MARCO CIVIL DA INTERNET

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Transcrição:

MARCO CIVIL DA INTERNET (Lei nº 12.965/2014) Aspectos Probatórios da Requisição Judicial de Registros e Processo Coletivo

REQUISIÇÃO JUDICIAL DE REGISTROS (ASPECTOS PROBATÓRIOS) (arts.22 e 23, Lei 12.965/2014)

ASPECTOS PROBATÓRIOS DA REQUISIÇÃO JUDICIAL DE REGISTROS (arts.22 e 23, Lei 12.965/2014) Seção IV Da Requisição Judicial de Registros Art. 22. A parte interessada poderá, com o propósito de formar conjunto probatório em processo judicial cível ou penal, em caráter incidental ou autônomo, requerer ao juiz que ordene ao responsável pela guarda o fornecimento de registros de conexão ou de registros de acesso a aplicações de internet. Parágrafo único. Sem prejuízo dos demais requisitos legais, o requerimento deverá conter, sob pena de inadmissibilidade: I - fundados indícios da ocorrência do ilícito; II - justificativa motivada da utilidade dos registros solicitados para fins de investigação ou instrução probatória; e III - período ao qual se referem os registros. Art. 23. Cabe ao juiz tomar as providências necessárias à garantia do sigilo das informações recebidas e à preservação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem do usuário, podendo determinar segredo de justiça, inclusive quanto aos pedidos de guarda de registro.

ASPECTOS PROBATÓRIOS DA REQUISIÇÃO JUDICIAL DE REGISTROS (art.22, Lei 12.965/2014) Art. 22. A parte interessada poderá, com o propósito de formar conjunto probatório em processo judicial cível ou penal, em caráter incidental ou autônomo, requerer ao juiz que ordene ao responsável pela guarda o fornecimento de registros de conexão ou de registros de acesso a aplicações de internet. Parágrafo único. Sem prejuízo dos demais requisitos legais, o requerimento deverá conter, sob pena de inadmissibilidade: I - fundados indícios da ocorrência do ilícito; II - justificativa motivada da utilidade dos registros solicitados para fins de investigação ou instrução probatória; e III - período ao qual se referem os registros. Instrumentos até então: Cautelar de Exibição de Documentos (arts.844 e 845, CPC); ou Pedido Incidental de Exibição de documentos (arts.355 a 363 e 381 e 382, CPC); Reconhecimento de direito autônomo à prova? Requisitos: Cautelar: receio de lesão, indicação da lide e seu fundamento e ação principal em 30 dias; Incidental: individuação do documento, finalidade da prova e circunstâncias que indiquem guarda do documento.

ASPECTOS PROBATÓRIOS DA REQUISIÇÃO JUDICIAL DE REGISTROS (art.22, Lei 12.965/2014) Art. 22. A parte interessada poderá, com o propósito de formar conjunto probatório em processo judicial cível ou penal, em caráter incidental ou autônomo, requerer ao juiz que ordene ao responsável pela guarda o fornecimento de registros de conexão ou de registros de acesso a aplicações de internet. Possibilidade de Recusa? A autoridade terá prazo de 60 dias para ingressar com o pedido de Obrigação legal (art.358, I, CPC) ; autorização judicial de acesso aos registros. Requerimento perde eficácia na hipótese de (i) indeferimento da requisição judicial ou (ii) inobservância Obrigação de guarda de registros: do prazo de 60 dias (Arts.13, 3º e 4º e 15, 2º). de conexão: 1 ano (art.13) de acesso a aplicações de internet na provisão de conexão: Vedado (art.14) de acesso a aplicações de internet na provisão de aplicações: 6 meses (art.15) Consequências da não-exibição injustificada: Majoração mediante requerimento cautelar de autoridade policial ou administrativa ou pelo Ministério Público (arts.13, 2º e 15, 2º). Presunção de veracidade dos fatos (art.259, CPC): apenas na requisição incidental ou na autônoma? Busca e Apreensão (art.362, CPC): à parte ou a terceiro? Crime de desobediência (art.362, CPC e art.330, CP): à parte ou a terceiro? Multa diária (astreintes) (arts.287 e 461, 4º, CPC): requisição incidental e autônoma? Súmula 372 do STJ.

ASPECTOS PROBATÓRIOS DA REQUISIÇÃO JUDICIAL DE REGISTROS (art.22, Lei 12.965/2014) Art. 22. A parte interessada poderá, com o propósito de formar conjunto probatório em processo judicial cível ou penal, em caráter incidental ou autônomo, requerer ao juiz que ordene ao responsável pela guarda o fornecimento de registros de conexão ou de registros de acesso a aplicações de internet. Objeto da Requisição Judicial: Registros: de conexão à Internet: conjunto de informações referentes à data e hora de início e término de uma conexão à internet, sua duração e o endereço IP utilizado pelo terminal para o envio e recebimento de pacotes de dados (art.5º, VI); Responsável pela guarda: Provedores de conexão - responsáveis pelo fornecimento de acesso à internet (operadoras de telecomunicação); de acesso a aplicações de internet: conjunto de informações referentes à data e hora de uso de uma determinada aplicação de internet a partir de um determinado endereço IP (art.5º, VIII). Responsável pela guarda: Provedores de aplicação de Internet - Fornecedores de diversas funcionalidades acessíveis na Internet (Ex: provedores de correio eletrônico, de hospedagem [Google], Facebook, etc). Endereço IP ( endereço de protocolo de internet ): código atribuído a um terminal de uma rede para permitir sua identificação, definido segundo parâmetros internacionais (art.5º, III).

Casos sobre o tema: Consumidor x GVT e YAHOO! Cautelar e Ação de obrigação de fazer para disponibilizar dados, informações cadastrais e IP s para identificação de usuários que enviavam e-mails anônimos e difamatórios; Sentença (2011): condenou rés a fornecer informações cadastrais e IP s de acesso dos usuários em 48h, sob pena de multa diária de R$ 500,00. Apelação: TJSP manteve sentença e (i) afastou tese de impossibilidade jurídica do pedido e inviolabilidade de sigilo de dados e (i) confirmou que provedor de conexão deve disponibilizar registros apenas por meio de ordem judicial ((TJ/SP, Apelação nº 0125387-07.2009.8.26.0100, Rel. Des. Miguel Brandi, j. 20/04/2014). Consumidor x Telemar Norte Leste S.A, Cautelar de Exibição de Documentos para exibir os nomes de pessoas que acessavam telefones usando IPs já identificados e descritos na inicial para envio de emails em nome de outras pessoas. STJ, em RESP, afastou a alegação de impossibilidade jurídica do pedido com base no sigilo (STJ, Resp nº 879.181- MA, Rel. Min. Sidney Benetti, j.08/06/2010) JP x E.A. Solicitação de informações à GOOGLE BRASIL (Segredo de Justiça) STJ entendeu pela obrigatoriedade da GOOGLE Brasil de fornecer o conteúdo das comunicações transmitidas via e- mail (Gmail) para auxiliar nas investigações do Inquérito 784/DF (STJ, Inq 784/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, j.17/04/2013); Afastou crime de desobediência em função da diretoria brasileira depender de disponibilização de informações sob a guarda da controladora estrangeira; Pena de multa diária de R$ 50.000,00.

MARCO CIVIL SOB A ÓTICA DO PROCESSO COLETIVO (Art.30, Lei nº 12.965/2014)

PROCESSO COLETIVO (art.30, Lei 12.965/2014) Processo Coletivo Marco Civil Art.30 A defesa dos interesses e dos direitos estabelecidos nesta Lei poderá ser exercida em juízo, individual ou coletivamente, na forma da lei. Pilares do Processo Coletivo: Lei da Ação Civil Pública (nº7.347/85); Código de Defesa do Consumidor (nº 8.078/90). Legitimidade Ativa: Rol taxativo, deve decorrer de disposição expressa em lei. Ministério Público; Pessoas Jurídicas de Direito Público da Administração Direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios); Pessoas Jurídicas de Direito Público ou Privado da Administração Indireta (Autarquias, Empresas Públicas, Fundações, Sociedades de Economia Mista); Entidades da Adm. Pública Direta ou Indireta sem personalidade jurídica destinadas à defesa dos interesses supraindividuais; Associações Civis constituídas há pelo menos 1 ano, com finalidades institucionais compatíveis com a defesa dos interesses supraindividuais; e Defensoria Pública; e Partidos Políticos. Atuação do MP como custos legis no Processo Coletivo: Intervenção obrigatória justificada pelo interesse público existente na ação coletiva; Sob pena de nulidade do processo (art.5º, 1º, Lei 7.347/1985).

Processo Coletivo Marco Civil Dano Moral Coletivo Possibilidade jurídica do dano moral coletivo: Controvérsia na doutrina: FAVORÁVEL Ricardo de Barros Leonel: é correto admitir a possibilidade de reconhecimento da ocorrência de dano moral coletivo. (...) a Constituição, ao assegurar o direito à reparação do dano moral (...) não o limita ao plano individual. Ademais, os titulares dos direitos metaindividuais são pessoas, e sua indeterminação não parece figurar como fundamento legítimo para obstar a reparação do dano moral. CONTRA Teori Albino Zavascki: Não se mostra compatível com o dano moral a idéia da transindivualidade (= da indeterminabilidade do sujeito passivo e da indivisibilidade da ofensa e da reparação da lesão. Controvérsia na Jurisprudência: FAVORÁVEL Com base nesse dispositivo legal, a Terceira Turma desta Corte, no julgamento do REsp 1221756/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, julgou pelo cabimento de indenização por dano moral coletivo, ressaltando, no entanto, que não é qualquer atentado aos interesses dos consumidores que pode acarretar dano moral difuso. É preciso que o fato transgressor seja de razoável significância e desborde os limites da tolerabilidade. Ele deve ser grave o suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos, intranquilidade social e alterações relevantes na ordem extrapatrimonial coletiva (STJ, Resp nº 1.291.213/SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, 3ª T., j. 30.08.2012. No mesmo sentido: REsp 1221756/RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, 3ª T., j. 02.02.2012). CONTRA a Primeira Seção desta Corte possui entendimento no sentido de que a natureza do dano moral não se coaduna com a noção de transindividualidade, de modo que se tem rechaçado a condenação em danos morais quando não individualizado o sujeito passivo, de modo a se poder mensurar o sofrimento psíquico que possibilita a fixação de indenização (STJ, AgRg no Resp nº 1.305.977/MG, Rel. Min. Ari Pargendler, 1ª T., j. 09.04.2013. No mesmo sentido: REsp nº 971.844/RS, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, DJe 12.02.2010).

Processo Coletivo Marco Civil Ações sobre o tema: MP-DF x Facebook e LULU Ação Civil Pública (nº 0047035-30.2013.8.07.0001 1ª VC Brasília) ajuizada em dezembro de 2013; Fundamento: compartilhamento não autorizado de dados de usuários masculinos para utilização no aplicativo Lulu. Pedidos: (i) em tutela antecipada: exclusão imediata dos dados e imagens de todos os indivíduos que não tenham manifestado consentimento prévio para figurar no aplicativo Lulu, sob pena de multa diária de R$ 500,00 por pessoa; vedação de avaliação anônima, sob pena de multa diária de R$ 500,00 por pessoa; e conservação dos dados dos usuários do aplicativo Lulu, para disponibilização de tais informações aos interessados, sob pena de multa diária de R$ 500,00 por pessoa. (ii) condenação dos Réus ao pagamento de dano moral coletivo em valor correspondente a 20% do lucro líquido durante o período de utilização do aplicativo e compartilhamento de informações; Decisão de 1º grau (i) afastando a legitimidade ativa do MP/DF para propor a referida Ação Civil Pública, sob o fundamento de que cada pessoa lesada deveria postular, de forma individual, a reparação dos respectivos danos sofridos e (ii) indeferindo a tutela antecipada pleiteada pelo MP/DF em razão da ilegitimidade ativa do órgão. Agravo de Instrumento: TJDF reconheceu a legitimidade ativa do MP para propor a ACP, sob o entendimento de que dentre suas atribuições está a defesa dos interesses coletivos e individuais indisponíveis e concedeu a tutela antecipada pleiteada pelo MP/DF (AI n 2013.00.2.030711-2, 6ª T., Rel. Des. Ana Cantarino, j. 28.05.2014).

Processo Coletivo Marco Civil MP-RO x GOOGLE (ORKUT) Ação Civil Pública (nº 0004301-96.2008.822.0009 2ª VC Pimenta Bueno) Fundamento: exclusão de comunidades do Orkut em que se veiculavam ofensas a usuários menores e a identificação dos responsáveis pela divulgação de tais ofensas. Sentença (2010): Parcialmente procedente, para: Confirmar a liminar para determinar à Ré a exclusão das comunidades no prazo de 48 horas; Confirmar a liminar para determinar à Ré a conservação dos dados de identificação dos moderadores, proprietários de comunidades e associados; Afastar o dano moral coletivo, não pela sua inadmissibilidade mas por se tratar de ofensa a apenas 2 menores. Apelação: Reformou a sentença para condenar a proprietária do Orkut ao pagamento de dano moral coletivo no valor de 100 salários-mínimos, considerando o alto grau de difusão das informações veiculadas no referido site de relacionamentos (Rel. Des. Francisco Prestello de Vasconcellos, j. 03.02.2011). RESP inadmitido (ARESP nº 12.347/RO) e aguarda-se Recurso Extraordinário(Abril/2014).

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