PRIMEIRA VARA DA JUSTIÇA DO TRABALHO DE FLORIANÓPOLIS SC TERMO DE AUDIÊNCIA

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Transcrição:

PRIMEIRA VARA DA JUSTIÇA DO TRABALHO DE FLORIANÓPOLIS SC TERMO DE AUDIÊNCIA AUTOS Nº ACP 06415-2009-001-12-00-4 AUTOR: SINDICATO DOS EMPREGADOS EM EMPRESAS DE PROCESSAMENTO DE DADOS DE SANTA CATARINA SINDPD/SC RÉ: EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA PREVIDENCIA SOCIAL - DATAPREV Aos 21 dias do mês de janeiro de 2010, às 13h12min, o Meritíssimo Juiz do Trabalho, Dr. LUCIANO PASCHOETO, vistos os autos, proferiu a seguinte SENTENÇA. RELATÓRIO SINDICATO DOS EMPREGADOS EM EMPRESAS DE PROCESSAMENTO DE DADOS DE SANTA CATARINA SINDPD/SC, já qualificado (doc.1, p.1) nos autos da Ação Trabalhista ajuizada em face de EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA PREVIDENCIA SOCIAL - DATAPREV, qualificada (doc.1, p.1), com base nos fundamentos de fato e de direito expostos na peça inicial, formulou as pretensões dispostas no petitório (doc.1, p.1-14), dando à causa o valor de R$ 20.000,00, juntando documentos. Em audiência INICIAL, primeira proposta conciliatória sem êxito. Foi juntada defesa pela ré, na qual foi requerida a improcedência das pretensões elencadas na inicial (doc.4, p.1-12). Juntados documentos. Não foram produzidas outras provas. Razões finais remissivas. Proposta final conciliatória sem êxito. Sem mais. É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO PRELIMINARMENTE DA LEGITIMIDADE ATIVA: o autor, SINDPD/SC, alega que é entidade sindical de primeiro grau, atua no presente feito na qualidade de substituto processual da categoria dos empregados da DATAPREV, com lotação no Estado de Santa Catarina, todos contratados pelo regime da CLT. A legitimação extraordinária dos entes sindicais ao ingresso de ações coletivas, na qualidade de substitutos processuais da categoria que representam, decorre de disposição expressa do artigo 8º, inciso III, da Constituição Federal. Aduz o autor que para o ingresso da presente ação civil coletiva, a legitimidade do Sindicato-Autor é também ancorada nas disposições dos arts. 81, parágrafo único, inciso III, e 82, inciso IV, da Lei n.º 8.078/90 (CDC), na medida em que atua na defesa dos chamados direitos individuais homogêneos, de que é titular 1

a categoria ora representada. A presente ação tem como objeto impedir que os substituídos sofram prejuízos de qualquer ordem em razão de seu envolvimento nas paralisações coletivas de trabalho desencadeadas em razão da Campanha Salarial em curso (data-base de 01 de maio de 2009). Logo, forçoso reconhecer o sindicato autor como parte legitima para compor a lide. Afasto a preliminar. MÉRITO GREVE DESCONTO DOS DIAS PARADOS NEGOCIAÇÃO EM CURSO IRREGULARIDADE:: alega o autor que um movimento de greve foi deflagrado pelos empregados da DATAPREV, em razão da Campanha Salarial, com vistas à renovação do Acordo Coletivo de Trabalho, data base de 01 de maio de 2009. Aduz que, em razão da não aceitação dos parâmetros ofertados pela empresa na negociação coletiva de trabalho, as paralisações ocorreram no dia 07/07/2009 com duração de 24 (vinte e quatro) horas e, posteriormente, 48 (quarenta e oito horas) horas nos dias 21 e 22/07/2009. Assevera que a negociação coletiva, embora as sucessivas reuniões realizadas entre a empresa e a representação dos empregados, em âmbito nacional, até o momento não resultou em acordo. Alega que a ré, DATAPREV, em que pese a evidente legitimidade do movimento, suprimiu dos servidores grevistas o direito à percepção da totalidade dos seus salários, privando-lhes, assim, de verbas que lhes garantem a subsistência. Argumenta que a ré enquadrou as faltas ao serviço decorrente da adesão ao movimento paredista à hipótese de falta injustificada ao serviço, efetuando descontos a este título. Pretende a devolução dos descontos efetuados e que não sejam considerados os dias como falta injustificada. A ré, em defesa, alega que em assembléia realizada no dia 06/06/2009, o SINDPD/SC deliberou em favor de paralisação de 24hs que seria realizada no dia seguinte (07/07/2009). Aduz que a ré é a empresa pública federal responsável por todos os sistemas informatizados desenvolvidos para o adequado funcionamento do Regime Geral de Previdência Social RGPS, sendo que as atividades da Ré são de importância vital para o desempenho das atividades-fim do INSS - Instituto Nacional do Seguro Social, de forma que o regular pagamento de milhões de benefício previdenciários concedidos dependem dos misteres ínsitos à sua missão institucional. Assevera que não foi cumprido o disposto no art.13 da Lei de Greve, não sendo intimada com antecedência de 72 horas. Com razão o autor. Inicialmente, tenho como incontroverso que ocorreram as paralisações no dia 07/07/2009 com duração de 24 (vinte e quatro) horas e, posteriormente, 48 (quarenta e oito horas) horas nos dias 21 e 22/07/2009. 2

Tenho, ainda, como incontroverso que houve o desconto de verbas trabalhistas referentes ao primeiro dia de paralisação assim como registro, em relação à paralisação do dia 07/07/2009, como sendo falta injustificada. Esclareço que não é objeto da presente ação a discussão a respeito de abusividade, ou não, do exercício do direito de greve. Seguindo essa linha de raciocínio, esclareço que, por certo, o exercício do direito de greve suspende o contrato de trabalho 1. Suspenso o contrato de trabalho, a regra é no sentido de não ser devido salário referente ao período, salvo as exceções legais previstas no artigo 473 da CLT. Porém, entendo que referida regra deve ser interpretada com restrições no presente caso, pois também é certo que as relações obrigacionais relativas ao período de paralisação devem ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho 2, essa última em sede de dissídio coletivo. A citada restrição deve ser observada sob pena de se autorizar a criação de um entrave quase que intransponível ao mero exercício de um direito, no caso o de greve, prejudicando desproporcionalmente os trabalhadores no momento da negociação coletiva. Saliento que a greve é um instrumento de defesa do direito dos trabalhadores e visa, através da paralisação, a negociação a respeito de suas reivindicações com o empregador e/ou classe patronal. Logo, autorizar o desconto dos dias parados, antes de qualquer negociação, praticamente esvaziaria o movimento, tornando o texto legal letra morta junto ao ordenamento jurídico. Não é muito lembrar que a legitimação da greve não está condicionada a um provimento jurisdicional a respeito. Ao contrário, a abusividade da mesma é que precisa ser reconhecida pelo Judiciário, razão pela qual é permitido concluir que a greve possui presunção relativa de legitimidade. Assim, sendo a greve um direito cujo ao exercício milita a presunção de legitimidade, e ciente não haver dissídio coletivo ajuizado pela ré buscando declaração em sentido contrário, ou seja, não havendo dissídio coletivo buscando reconhecer a abusividade do direito de greve, forçoso concluir não ser lícito ao empregador, por ora, efetuar descontos dos dias parados até finda a negociação coletiva, sob pena do direito de greve se tornar ineficaz e se perder no vazio. Repito não ser razoável ao empregador proceder aos descontos dos dias parados oriundos do exercício do direito de greve, quando em curso negociação coletiva, sob pena de tal desconto poder ser utilizado ilegalmente como moeda de troca de direitos custosamente perseguidos pelos trabalhadores. 1 Art. 2º e 7º da Lei 7783/89; 2 art. 7º da Lei 7783/89; 3

Se pretende proceder aos descontos, deve o empregador buscar tal autorização negocial ou judicialmente. Aplico, aqui, o princípio da razoabilidade para determinar à ré que efetue a devolução do salário do dia parado oriundo do exercício do direito de greve, mais precisamente no período de 07.julho.2009 e se abstenha de fazer qualquer outro desconto da mesma natureza até eventual autorização negocial ou judicial no particular. Desde já, arbitro multa pela eventual não devolução do salário do dia paralisado em R$50,00 por mês, para cada empregado da ré que teve o salário descontado, até o cumprimento da obrigação, com base no 4 do art. 461 do Código Buzaid. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS: preenchidos os requisitos dispostos na Lei n.º 5.584/70, concedo os benefícios da assistência judiciária gratuita ao Autor. Observando-se a natureza e a importância da causa, o grau de zelo profissional, o trabalho realizado pelo advogado, o lugar da prestação de serviço, o tempo exigido para o serviço e os limites estipulados no 1º do art. 11 da Lei n.º 1.060/50 aplicado por analogia ao Processo do Trabalho, arbitro os honorários assistenciais na alíquota de 15% sobre o valor da causa, apurado em liquidação de sentença, a favor do sindicato representante da categoria profissional do autor. DA PENA DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ: não visualizo qualquer das hipóteses elencadas no Código de Processo Civil neste particular. DISPOSITIVO Ante ao exposto, nos termos da fundamentação que passa a integrar este dispositivo para todos os efeitos legais, o Meritíssimo Juiz do Trabalho, Dr. LUCIANO PASCHOETO, decide, no mérito, julgar PROCEDENTES as pretensões dispostas na Ação Trabalhista ajuizada por SINDICATO DOS EMPREGADOS EM EMPRESAS DE PROCESSAMENTO DE DADOS DE SANTA CATARINA SINDPD/SC em face de EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA PREVIDENCIA SOCIAL DATAPREV para determinar à ré que efetue a devolução do salário dos dias parados oriundos do exercício do direito de greve, mais precisamente no período de 07.julho.2009 e se abstenha de fazer qualquer outro desconto da mesma natureza até eventual autorização negocial ou judicial no particular. Arbitro os honorários assistenciais na alíquota de 15% sobre o valor da causa, apurado em liquidação de sentença, a favor do sindicato representante da categoria profissional do autor. 4

Arbitro multa pela eventual não devolução do salário do dia paralisado em R$50,00 por mês, para cada empregado da ré que teve o salário descontado, até o cumprimento da obrigação, com base no 4 do art. 461 do Código Buzaid. Custas pela ré no importe de R$400,00, calculadas sobre o valor da condenação, provisoriamente arbitrada em R$20.000,00, sujeitas à complementação ao final. Publique-se em audiência. Intimem-se as partes. Nada mais. LUCIANO PASCHOETO Juiz do Trabalho 5