12 AULA. Relações de Ordem LIVRO. META: Apresentar o conceito de relações de ordem e suas propriedades.

Documentos relacionados
14 AULA. Funções LIVRO. META: Apresentar o conceitos de funções.

Sumário Algumas Demonstrações CONCLUSÃO RESUMO ATIVIDADES... 34

13 AULA. Relações de Equivalência LIVRO. META: Introduzir o conceito de relações de equivalência e suas propriedades.

16 AULA. Propriedades das Funções LIVRO. META: Demonstrar algumas propriedades das funções.

15 AULA. Tipos de Funções LIVRO. META: Introduzir os diversos tipos de funções.

10 AULA. Operações com Conjuntos: Produto Cartesiano LIVRO. META: Introduzir propriedades para o produto cartesiano de conjuntos.

9 AULA. Operações com Conjuntos: Diferença e Complementar LIVRO. META: Apresentar algumas propriedades da diferença e do complementar de conjuntos.

A2. Cada operação é distributiva sobre a outra, isto é, para todo x, y e z em A, x (y + z) = (x y) + (x z) e x + (y z) = (x + y) (x + z)

17 AULA. Números Naturais: Axiomas de Peano LIVRO. META: Introduzir o conceito de números naturais através dos axiomas de Peano.

(A1) As operações + e são comutativas, ou seja, para todo x e y em A, x + y = y + x e x y = y x

n. 28 RELAÇÕES BINÁRIAS ENTRE CONJUNTOS

18 AULA. Operações em N LIVRO. META: Definir as operações de soma e produto e uma relação de ordem no conjnto dos números naturais.

5 AULA. Teorias Axiomáticas LIVRO. META: Apresentar teorias axiomáticas.

19 AULA. Princípio da Boa Ordem LIVRO. META Introduzir o princípio da boa ordem nos números naturais e algumas de suas conseqüências.

Números - Aula 03. Alexandre Nolasco de Carvalho Universidade de São Paulo São Carlos SP, Brazil

Aula 1 Conjuntos. Meta. Introduzir as noções básicas de conjunto e produto cartesiano de. conjuntos. Objetivos

Teoria intuitiva de conjuntos

4.1 Preliminares. No exemplo acima: Dom(R 1 ) = e Im(R 1 ) = Dom(R 2 ) = e Im(R 2 ) = Dom(R 3 ) = e Im(R 3 ) = Diagrama de Venn

A ordem em que os elementos se apresentam em um conjunto não é levada em consideração. Há

Semana 2. Primitivas. Conjunto das partes. Produto cartesiano. 1 Teoria ingênua dos conjuntos. 2 Axiomática ZFC de conjuntos. 4 Conjuntos numéricos

Convergência de Séries de Números Complexos

20 AULA. Cardinalidade e Conjuntos Enumeráveis LIVRO. META: Estabelecer os conceitos de cardinalidade e de conjuntos enumeráveis.

Gabarito da lista de Exercícios sobre Conjuntos

Números Naturais: Continuação

Curso: Ciência da Computação Disciplina: Matemática Discreta RELAÇÕES. Prof.: Marcelo Maraschin de Souza

Dado um inteiro positivo n, definimos U(n) como sendo o conjunto dos inteiros positivos menores que n e primos com n. Não é difícil ver que a

INE0003 FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA DISCRETA

Relações Binárias, Aplicações e Operações

3.4 Álgebra booleana, ordens parciais e reticulados

Limites de Funções de Variáveis Complexas

(A1) As operações + e são comutativas, ou seja, para todo x e y em A, x + y = y + x e x y = y x

Fundamentos de Álgebra Moderna Profª Ana Paula CONJUNTOS

Prof.Letícia Garcia Polac. 6 de abril de 2017

O espaço das Ordens de um Corpo

CM Funções. Notas de Aula PSE Departamento de Matemática - UFPR

Funções monótonas. Pré-Cálculo. Funções decrescentes. Funções crescentes. Humberto José Bortolossi. Parte 3. Definição. Definição

A DEFINIÇÃO AXIOMÁTICA DO CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS.

Álgebra I. Volume 1 - Módulo 1. Adilson Gonçalves Luiz Manoel Figueiredo. Apoio:

Lógica e Matemática Discreta

Apresentar o conceito de grupo, as primeiras definições e diversos exemplos. Aplicar as propriedades dos grupos na resolução de problemas.

Funções monótonas. Pré-Cálculo. Atividade. Funções crescentes. Parte 3. Definição

Aula 11 IDEAIS E ANÉIS QUOCIENTES META. Apresentar o conceito de ideal e definir anel quociente. OBJETIVOS

Matemática para Ciência de Computadores

RETICULADOS: NOTAS DO SEMINÁRIO DE 7/03/03

Relações binárias. Laura Goulart. 7 de Março de 2018 UESB. Laura Goulart (UESB) Relações binárias 7 de Março de / 1

Unidade 5 - Subespaços vetoriais. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 10 de agosto de 2013

Axioma dos inteiros. Sadao Massago

CM Funções. Notas de Aula PSE Departamento de Matemática - UFPR

Definir classes laterais e estabelecer o teorema de Lagrange. Aplicar o teorema de Lagrange na resolução de problemas.

Capítulo 7. Operadores Normais. Curso: Licenciatura em Matemática. Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo

Relações Binárias, Aplicações e Operações

CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS

Capítulo 2. Ortogonalidade e Processo de Gram-Schmidt. Curso: Licenciatura em Matemática

4 AULA. Regras de Inferência e Regras de Equivalência LIVRO. META: Introduzir algumas regras de inferência e algumas regras de equivalência.

8 AULA. Operações com Conjuntos: União e Interseção LIVRO. META: Introduzir algumas propriedades da união e da interseção de conjuntos.

Topologia de Zariski. Jairo Menezes e Souza. 25 de maio de Notas incompletas e não revisadas RASCUNHO

Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas Departamento de Matemática MAT Introdução à Álgebra 2015/I

Geometria Analítica. Cleide Martins. Turmas E1 e E3. DMat - UFPE Cleide Martins (DMat - UFPE ) VETORES Turmas E1 e E3 1 / 22

Mais Alguns Aspectos da Derivação Complexa

Teoria Elementar dos Conjuntos

Números Reais. Jairo Menezes e Souza 19/09/2013 UFG/CAC

Números Reais. Víctor Arturo Martínez León b + c ad + bc. b c

Teoria Elementar dos Conjuntos

ALGEBRA I Maria L ucia Torres Villela Instituto de Matem atica Universidade Federal Fluminense Junho de 2007 Revis ao em Fevereiro de 2008

Universidade Federal de Goiás Câmpus Catalão Aluno: Bruno Castilho Rosa Orientador: Igor Lima Seminário Semanal de Álgebra

Capítulo 1. Os Números. 1.1 Notação. 1.2 Números naturais não nulos (inteiros positivos) Última atualização em setembro de 2017 por Sadao Massago

Matemática Discreta - 07

Pré-Cálculo. Humberto José Bortolossi. Aula de maio de Departamento de Matemática Aplicada Universidade Federal Fluminense

Conjunto Quociente e Classe de Equivalência (Alguns Exemplos e Definições)

Funções. Matemática Básica. O que é uma função? O que é uma função? Folha 1. Humberto José Bortolossi. Parte 07. Definição

Bases Matemáticas. Aula 4 Conjuntos Numéricos. Rodrigo Hausen. v /9

Introdução ao Curso. Área de Teoria DCC/UFMG 2019/01. Introdução à Lógica Computacional Introdução ao Curso Área de Teoria DCC/UFMG /01 1 / 22

Unidade 7 - Bases e dimensão. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 10 de agosto de 2013

Notas de aulas. álgebra abstrata

Teoria Ingênua dos Conjuntos (naive set theory)

Funções. Pré-Cálculo. O que é uma função? O que é uma função? Humberto José Bortolossi. Parte 2. Definição

MAT-330: Teoria dos Conjuntos

Introduzir os conceitos de base e dimensão de um espaço vetorial. distinguir entre espaços vetoriais de dimensão fnita e infinita;

Capítulo 6. Operadores Ortogonais. Curso: Licenciatura em Matemática. Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo

Parte 2 N Z Q R C. Não faremos a construção axiomática dos números naturais, usaremos apenas as noções intuitivas.

MAT TEORIA DOS CONJUNTOS 1 o SEMESTRE 2014 BACHARELADO - IME

Polinômio Mínimo e Operadores Nilpotentes

Representação de um conjunto de Matrizes Operações Produto de Matriz por escalar Transposição de Matrizes Simetrias Exercícios. Matrizes - Parte 1

Bases Matemáticas. Relembrando: representação geométrica para os reais 2. Aula 8 Números Reais: módulo ou valor absoluto, raízes, intervalos

Especialização em Matemática - Estruturas Algébricas

Generalizações do Teorema de Wedderburn-Malcev e PI-álgebras. Silvia Gonçalves Santos

Lógica Computacional

Micro I: Aula 04. Preferências Reveladas. February 2, 2011

MA14 - Aritmética Unidade 1 Resumo. Divisibilidade

LEI DA TRICOTOMIA EM N. Amanda Vitória de Jesus Mendes, Vinício Brás Oliveira Dias, João Carlos Moreira Universidade Federal de Uberlândia FACIP

Par ordenado [ordered pair]. É uma estrutura do tipo x, y. Se x y x,y y,x.

Os números inteiros. Capítulo 2

complemento para a disciplina de Matemática Discreta versão 1 - Jerônimo C. Pellegrini Relações de Equivalência e de Ordem

Cálculo Diferencial e Integral I

Matemática para Ciência de Computadores

(Aula 13) Ruy J. G. B. de Queiroz Centro de Informática, UFPE. Teoria dos Conjuntos. (Aula 13) Ruy de Queiroz. Conjuntos.

1 Números Complexos. Seja R o conjunto dos Reais. Consideremos o produto cartesiano R R = R 2 tal que:

Reticulados e Álgebras de Boole

Axiomatizações equivalentes do conceito de topologia

Reticulados, Álgebra Booleana e Formas Quadráticas Abstratas

Transcrição:

2 LIVRO Relações de Ordem META: Apresentar o conceito de relações de ordem e suas propriedades. OBJETIVOS: Ao fim da aula os alunos deverão ser capazes de: Determinar se uma dada relação é uma relação de ordem. Determinar os elementos ninimais, mínimo, maximais e máximo de um dado conjunto. PRÉ-REQUISITOS Aula-11 os conhecimentos de relações binárias.

Relações de Ordem.1 Introdução O conceito de relação de ordem é bastante intuitivo. Podemos ver diariamente muitos exemplos de relações de ordem, como por exemplo: uma fila em uma sorveteria, a ordem de prioridades de execução das nossas tarefas diárias, a ordenação léxica de nomes em uma lista de presença, a ordenação numérica de itens a serem comprados ordenados pelos respectivos preços e outros. Nessa aula, faremos uma formalização das idéias por trás do conceito de ordem..2 Relações de Ordem Começaremos nossa aula conceituando (definindo) relação de ordem: Definição.1. Sejam A um conjunto e R A A uma relação de A em A. Dizemos que R é uma relação de ordem se, somente se: PO1 x A, (x, x) R PO2 x, y A, (x, y) R (y, x) R x = y PO3 x, y, z A, (x, y) R (y, z) R (x, z) R. OBS.1. Em outras palavras, dizemos que uma relação R sobre um conjunto A é uma relação de ordem se R for: reflexiva, antisimétrica e transitiva. A relação de ordem como acima definida é conhecida também como relação de ordem parcial. Exemplo.1. Vejamos alguns exemplos de relações de ordem parciais. 24

Fundamentos da Matemática: Livro 2 A relação maior ou igual, ( ) no conjunto dos reais R. Dado um conjunto A a relação de incluso ou igual, sobre P(A) o conjunto das partes de A. Podemos definir em um conjunto A, parcialmente ordenado, uma relação de ordem estrita. A saber: Definição.2. Seja (A, ) um conjunto parcialmente ordenado. Definimos a relação A A por: x, y A, x y x y (x = y). OBS.2. O fato de que x y lê-se: x precede estritamente y. Um tipo particular de relação de ordem é a relação de ordem lexicográfica, definida por: Definição.3. Sejam A e B conjuntos parcialmente ordenados e A e B suas relações de ordem estrita. Definimos uma relação de ordem, denominada ordem lexicográfica sobre A B por: (a 1,b 1 ), (a 2,b 2 ) A B, (a 1,b 1 ) (a 2,b 2 ), somente se: a 1 A a 2 ou a 1 = a 2 b 1 B b 2 Podemos definir também o conceito de quasi-ordem. A saber: Definição.4. Sejam A um conjunto e R A A uma relação de A em A. Dizemos que R é uma relação de quasi-ordem, somente se: QO1 x A, (x, x) R. QO2 x, y, z A, (x, y) R (y, z) R (x, z) R. 25

Relações de Ordem OBS.3. Em outras palavras, dizemos que uma relação R sobre um conjunto A é uma relação de quasi-ordem se R for: reflexiva e transitiva. Exemplo.2. Vejamos alguns exemplos de relações de quasiordem. No conjunto N dos números naturais, a relação divide, ( ) em que a b lê-se a divide b. Dado um conjunto A a relação de incluso ou igual, sobre P(A) o conjunto das partes de A. Podemos definir também, o conceito de ordem total. A saber: Definição.5. Sejam A um conjunto e R A A uma relação de A em A. Dizemos que R é uma relação de ordem total, somente se: TO1 x A, (x, x) R TO2 x, y A, (x, y) R (y, x) R x = y TO3 x, y, z A, (x, y) R (y, z) R (x, z) R. TO4 x, y A, (x, y) R (y, x) R OBS.4. Em outras palavras, dizemos que uma relação R sobre um conjunto A é uma relação de ordem total se R for: reflexiva, anti-simétrica, transitiva e total. Exemplo.3. Vejamos alguns exemplos de relações de ordem total. Seja A o conjunto de todos os acontecimentos na vida de um cidadão. A relação aconteceu antes de ou ao mesmo tempo que, ( ) sobre A. 26

Fundamentos da Matemática: Livro 2 A relação maior ou igual ( ) no conjunto dos reais R. OBS.5. Uma relação de ordem total é também uma relação de ordem parcial. Um conjunto A com uma relação R A A de ordem parcial é denominado conjunto parcialmente ordenado, e o par (A, R) é dito um POSET. Costuma-se, em uma relação de ordem, denotar o fato de (x, y) R por x y que se lê: x precede y na relação R. Exemplo.4. Mais alguns exemplos de relações de ordem. Sejam A = {a, b, c} e R 1 = {(a, a), (b, b), (c, c), (a, b), (a, c)}. R 1 é uma relação de ordem parcial pois, nem (b, c) R 1 nem (c, b) R 1 e as propriedades reflexiva, anti-simétrica são verificadas por testes diretos e transitiva é trivialmente satisfeita pois, nenhum par de elementos de R satisfaz a premissa da propriedade transitiva. Sejam A = {a, b, c} e R 2 = {(a, a), (b, b), (c, c)}. R 2 é uma relação de quasi-ordem. Pois, todos os pares da forma (x, x), x A pertence a R 2 o que garante a propriedade reflexiva e propriedade transitiva é trivialmente verificada. Sejam A = {a, b, c} e R 3 = {(a, a), (b, b), (c, c), (a, b), (b, c), (a, c)}. R 3 é uma relação de ordem total. Pois, todos os pares da forma (x, x),x A pertence a R 3, nenhum par da forma (x, y),x,y A, x y que pertence a relação (x, y) R 3 arrasta seu simétrico ou seja (y, x) / R 3. A propriedade transitiva pode ser verificada por exaustão (a, a) (a, b) (a, b), (b, b) (b, c) (b, c), (a, a) (a, c) (a, c) e (a, b) (b, c) (a, c) e a propriedade total é satisfeita pelos 27

Relações de Ordem pares (a, b), (b, c), (a, c) para os pares da forma (x, y),x,y A, x y e pelos pares (a, a), (b, b), (c, c) para os pares da forma (x, y),x,y A, x = y..2.1 Cotas Superiores e Cotas Inferiores Veremos a seguir, algumas definições relativas a subconjuntos de conjuntos parcialmente ordenados. Começaremos pela definição de cota superior de um subconjunto de um conjunto parcialmente ordenado. Definição.6. Sejam (A, ) um conjunto parcialmente ordenado e X A. Dizemos que um elemento x A é uma cota superior de X, se, somente se: x X, x x De modo semelhante podemos definir cota inferior de um subconjunto de um conjunto parcialmente ordenado. A saber: Definição.7. Sejam (A, ) um conjunto parcialmente ordenado e X A. Dizemos que um elemento x A é uma cota inferior de X, se, somente se: x X, x x.2.2 Elementos Maximal, Minimal, Máximo e Mínimo Veremos a seguir, algumas definições relativas a conjuntos parcialmente ordenados. Começaremos pela definição de elemento minimal de um conjunto parcialmente ordenado. Definição.8. Seja (A, ) um conjunto parcialmente ordenado. Dizemos que um elemento a A é um elemento minimal, se, somente se: x A, x a x = a 28

Fundamentos da Matemática: Livro 2 De modo semelhante podemos definir um elemento maximal em um conjunto parcialmente ordenado. A saber: Definição.9. Seja (A, ) um conjunto parcialmente ordenado. Dizemos que um elemento a A é um elemento maximal, se, somente se: x A, a x x = a Adicionalmente definiremos elemento mínimo e elemento máximo de um conjunto parcialmente ordenado. A saber: Definição.10. Seja (A, ) um conjunto parcialmente ordenado. Dizemos que um elemento a A é o elemento mínimo de A, se, somente se: x A, a x Definição.11. Seja (A, ) um conjunto parcialmente ordenado. Dizemos que um elemento a A é o elemento máximo dea, se, somente se: x A, x a.3 Algumas Demonstrações Veremos agora algumas demonstrações envolvendo relações de ordem e suas propriedades. Teorema.1. Seja (A, ) um conjunto parcialmente ordenado então x, y, z A, x y y z x z PROVA x, y, z A, x y y z. Da definição de y z y z (y = z) temos: x y (y z (y = z)). Como (p q) r p (q r) temos: (x y y z) (y = z). De PO3 x y y z x z temos: 29

Relações de Ordem (x z) (y = z). Como p p q temos: (x z) ( (x = y) (y = z)). Usando De Morgan temos: (x z) ( ((x = y) (y = z))). Da propriedade transitiva da igualdade (x = y) (y = z) x = z temos: (x z) (x = z). Da definição da relação precede estritamente, (x z) (x = z) x z temos: x z. Portanto: x, y, z A, x y y z x z. Em seguida mostraremos que: Teorema.2. Sejam A um conjuntos e R A A uma relação de ordem parcial em A, então R 1 é uma relação de ordem parcial em A. PROVA É suficiente mostrar que R 1 satisfaz as propriedades PO1, PO2 e PO3. a) Primeiramente mostraremos que R 1 satisfaz PO1. Como R é uma relação de ordem parcial em ARsatisfaz PO1 e temos: x (x, x) R. Da definição de relação inversa (x, x) R (x, x) R 1 e temos: x A, (x, x) R 1. b) Em segundo lugar mostraremos que R 1 satisfaz PO2. x, y A, (x, y) R 1 (y, x) R 1. 30

Fundamentos da Matemática: Livro 2 Da definição de relação inversa (x, y) R 1 (y, x) R e também (y, x) R 1 (x, y) R. Daí, temos: x, y A, (y, x) R (x, y) R. Como R é uma relação de ordem parcial em A. Logo R satisfaz PO2 (y, x) R (x, y) R y = x e temos: y = x. Como a igualdade tem propriedade comutativa y = x x = y e temos: x = y. Portanto: x, y A, (x, y) R 1 (y, x) R 1 x = y. c) Em terceiro lugar mostraremos que R 1 satisfaz PO3. x, y, z A, (x, y) R 1 (y, z) R 1. Da definição de relação inversa (x, y) R 1 (y, x) R e também (y, z) R 1 (z,y) R. Daí, temos: x, y, z A, (y, x) R (z,y) R. Como p q q p temos: x, y, z A, (z,y) R (y, x) R. Como R é uma relação de ordem parcial em A. Logo R satisfaz PO3 (z,y) R (y, x) R (z,x) R e temos. (z,x) R Da definição de relação inversa (z,x) R (x, z) R 1 e temos: x, y, z A, (x, y) R 1 (y, z) R 1 (x, y) R 1. De a), b) e c) R 1 satisfaz PO1, PO2 e PO3 logo é também uma relação de ordem parcial sobre A. 31

Relações de Ordem.4 CONCLUSÃO As relações de ordem são constantes tanto na vida real, na natureza quanto na Matemática. E a classificação das relações de ordem em diversos tipos como ordem parcial, quasi-ordem e ordem total, também tem seus pares na vida real..5 RESUMO Nosso resumo hoje consta das seguintes definições: Definição de relação de ordem parcial: Definição: Sejam A um conjunto e R A A uma relação de A em A. Dizemos que R é uma relação de ordem, se, somente se: PO1 x A, (x, x) R PO2 x, y A, (x, y) R (y, x) R x = y PO3 x, y, z A, (x, y) R (y, z) R (x, z) R Definição de relação de quasi-ordem: Definição: Sejam A um conjunto e R A A uma relação de A em A. Dizemos que R é uma relação de quasi-ordem, se, somente se: QO1 x A, (x, x) R QO2 x, y, z A, (x, y) R (y, z) R (x, z) R Definição de relação de ordem total: Definição: Sejam A um conjunto e R A A uma relação de A em A. Dizemos que R é uma relação de ordem total, se, somente se: 32

Fundamentos da Matemática: Livro 2 TO1 x A, (x, x) R TO2 x, y A, (x, y) R (y, x) R x = y TO3 x, y, z A, (x, y) R (y, z) R (x, z) R. TO4 x, y A, (x, y) R (y, x) R Definição de cota superior de um subconjunto de um conjunto parcialmente ordenado: Definição: Sejam (A, ) um conjunto parcialmente ordenado e X A. Dizemos que um elemento x A é uma cota superior de X, se, somente se: x X, x x Definição de cota inferior de um subconjunto de um conjunto parcialmente ordenado: Definição: Sejam (A, ) um conjunto parcialmente ordenado e X A. Dizemos que um elemento x A é uma cota inferior de X, se, somente se: x X, x x Definição elemento minimal de um subconjunto de um conjunto parcialmente ordenado: Definição: Seja (A, ) um conjunto parcialmente ordenado. Dizemos que um elemento a A é um elemento minimal, se, somente se: x A, x a x = a Definição de elemento maximal de um subconjunto de um conjunto parcialmente ordenado: Definição: Seja (A, ) um conjunto parcialmente ordenado. Dizemos que um elemento a A é um elemento maximal, se, somente se: x A, a x x = a Definição de elemento mínimo: Definição: Seja (A, ) um conjunto parcialmente ordenado. Dizemos que um elemento a A é o elemento mínimo de A, se, 33

Relações de Ordem somente se: x A, a x Definição de elemento máximo: Definição: Seja (A, ) um conjunto parcialmente ordenado. Dizemos que um elemento a A é o elemento máximo dea, se, somente se: x A, x a.6 ATIVIDADES Deixamos como atividades algumas demonstrações sobre relações de ordem ATIV..1. Seja (A, ) um conjunto parcialmente ordenado então x, y, z A, x y y z x z. Comentário: Reveja a demonstração do teorema.1. Ela será seu ponto de partida. Com alguma modificação poderá ser usada para provar a proposição desta atividade. ATIV..2. Considere o conjunto A = {1, 2, 3, 4, 6, 9,, 18, 36} e escreva a relação de ordem R dada por: x, y A, (x y x y (x precede y se, somente se x divide y). Comentário: Note que esta relação não é de ordem total. Por exemplo nem par (3, 4) nem (4, 3) está na relação já que nem 3 divide 4 nem 4 divide 3..7 REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS DOMINGUES, Higino Hugueros. e IEZZI, Gelson., Álgebra Moderna. Atual Editora LTDA. São Paulo. 1979. CASTRUCCI, Benedito., Elementos da Teoria de Conjuntos. São 34

Fundamentos da Matemática: Livro 2 Paulo: GEEM, 1970. 35