fruto da reivindicação dos próprios professores, depois de já utilizarem a metodologia dos jogos, tem uma maior chance de efetivar utilização do espaço e de continuidade, do que se houvesse primeiro a implantação do laboratório para depois motivar os professores a utilizarem o espaço. Livro 3 - p.006406

9 REFERÊNCIAS ALVES, Eva M. S. A ludicidade e o ensino de matemática. Campinas, SP: Papirus, 2001. ALBUQUERQUE, Irene de. Metodologia da matemática. RJ: Conquista, 1951. AZEVEDO, Maria Verônica R. de. Jogando e construindo matemática. SP: Unidas, 1993. BEZERRA, Manoel Jairo. O material didático no ensino de matemática. RJ: MEC/caderno CEDES, 1962. BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Circulares Nacionais para o Ensino Fundamental. 5ª à 8ª série, Brasília, SEF, 1998. EMERIQUE, Paulo Sérgio. Isto e aquilo: jogo e ensinagem matemática. in BICUDO (org.) Desafios e perspectivas em Educação Matemática. SP: UNESP, 1999. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O Brinquedo na Educação: Considerações Históricas. Série Idéias, São Paulo: FDE, n. 7, p. 39 a 45, 1995. Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_07_p039-045_c.pdf>. Acesso em: 10 out.. 2010 LORENZATO, Sergio. (Org.). O laboratório de ensino de matemática na formação de professores. Campinas: Autores Associados, 2006, v. 1. MACEDO, Lino de; PETTY, Ana Lúcia S.; PASSOS, Norimar C. Aprender com jogos e situações-problema. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. RÊGO, Rogéria; RÊGO, Rômulo. MATEMATICATIVA. São Paulo: Autores Associados, 2009. 3ª. Edição. Livro 3 - p.006407