FILOSOFIA PAS/UEM 1ª ETAPA PROF. MARCOS GALDINO

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Transcrição:

1. Surgimento da Filosofia a) A Filosofia surge na GRÉCIA, por volta do século VII a.c, com o descontentamento do homem grego em relação às explicações MITOLÓGICAS da realidade. Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo. b) MITOS: Narrativas fantásticas (fantasiosas) transmitidas pelas tradições, geralmente pautadas em histórias de heroísmo e divinização de seres (DEUSES), cuja intenção era explicar a realidade pertencente ao universo humano. c) Logo, a passagem do MITO para a FILOSOFIA (Do grego, Amor à Sabedoria) ocorre quando essa passa a utilizar EXPLICAÇÕES RACIONAIS, e não mais explicações mitológicas. 2. Período Pré-Socrático ou Cosmológico a) Possui como principais preocupações COSMOS, PHYSIS E ARCHÉ. COSMOS Ordem geral do Universo. PHYSIS Princípio ORDENADOR da natureza. ARCHÉ Princípio ORIGINADOR de todas as coisas. b) ARCHÉ para os principais Filósofos: Tales Água Anaxímenes Ar Anaximandro Ápeiron Demócrito Átomo Pitágoras Números 3. Período Socrático ou Antropológico. a) Marcado pela filosofia de SÓCRATES, destaca-se nesse período o surgimento da ÉTICA enquanto disciplina filosófica e da POLÍTICA como preocupação socrática. b) A Filosofia de Sócrates pode ser sintetizada através de uma constante busca pela verdade (eterna, imutável). Assim, seus principais opositores eram os chamados SOFISTAS, filósofos RELATIVISTAS (que não defendiam a ideia de verdade absoluta). c) O Método Socrático era composto de uma tríade: IRONIA (Provocação), DIALÉTICA (Debate) e MAIÊUTICA (Parto do Conhecimento).

d) O principal discípulo de SÓCRATES foi PLATÃO, que para explicar sua teoria recorreu a uma das mais conhecidas alegorias da história da filosofia: O MITO DA CAVERNA. 4. Período Sistemático a) Marcada pelas teorias do filósofo ARISTÓTELES, foi o período em que ocorre a SISTEMATIZAÇÃO DOS CONHECIMENTOS. b) Aristóteles era DISCÍPULO DE PLATÃO, o que não significava que suas teorias fossem comuns. Enquanto Platão defendia que o CONHECIMENTO VERDADEIRO estava no MUNDO INTELIGÍVEL, Aristóteles defendia que o conhecimento disponível no MUNDO SENSÍVEL é verdadeiro e certo. 5. Período Helenístico ou Greco-Romano a) O período helenístico é marcado pela atividade filosófica representada através de um modo ou estilo de vida. b) Nesse período ocorre o retorno de antigas temáticas da Filosofia, como a ÉTICA e a MORALIDADE. c) Seus principais representantes são Diógenes, Sêneca e Epicuro. 6. CLÁSSICOS DA FILOSOFIA

b) Sócrates: FILOSOFIA PAS/UEM 1ª ETAPA PROF. MARCOS GALDINO a) São considerados Clássicos da Sociologia os filósofos SÓCRATES, PLATÃO e ARISTÓTELES. Só sei que nada sei Reconhecimento da própria ignorância como caminho para alcançar o conhecimento verdadeiro. Conhece-te a ti mesmo Frase que marcou a mudança de direcionamento da Filosofia Socrática, não mais preocupado com a natureza, mas sim com o homem, sob uma perspectiva de autoconhecimento. c) Platão: Suas teorias buscavam responder o questionamento de Sócrates a respeito da VERDADE. Concluiu que a realidade era dividida em duas partes: MUNDO SENSÍVEL (por ele considerado FALSO) e MUNDO INTELIGÍVEL (por ele considerado VERDADEIRO, também chamado de MUNDO DAS IDEIAS). Platão defendia que a ALMA ERA IMORTAL, e que antes de habitar nosso corpo, estava presente no Mundo das Ideias (MUNDO INTELIGÍVEL). A forma ou ideia, vem antes dos objetos que percebemos pelos sentidos (MUNDO DAS IDEIAS). d) Aristóteles Não acreditava na existência de ideias inatas. Valorizava o mundo sensível, ao invés do inteligível. A experiência é um caminho possível em direção ao conhecimento. A forma, ou ideia, vem depois do objeto propriamente dito (TEORIA DOS UNIVERSAIS). 1. RACIONALISMO Por RACIONALISMO compreende-se a teoria filosófica que defende o uso da RAZÃO como superior ao uso dos sentidos, para a apreensão do conhecimento. RAZÃO + Sentidos Sujeito Objeto

O principal filósofo racionalista é René Descartes, conhecido pela frase: PENSO, LOGO EXISTO. Para Descartes, e outros racionalistas, a faculdade de pensar é INATA ao homem, sendo um conhecimento A PRIORI, ou seja, existente mesmo antes da experiência sensível. 2. EMPIRISMO Por EMPIRISMO compreende-se a teoria filosófica que defende o uso dos SENTIDOS como superior ao uso da razão, para a apreensão do conhecimento. SENTIDOS + Razão Sujeito Objeto Os principais filósofos empiristas são: John Locke Tabula Rasa O intelecto humano é como uma folha de papel em branco. Francis Bacon Pai da Ciência Experimental. Autor da teoria dos quatro ídolos: a) Os ídolos da tribo: Tribo é equivalente à espécie humana, ou seja, os ídolos da tribo são aqueles que criamos por pensar, como pensavam os clássicos e os renascentistas, que a natureza humana era privilegiada e que, a partir do estudo dela, era possível entender o universo. Bacon afirmou, e isso repercutiu em outros pensadores modernos, que a natureza humana era limitada no que se referia ao conhecimento do real. Não há, na natureza humana, nenhuma relação com a

natureza das coisas. O intelecto humano, ao contrário disso, para Bacon, era como um espelho que reflete as coisas, mas nesse processo de refletir, as coisas são entendidas de forma distorcida. b) Os ídolos da caverna: Se a natureza humana não é garantia de que a partir dela o intelecto humano possa conhecer as coisas tal como são, podemos entender que um dos fatores que dificultam isso é a própria diversidade de características individuais, tanto aquelas que constituem o indivíduo como também aquelas que foram moldadas por influências do meio. Os ídolos da caverna decorrem dessas características que, para Bacon, perturbam o espírito humano. c) Os ídolos do foro: São aqueles que decorrem da linguagem que os humanos estabelecem com os outros, atribuindo nomes a coisas inexistentes ou nomes confusos a coisas que existem. As palavras, desse modo, exercem grande impacto sobre a razão. d) Os ídolos do teatro: São aqueles derivados de teorias ou reflexões filosóficas que apresentam ideias que não podem ser validadas. David Hume: Não há nada que esteja no intelecto que, antes, não tenha estado nos sentidos. 3. CRITICISMO Por CRITICISMO compreende-se a teoria que compreende que na relação entre Sujeito e Objeto, tanto RAZÃO quanto SENTIDOS são necessários para a apreensão do conhecimento. SENTIDOS / RAZÃO Sujeito Objeto O Criticismo foi desenvolvido pelo filósofo iluminista Immanuel Kant, e tem na teoria dos juízos as principais justificativas para suas afirmações:

a) Juízos Analíticos: são juízos em que o predicado (B) pode estar contido no sujeito (A) e, por isso, ser extraído por pura análise. Isto significa que o predicado nada mais faz do que explicar ou explicitar o sujeito. Ex.: Todo triângulo tem três lados ; b) Juízos Sintéticos a posteriori: são aqueles em que o predicado não está contido no sujeito, mas relaciona-se a ele por uma síntese. Esta, porém, é sempre particular ou empírica, não sendo universal e necessária, portanto, não servem para a ciência. Ex.: Aquela casa é verde. c) Juízos Sintéticos a priori: são juízos em que também o predicado não é extraído do sujeito, mas que pela experiência forma-se como algo novo, construído. No entanto, essa construção deve permitir ou antever a possibilidade da repetição da experiência, isto é, a aprioridade, entendida como a possibilidade formal de construção fenomênica, que permite a universalidade e a necessidade dos juízos. A experiência aqui não é a mera deposição de fenômenos na mente em razão da sequência das percepções, mas sim a organização da mente numa unidade sintética daquilo que é recebido pela intuição. Kant concorda com Leibniz que nada há na mente que não tivesse passado pelos sentidos, exceto a própria mente. 4. FENOMENOLOGIA Fenomenologia (do grego phainesthai - aquilo que se apresenta ou que mostra - e logos - explicação, estudo) afirma a importância dos fenômenos da consciência, os quais devem ser estudados em si mesmos tudo que podemos saber do mundo resume-se a esses fenômenos, a esses objetos ideais que existem na mente, cada um designado por uma palavra que representa a sua essência, sua "significação". Os objetos da Fenomenologia são dados absolutos apreendidos em intuição pura, com o propósito de descobrir estruturas essenciais dos atos (noesis) e as entidades objetivas que correspondem a elas (noema). 5. CONHECIMENTO INTUITIVO E CONHECIMENTO DISCURSIVO: - A intuição é uma forma imediata, uma visão súbita e inexprimível. É o ponto de partida do conhecimento e pode ser sensível (órgãos dos sentidos), inventiva (a descoberta repentina) ou intelectual (esforço para captar diretamente a essência). - Já o conhecimento discursivo é a sobreposição da razão às informações concretas e imediatas que recebemos, organizando-as em conceitos ou ideias gerais e, esses, articulados, podem levar à demonstração e às conclusões que se consideram verdadeiras. Assim o conhecimento discursivo envolve julgamento e encadeamento de ideias, juízos e raciocínios que levam à conclusão; utiliza a abstração. O conhecimento se faz pelo equilíbrio entre intuição e razão. ABSTRAÇÃO: Abstração é uma operação intelectual que consiste em isolar, por exemplo num conceito, um elemento à exclusão de outros, do qual então se faz abstração. Por exemplo, abstraindo uma bola de futebol de couro, por uma bola de

futebol, retemos apenas a informação enxuta das propriedades e comportamentos da palavra. CETICISMO: Doutrina filosófica segundo a qual o espírito humano não pode atingir nenhuma certeza a respeito da verdade, o que resulta em um procedimento intelectual de dúvida permanente e na abdicação, por inata incapacidade, de uma compreensão metafísica, religiosa ou absoluta do real. Pirro de Élis (Séc. IV a.c) foi um filósofo cético que defendia a impossibilidade do conhecimento, o que segundo ele, deve induzir o homem sábio a resguardar-se, evitando as emoções que acompanham o debate sobre coisas imaginárias. Para Górgias (Séc, IV a.c) o ser não existe, e se existisse não poderia ser comunicável. Ou seja, para esse filósofo, o conhecimento verdadeiro (o ser) também não pode ser conhecido, assumindo uma postura cética. DOGMATISMO: Dogmatismo é o pensamento que afirma a capacidade do homem de atingir a verdade absoluta e indiscutível, contrariando o ceticismo, que questiona a possibilidade de conhecimento total da verdade. É uma espécie de fundamentalismo intelectual, onde se expressam verdades que não são sujeitas a revisão ou crítica. RACIONALISMO: Diferentemente do empirismo, o racionalismo aceita a existência das verdades inatas e as verdades "a priori". Ou seja, há um conhecimento previamente existente na razão humana. Descartes demonstrou isso através da sentença Penso, logo existo. RELATIVISMO: Ponto de vista epistemológico (adotado pela sofística, pelo ceticismo, pragmatismo etc.) que afirma a relatividade do conhecimento humano e a incognoscibilidade do absoluto e da verdade, em razão de fatores aleatórios e/ou subjetivos (tais como interesses, contextos históricos etc.) inerentes ao processo cognitivo. EXERCÍCIOS 1. (PAS/UEM-2013) No século IV a.c., a Grécia foi conquistada pelo rei macedônio Felipe II. Seu filho Alexandre, o Grande, consolidou o domínio macedônio da Grécia e expandiu seu império pelo Oriente, chegando suas conquistas às margens do rio Indo, na Índia. Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou a cultura grega e levou-a para suas conquistas no Oriente, resultando daí uma intensa troca cultural entre os gregos e os povos orientais. O império de Alexandre não resistiu à sua morte, ocorrida em 323 a.c., aos 33 anos de idade, mas seus resultados culturais foram

duradouros com a emergência da chamada cultura helenística. Sobre essa questão, assinale o que for correto. 01) O Epicurismo, corrente filosófica fundada por Epicuro de Samos, é caracterizada como hedonista, porque pregava a busca imediata do prazer. 02) Alexandria, no Egito, tornou-se importante centro de desenvolvimento e de difusão da cultura helenista. 04) O cristianismo, em seus primórdios, foi influenciado por correntes filosóficas que floresceram no período helenístico, como o neoplatonismo e o estoicismo. 08) O ceticismo possui raízes no período clássico da filosofia grega, mas teve, no período helenístico, um de seus maiores representantes, Pirro de Élida. 16) No plano social, um dos traços mais salientes da filosofia grega na fase helenística foi a crítica à escravidão. No plano político, os filósofos do período helenístico criticaram o despotismo e a divinização dos reis. SOMA: 2- (PAS/UEM-2013) Muitos pensadores imaginaram que a objetividade das conclusões alcançadas pela Ciência estaria assegurada, se os cientistas deliberassem não aceitar qualquer proposição a respeito da qual pairasse sombra de dúvida ou que não fosse transparentemente verdadeira. Os homens raramente se dão conta de que há muito de hipotético no que têm por indubitável e, muitas vezes, acreditam-se livres de compromissos intelectuais de qualquer espécie, quando, na verdade, estão endossando tacitamente muito de falso (NAGEL, E. Ciência: natureza e objetivo. In: MORGENBESSER, S. (org.). Filosofia da Ciência. São Paulo: Cultrix, Ed. da Universidade de São Paulo, 1975, p. 19-20). A respeito das ideias defendidas nesse texto e do método científico, assinale o que for correto. 01) No texto acima, o autor combate uma tese que pode ser classificada como cartesiana, pois essa tese está de acordo com o pensamento do filósofo francês René Descartes (1596-1650). 02) O surgimento de uma hipótese científica pressupõe uma capacidade análoga à capacidade de criação artística. 04) Dado que a natureza do conhecimento científico é hipotética, ela é equiparável à natureza de qualquer outra crença dos indivíduos. 08) O fato de os cientistas possuírem compromissos intelectuais prévios torna o método científico parcial, pois os resultados científicos são aceitos apenas por aqueles que compartilham dos mesmos compromissos intelectuais.

16) O desenvolvimento de uma pesquisa científica também depende de compromissos éticos ou sociais. SOMA: 3- (PAS/UEM-2013) Augusto Comte (1798-1857) concebeu três estados ou estágios no desenvolvimento da humanidade: o teológico, o metafísico e o positivo (ou científico). Em seu Curso de Filosofia Positiva, ele afirma: No estado metafísico, (...) os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, verdadeiras entidades (...) inerentes aos diversos seres do mundo, e concebidas como capazes de engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados (COMTE, A. Curso de Filosofia Positiva. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2005, p. 22). Considerando essa afirmação de Comte, seu pensamento e sua influência para os filósofos e para os cientistas posteriores, assinale o que for correto. 01) O emprego do conceito de consciência pela psicologia comportamentalista é uma herança das teorias positivas de Comte. 02) O estado teológico atinge seu mais alto grau quando substitui uma grande quantidade de divindades por um único agente sobrenatural. 04) Para Comte, o conceito de alma como uma força vital, embora recorrente entre os filósofos, é um exemplo de conceito ligado ao estado metafísico da humanidade. 08) A ordem de sucessão entre os três estados é baseada não apenas em critérios lógicos e conceituais, mas também em critérios históricos. 16) Por atribuir grande valor à ciência como fonte de progresso para a humanidade, Comte julga que o estado positivo não justifica a existência de uma religião. SOMA: 4- (PAS/UEM-2013) A criação e a difusão de bens culturais e artísticos passaram por profundas transformações no século XX, provocadas por novas tecnologias, como a fotografia e a gravação sonora, que permitiram que as obras de arte fossem reproduzidas, perdendo seu caráter de objeto único, original e autêntico. O filósofo alemão Walter Benjamin, em suas observações sobre as novas técnicas, afirmou: Multiplicando as cópias, elas transformam o evento produzido apenas uma vez num fenômeno de massas (BENJAMIN, W. A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução. In: Textos Escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 8). Sobre a cultura de massa contemporânea, assinale o que for correto.

01) O advento das técnicas de reprodução dispensa a atuação do artista na criação das obras de arte, as quais podem ser geradas por processos industriais preestabelecidos. 02) A fotografia permite produzir cópias de uma obra de arte sem afetar o objeto original, porém a fotografia em si não pode ser considerada obra de arte, porque, nesse caso, não há um objeto original e único, mas apenas cópias idênticas. 04) Para Benjamin, a obra de arte possui tanto valor de culto, em que a obra de arte está a serviço de um significado religioso, quanto valor de exposição, em que a obra de arte é contemplada e usufruída como criação artística autônoma. 08) Os objetos artísticos únicos e originais, como as pinturas antigas preservadas nos museus, não estão submetidos ao controle da indústria cultural, porque foram criados em épocas em que as técnicas modernas de reprodução não existiam. 16) Segundo os filósofos alemães T. Adorno e M. Hockheimer, a massificação das obras de arte é uma forma de esvaziar a arte de seu potencial aspecto de crítica social. SOMA: 5- (PAS/UEM-2013) O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) consolidou a distinção entre o reino da natureza e o reino da moral, afirmando que, na natureza, operam as leis da causalidade, as quais são necessárias e universais, e que, no reino da moral, opera a vontade humana, a qual determina suas ações livremente e segundo finalidades racionais, sem se submeter às leis naturais necessárias. Dessa forma, à medida que as ações humanas agem sobre o mundo natural, esse é transformado em um mundo cultural, tal como expresso nos campos das artes, da política, da ética, da ciência e da religião, entre outros. Sobre a relação entre natureza e cultura, assinale o que for correto. 01) Porque a história é o registro em ordem cronológica das ações humanas, apenas os povos que desenvolveram a escrita possuem história. 02) O tempo natural distingue-se do tempo cultural por ser a repetição dos ciclos da natureza, como a passagem do dia para a noite e a sucessão das estações, enquanto o tempo cultural é o das mudanças por que passam os objetos, os valores e as instituições produzidos pela ação humana. 04) A distinção entre civilização e barbárie é determinada pelo grau de desenvolvimento tecnológico e cultural alcançado por uma sociedade.

08) As narrativas míticas, embora não sejam científicas, oferecem explicações válidas sobre o sentido e o significado das origens dos fenômenos naturais. SOMA: 6- (PAS/UEM-2013) Segundo Kant, a autonomia da liberdade humana em relação às leis necessárias naturais é alcançada por meio da educação. O filósofo alemão Edmund Husserl (1859-1938) concebeu a fenomenologia como um método para resolver o problema da fundamentação das condições de possibilidade do conhecimento. O objeto do conhecimento, para Husserl, só pode ser abordado à medida que aparece para a consciência em uma intuição já significativa, o que o pensador chamou de ato intencional. Husserl afirma que: Normalmente, falamos do conhecimento e da classificação do objeto da percepção como se o ato se exercesse sobre o objeto. Mas, como já dissemos, o que está na própria vivência não é nenhum objeto, e sim uma percepção, um estado de espírito determinado de tal ou tal maneira; portanto, na vivência, o ato de conhecimento se fundamenta na percepção (HUSSERL, E. Investigações Lógicas. Sexta Investigação. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2005, p. 44). Sobre o método fenomenológico, assinale o que for correto. 01) Para a fenomenologia, não é possível presumir que os objetos do conhecimento tenham uma realidade em si mesma, separada do sujeito que os conhece. 02) Quando a consciência percebe a cor vermelha de um objeto, o significado da expressão vermelho e a cor vermelha percebida aparecem como uma coisa só, idêntica em seu sentido. 04) A proposição o livro está sobre a mesa pode ser verdadeira para uma pessoa e falsa para outra, dependendo de suas vivências particulares do mesmo objeto percebido. 08) Para Husserl, os fenômenos não são apenas o domínio dos objetos das ciências naturais, são também aqueles objetos criados pela prática humana, como os valores morais e os afetos. 16) À medida que a fenomenologia define-se, segundo Husserl, como o estudo dos fundamentos e da estrutura da consciência e dos atos de percepção, ela é distinta da psicologia, que estuda os fatos mentais e comportamentais concretos. SOMA: