2 Modelo Clássico de Cramér-Lundberg



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Transcrição:

2 Modelo Clássico de Cramér-Lundberg 2.1 Conceitos fundamentais Nesta sessão introduziremos alguns conceitos fundamentais que serão utilizados na descrição do modelo de ruína. A lei de probabilidade que rege um determinado experimento aleatório pode mudar ao longo do tempo. Assim faz sentido considerar, em cada instante de tempo, uma variável alatória que associará ao mesmo acontecimento, em instantes distintos, probabilidades (possivelmente) distintas. Esta sucessão de variáveis aleatórias designa-se por processo estocástico. Formalmente, poderemos representar um processo estocástico como { : t T }, onde T é o conjunto de índices do processo e t é o parâmetro do processo. Quanto a natureza das medições temporais, os processos estocásticos podem ser classificados como processo estocástico em tempo discreto no caso de T {0, 1, 2,...}, ou como processo estocástico em tempo contínuo no caso T [0, + ). Considerando os valores t 1 < t 2 < < t n+1 como possíveis para t, podemos definir o incremento do processo como a variável aleatória N(t k+1 ) N(t k ), k 1, 2,, n. Dizemos que o processo tem incrementos independentes se, para t 1 < t 2 < < t n+1, as variáveis aleatórias N(t 2 ) N(t 1 ),, N(t n+1 ) N(t n ) são independentes. Além disso o processo tem incrementos estacionários se, para quaisquer t i < t k e para todo h R, h > 0, a variável aleatória N(t k ) N(t i ) tiver a mesma distribuição da variável aleatória N(t k + h) N(t i + h). Estas duas definições são importantes se quisermos descrever um processo de Poisson, como veremos mais à frente. Quando representa o número de ocorrências de um fenômeno aleatório no intervalo (0, t] diz-se que, t 0 é um processo de contagem. Um caso particular de um processo de contagem é o processo de Poisson com

Ruína e Resseguro: modelos contínuos e suas aproximações 15 taxa λ > 0 para todo t > 0, onde 1. N(0) 0; 2., t 0 tem incrementos independentes e estacionários; 3. h 0 +, P(N(h) 1) λh + O(h); 4. h 0 +, P(N(h) 2) O(h). O model 1 o que descreveremos está relacionado com o montante e o número de indenizações a que um conjunto de apólices dá origem. Por isso, vamos introduzir um outro conceito que é o processo estocástico composto, identificado pela letra S. Se tivermos um processo de contagem, t 0, uma família de variáveis aleatórias X i, i 0, 1, 2, independentes entre si e identicamente distribuídas (i.i.d.) que são independentes de, e S(t), t 0 definido como S(t) X i, onde X 0 0, então S(t), t 0 é um processo estocástico composto. No caso de {, t 0} ser um processo de Poisson, então {S(t), t 0}, descreverá o que chamanos de um processo de Poisson composto. i0 2.2 Descrição do Modelo Clássico de Cramér-Lundberg No modelo clássico de risco coletivo, a variável aleatória representa o número de indenizações ocorridas no intervalo (0, t] e segue um processo de Poisson homogêneo com taxa λ > 0. Em relação as indenizações individuais, é considerado que {X i } é uma sequência de variáveis aleatórias em que cada uma das variáveis X i diz respeito ao valor da i-ésima indenização associada a um sinistro ocorrido no intervalo (0, t]. Além disso é admitido que as indenizações individuais são independentes entre si e identicamente distribuídas e independentes de Então, o modelo clássico de risco coletivo é um processo estocástico definido da seguinte forma: U(t) u + ct S(t), t 0, (2-1) onde U(t) é a reserva de uma seguradora até o instante t e S(t) X i representa as indenizações agregadas no intervalo (0, t]. Nesse processo é 1 i1

Ruína e Resseguro: modelos contínuos e suas aproximações 16 suposto que U(0) u, onde u representa a reserva inicial, e os prêmios (prestações pagas pelos segurados para a contratação de seguro) são recebidos a uma taxa constante c por unidade de tempo. No estudo de qualquer modelo de risco, é sempre importante conhecer a distribuição das indenizações individuais. Vamos considerar P(x) P(X i x) a função distribuição das indenizações individuais X i, com P(0) 0, p(x) a respectiva função densidade, e m Xi (r) E[e rx i ] a função geradora de momentos, caso exista. Vamos admitir a existência da média e denotá-la por p 1 E[X]. Na figura 2.1 temos um exemplo de uma trajetória de um processo de reserva de risco de uma seguradora conforme o modelo de risco coletivo, para o caso em que u 10, c 1.3, λ 1 e as indenizações tem distribuição exponencial com p 1 1. É possível observar que o processo de reserva atinge valores negativos em 5.63 e no intervalo (5.68, 7.56), ou seja a seguradora esteve com reservas insuficiente para pagar as indenizações. U(t) 0 5 10 15 20 0 2 4 6 8 10 Tempos t Figura 2.1: Exemplo de uma trajetória, obtida por simulação, de um processo de reserva U(t), onde X i Exp(1), λ 1, c 1.3 e u 10. Vale ressaltar que o modelo de risco coletivo só leva em consideração as indenizações pagas e os prêmios recebidos que geram a reserva da seguradora, desconsiderando as despesas com contratos de seguro, as taxas administrativas, os rendimentos de investimentos e as taxas de juros.

Ruína e Resseguro: modelos contínuos e suas aproximações 17 Como o número de indenizações {N t } t é processo de Poisson homogêneo, então com base nos conceitos apresentados na sessão 2.1, podemos concluir que o processo de indenizações agregadas S(t) X i é um processo de Poisson composto que possui a seguinte distribuição: i1 F s (x) P(S(t) x) F n (x) e λt (λt) n n! onde F n (x) P( n X i x) é a n-ésima convolução de F X (x). i1 Para mostrar esse fato, observe que pela definição, temos que: ( n ) F s (x) P(S(t) x) P X i x i1 P[ n]p ( X 1 + X 2 + X 3 +... + X x n ) P [ n] P [X 1 + X 2 + X 3 +... + X n x] A esperança e a variância de S(t) são dadas respectivamente por E [S(T)] λte [X] e V [S(t)] λte [ X 2] Para verificar esse fato, tem-se que: E [S(t)] E [ E [ ] ] X 1 + X 2 + X 3 +... + X n E [ X 1 + X 2 + X 3 +... + X n ] P [ n] E [X 1 + X 2 + X 3 +... + X n ] P [ n] [ n ] E X i P [ n] i1 e λt (λt) n F n (x) n! ne [X] P [ n] E [X] np [ n] E [X] E [] λte [X].

Ruína e Resseguro: modelos contínuos e suas aproximações 18 e V ar [S(t)] E [ S(t) 2] E [S(t)] 2 2 E (E [X] E []) 2 i1 X i E E i1 X i 2 n (E [X] E []) 2 [ n ] 2 E X i P [ n] (E [X] E []) 2 i1 [ n ] ( [ n ]) 2 V ar X i + E X i P [ n] (E [X] E []) 2 i1 i1 [ nv ar[x] + n 2 (E [X]) 2] P [ n] (E[X]E[]) 2 nv ar[x]p[ n] + n 2 (E[X]) 2 ]P[ n] (E[X]E[]) 2 V ar[x]e[] + (E[X]) 2 E[ 2 ] (E[X]) 2 (E[]) 2 V ar[x]e [] + (E[X]) 2 V ar [] λtv ar[x] + (E[X]) 2 λt λt [ V ar[x] + (E[X]) 2] λte[x 2 ] Se S(t) é um processo de Poisson composto homogêneo, então sua função geradora de momentos é dada por: m S(t) (r) e λt(m X(r) 1).

Ruína e Resseguro: modelos contínuos e suas aproximações 19 Para verificar isso, tem-se que: m S(t) (r) E [ e rs(t)] E E [e r [ e r n i1 X i i1 X i ] P [ n] ] n P [ n] E [ e rx 1+rX 2 +...+rx n ] P [ n] [ [ E e rx 1 ] [ E e rx 2 ] [...E e rx n ]] P [ n] [ n ] E X i P [ n] i1 [ i1 ] m Xi (r) P [ n] n (m X (r)) n [ n]. E [ (m X (r)) ] E [ e log m X(r) ] m (log m X (r)), Utilizando a função geradora de uma variável aleatória que segue um processo de Poisson, obtemos m S(t) (r) e λt(elog m X (r) 1) e λt(m X(r) 1). Com isso, é possível perceber que a função geradora de momentos de S(t) existe se a função geradora de momentos da variável aleatória X existe. Sabendo a esperança e a variância de S(t) podemos concluir que a variável aleatória U(t) que representa o nível de reserva de uma seguradora no tempo t tem esperança E[U(t)] E[u+tc S(t)] u+tc E[S(t)] u+ct λte[x] u+t (c λe[x]), e variância V ar[u(t)] V ar[u + tc S(t)] V ar[s(t)] λte[x 2 ]. Em relação ao prêmio, existem diversos métodos de cálculo encontrados na literatura. Nesta dissertação, vamos optar pelo princípio do valor esperado que tem como base o valor esperado das indenizações agregadas, E[S(t)]. De acordo com este princípio, o prêmio por unidade de tempo será c (1 + θ)e[s(t)], sendo θ > 0 o carregamento de segurança. A aplicação deste coeficiente deve-se, sobretudo, à necessidade de fazer face a desvios anormais de sinistralidade em relação ao seu valor esperado. Uma vez que S(t), t 0 é

Ruína e Resseguro: modelos contínuos e suas aproximações 20 um processo de Poisson composto, como demonstrado, temos E[S(t)] λp 1 e, por sua vez, c (1 + θ)λp 1. 2.3 Probabilidade de Ruína Uma seguradora entra em situação de ruína quando a quantidade de capital que a instituição tem como reserva é incapaz de pagar aos segurados os valores das indenizações, que foram resultantes de um evento indicado no seu portifólio de contratos. Neste caso a seguradora entra em ruína, mas não necessariamente em falência. Uma das estratégias que uma seguradora tem para se proteger da ruína é tentar reduzir o risco de reserva negativa fazendo um contrato de resseguro. Falaremos melhor sobre resseguro no capítulo 5. Neste trabalho a probabilidade de ruína é definida como a probabilidade da reserva de uma seguradora ficar negativa em algum instante de tempo, dado o capital inicial U(0) u, isto é, dizemos que a ruína de uma seguradora ocorre quando o processo descrito na equação (2-1), que modela o risco coletivo atinge valores negativos. Considere T inf{t > 0 e U(t) < 0} é a variável aleatória que representa o instante de ocorrência de ruína para cada U(0) u. Então a probabilidade da ruína eventual é definida na literatura da seguinte forma: ψ(u) P {T < U(0) u} P {U(t) < 0 para um determinado valor fixo t > 0 U(0) u} P(u + ct S(t) < 0 U(0) u) P(S(t) > u + ct U(0) u) P X i > u + ct U(0) u. (2-2) i1 A probabilidade complementar correspondente é denominada probabilidade de não ruína eventual ou probabilidade de sobrevivência, definida por: ψ(u) 1 ψ(u) P {T U(0) u} P {U(t) 0, t > 0 U(0) u} P(u + ct S(t) 0 U(0) u) P(S(t) u + ct U(0) u) P X i u + ct U(0) u. (2-3) i1 Sendo u o capital inicial para investimento, a probabilidade de ruína eventual de uma seguradora é alta quando os valores de u são baixos.

Ruína e Resseguro: modelos contínuos e suas aproximações 21 A figura 2.2 mostra a probabilidade de ruína quando as indenizações particulares tem distribuição exponencial com média 1, para λ 3 e c 1, para diferentes valores da reserva inicial. Probabilidade de Ruína Eventual ψ(u) 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0 2 4 6 8 10 u Figura 2.2: Probabilidade de ruína em função da reserva inicial u. Como, por hipótese, c > λp 1, então 0 ψ(u) < 1, caso contrário ψ(u) 1, ou seja, a probabilidade de ruína da seguradora é certa se o valor do prêmio for inferior ao valor de p 1 É importante notar que a probabilidade de sobrevivência, ψ(u), é uma função monotônica crescente em u e que lim ψ(u) 1, o que implica que u ψ(u) 0 (ver Seah, 1990 [12]). Além disso a probabilidade de ruína lim u eventual em função da reserva inicial u em tempo contínuo com horizonte de tempo finito é denotada por ψ(u, t), que em outras palavras é a probabilidade de ruína eventual anterior a um determinado t > 0. Temos também que lim t ψ(u, t) ψ(u), t > 0. Na prática para o modelo (2-1) a probabilidade de ruína ψ(u, t) em um intervalo de tempo específico (0, t] pode ser um indicador útil de segurança para o processo de reserva e pode ser aproximada por simulação. Entretanto, para ψ(u), é possível obter soluções analíticas.