Direito Processual do Trabalho à luz da jurisprudência uniforme do TST II. A competência funcional (ou hierárquica)



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Transcrição:

Direito Processual do Trabalho à luz da jurisprudência uniforme do TST II Aldemiro Rezende Dantas Jr.* A competência funcional (ou hierárquica) Ação rescisória * Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor do Curso de Mestrado da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Professor dos Cursos de Pós-Graduação do Centro Integrado de Ensino Superior do Amazonas (Ciesa). Professor da Faculdade Martha Falcão (AM). Juiz do Trabalho. A ação rescisória deve ser proposta perante o Tribunal Regional do Trabalho quando a decisão que se pretende rescindir foi proferida pelo juiz do trabalho ou pelo próprio TRT. No entanto, quando se trata de decisão do Tribunal Superior do Trabalho, a rescisória deve ser proposta perante o TST, pois evidentemente não seria sequer razoável que o TRT pudesse desconstituir decisão proferida pelo Tribunal Superior do Trabalho. E é importante observar, ainda, que cada parte da decisão pode transitar em julgado perante um juízo distinto e em um momento específico (na hipótese de recurso parcial, por exemplo), e nesse caso poderão ser cabíveis duas ou mais ações rescisórias, cada uma delas a ser proposta perante um tribunal específico e dentro de um prazo que fluirá a partir de um termo inicial próprio. Nesse sentido, segundo a Súmula 100, item II, do TST: [...] II - Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em julgado da decisão que julgar o recurso parcial. [...]

Assim, por exemplo, se o acórdão regional, confirmando a sentença do juiz do trabalho, deferiu ao reclamante as horas extras, o aviso prévio e a estabilidade, sendo que a empresa reclamada recorreu ao TST apenas em relação à estabilidade, obtendo, nesse ponto, a reforma da decisão, ou seja, sendo julgado improcedente o pleito de estabilidade anteriormente deferido, nessa hipótese, a eventual ação rescisória em relação às horas extras e ao aviso prévio deverá ser ajuizada perante o TRT, mas a ação rescisória que busque desconstituir o julgado quanto à estabilidade deverá ser ajuizada diretamente perante o TST. Em tais hipóteses, o manifesto equívoco da parte em ajuizar ação rescisória no TST para desconstituir julgado proferido pelo TRT, ou vice-versa, implica extinção do processo sem julgamento do mérito por inépcia da inicial (OJ 70, da SDI-2, do TST). Ação anulatória Com relação à ação anulatória, contudo, é um pouco diferente. Nesse caso, a competência originária para a ação anulatória será sempre do mesmo juízo em que foi praticado o ato supostamente eivado de vício, ainda que tenha havido decisão de instância superior, proferida em grau de recurso (OJ 129, da SDI-2, do TST). Seria a hipótese, por exemplo, na qual o juiz do trabalho declarou a incompetência da Justiça do Trabalho, sendo que, examinando o recurso ordinário interposto pelo reclamante, o TRT declarou a competência da justiça trabalhista, determinando a baixa do feito para regular processamento. Na vara do trabalho, sem que o reclamante tivesse sido notificado da audiência, o juiz determinou o arquivamento do feito. A eventual ação anulatória, ajuizada pelo reclamante, deverá ser proposta perante a vara do trabalho, embora tenha havido decisão do TRT proferida no processo. A antecipação da tutela, no tribunal Nos processos em curso perante os tribunais, compete ao relator decidir sobre o pedido de antecipação de tutela, submetendo sua decisão ao colegiado respectivo, independentemente de pauta, na sessão imediatamente subsequente (OJ 68, da SDI-2, do TST). 2

Mandado de segurança contra decisão do TRT A competência originária para apreciar mandado de segurança impetrado em face de decisão do TRT não é do Tribunal Superior do Trabalho, mas sim do próprio Tribunal Regional do Trabalho (OJ 4, Tribunal Pleno, do TST). Conflito de competência entre juiz do trabalho e o TRT a que ele se vincula Segundo se encontra sacramentado pela Súmula 420, não se configura conflito de competência funcional entre Tribunal Regional do Trabalho e vara do trabalho a ele vinculada. Bem, em relação à vara do trabalho, é mesmo evidente que jamais poderia haver conflito algum, pois a vara não é órgão do judiciário trabalhista, o órgão é o juiz do trabalho. Assim, se houver conflito, será entre o juiz do trabalho (e jamais a vara do trabalho) e outro órgão da Justiça. Vara não tem competência, é o juiz que a tem. A situação poderia ser, por exemplo, a seguinte, que vimos na prática: o juiz do trabalho, ao apreciar pedido de horas extras, acolheu a defesa da reclamada e entendeu que o reclamante se enquadrava no artigo 62 da CLT, ou seja, realizava trabalho externo incompatível com o controle da jornada e por isso julgou improcedente o pedido. Ao apreciar o recurso ordinário do autor, o TRT entendeu que não se tratava de hipótese do artigo 62 e deu provimento ao apelo. Só que o tribunal, em vez de julgar o mérito, determinou a baixa dos autos para que o juiz do trabalho julgasse o mérito. Ora, o juiz do trabalho já havia julgado o mérito, e, portanto, era ao tribunal que cabia, agora, pronunciar-se sobre a causa. Logo, foi completamente equivocada e fora da técnica a decisão do tribunal regional. Apesar disso, por mais absurda que tenha sido a decisão regional, não pode o juiz do trabalho suscitar o conflito de competência funcional e devolver o feito para que o tribunal se pronuncie sobre o mérito. Caberia ao juiz do trabalho, portanto, julgar novamente o mérito do pedido. Como já foi dito várias vezes por aqui, por absurda que seja a Súmula do TST (e no caso é absurda ao extremo!), é ela que deve ser seguida em prova de concurso público. De qualquer modo, facilmente se conclui que também não se configura conflito de competência funcional entre o Tribunal Superior do Trabalho e qualquer um dos Tribunais Regionais do Trabalho. 3

A competência territorial Conforme estabelece o artigo 651, 3.º, da CLT, quando o empregador promove realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, o empregado pode apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no local da prestação dos respectivos serviços. Nesse caso, não cabe declaração de ofício de incompetência territorial no caso do uso, pelo trabalhador, da faculdade prevista no art. 651, 3.º, da CLT. Nessa hipótese, resolve-se o conflito pelo reconhecimento da competência do juízo do local onde a ação foi proposta. Assim, se o empregado escolheu ajuizar sua ação no local onde foi celebrado o contrato, não pode o juiz do trabalho desse local, de ofício, declarar sua própria incompetência em razão do lugar (OJ 149, da SDI-2). Na realidade, essa OJ mencionada no parágrafo anterior nada mais é do que a aplicação do artigo 112, do CPC, segundo o qual a incompetência relativa, como é o caso da incompetência em razão do lugar, deve ser arguida por meio de exceção, e só a incompetência absoluta é que pode ser declarada de ofício pelo juiz (CPC, art. 113). Competência criminal da Justiça do Trabalho A Justiça do Trabalho não tem competência criminal alguma, nem mesmo para os crimes cometidos ao longo do processo trabalhista ou aqueles contra a organização do trabalho, conforme reiterada posição do STF. No caso do crime de falsa anotação na CTPS, a competência é da Justiça estadual, conforme estabelece a Súmula 62, do STJ. Convém recordar que, nos termos do artigo 49, da CLT, considera-se como crime de falsidade, com as penalidades previstas no artigo 299, do Código Penal, anotar dolosamente em CTPS ou em registro de empregado, ou confessar ou declarar, em juízo ou fora dele, data de admissão em emprego diversa da verdadeira (inciso V). Por sua vez, compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de falso testemunho cometido no Processo do Trabalho, conforme prevê a Súmula 165, do STJ. 4

O que não compete à Justiça do Trabalho Desde que entrou em vigor a Emenda Constitucional 45, em dezembro de 2004, surgiram muitas dúvidas acerca da competência material da Justiça do Trabalho, sendo que diversas delas ainda não estão satisfatoriamente resolvidas. Algumas situações, contudo, já foram sumuladas pelos tribunais superiores. Assim, por exemplo, no caso de ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra o cliente, para o recebimento dos honorários, a competência é da Justiça estadual, conforme prevê a Súmula 363, do STJ. Suponha-se, por exemplo, que um advogado decida ajuizar ação para cobrar os honorários devidos por seu cliente em decorrência da atuação em reclamação trabalhista. Nesse caso, a competência será da Justiça estadual. Não se pode confundir, contudo, essa hipótese com a dos honorários da sucumbência, que só têm cabimento na Justiça do Trabalho quando o reclamante é beneficiário da Justiça gratuita e está assistido pelo seu sindicato de classe, conforme prevê a Súmula 219, do TST. Nesse caso, a toda evidência, se o sindicato for executar a sentença para o recebimento dos honorários, é evidente que deverá fazê-lo no próprio juízo que proferiu a decisão originária. Neste caso, no entanto, os honorários estão previstos na própria sentença exequenda, ao contrário do que acontece na hipótese tratada pela Súmula 363, do STJ. Competem à Justiça do Trabalho as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização e das relações de trabalho, conforme prevê o artigo 114, inciso VII, da CF. No entanto, nos termos da Súmula 349, do STJ, é à Justiça Federal que compete o julgamento das execuções fiscais de contribuições devidas pelo empregador ao FGTS. Por último, sobre esse tema do que não compete à Justiça do Trabalho, esta não tem competência para as causas já sentenciadas, mesmo quando se tratar de hipótese na qual lhe foi atribuída competência pela Emenda Constitucional 45/2004. Nesse sentido é a Súmula 367, do STJ. 5

Representação processual e legitimidade Legitimidade A legitimação para a causa, uma das condições da ação, só pode ser examinada caso a caso, levando-se em conta o objeto da demanda e a pessoa do demandante. Por essa razão, o exame do tema só pode ser feito de modo casuístico, ou seja, examinando-se pontualmente cada uma das situações que já foram pacificadas pelo Tribunal Superior do Trabalho. É o que faremos em seguida. Os Estados e os Municípios não têm legitimidade para recorrer em nome das autarquias detentoras de personalidade jurídica própria, devendo ser representadas pelos procuradores que fazem parte de seus quadros ou por advogados constituídos (OJ 318, da SDI-1, do TST). Convém recordar que, nos termos do artigo 6.º do CPC, ninguém pode pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo nos casos em que a lei o autorize. Ora, se a autarquia tem personalidade jurídica, então ela é a titular dos direitos, não podendo estes serem pleiteados por outra pessoa jurídica (o Estado ou o Município). O Ministério Público, ao exarar parecer em Recurso Ordinário ex officio, não tem legitimidade para arguir a prescrição em favor de entidade de direito público, em matéria de direito patrimonial (OJ 130, da SDI-1). Na verdade, a OJ 130 se baseava no artigo 194, do Código Civil, que proibia o juiz de decretar de ofício a prescrição quando se tratasse de direito patrimonial, exceto se em favor de absolutamente incapaz. Ocorre que o referido artigo 194, como se sabe, foi revogado, e o CPC, em seu artigo 219, 5., passou a determinar que o juiz decrete de ofício a prescrição. 1 Entre outras recentes decisões: AIRR - 49740-53.2004.5.07.0005 Data de Julgamento: 12/05/2010, Rel. Min. Walmir Oliveira da Costa, 1.ª T., Data de Divulgação: DEJT 21/05/2010. No entanto, parece-nos que a OJ 130 continua perfeitamente válida, uma vez que, no Processo do Trabalho, em que pese a mencionada inovação do diploma processual comum, a prescrição não pode ser declarada de ofício, como tem reiteradamente decidido o Tribunal Superior do Trabalho 1. Logo, se o juiz não pode declarar de ofício a prescrição, então não haveria sentido em que o Ministério Público do Trabalho pudesse argui-la de ofício quando não é parte na causa. 6

Estabelece o artigo 487, III, do CPC, que o Ministério Público tem legitimidade para propor a ação rescisória quando não foi ouvido no processo em que sua intervenção seria obrigatória, e quando a sentença resulta de colusão entre as partes, com o objetivo de fraudar a lei. No entanto, a legitimidade ad causam do Ministério Público para propor ação rescisória, ainda que não tenha sido parte no processo que deu origem à decisão rescindenda, não está limitada a essas duas hipóteses, que são meramente exemplificativas (Súmula 407, do TST). O sindicato tem legitimidade para atuar na qualidade de substituto processual para pleitear diferença de adicional de insalubridade (OJ 121, da SDI-1, do TST). Na verdade, diante dos termos do artigo 8.º, III, da Constituição Federal, o sindicato tem legitimidade ampla para atuar como substituto processual na defesa de qualquer interesse individual ou coletivo da categoria, ainda que não exista autorização legal específica para que o faça, pois não se lhe aplica a restrição do artigo 6.º, do CPC, que foi afastada pela disposição constitucional. Convém recordar que a súmula 310, do TST, que estipulava ser restrita a legitimação do sindicato para atuar como substituto processual, ou seja, dizia que o sindicato só poderia agir nessa qualidade nos casos em que houvesse autorização legislativa expressa, foi cancelada, depois de diversas decisões do Supremo Tribunal Federal em sentido contrário. Quando o sindicato ajuíza ação na qualidade de substituto processual, é interrompida a prescrição, ainda que depois venha a ser declarada a sua ilegitimidade ad causam (OJ 359, da SDI-1, do TST). Se foi o sindicato quem ajuizou a ação trabalhista na qualidade de substituto processual, então esse sindicato terá legitimidade passiva para figurar como réu na ação rescisória que venha a ser ajuizada contra a decisão proferida em tal ação, não havendo necessidade de que sejam citados como réus todos os trabalhadores substituídos, uma vez que não ocorre litisconsórcio necessário (Súmula 406, do TST). Interessante realçar que o substituto processual atua em nome próprio, ainda que em defesa de direito alheio. Logo, o sindicato, ao atuar como substituto processual, o faz em seu próprio nome, e é o único sujeito processual, pois os substituídos (no caso, os trabalhadores da ca- 7

tegoria profissional) não integram o polo passivo da ação trabalhista, e por isso não faria o menor sentido que fosse obrigatória sua figuração no polo passivo da rescisória. Representação de pessoa de direito público A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, assim como suas autarquias e fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de instrumento de mandato (OJ 52, da SDI-1, do TST). É que a representação, nesses casos, decorre diretamente da lei (CPC, art. 12), e não da vontade. No entanto, embora o procurador público esteja dispensado de fazer juntada da procuração, precisará comprovar sua qualificação funcional, ou seja, precisará comprovar que efetivamente exerce o cargo público capaz de dispensá-lo da apresentação do instrumento do mandato, o que pode ser feito pela juntada do Diário Oficial que o nomeou ou pela apresentação de sua identificação funcional. Nesse mesmo sentido, estabelece a OJ transitória 65, da SDI-1, que a ausência de juntada nos autos de documento que comprove a designação do assistente jurídico como representante judicial da União (LC 73/93) importa irregularidade de representação. Por último, sobre o tema, convém recordar que apenas o procurador que exerce cargo público está dispensado de exibir a procuração. Assim, se uma autarquia (ou um Estado, ou a União, etc.) contrata advogado para atuar em um caso específico, esse advogado terá que fazer prova do mandato, ou seja, terá que juntar aos autos a procuração, sob pena de irregularidade na representação processual. A validade e existência do mandato Como se sabe, o advogado só pode atuar em juízo exibindo o instrumento do mandato (CPC, art. 37). Sobre o tema, esclarece o TST que se a procuração foi outorgada com poderes específicos para que o advogado ajuíze reclamação trabalhista, então essa procuração não autoriza a propositura de ação rescisória ou de mandado de segurança (OJ 151, da SDI-2, do TST). 8

E convém recordar que o Tribunal Superior do Trabalho já pacificou o entendimento no sentido de que a irregularidade de representação processual não pode ser sanada na fase recursal, pois o artigo 13 do CPC só se aplica na instância originária (TST, Súmula 383, item II). Logo, se o advogado, nos termos mencionados no parágrafo anterior, propôs ação rescisória ou impetrou mandado de segurança valendo-se de procuração que o autorizava apenas a propor reclamação trabalhista, e isso só foi verificado na fase recursal, o defeito de representação não poderá mais ser sanado (OJ 151, da SDI-2, do TST, parte final). Quando se trata de advogado constituído por pessoa jurídica para atuar em juízo, entende o Tribunal Superior do Trabalho que a validade do instrumento do mandato outorgado ao causídico não depende da exibição dos estatutos da empresa, uma vez que o artigo 12, inciso VI, do CPC, não determina tal exibição (OJ 255, da SDI-1, do TST). Por outro lado, é indispensável que nessa procuração outorgada por pessoa jurídica haja identificação tanto da própria pessoa jurídica quanto de seu representante, uma vez que não se reveste de validade o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica em que não haja a sua identificação e a de seu representante legal, equivalendo à inexistência de poderes nos autos, conforme artigo 654, 1.º, do Código Civil (OJ 373, da SDI-1, do TST). A procuração pode ser outorgada com limitação temporal, que tanto poderá ser referente à sua validade quanto ao prazo para sua juntada aos autos. Assim, entende o TST que é válido o instrumento de mandato com prazo determinado que contém cláusula estabelecendo a prevalência dos poderes para atuar até o final da demanda (Súmula 395, item I, do TST). Nessa hipótese, embora ultrapassada a data prevista para o término do mandato, este continuará válido até o final da demanda, se nele houver essa previsão. Da mesma forma, se na procuração houver previsão expressa, fixando termo para sua juntada, o instrumento de mandato só terá validade para a atuação processual do advogado se for anexado ao processo dentro do aludido prazo (Súmula 395, item II, do TST). Estabelece o artigo 10, 2., do Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94), que o advogado inscrito em um Conselho Seccional deverá requerer sua inscrição complementar nos Conselhos Seccionais em cujos territórios passar a atuar em mais de cinco causas por ano. Para que pudesse ser feito tal con- 9

trole, o antigo Estatuto da Advocacia (Lei 4.215/63, artigo 56, 2. ) exigia que quando houvesse essa atuação em outro território fosse feita a comunicação ao Conselho Seccional respectivo. No entanto, a falta de comunicação do advogado à OAB para o exercício profissional em seção diversa daquela na qual tem inscrição (ou a atuação em mais de cinco causas por ano) não importa nulidade dos atos praticados, constituindo apenas infração disciplinar, que só pode ser analisada pela própria Ordem dos Advogados do Brasil (OJ 7, da SDI-1, do TST). Por último, veja-se que a representação processual pode ser regularizada em virtude da existência de mandato tácito, configurando-se a ocorrência deste pelo simples fato de constar da ata de audiência que a parte está acompanhada de seu advogado (que será nominalmente indicado, obviamente). A ideia básica é que, se a parte estava presente quando foi indicado que aquele era o seu advogado, e contra isso não se insurgiu, então é porque concordou tacitamente com a outorga de poderes. Essa possibilidade de mandato tácito está expressamente prevista na OJ 200, da SDI-1. Substabelecimento O advogado, em regra, pode substabelecer para outro os poderes que recebeu do cliente. No entanto, esse substabelecimento não será válido quando se tratar de advogado investido de mandato tácito (OJ 200, da SDI-1). O substabelecimento será válido ainda que não esteja datado, pois a ausência da data da outorga de poderes não caracteriza irregularidade de representação, uma vez que, no mandato judicial, ao contrário do mandato civil, a data não é condição de validade do negócio jurídico. Em tal situação, a data a ser considerada é aquela em que o instrumento for juntado aos autos, conforme preceitua o art. 370, IV, do CPC, sendo inaplicável o artigo 654, 1.º, do Código Civil (OJ 371, da SDI-1, do TST). No entanto, se o substabelecimento foi datado, haverá irregularidade de representação se essa data for anterior à da outorga dos poderes ao que substabeleceu (Súmula 395, item IV, do TST). Assim, suponha-se que o advogado A recebeu do cliente procuração datada de 10 de setembro de 2010, autorizando-o a atuar em juízo. Posteriormente, esse advogado substabelece em favor do advogado B os poderes recebidos, sendo que o substabelecimento exibe a data de 3 de setembro de 2010. Nesse caso, 10

o substabelecimento não terá validade pois, no dia em que foi feito, o advogado A ainda não tinha recebido poder algum do cliente, e por isso não poderia transferir o poder que não tinha. Por último, destaque-se que são válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer (Súmula 395, item III, do TST). Na realidade, nos termos do artigo 667 do Código Civil, três situações distintas podem ocorrer: o mandato nada dizia sobre a possibilidade de substabelecimento; o mandato expressamente autorizava o substabelecimento; o mandato expressamente proibia o substabelecimento. Nas duas primeiras hipóteses acima mencionadas, ou seja, quando o mandato nada prevê sobre o substabelecimento ou quando o autoriza expressamente, serão sempre válidos os atos praticados pelo substabelecido (e obrigarão o mandante original). Ressalte-se, apenas, que em uma e em outra hipótese haverá variação na responsabilidade do mandatário que substabeleceu, conforme preveem o caput e o 1., do artigo 667 do Código Civil, mas deixamos de aprofundar o exame do tema por se tratar de matéria afeita ao Direito Civil. Os atos do substabelecido apenas não serão válidos (não obrigarão o mandante) quando o mandato contiver proibição expressa quanto ao substabelecimento, pois nesse caso qualquer pessoa que tratar com o substabelecido estará em condições de averiguar que o mesmo não está autorizado a agir em nome do mandante originário. Recursos em espécie Recurso de revista Recordemos uns poucos aspectos, cujo conhecimento será necessário para que melhor possam ser compreendidas as Súmulas e Orientações Jurisprudenciais que logo em seguida serão examinadas. Conforme estabelece o artigo 896 da CLT, o recurso de revista é cabível contra acórdão regional em recurso ordinário que apresentar: divergência na interpretação de lei federal; 11

divergência na interpretação de lei estadual, norma coletiva ou regulamento de empresa, quando tais normas estiverem sujeitas à apreciação por mais de um TRT; violação de lei federal ou da Constituição Federal. E excepcionalmente poderá ser admitido o recurso de revista contra acórdão regional proferido em agravo de petição, se houver violação direta da Constituição Federal. O primeiro juízo de admissibilidade é exercido, na origem, pelo presidente do Tribunal Regional do Trabalho que proferiu a decisão contra a qual está sendo interposto o recurso de revista. Além disso, é importante recordar que a matéria a ser levada ao conhecimento do Tribunal Superior do Trabalho tem que ter sido prequestionada, ou seja, tem que ter sido, necessariamente, examinada pelo Tribunal Regional do Trabalho. Recordemos, também, que os recursos, quanto ao seu tipo, podem ser classificados como comuns (ou ordinários) ou especiais (ou extraordinários). Os do primeiro tipo são aqueles em que, para que seja cabível o recurso, é suficiente que haja o inconformismo da parte recorrente; os recursos especiais, por sua vez, além desse inconformismo, exigem o atendimento a mais alguma exigência. O recurso de revista, obviamente, é desse segundo tipo, e exige que, além do inconformismo da parte recorrente, seja demonstrado o enquadramento em uma das três alíneas do artigo 896, da CLT, acima comentadas. Como se sabe, nos recursos do tipo especial, como é o caso da revista, discutem-se teses jurídicas, sem que possam ser reexaminados os fatos e as provas. Por essa razão, já sumulou o Tribunal Superior do Trabalho no sentido de que é incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, b, da CLT) para reexame de fatos e provas (TST, Súmula 126). Como já mencionado, o recurso de revista é cabível contra a decisão proferida em recurso ordinário que se enquadra em alguma das três alíneas do artigo 896, da CLT (excepcionalmente, contra decisão proferida em agravo de petição, como veremos logo em seguida). Logo, se a interposição é contra a decisão em recurso ordinário, então é incabível recurso de revista interposto de acórdão regional prolatado em agravo de instrumento (TST, Súmula 218). Conforme prevê o artigo 896, parágrafo 2.º, da CLT, também se mostra cabível o recurso de revista contra a decisão proferida em execução de sen- 12

tença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, mas exclusivamente na hipótese de ter havido ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal. Por essa razão, já pacificou o TST, na Súmula 266, que a admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão proferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende de demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal. No caso de pessoa jurídica de direito público, se esta for condenada na primeira instância e não interpuser recurso ordinário voluntário, não será cabível o recurso de revista, ainda que o processo tenha sido remetido ao tribunal regional em virtude do recurso ordinário de ofício. Nesse sentido, esclarece a OJ 334, da SDI-1, do TST, que é incabível recurso de revista de ente público que não interpôs recurso ordinário voluntário da decisão de primeira instância, ressalvada a hipótese de ter sido agravada, na segunda instância, a condenação imposta. É possível que a parte interponha o recurso de revista alegando o enquadramento do acórdão regional, proferido no recurso ordinário, em mais de uma das alíneas do artigo 896. Nesse caso, se o presidente do TRT, ao exercer o primeiro juízo de admissibilidade, entender que o recurso de revista é cabível apenas quanto à parte das matérias veiculadas, isso não impedirá que o TST aprecie integralmente as questões tratadas na revista, motivo pelo qual se mostra descabido o agravo de instrumento. Nesse sentido, aponta a Súmula 285, do TST, que o fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível apenas quanto à parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela turma do Tribunal Superior do Trabalho, sendo imprópria a interposição de agravo de instrumento. Esclarece a OJ 152, da SDI-2, do TST, como já vimos anteriormente, que a interposição de recurso de revista de decisão definitiva de Tribunal Regional do Trabalho em ação rescisória ou em mandado de segurança, com fundamento em violação legal e divergência jurisprudencial e remissão expressa ao art. 896 da CLT, configura erro grosseiro, insuscetível de autorizar o seu recebimento como recurso ordinário, em face do disposto no art. 895, b, da CLT. Se a decisão da turma do TST, proferida no exame do recurso de revista, deixar de examinar alguma das matérias tratadas, a parte interessada, necessariamente, deverá interpor os embargos declaratórios, pois ocorre preclu- 13

são se não forem opostos esses embargos para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos (Súmula 184, do TST). Divergência jurisprudencial A divergência jurisprudencial que dá ensejo ao recurso de revista deve ser atual, pois não se admite o recurso mencionado quando a divergência decorre do confronto entre a decisão atual e a decisão que já foi superada por iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. Considera-se que a divergência foi superada quando já existe súmula ou orientação jurisprudencial sobre a matéria (TST, Súmula 333). Assim, por exemplo, suponha-se que o tribunal regional decidiu que o suplente da CIPA, representante dos empregados, tem direito à estabilidade desde o registro da candidatura até um ano após o término do mandato, se tiver sido eleito. É possível encontrar decisões do próprio TST, proferidas até o ano de 1992, que são divergentes dessa posição mencionada, ou seja, que entendiam que esse suplente não era detentor da estabilidade nos moldes mencionados. No entanto, essas antigas decisões do TST não servem para fundamentar a divergência jurisprudencial, uma vez que foram superadas pela edição da Súmula 339, do TST. Além disso, só permite a interposição do recurso de revista a divergência entre decisões proferidas por tribunais distintos. Com efeito, assinala a OJ 111, da SDI-1, do TST, que não é servível ao conhecimento de recurso de revista aresto oriundo de mesmo Tribunal Regional do Trabalho, por seu pleno ou turma, salvo se o recurso houver sido interposto antes da vigência da Lei 9.756/98. Essa posição do TST pode ser facilmente compreendida quando se observa que os tribunais regionais devem proceder, obrigatoriamente, à uniformização de sua jurisprudência, conforme determina o artigo 896, 3.º, da CLT, cuja redação foi fixada precisamente pela lei 9.756/98. Logo, quando existem decisões distintas, conflitantes entre si, proferidas pelo mesmo tribunal regional, o que se supõe é que houve mudança de entendimento, e que a posição da corte regional é representada pelo acórdão mais recente. A divergência pode ser obtida da comparação entre a decisão regional e a orientação jurisprudencial do TST. Com efeito, aponta a OJ 219, da SDI-1, do TST, que é válida, para efeito de conhecimento do recurso de revista ou 14

de embargos, a invocação de Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, desde que, das razões recursais, conste o seu número ou conteúdo. No entanto, convém recordar que nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, não se admite recurso de revista por contrariedade à Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho (Livro II, Título II, Capítulo III, do RITST), por ausência de previsão no art. 896, 6.º, da CLT (OJ 352, da SDI-1, do TST). Com efeito, e apenas a título de recordação, mencione-se que o artigo 896, parágrafo 6.º, da CLT, limita o recurso de revista, nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, às hipóteses de contrariedade à súmula do TST e de violação direta e literal da Constituição Federal. Essa divergência jurisprudencial, de modo a dar esteio ao recurso de revista, obviamente terá que ser demonstrada. Assim, conforme estabelece o item I, da Súmula 337, do TST, para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário que o recorrente: junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso. Dito de modo mais claro, não basta que a parte recorrente simplesmente junte aos autos os acórdãos capazes de demonstrar a divergência e fique esperando que o próprio TST vá buscar e localizar tal divergência. Acertadamente, aponta o TST que a parte deve indicar com precisão essa divergência, inclusive transcrevendo o trecho que a demonstra. Por outro lado, quanto à exigência de que a cópia seja extraída do diário oficial ou de repositório autorizado, deve-se observar que a concessão de registro de publicação como repositório autorizado de jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores (item II, da Súmula 337, do TST). Além disso, deve-se observar que a Súmula 337 do TST é inaplicável a recurso de revista interposto anteriormente à sua vigência (OJ 3, da SDI-1, Transitória). Nos termos do item I, da Súmula 296, do TST, a divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso de revista há de ser específica, revelando a existência de teses 15

diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora os fatos que a ensejaram sejam idênticos. Ou seja, os fatos devem ser idênticos, revelando que a divergência foi precisamente na interpretação e aplicação da norma legal. Além da divergência ser específica, caso a decisão regional tenha resolvido determinado item do pedido por diversos fundamentos, a jurisprudência transcrita pelo recorrente deverá abranger todos, sob pena de não ser conhecido o recurso de revista. Nesse sentido é a Súmula 23, do TST. Mas é claro que não se mostra necessário que todos os fundamentos estejam abordados em uma única jurisprudência transcrita, podendo resultar essa abordagem geral de diversos arestos transcritos pelo recorrente. Quando se tratar de recurso de revista fundado tão somente em divergência jurisprudencial na interpretação de lei estadual, norma coletiva ou regulamento de empresa, o recurso não será admitido se a parte não comprovar que a norma interpretada extrapola o âmbito do TRT prolator da decisão recorrida (OJ 147, da SDI-1, do TST, item I). E se contra a decisão proferida na revista a parte pretender interpor recurso de embargos, alegando que a turma não poderia ter conhecido a revista, por ser a lei estadual, norma coletiva ou norma regulamentar de âmbito restrito ao regional prolator da decisão, é imprescindível que a parte embargante aponte especificamente a afronta ao artigo 896, da CLT, para que possa ser conhecido o recurso de embargos (OJ 147, da SDI-1, do TST, item II). Violação de lei A primeira das hipóteses previstas na alínea c, do artigo 896, da CLT, para a admissibilidade do recurso de revista, é quando a decisão proferida em grau de recurso ordinário tiver violado literal disposição de lei federal. Sobre esse assunto, esclarece a Súmula 221, do TST, que: I - A admissibilidade do recurso de revista e de embargos por violação tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado; II - Interpretação razoável de preceito de lei, ainda que não seja a melhor, não dá ensejo à admissibilidade ou ao conhecimento de recurso de revista ou de embargos com base, respectivamente, na alínea c do art. 896 e na alínea b do art. 894 da CLT. A violação há de estar ligada à literalidade do preceito. Se a parte recorrente apontar, no recurso de revista ou no recurso de embargos, a preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, o 16

recurso só será conhecido se for indicada expressa e especificamente a violação do artigo 832, da CLT, do artigo 458, do CPC, ou do artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Nesse sentido é a Orientação Jurisprudencial 115, da SDI-1, do Tribunal Superior do Trabalho. Como acabamos de examinar, é necessário que a parte recorrente indique de modo expresso o dispositivo de lei ou da CF tido como violado. No entanto, ressalte-se que a invocação expressa, quer na revista, quer nos embargos, dos preceitos legais ou constitucionais tidos como violados não significa exigir da parte a utilização das expressões contrariar, ferir, violar etc. Nesse sentido é a OJ 257, da SDI-1, do TST. Dito de modo mais claro, não há uma fórmula sacramental para que seja demonstrada a violação. Suponha-se que a turma, no TST, não conheceu o recurso de revista por entender que não foram atendidos os pressupostos intrínsecos, sendo que a parte recorrente pretende discutir esse atendimento aos pressupostos perante a SDI. Nesse caso, para que seja viável a admissibilidade e o conhecimento de embargos, interpostos contra essa decisão que não conheceu o recurso de revista pela análise dos pressupostos intrínsecos, será necessário que a parte embargante aponte expressamente a violação ao artigo 896 da CLT (OJ 294, da SDI-1, do TST). Situação que se vinha tornando bastante comum, nos últimos tempos, era a da administração pública que contratava sem concurso e, apesar disso, o TRT reconhecia a produção plena de efeitos do contrato de trabalho nulo, com a interposição de recurso de revista pela administração pública, para o TST. Nesse caso, a nulidade da contratação sem concurso público, após a CF/88, bem como a limitação de seus efeitos, somente poderá ser declarada por ofensa ao art. 37, II, se invocado concomitantemente o seu 2.º, ambos da CF (OJ 335, da SDI-1, do TST). Prequestionamento O TST só conhece, em recurso de revista, de matéria que tenha sido prequestionada, entendendo-se como tal aquela que tenha sido examinada pelo TRT. Se a tese jurídica não foi examinada pelo TRT, ou seja, se a corte regional não se pronunciou sobre a mesma, não será possível o exame pelo Tribunal Superior do Trabalho. Por outro lado, diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito (item I, da Súmula 297, do TST). 17

Além disso, se o Tribunal Regional do Trabalho não se pronunciou sobre o tema, apesar de a matéria ter sido invocada no recurso ordinário, incumbe à parte interessada opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre a mesma, sob pena de preclusão (TST, Súmula 297, item II). Por outro lado, considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração (TST, Súmula 297, item III). Agravo de petição Como esclarece a Súmula 416, do TST, o agravo de petição deve delimitar justificadamente a matéria e os valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo. Na realidade, a própria CLT, no artigo 897, 1.º, determina expressamente que o agravante delimite, de modo justificado, a matéria e os valores impugnados (sob pena de nem ser recebido o agravo de petição), permitindo-se a execução da parte restante, isto é, daquilo que não foi específica e fundamentadamente impugnado, até o final, ou seja, até que haja o efetivo pagamento do credor. Agravo de instrumento O agravo de instrumento, conforme estabelece o artigo 897, da CLT, é cabível contra o despacho que denega a interposição de recurso. É importante ressaltar que, nos termos do parágrafo 5.º, desse artigo 897, existem documentos que deverão ser juntados obrigatoriamente na formação do instrumento, de modo a possibilitar, se provido o agravo de instrumento, o imediato julgamento do recurso denegado. Conforme o inciso I, desse parágrafo 5.º, é obrigatória a juntada das cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária, da comprovação do depósito recursal e do recolhimento das custas. Além disso, poderá o agravante juntar, na formação do instrumento, facultativamente, as peças que entender úteis para o deslinde da matéria de mérito controvertida (CLT, artigo 897, parágrafo 5º, inciso II). 18

Como se percebe, o agravo de instrumento é interposto na hipótese de ter sido trancado o recurso. Logo, o mesmo não terá cabimento se foi permitido o prosseguimento do recurso para o tribunal da instância superior. Nesse sentido, estabelece a Súmula 285, do TST, que o fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível apenas quanto à parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela turma do Tribunal Superior do Trabalho, sendo imprópria a interposição de agravo de instrumento. Esclarece a Súmula 288, do Supremo Tribunal Federal, que deve ser negado provimento a agravo que busca destrancar recurso extraordinário, quando faltar no traslado o despacho agravado, a decisão recorrida, a petição de recurso extraordinário ou qualquer peça essencial à compreensão da controvérsia. Por sua vez, a Súmula 639, também do STF, esclarece que deve ser aplicada a Súmula 288 quando não constarem do traslado do agravo de instrumento as cópias das peças necessárias à verificação da tempestividade do recurso extraordinário não admitido pela decisão agravada. Na realidade, essas duas Súmulas do Supremo Tribunal Federal, a 288 e a 639, devem ser aplicadas a qualquer caso de agravo de instrumento que tenha sido interposto contra despacho que negou a subida de recurso, e não apenas àquele que busca destrancar recurso extraordinário. Mas é importante observar que o instrumento deve ser formado pelas peças essenciais, não sendo necessário que todas elas tenham sido juntadas unicamente pelo agravante, ou seja, devem também ser consideradas aquelas juntadas pelo agravado. Nesse sentido, estabelece a OJ 283, da SDI-1, do TST, que é válido o traslado de peças essenciais efetuado pelo agravado, pois a regular formação do agravo incumbe às partes e não somente ao agravante. Essas cópias juntadas para a formação do instrumento devem ser autenticadas, devendo-se observar que não sendo a parte beneficiária da assistência judiciária gratuita, inexiste direito líquido e certo à autenticação, pelas Secretarias dos Tribunais, de peças extraídas do processo principal, para formação do agravo de instrumento (OJ 91, da SDI-2, do TST). De qualquer modo, convém recordar que o documento oferecido em cópia pode ser declarado autêntico pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal, conforme prevê o artigo 830, da CLT. 19

São diversos os pressupostos que, não atendidos, podem obstaculizar a subida do recurso. Se o primeiro juízo de admissibilidade negou seguimento ao recurso pela falta de atendimento de um deles, isso não impede que o Tribunal ad quem, ao exercer o segundo juízo de admissibilidade, examinando os demais pressupostos, resolva não conhecer do recurso, ainda que tenha afastado aquele obstáculo apontado pela instância inferior. Nesse sentido, ao tratar da hipótese em que foi interposto o agravo de instrumento contra o despacho que trancou recurso de revista, estabelece a OJ 282, da SDI-1, do TST, que no julgamento de agravo de instrumento, ao afastar o óbice apontado pelo TRT para o processamento do recurso de revista, pode o juízo ad quem prosseguir no exame dos demais pressupostos extrínsecos e intrínsecos do recurso de revista, ainda que não apreciados pelo TRT. Recorde-se que o exame de admissibilidade feito pelo juízo a quo não vincula o juízo ad quem, que poderá entender de modo diferente. E é por essa razão que, no meu entender, não faz o menor sentido a OJ 217, da SDI-1, do TST, segundo a qual para a formação do agravo de instrumento, não é necessária a juntada de comprovantes de recolhimento de custas e de depósito recursal relativamente ao recurso ordinário, se a controvérsia no recurso de revista não diz respeito à validade daqueles recolhimentos. Ora, ainda que a controvérsia não diga respeito às custas ou ao depósito recursal, a falta de tais comprovantes simplesmente impede que a turma, no TST, possa prosseguir no exame dos demais pressupostos, nos termos mencionados pela OJ 282, SDI-1. E a isso ainda se pode acrescentar que o texto da lei é expresso, ao exigir que sejam juntadas as cópias dos mencionados documentos. Quanto à regularidade da representação, a mesma deve ser observada nos dois autos, ou seja, nos do agravo de instrumento e nos principais. Aponta a SDI-1, do TST, em sua OJ 110, que a existência de instrumento de mandato nos autos de agravo de instrumento, ainda que em apenso, não legitima a atuação de advogado nos autos de que se originou o agravo. E parece-nos que a recíproca, da mesma forma, é verdadeira, ou seja, a existência de instrumento de mandato nos autos principais não legitima a atuação de advogado nos autos de agravo de instrumento, ainda que em apenso. E precisamente por ser assim foi que a CLT determinou, como peça obrigatória, a juntada de cópias das procurações existentes nos autos principais. 20

Por outro lado, a juntada da ata de audiência em que está consignada a presença do advogado, desde que não estivesse atuando com mandato expresso, torna dispensável a procuração deste, porque demonstrada a existência de mandato tácito (item I, da OJ 286, da SDI-1), e uma vez configurada a existência de mandato tácito fica suprida a irregularidade detectada no mandato expresso (item II, da OJ 286, da SDI-1). O agravante, como já mencionado acima, precisa juntar, entre as peças obrigatórias, cópias da decisão agravada e da certidão da respectiva intimação. Esses documentos têm a finalidade de permitir o exame, pelo tribunal da instância superior, sobre a tempestividade do recurso. E é de se observar que a etiqueta adesiva na qual consta a expressão no prazo não se presta à aferição de tempestividade do recurso, pois sua finalidade é tão somente servir de controle processual interno do TRT e sequer contém a assinatura do funcionário responsável por sua elaboração (OJ 284, da SDI-1, do TST). Ainda no que se refere a essa demonstração da tempestividade do agravo de instrumento, quando o agravante providencia as cópias para o traslado, deve observar se o carimbo do protocolo que indica a data de interposição do recurso trancado está ou não legível. Sobre o tema, aponta a OJ 285, da SDI-1, do TST, que o carimbo do protocolo da petição recursal constitui elemento indispensável para aferição da tempestividade do apelo, motivo pelo qual deverá estar legível, pois um dado ilegível é o mesmo que a inexistência do mesmo. No entanto, quando se trata de agravo de instrumento interposto pelo Ministério Público, é desnecessário o traslado da certidão de publicação do despacho agravado, bastando a juntada da cópia da intimação pessoal na qual conste a respectiva data de recebimento (LC 75/93, art. 84, IV). Nesse sentido é a OJ transitória 20, da SDI-1, do TST. O agravo de instrumento, seguindo a regra geral dos recursos no processo do trabalho, tem efeito apenas devolutivo, e não suspensivo. Logo, se o efeito é meramente devolutivo, é permitida a execução provisória. No entanto, é evidente que não é possível, na pendência desse agravo de instrumento, pretender que a execução seja definitiva, ainda que se trate de agravo de instrumento cujo objetivo seja o de destrancar recurso extraordinário dirigido ao Supremo Tribunal Federal. Nesse sentido, estabelece a OJ 56, da SDI-2, do TST, que não há direito líquido e certo à execução definitiva na pendência de recurso extraordinário, ou de agravo de instrumento visando a destrancá-lo. 21

Por último, veja-se que o agravo de instrumento não tem o efeito substitutivo, previsto no artigo 512, do CPC, em relação ao recurso que teve seu seguimento negado. Logo, não é possível que se pretenda rescindir o julgado proferido no agravo. Nesse sentido, e estabelece a Súmula 192, do TST, item IV, que é manifesta a impossibilidade jurídica do pedido de rescisão de julgado proferido em agravo de instrumento que, limitando-se a aferir o eventual desacerto do juízo negativo de admissibilidade do recurso de revista, não substitui o acórdão regional, na forma do artigo 512 do CPC. Embargos declaratórios Os embargos Declaratórios são cabíveis quando a sentença embargada apresenta omissão, contradição ou obscuridade. A interposição dos embargos, desde que feita no prazo previsto, interrompe o prazo para a interposição de qualquer outro recurso, para ambas as partes, conforme estabelece o artigo 538, do CPC. Observa-se, em primeiro lugar, que não tem mais validade a Súmula 213, do TST, que mencionava que os embargos de declaração suspendiam o prazo para os demais recursos (na verdade, a referida súmula foi cancelada). Em segundo lugar, destaque-se que a interposição dos embargos por uma das partes também faz com que o prazo do recurso principal seja interrompido em relação à outra, uma vez que o artigo 538, do CPC, é muito claro ao apontar que a interrupção se dá em relação a ambas as partes. Em regra, o prazo para a interposição dos embargos Declaratórios é de cinco dias. Aplica-se, contudo, a regra que estabelece o privilégio processual da Fazenda Pública, que tem prazo em dobro para recorrer. Nesse sentido, a OJ 192, da SDI-1, do TST, esclarece que é em dobro o prazo para interposição de embargos de declaração por pessoa jurídica de direito público. Quando os embargos de declaração forem manifestamente protelatórios, o juiz ou tribunal, declarando tal circunstância, poderá aplicar multa de 1% sobre o valor da causa, sendo elevado esse percentual para 10% no caso de reiteração de embargos protelatórios, tudo isso conforme estabelece o artigo 538, parágrafo único, do CPC. No entanto, o STJ editou a Súmula 98, segundo a qual os embargos declaratórios manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. 22

Contudo, é de bom alvitre que se esclareça que o prequestionamento se dá para que se possa recorrer até a instância extraordinária. Assim, por exemplo, há a necessidade de prequestionamento quando o acórdão regional não enfrentou determinada tese jurídica que o recorrente pretende levar até o TST, em recurso de revista (ou seja, na instância extraordinária). No entanto, não é cabível esse prequestionamento na hipótese do juiz do trabalho ter decidido sobre o pedido, embora não tenha enfrentado algum dos fundamentos apresentados pela parte, pois o recurso ordinário devolverá ao Tribunal Regional do Trabalho o exame de todos os fundamentos suscitados, conforme prevê o artigo 515, do CPC. Se o tribunal (ou a turma) deixar de examinar algum dos pedidos formulados por qualquer das partes, o interessado deverá interpor embargos declaratórios, para suprir a omissão, sob pena de preclusão. Nesse sentido, estabelece a Súmula 184, do TST, que ocorre preclusão se não forem opostos embargos de declaração para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos. Durante muito tempo se entendeu que os embargos declaratórios atacavam apenas as falhas da decisão embargada, e não a parte adversa, e por essa razão não haveria a necessidade de manifestação dessa outra parte. Acontece que a natureza da omissão suprimida pelo julgamento de embargos declaratórios pode ocasionar modificação no julgado (Súmula 278, do TST). E é precisamente em virtude dessa possibilidade de que os embargos tenham efeito modificativo que a OJ 142, da SDI-1, estabelece ser passível de nulidade a decisão que acolhe embargos declaratórios com efeito modificativo sem que tenha sido aberta oportunidade para que a parte contrária se manifestasse. É acertada essa posição concretizada na OJ 142, pois a alteração do julgado sem que a parte adversa seja ouvida viola de modo claro e inaceitável o princípio do contraditório. Suponha-se, por exemplo, que a decisão tenha julgado totalmente procedentes os pedidos formulados na peça inicial, mas não tenha se manifestado sobre a prejudicial de prescrição suscitada pela reclamada em sua defesa. Ao examinar os embargos de declaração interpostos pela reclamada, apontando a omissão quanto à falta de exame da prescrição arguida, é possível que a decisão proferida nos embargos modifique por completo a 23