A PROVA BRASIL EM QUESTÃO

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Transcrição:

A PROVA BRASIL EM QUESTÃO Jane Eire Rigoldi dos Santos 1 Elma Júlia Gonçalves Carvalho RESUMO: Este trabalho é parte integrante de uma pesquisa em andamento que investigará a política de avaliação no Brasil a partir de 1990, considerando particularmente o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica - 1994) e a Anresc (Avaliação Nacional do Rendimento Escolar - 2005), popularizada como Prova Brasil. Em nosso estudo procuraremos analisar as possíveis contradições ou incoerências entre diretrizes que apontam para não valorização de conteúdos científicos e, ao mesmo tempo, estruturam a avaliação por meio destes. Por isso algumas questões são pertinentes para a compreensão do objeto pesquisado: Quais os conteúdos a avaliação contempla? Como vem sendo direcionadas as ações escolares para que os alunos possam apreendê-los? A pesquisa será realizada, por meio da análise de fontes primárias documentos legais, declarações, relatórios, etc. Fontes secundárias com como revistas especializadas, dados estatísticos e demais bibliográficas. PALAVRAS- CHAVES: Anresc; Prova Brasil; Saeb. INTRODUÇÃO Avaliação em larga escala no Brasil é um tema que vem sendo amplamente discutido nas universidades, nas escolas e na sociedade de maneira geral. Observamos que o tema ganha relevância principalmente em discursos políticos, que dão ênfase demasiada aos índices e metas a serem alcançados pelos sistemas e instituições de ensino. A Prova Brasil, faz parte do Sistema Nacional da Educação Básica (Saeb), foi regulamentada, pela Portaria n 931, de 21 de março de 2005, de acordo com o documento: A Avaliação Nacional do Rendimento no Ensino Escolar - ANRESC tem os seguintes objetivos gerais: a) avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas, de forma que cada unidade escolar receba o resultado global; b) contribuir para o desenvolvimento, em todos os níveis educativos, de uma cultura avaliativa que estimule a melhoria dos padrões de qualidade e eqüidade da educação brasileira e adequados controles sociais de seus resultados; c) concorrer para a melhoria da qualidade de ensino, redução das desigualdades e a democratização da gestão do ensino público nos estabelecimentos oficiais, em consonância com as metas e políticas estabelecidas pelas diretrizes da educação nacional; d) oportunizar informações sistemáticas sobre as unidades escolares. Tais informações 1 Universidade Estadual de Maringá. janerigoldi@hotmail.com 1

serão úteis para a escolha dos gestores da rede a qual pertençam. Art. 2 A ANRESC irá avaliar escolas públicas do ensino básico. (BRASIL, 2005) Como podemos observar os objetivos da avaliação são diversos, ela ocorre bianualmente, nas escolas públicas, nas 4ª séries ou 5 anos do Ensino Fundamental, dividindo-se em 4 blocos de 11 questões, avalia as áreas de Língua Portuguesa e de Matemática. A partir de 2007, a Prova Brasil também passou a considerar o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). As escolas que realizam a avaliação recebem uma nota de 0 a 10, que considera a proficiência dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática, além do índice de evasão e repetência dos alunos. Na concepção do MEC o índice constitui-se um elemento que favorece a autonomia as escolas, pois, amparadas pelos dados, podem organizar ações para melhorar seus resultados. Analisando o debate travado sobre a Prova Brasil encontramos críticas decorrentes de diversos fatores, por colocar as escolas a competirem entre si, por avaliar apenas as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, sendo considerada uma avaliação limitada. Outros, por sua vez, a compreendem como um importante instrumento para melhoria da qualidade educacional. Ao refletir sobre essa questão, em nosso entendimento, estes conteúdos, não vem sendo tratados como prioridade nas diretrizes metodológicas, destinadas aos professores do Ensino Básico, isso ocorre porque as instituições escolares são utilizadas, como executoras de políticas educativas para combate a pobreza e apaziguamento de conflitos sociais, o que acaba por neutralizar o papel da escola. Ou seja, temos observado nos encaminhamentos das atuais políticas que: [...] a uma face travestida de humanitária por meio da qual a política educacional ocuparia o lugar de solução dos problemas humanos mais cadentes, em especial o problema da sobrevivência na sociedade atual. Enfatizam-se conceitos como justiça, equidade, coesão social, inclusão, empowerment, oportunidade e segurança, todos articulados pela idéia de que o que faz sobreviver uma sociedade são os laços de solidariedade que se vão construindo entre os indivíduos. (EVANGELISTA; SHIROMA, 2004, p. 1). 2

Observamos, a partir da análise dos encaminhamentos das políticas educacionais, que as escolas são orientadas para voltarem suas ações para assistencialismo, ao invés de planejar ações didáticas e pedagógicas para que os alunos possam apropriar-se de conhecimentos científicos. Conhecimentos esses que inclusive fazem parte do roll de competências e habilidades avaliados na Prova Brasil. Nesse sentido, entendemos que este aspecto faz com que as instituições escolares estejam centradas em ações distanciadas da sua principal função. No que diz respeito à avaliação, o bloco de Língua Portuguesa da avaliação é composto por 6 tópicos que são: Procedimento de leitura; Implicações do Suporte, do Gênero e /ou do Enunciador na Compreensão do Texto; Relação entre Textos; Coerência e Coesão no Processamento do Texto; Relações entre Recursos Expressivos e Efeitos de Sentido e Variação Lingüística. Já o bloco de Matemática está estruturado em 4 tópicos de conhecimentos: Espaço e Forma; Grandezas e Medidas; Números e Operações/Álgebra e Funções e Tratamento da Informação (BRASIL, 2008). Considerando a relevância e complexidade dos conteúdos em questão, em nossa concepção de ensino e escola, esse aspecto nos leva a indagar se para que os alunos efetivamente possam aprender, se não é fundamental que o trabalho educativo esteja organizado de maneira oposta as tendências e diretrizes que apontam para a escola da coesão social e assistencialismo? OBJETIVO Analisar a política de avaliação em larga escala, com ênfase na Prova Brasil das 4ª séries/ 5º anos do Ensino Fundamental, a fim de compreender as suas incoerências e contradições. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O método direciona o trabalho do pesquisador, por isso é preciso enfatizar a relevância social da pesquisa voltada para a defesa e valorização da escola pública enquanto instituição destina a transmissão de conhecimentos científicos, que levem os alunos a refletir sobre a sociedade em que estão inseridos, visando sua superação. Assim, em nossa análise consideraremos que: 3

O concreto é concreto porque é síntese de múltiplas determinações, isto é, unidade do diverso. Por isso, o concreto aparece no pensamento como processo de síntese, como resultado, não como ponto de partida, embora seja o verdadeiro ponto de partida e, portanto, o ponto de partida também da instituição e da representação. (MARX, 2008, p. 258-259). É importante ter clareza sobre o olhar metodológico que direcionará o estudo do objeto, pautando-se no princípio de que as políticas avaliativas estão relacionadas a questões amplas, interesses políticos de manutenção das relações econômicas capitalistas. RESULTADOS Da investigação já realizada encontramos dados que nos apontam que, nos anos finais do ensino fundamental os índices têm apresentados melhoras muito pontuais, que devem ser analisadas dentro de seus limites. Na esfera municipal em 2005 a nota correspondia a 3,4, em 2007 4,0, em 2009 4,4 e em 2011 4,7 (INEP/MEC, 2014). Sem desconsiderar o gradual avanço somos instigados a tarefa da pesquisa, buscando compreender como a Prova Brasil pode ser interpretada em um contexto escolar que secundariza cada vez mais os conhecimentos científicos. CONCLUSÕES Por nos encontrarmos ainda em um estágio inicial da pesquisa não é possível fornecermos conclusões sobre o tema. No entanto, ao analisar os diversos documentos, que servem de diretriz pedagógica inclusive para a Anresc/Prova Brasil, enviadas pelo Inep/MEC aos professores, alguns pressupostos e hipóteses já guiam nossos caminhos para a atividade de pesquisa. A hipótese que levantamos, a partir da leitura dos documentos, é a de que poderia haver uma contradição ou incoerência entre os encaminhamentos da política educacional que, por um lado, valoriza os saberes dos indivíduos, a formação de valores éticos e morais voltados para a tolerância e para a paz e, por outro, avalia, por meio da Anresc/Prova Brasil, conteúdos de Matemática e Língua Portuguesa. Um documento que nos chama atenção é chamado de Indicadores da Qualidade da Educação e esclarece que: 4

Os indicadores da qualidade na educação foram criados para ajudar a comunidade escolar a avaliar e melhorar a qualidade da escola. Este é seu objetivo principal. Compreendendo seus pontos fortes e fracos, a escola tem condições de intervir para melhorar sua qualidade segundo seus próprios critérios e prioridades (INEP/ MEC, 2005, p. 5). O referido documento nos leva a indagar o sentido da qualidade da educação no atual contexto? O que realmente se deve levar em conta nas ações cotidianas da escola para se obter a qualidade requerida e aferida nas avaliações em larga escala? REFERÊNCIAS BRASIL. MEC. IDEB - Resultados e Metas (Anos Finais do Ensino Fundamental). Disponível em <http://ideb.inep.gov.br/resultado/>. Acesso em: 15/05/ 2014.. MEC. Indicadores da qualidade na Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 2005.. MEC. PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação: Prova Brasil. Ensino Fundamental: matrizes de referência, tópicos e descritores. Brasília: MEC, SEB, Inep, 2008.. MEC. Portaria nº 931, de 21 de Março de 2005 - Portaria ministerial que institui o Sistema de Avaliação da Educação Básica, composto pela Prova Brasil (Anresc) e pelo Saeb (Aneb). Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil, Brasília, n 55, 22 de março de 2005. Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/ >. Acesso em: 10/03/2014. EVANGELISTA, O.; SHIROMA, E. O. O combate à pobreza nas politicas educativas do século XXI. Disponível em: http:<//www.ces.uc.pt/lab2004/pdfs/olindaevangelista_ EneidaShiroma.pdf>Acesso em: 22/05/14. MARX, KARL. Contribuição à critica a economia política. 2 ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008. 5