BARROS JÚNIOR Avaliação AP; BEZERRA produtiva NETO de F; coentro SILVEIRA em LM; diferentes LINHARES tipos PCF; e quantidades LIMA JSS; MOREIRA de adubos JN; verdes SILVA ML; aplicadas PACHECO ao IWL; solo OLIVEIRA MKT; FERNANDES YTD. 2009. Avaliação produtiva de coentro em diferentes tipos e quantidades de adubos verdes aplicadas ao solo. Horticultura Brasileira 27: S288-S293. AVALIAÇÃO PRODUTIVA DE COENTRO EM DIFERENTES TIPOS E QUANTIDADES DE ADUBOS VERDES APLICADAS AO SOLO Lindomar Maria da Silveira¹; Aurélio Paes Barros Júnior²; Francisco Bezerra Neto¹; Paulo César Ferreira Linhares¹; Jailma Suerda Silva de Lima¹; Joserlan Nonato Moreira¹; Maiele Leandro da Silva¹; Ítalo Wigliff Leite Pacheco¹; Mychelle Karla Teixeira de Oliveira¹; Ykesaky Terson Dantas Fernandes¹. ¹UFERSA Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia, c. postal 137, 59625-190 Mossoró-RN; ²UFRPE/ UAST Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Fazenda Saco, s/n, Caixa Postal 063, Serra Talhada-PE; e-mail: lindomarmaria@yahoo.com.br, aureliojr02@yahoo.com.br, bezerra@ufersa.edu.br RESUMO O presente trabalho foi conduzido na horta do Departamento de Ciências Vegetais da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró-RN, no período de setembro a outubro de 2008, com o objetivo de avaliar o desempenho produtivo do coentro em diferentes tipos e quantidades de adubos verdes aplicadas ao solo. O delineamento experimental usado foi blocos casualizados completos com os tratamentos arranjados em esquema fatorial 3 x 4 + 2, com três repetições. Os tratamentos consistiram da combinação de três tipos de adubos verdes (jitirana, mata-pasto e flor-deseda) com quatro quantidades desses adubos (5,4; 8,8; 12,2 e 15,6 t/ha em base seca) mais as testemunhas (80 t/ha de esterco bovino e ausência de adubação). As características avaliadas foram: rendimento de massa verde e seca da parte aérea de alface. Não foi observada interação significativa entre os tipos e quantidades dos adubos verdes incorporado ao solo nas variáveis avaliadas. O melhor desempenho do coentro foi registrado quando adubado com verde jitirana na quantidade de 15,6 t/ha de base seca. PALAVRAS-CHAVE: Coriandrum sativum, Merremia aegyptia, Senna uniflora, Calatropis procera. ABSTRACT Evaluation of coriander production in different types and quantities of green manure applied to soil This study was conducted in the garden of Plant Sciences Department of the Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró- RN, in the period September-October 2008, to evaluate the performance of coriander in different types and quantities of green manure applied to soil. The experimental design was randomized complete block with treatments arranged in a factorial 3 x 4 + 2, with three replications. The treatments consisted of the combination of three green manures types (scarlet starglory, rooster tree and Senna uniflora) with four quantities of these manures incorporated into the soil (5.4; 8.8; 12.8 and 15.6 t ha -1 of dry matter) plus two additional treatments (no fertilizer, 80 t ha -1 of cattle manure). The evaluated characteristics were: green mass yield and shoot dry matter mass. There was no significant interaction between green manures types and quantities of these manures incorporated into the soil on the yields of green mass and dry matter mass. The better performance of coriander was recorded when fertilized with green jitirana in the amount of 15.6 t / ha of dry basis. KEYWORDS: Coriandrum sativum, Merremia aegyptia, Senna uniflora, Calatropis procera. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S288 INTRODUÇÃO
O coentro é uma olerícola de grande valor e importância comercial, sendo bastante comercializada no Brasil, com grande volume de importação e produção nacional de sementes (Nascimento & Pereira, 2003). Na Região Nordeste do Brasil, esta olerícola é explorada quase que exclusivamente para a produção de folhas verdes. É rica em vitaminas A, B1, B2 e C, sendo boa fonte de cálcio e ferro. É especialmente utilizada no preparo de peixes, aos quais confere um sabor característico. Seu cultivo não objetiva apenas a produção de massa verde; suas sementes são de conhecido valor medicinal e o seu óleo é utilizado em tratamentos reumáticos, cosmética e perfumaria. Mesmo com o destaque comercial dessa cultura, têm sido realizados poucos estudos que visem melhorar suas técnicas de produção. A maioria dos plantios é efetuada nas hortas domésticas, as quais são conduzidas por pequenos produtores, utilizando mão-de-obra familiar, de forma empírica e com tecnologia rudimentar, o que contribui para um baixo rendimento e conseqüentemente desestímulo à produção (Filgueira, 2000). O emprego de adubos verdes na produção de hortaliças pode representar contribuições consideráveis à viabilidade econômica e sustentabilidade dos agroecossistemas, pelo aporte de quantidades expressivas de N ao sistema solo-planta (Perin et al., 2003), reduzindo assim a necessidade de N sintético. Além do aporte de N, os adubos verdes atenuam a erosão e desempenham papel fundamental na ciclagem de nutrientes, tanto dos aplicados através dos fertilizantes minerais e não aproveitados pelas culturas, quanto daqueles provenientes da mineralização da matéria orgânica do solo e do próprio material vegetal. No Nordeste brasileiro, a utilização de espécies nativas da Caatinga como fonte de adubo verde para produção de hortaliças vem crescendo, uma vez, que nessa região esse segmento da agricultura se caracteriza particularmente por ser praticado em regime de agricultura familiar, e seria uma forma de minimizar o custo de produção, já que esse insumo seria retirado da propriedade. Entre as espécies nativas que ocorrem na Caatinga nordestina a jitirana (Merremia aegyptia) o mata-pasto peludo (Senna uniflora L.) e a flor-de-seda (Calatropis procera) podem constituir-se como uma alternativa viável para utilização como adubo verde, devido a maior disponibilidade e facilidade de obtenção. Porém poucos trabalhos são encontrados na literatura sobre a utilização dessas espécies como adubos verdes na produção de hortaliças. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar a produção do coentro em função de diferentes tipos e quantidades de adubos verdes aplicadas ao solo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na horta do Departamento de Ciências Vegetais da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), Mossoró-RN, no período de setembro a outubro de 2008, em solo classificado como Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico (EMBRAPA, 1999). Os resultados da análise química de solo foram respectivamente: ph = 7,7; M.O. = 3,02 g dm -3 ; N = 0,34 g kg -1 ;P = 100,29 mg dm -3 ; K = 1,6 mmol dm -3 ; Ca = 34 mmol dm -3 e Mg = 10 c c mmol dm -3. c O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com os tratamentos arranjados em esquema fatorial 3 x 4 + 2, com três repetições. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S289
Os tratamentos consistiram da combinação de três tipos de adubos verdes (jitirana, mata-pasto e flor-de-seda) com quatro quantidades desses adubos (5,4; 8,8; 12,2 e 15,6 t/ha em base seca) mais as testemunhas (80 t/ha de esterco bovino e ausência de adubação). Cada parcela constou de seis linhas de plantas espaçadas de 0,2 m x 0,05 m com vinte e quatro plantas por linhas, sendo as linhas laterais consideradas bordaduras. A área total das parcelas foi de 1,44 m² e a área útil de 0,8 m², contendo 80 plantas. A cultivar de coentro plantada foi a Verdão, indicada para o cultivo na região nordeste. A parte aérea dos adubos verdes foram coletados da vegetação nativa, triturados em pedaços de 2 cm diâmetro, secos a sombra, quantificados e incorporados na camada de 0 20cm do solo nas parcelas experimentais. Após 30 dias da incorporação dos adubos verdes, procedeu-se a semeadura do coentro, no dia 19/09/2008. Após dez dias da germinação ocorreu o desbaste. Foram realizadas capinas manual e irrigação por sistema de micro-aspersão. A colheita da parte aérea do coentro foi em 21/10/2008. As características avaliadas para o coentro foram: rendimentos de massa verde (t/ha) e de massa seca da parte aérea de coentro (t/ha). Análises de variância para as características avaliadas foram realizadas através do aplicativo software SISVAR 3.01 (Ferreira, 2000). O teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade foi usado para comparar os tipos de adubos verdes. O procedimento de ajustamento de curva de resposta foi realizado através do software Table curve (Jandel Scientific, 1991). RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve interação significativa entre os tipos de adubos verdes e as quantidades desses adubos verdes incorporado ao solo para as características avaliadas. Foi observado efeito significativo dos fatores principais testados apenas no rendimento de massa verde, com a jitirana se sobressaindo dos demais adubos verdes (Tabela 1). A adubação com esterco se sobressaiu sobre todos os adubos verdes testados. Quando o coentro foi adubado com jitirana (2,81 t/ha), comparado com o coentro sem adubação (1,19 t/ha), registrou-se uma superioridade no rendimento de massa verde de 236,13%. Mas, quando comparado com o coentro adubado com esterco (5,10 t/ha), observou-se uma redução no rendimento de massa verde da ordem de 44,90%. Por outro lado, à medida que se aumentou a quantidade de adubo verde, um aumento foi observado tanto no rendimento de massa verde como no de massa da matéria seca da parte aérea do coentro até a quantidade máxima utilizada de 15,6 t/ ha (Figura 1A e 1B). Os rendimentos máximos de massa verde e de massa seca observados foram da ordem de 3,11 t/ha e 0,61 t/ha, na quantidade máxima de 15,6 t/ ha de adubo verde em base seca. De maneira geral, o esterco apresentou melhores resultados. Por outro lado, quando considerados os adubos verdes a jitirana proporcionou melhor desempenho produtivo do coentro na quantidade de 15,6 t/ha de base seca. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S290
LITERATURA CITADA EMBRAPA. 1999. Sistema brasileiro e classificação de solos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos. 412p. FERREIRA DF. 2000. Sistema SISVAR para análises estatísticas: manual de orientação. Lavras: Universidade Federal de Larvas / Departamento de Ciências Exatas. 37p. FILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura: Agrotecnologia Moderna na Produção e Comercialização de Hortaliças. 2. ed. Viçosa: UFV. 420p. JANDEL SCIENTIFIC. 1991. Table curve: curve fitting software. Corte Madera, CA: Jandel Scientific. 280p. NASCIMENTO WM; PEREIRA RS. 2003. Coentro: produção e qualidade de sementes. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 43. Anais... Brasília: SOB. 21. Suplemento CD-ROM. PERIN A. 2003. Cobertura do solo e acumulação de nutrientes pelo amendoim forrageiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira 38: 791-796. Tabela 1. Valores médios dos rendimentos de massa verde (RMV) e de massa seca da parte aérea (RMSPA) de coentro nos diferentes tipos de adubos verdes (average values of yield of green mass (RMV) and shoot dry matter (MSPA) of coriander in different types of green manure). Mossoró-RN, UFERSA, 2009. Adubos verdes RMV (t/ha) MSPA (t/ha) Jitirana 2,81 a 0,54 a Mata-pasto 2,25 b 0,48 a Flor-de-seda 2,57 ab 0,55 a Esterco 5,10 0,92 Sem adubação 1,19 0,27 C.V (%) 15,06 14,53 ¹Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% probabilidade pelo teste de tukey. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S291
A B Figura 1. Rendimento de massa verde (A) e de massa seca da parte aérea do coentro (B) em função de quantidade de adubos verdes incorporadas ao solo (yield of green mass (A) and dry weight of shoots (B) of coriander in terms of quantity of green manure incorporated into soil). Mossoró-RN, UFERSA, 2009. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S292
Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S293