A ESTRUTURA GRAMATICAL NA LIBRAS E SUAS ACEPÇÕES LINGUÍSTICAS

Documentos relacionados
Libras I EMENTA PROGRAMA Referências básicas: Referências complementares:

Componente Curricular: LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS PLANO DE CURSO

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

Nome da disciplina: LIBRAS

PROGRAMA DE DISCIPLINA

CURSO: Medicina INFORMAÇÕES BÁSICAS. Língua Brasileira de Sinais LIBRAS EMENTA

PROGRAMA DE DISCIPLINA

Aprovação do curso e Autorização da oferta. PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO FIC PRONATEC de LIBRAS INTERMEDIÁRIO. Parte 1 (solicitante)

CURSO: Medicina INFORMAÇÕES BÁSICAS. Língua Brasileira de Sinais II LIBRAS II

Ementa. FGV ONLINE l 1 SUMÁRIO

EMENTA OBJETIVOS. Geral:

PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA BLOCO I IDENTIFICAÇÃO. (não preencher) Libras II Quarta-feira Das 10h às 12h

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE DISCIPLINA. Língua Brasileira de Sinais - Libras CCINAT/SRN CIEN

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE EDUCAÇÃO EMENTA

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL FUNDAÇÃO UNIVERSADADE NÚCLEO DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA Centro de Educação do Planalto Norte CEPLAN P L A NO D E E N S I N O DISCIPLINA: LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Pró-Reitoria de Ensino de Graduação Departamento de Administração Escolar

Disciplina de LIBRAS. Professora: Edileuza de A. Cardoso

LIBRAS INTERMEDIÁRIO. Curso de Formação Continuada Eixo: Formação de Profissionais da Educação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

DADOS DO COMPONENTE CURRICULAR

PLANO DE DISCIPLINAS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

As línguas de sinais, usadas pelas comunidades surdas, são constituídas de elementos próprios

CADA PAÍS TEM UMA LÍNGUA DE SINAIS PRÓPRIA E A LIBRAS É A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Campus Londrina PLANO DE ENSINO LIBRAS 2 HU64N 2º

PLANO DE CURSO. Ano: 2017 Período de realização: Ago. a Out. Carga horária total: 60h PÚBLICO ALVO EMENTA

DAS CRÍTICAS E CONTRIBUIÕES LINGUÍSTICAS. Por Claudio Alves BENASSI

Prof. Neemias Gomes Santana UESB Graduação em Letras/Libras UFSC/UFBA Especialista em Tradução e Interpretação de Libras Mestrando em Tradução

Nome da disciplina: LIBRAS

LIBRAS BÁSICO. Curso de Formação Inicial Eixo: Formação de Profissionais da Educação

RESOLUÇÃO Nº. 227 DE 12 DE DEZEMBRO DE 2014

Plano de Ensino da Disciplina

CURRÍCULO DO CURSO. Resolução nº 09/2015/CGRAD, de 15/07/2015 Curso Reconhecido pela Portaria nº499 de 01/07/2015 e Publicada no D.O.U em 02/07/2015.

PÓS-GRADUAÇÃO EM LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS MODALIDADE EaD

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE MINAS GERAIS PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO

LETRAS LIBRAS BLOCO: II DISCIPLINA: DIDÁTICA CARGA HORÁRIA: 30H CRÉDITOS: 1.1.0

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA AERONÁUTICA FICHA DE DISCIPLINA

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Campus Londrina PLANO DE ENSINO CURSO ENGENHARIA AMBIENTAL MATRIZ 03

2. OBJETIVO GERAL 3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS. Ao final da disciplina, pretende-se levar o aluno a:

6LET062 LINGUAGEM E SEUS USOS A linguagem verbal como forma de circulação de conhecimentos. Normatividade e usos da linguagem.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FICHA DE COMPONENTE CURRICULAR

6LET062 LINGUAGEM E SEUS USOS A linguagem verbal como forma de circulação de conhecimentos. Normatividade e usos da linguagem.

NÍVEL DE INTERESSE NO APRENDIZADO EM LIBRAS NO CURSO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DO IFMA CAMPUS-ZD

Linguística e Língua Portuguesa 2016/01

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE MINAS GERAIS PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO

Universidade Federal do ABC Pró-Reitoria de Graduação

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE LETRAS. Renata Rodrigues de Oliveira Garcia -

Apresentação 11 Lista de abreviações 13. Parte I: NATUREZA, ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA LINGUAGEM

Planos de Ensino LIBRAS

1ª Série. 2LET020 LITERATURA BRASILEIRA I Estudo das produções literárias durante a época colonial: Quinhentismo, Barroco e Neoclassicismo.

Universidade Federal do ABC Pró-Reitoria de Graduação

Unidade 5: Práticas linguísticas

Curso Técnico Subsequente em Tradução e Interpretação de Libras Nome do Curso

Libras. Prof (a) Tutor (a) de Aprendizagem: Fernando Rafaeli

Fonoaudiologia: Surdez E Abordagem Bilíngüe Maria Cecilia Lima, Helenice Nakamura, Cristina B F De Lacerda

LIBRAS: UMA PROPOSTA BILINGUE PARA A INCLUSÃO EDUCACIONAL DOS SURDOS

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE LETRAS-PORTUGUÊS - IRATI (Currículo iniciado em 2015)

CURRÍCULO DO CURSO. Mínimo: 8 semestres. Prof. Me. Marcos Luchi

EMENTÁRIO E BIBLIOGRAFIA BÁSICA E COMPLEMENTAR DA MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE ENFERMAGEM DISCIPLINAS OPTATIVAS

FONOLOGIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS

A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DO GÊNERO BILHETE: UM CAMINHO DE APRENDIZAGEM PARA O ALUNO SURDO

Morfologia dos gestos

EMENTÁRIO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

PROJETO DE EXTENSÃO: FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE ESTUDANTES SURDOS

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO E PESQUISA RESOLUÇÃO N.º 3.588, DE 04 DE SETEMBRO DE 2007

Faculdade de Direito de Alta Floresta Disciplina: Ementa: Bibliografia Básica: Materiais de Construção.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO COLÉGIO DE APLICAÇÃO EMENTÁRIO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

ESTUDOS DE LÍNGUAS DE SINAIS UMA ENTREVISTA COM RONICE MÜLLER DE QUADROS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

DO RECURSO DIDÁTICO NÚMEROS SEMÂNTICOS E SUA APLICABILIDADE. Por Claudio Alves BENASSI

FORMULÁRIO FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA FIC CAMPUS RIACHO FUNDO PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA - FIC

PLANO DE ENSINO SEMESTRE: 2016_1

Licenciatura em Espanhol

SURDOS SINALIZANTES: ACESSO AO CURRÍCULO. Profª Mcs Gisele Maciel Monteiro Rangel Professora Libras IFRS Campus Alvorada Doutoranda PPGE/UFPEL

LIBRAS BÁSICO. Curso de Formação Inicial e Continuada Eixo: Formação de Profissionais da Educação. Palhoça, março de 2010.

Oficina para Comunicação Assistiva em Deficiência Auditiva

CURRÍCULO DO CURSO. Resolução nº 09/2015/CGRAD, de 15/07/2015 Curso Reconhecido pela Portaria nº499 de 01/07/2015 e Publicada no D.O.U em 02/07/2015.

LIBRAS: CONHECER A CULTURA SURDA

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ESTADO DE SANTA CATARINA Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC CENTRO DE EDUCAÇÃO DO PLANALTO NORTE - CEPLAN

Palavras chave: aluno surdo, prática inclusiva, e vocabulário.

CURRÍCULO DO CURSO. 1º período

Fluxograma do curso. 1º Semestre. Carga horária teórica (I) AACCs. Componente curricular. Carga horária prática (II) Carga horária total (I+II)

DESCRIÇÃO DO PROGRAMA

ANEXO VII DO CONTEÚDO PROGRAMADO DAS PROVAS OBJETIVAS

RESOLUÇÃO Nº. 11, DE 07 DE MARÇO DE 2017.

Secretaria Municipal de Educação

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

Disciplinas Optativas

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO: Carga Horária Semestral: 80 h Semestre do Curso: 8º

6LEM064 GRAMÁTICA DA LÍNGUA ESPANHOLA I Estudo de aspectos fonético-fonológicos e ortográficos e das estruturas morfossintáticas da língua espanhola.

EDITAL Nº 001 DE 07 DE JANEIRO DE 2019 PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO PARA PROFESSOR VOLUNTÁRIO

Letras Língua Portuguesa

Cadernos do CNLF, Vol. XVII, Nº 04. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2013.

Desse modo, sugiro a realização do evento Ciclo de Palestras na escola, com enfoque na inclusão escolar dos surdos.

PRÁTICAS DE LETRAMENTO DE ALUNOS COM SURDEZ NA PERSPECTIVA BILÍNGUE EM ESPAÇOS DE AEE MINICURSO

Palavras-chave: Leitura. Escrita. Português como segunda língua (L2) para surdos

A IMPORTANCIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NO DESENVOLVIMENTO DAS PRÁXIS EDUCACIONAIS DO DEFICIENTE AUDITIVO

A PRODUÇÃO DE LIÇÕES PARA O ENSINO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

Transcrição:

A ESTRUTURA GRAMATICAL NA LIBRAS E SUAS ACEPÇÕES LINGUÍSTICAS LEONIRA OFRUNÃ RODRIGUES (Fundação Universidade Federal de Rondônia/ Campus de Vilhena) RESUMO Este artigo é a síntese de uma pesquisa para o Trabalho de Conclusão de Curso TCC. A pesquisa realizada visou apresentar os elementos lingüísticos e gramaticais que fazem da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) um sistema nato de comunicação. Levou-se em consideração a hipótese de que as pessoas com surdez possuem a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como primeira língua e consideram como segunda a Língua Portuguesa, tendo em vista ser ela possuidora de um sistema lingüístico próprio, com suas variações e sentidos semânticos que permitem uma comunicação tão eficiente quanto a comunicação feita pelos ouvintes. Sendo assim, procurou-se fazer um levantamento sobre a história e a luta das pessoas com surdez, bem como estudar a organização gramatical da língua através dos três grandes campos sistêmicos: fonologia, morfologia e sintaxe. Para a realização desta pesquisa utilizou-se da Língua Portuguesa para mostrar as semelhanças estruturais existentes entre as duas línguas, tendo por base a LIBRAS. Buscou-se identificar a diferença existente entre a estrutura gramatical da Língua Brasileira de Sinas (LIBRAS) e a Língua Portuguesa, através da comparação de sistemas. Palavras-chave: surdo, sistema, LIBRAS, sintaxe, língua de sinais. INTRODUÇÃO Realizar uma pesquisa como a que se propôs no TCC precisa levar em consideração o fato de que as Línguas de Sinais têm luz própria, possuem suas próprias

regras, obedecem a uma ordenação de sinais que permitem aos surdos comunicar-se. A LIBRAS - Língua de Sinais Brasileira deve ser considerada a língua primeira dos surdos. O Estatuto linguístico da LIBRAS foi homologado pela Lei 10.436/2002 e, por ela, consolidada sua condição de estrutura lingüística composta de todos os componentes pertinentes às línguas convencionais, como gramática semântica, pragmática sintaxe e outros elementos, preenchendo assim, os requisitos científicos para ser considerada instrumental lingüístico de poder e força. HISTÓRIA E ESTRUTURA GRAMATICAL DA LIBRAS LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS As Línguas de Sinais (LS) são utilizadas pela maioria das pessoas surdas no mundo. A LIBRAS é o meio e o fim da interação social, cultural e científica da comunidade surda brasileira, trata-se de uma língua viso-espacial. Skliar, diz que: Os surdos criaram, desenvolveram e transmitiram, de geração em geração, uma língua, cuja modalidade de recepção e produção é viso-gestual. Muitos supõem que essa modalidade lingüística nasceu porque a deficiência auditiva impede os surdos de acederem à oralidade. Assim, a língua de sinais deixa de ser vista como um processo e como um produto construído histórica e socialmente pelas comunidades surdas. (SKLIAR, 2005, p. 23) Contudo, os estudos revelam que não é a deficiência, o empecilho que impede o surdo de aderirem à oralidade, mas a tentativa de buscarem uma cura para quem não é doente. Isto porque a surdez é considerada uma deficiência que pode ser nata ou adquirida e não uma doença que necessite de tratamentos dolorosos e bárbaros como tentou-se e tentam fazer até hoje.

A humanidade supre sua necessidade de comunicação através das linguagens orais e escrita, tendo em vista seus termos oral-auditivos. Assim, diz-se que essas formas de linguagens são as utilizadas pelos ouvintes e, em alguns casos, pelos não ouvintes. A forma de comunicar ou de se expressar dependerá do meio em que o comunicador esteja inserido. A forma de comunicação para os surdos leva em consideração os termos visuoespaciais que estabelecem um conjunto de elementos linguístico manuais, corporais e faciais necessários para a articulação do sinal. Sendo assim, ao construir uma sentença o comunicador utiliza os olhos para entender o que está sendo comunicado, razão pela qual é importante frisar que a surdez tem caráter visual, tendo em vista que é, também, a surdez que identifica o surdo como sendo uma pessoa diferente e o que comprova ao surdo sua condição de surdo, no caso do Brasil, é a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), tendo seu Estatuto consolidado pela Lei 10.436/02. A LIBRAS é considerada uma língua nata, tendo em vista sua complexidade sistêmica e sua eficácia comunicativa. Como pode-se observar no decorrer desta pesquisa a LIBRAS possui gramática própria. Nela, é possível encontrar elementos constitutivos das palavras e de um léxico estruturado a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos, componentes pertinentes às línguas convencionais que preenchem requisitos específicos e princípios básicos gerais, também encontrados nas linguais orais-auditivas, tais como: Geração de estruturas lingüísticas de forma produtiva, possibilitando assim, a produção de número infinito de construções a partir de um número finito de regras; Conjunto de regras convencionais codificados no léxico; Os princípios pragmáticos permitem aos seus utentes usar estrutura nos diferentes contextos de forma a corresponder às diversas funções linguística do cotidiano. No decorrer da pesquisa buscou-se as semelhanças entre a LIBRAS e a Língua Portuguesa, embora não tenha sido um feito profundo, mas superficial. Todavia, pode-se verificar que a Língua de Sinais Brasileira segue a mesma estrutura da Língua Portuguesa considerando, claro, algumas especificidades própria das línguas de sinais como, por

exemplo, o uso da face e do movimento do corpo como parte importante da formação de palavras e sentenças. Observou-se também que a LIBRAS possui a ordem frasal SVO sujeito/verbo/objeto, como ocorre na Língua Portuguesa. Assim, quando o surdo diz: JOÃO COMPRAR CARRO a frase constitui-se da ordem gramatical SVO, embora não sejam expressos conectivos como artigos, preposições, numerais etc., como na Língua Portuguesa, que ficaria assim constituída: João comprou um carro. Assim, pode-se dizer que a comparação entre duas línguas exige comparar as semelhanças e diferenças a partir dos métodos da linguística contrastiva. Neste caso, mostrou-se que na Língua Portuguesa existem um conjunto de preposições que fazem algum tipo de relação entre o verbo e o resto da oração e que na LIBRAS esta relação é feita a partir do espaço incorporado ao verbo ou da indicação. No que se refere aos sistemas fonológicos, morfológicos e sintáticos pode-se dizer que estas são áreas de estudos extremamente importantes para estabelecer o sistema linguístico da LIBRAS. No caso da fonologia, da morfologia e da sintaxe pode-se verificar que através de seus estudos é possível identificar as unidades mínimas do sistema, os processos de flexão nominal e verbal, bem como estudar os elementos básicos das línguas de sinais, como a descrição dos parâmetros fonológicos configuração de mão; movimento, locação, orientação da mão e expressões não-manuais. A sintaxe, por sua vez, busca analisar a organização espacial da LIBRAS, tendo em vista o estabelecimento nominal e o uso do sistema pronominal fundamentais para as relações sintáticas. Assim, verificou-se que o espaço de sinalização é a referencia utilizada para a construção do discurso, por esta razão, a direção da cabeça, dos olhos, do corpo, as apontações, os classificadores, os verbos direcionais ou de concordância são importantíssimos para o entendimento da língua de sinais, especialmente porque os sinalizadores estabelecem os referentes associados à localização no espaço, estando ou não o referente presente. Todo o progresso a cerca do sistema linguístico da LIBRAS não apaga as barbáries realizadas contra a pessoa com surdez seja no passado seja na atualidade. Se no passado buscava-se uma cura para uma doença não existente, hoje, busca-se incluí-lo no

mundo educacional como alguém que precisa aprender o sistema linguístico oral, desconsiderando a complexidade da língua e utilizando a língua de sinais apenas como uma forma de se ensinar a Língua Portuguesa. Cabe vislumbrar, assim, uma nova perspectiva para a educação do surdo, e para sua inserção no mundo dos ouvintes. Para que isso ocorra, faz-se necessário compreender a surdez não como algo que inferiorize a pessoa, mas como pessoa com identidade lingüística. Dessa forma, o surdo poderá ser compreendido como um ser comunicativo e tão capacitado quanto um ouvinte. Finalmente, chega-se a conclusão de que a presente pesquisa não é conclusiva e sim, o primeiro passo para estudos mais profundos sobre a estrutura gramatical da LIBRAS. Outros objetos de pesquisa é a escrita e a variação de sinais (dialetos) que ocorrem na LIBRAS, embora ainda encontre resistência por parte de alguns linguistas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARRIENS, Marco Antônio. Oficina Básica: interprete e comunique-se através da linguagem corporal expressiva. Curso de LIBRAS ministrado em 27/08/2007. Porto Velho/RO. BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei 10.436/02 e art. 18 da Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em: <<www.mec.gov.br>> Acessado em 14/01/2009.. Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais Libras. Disponível em: <<www.mec.gov.br>> Acessado em 14/01/2009. BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, 1995.

CAPOVILLA, Fernando César e RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngua: Língua Brasileira de Sinais. 3. Ed. São Paulo: USP; 2001. Vol. 1. DIMBLEBY, Richard e BURTON, Graeme. Mais do que palavras: uma introdução à teoria da comunicação. São Paulo: Summus, 1990. FERNANDES, Eulália. Linguagem e surdez. Porto Alegre: Artmed, 2003. GOLDFELD, Marcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sóciointeracionista. 2.ed. São Paulo: Plexus, 2002. GUARECHI, Neusa. In: Política de Identidade: novos enfoques e novos desafios para a psicologia social. Disponível em: <<www.quasarte.blogspot.com/2007/06/economia-dasletras-simblicas.htm>> Acessado em 14/03/2008. HOHLFELDT, Antonio et ali Orgs.). Teorias da Comunicação: conceitos, escolas e tendências. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2007. JAKOBSON, Roman. A afasia como um problema lingüístico. In. Novas Perspectivas Linguisticas. Oganizado por Miriam Lemle e Yonne Leite. Petrópolis: Vozes, 1970. LIMA, Teófilo Lourenço de. Manual Básico para elaboração de monografia. Canoas: ULBRA, 2001. LOIO, Catarina & ANÇÃ, Maria Helena. A dimensão Pedagógica do Gesto: contributo para a formação de professores de português. Cadernos Didáticos. Série supervisão 03. Portugal: Universidade de Avero, 2005. MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer?. 2.ed. São Paulo: Moderna, 2006.

MEUNIER, Jean-Pierre e PERAYA, Daniel. Introdução às Teorias da Comunicação. Petrópolis: Vozes, 2008. MOREIRA, Antonio Flávio e CANDAU, Vera Maria (orgs.). Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. Petrópolis: Vozes, 2008. PACHECO, Jonas et ali. In: Curso básico de LIBRAS: Língua Brasileira de Sinais. Disponível em <<www.surdo.org.br.>> Acessado em 03/02/2009. PIMENTA, Nelson e QUADROS, Ronice Müller de. Curso de LIBRAS. 2. ed. Rio de Janeiro: LSB, 2006. QUADROS, Ronice Müller de. Aspectos da sintaxe e da aquisição da língua de sinais brasileira. Porto Alegre: Letras de Hoje, 1995. QUADROS, Ronice Müller e KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. RIBEIRO, Branca Telles e GARCE. Pedro M. (orgs.). Sociolinguística Interacional: antropologia, linguística e sociologia em análise do discurso. Porto Alegre: AGE, 1998. SACHS, Oliver. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. SANTAROSA, I. M. C. Simulador de teclado para portadores de paralisia cerebral: avaliação e adaptação para português. Madri: Alba, 2000, Vol. 1. SANTOS, Emerson Ferreira. A economia das trocas simbólicas. In: Sociologia da Educação. Disponível em: <<HTTP://pt.shvoong.com/social-sciences/178732-economiadas-trocas-simb%C3%B3licas>> Acessado em: 14/01/2009. SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 7.ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

. O sujeito da educação: estudos focaultianos. Petrópolis: Vozes, 1994. SKLIAR, Carlos (org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. 3. ed. Porto Alegre, 2005.. Atualidade da educação bilíngüe para surdos. Porto Alegre: Mediação, 1998, Vol. 1. VIGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1998.