PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA DA JABUTICABA (Myrciaria Cauliflora) TECHNOLOGICAL FORECASTING OF JABUTICABA (Myrciaria Cauliflora) Marcos Paulo Silveira Linhares da Silva marcos.paulo022@hotmail.com Food Technology Department Federal University of Sergipe Domingos Fabiano de Santana Souza domingos@eq.ufrn.br Chemical Engineer Department Federal University of Rio Grande do Norte Tatiana Pacheco Nunes tpnunes@uol.com.br Food Technology Department Federal University of Sergipe Antonio Martins de Oliveira Junior amartins.junior@gmail.com Postgraduate Program in Intellectual Property Science Federal University of Sergipe Resumo A jabuticaba (Myrciaria Cauliflora) é uma fruta nativa do Brasil, comum em regiões da Mata Atlântica. Apesar de conhecida, possui um potencial químico pouco explorado. O presente trabalho tem como objetivo realizar uma prospecção tecnológica afim de se avaliar o perfil quantitativo das publicações e patentes com o gênero Myrciaria da espécie Myrciaria Cauliflora no indexador de citações científicas Web of Science e no banco de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) do Brasil. Ao utilizar a base de periódicos Web of Science com os tópicos de pesquisa Jabuticaba e Myrciaria Cauliflora presente no título e/ou no resumo, foram encontrados 31 artigos e participações em congressos, utilizando um refinamento de pesquisa direcionado à processamento. Já na busca por patentes utilizando o banco de dados do INPI, foram encontradas somente 2 patentes registradas com os tópicos de pesquisa Jabuticaba e Myrciaria Cauliflora. Palavras-chave Jabuticaba, Myrciaria Cauliflora. Abstract The jabuticaba (Myrciaria cauliflora) is a fruit native to Brazil occurring mainly in the Atlantic Forest that has great chemical potential which has been largely unexplored. This study aimed to carry out a technological survey in order to assess the quantitative profile of publications and patents with Myrciaria genre of Myrciaria cauliflora species in the index of scientific citations in Web of Science and the National Industrial Property Institute database (INPI ) from Brazil. When using regular base Web of Science with the research topics "Jabuticaba" and "Myrciaria cauliflora" present in the title and / or abstract, they found 31 articles and participation in conferences, using a search refinement directed to processing. In the search Proceeding of ISTI ISSN:2318-3403 Aracaju/SE 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.214-219 214
for patents by using the INPI database, we found only two patents registered with the research topics "Jabuticaba" and "Myrciaria cauliflora". Keywords Jabuticaba, Myrciaria Cauliflora. I. INTRODUÇÃO A jabuticaba (Myrciaria Cauliflora) é uma fruta típica de Mata Atlântica, sendo encontrada em quase todos os estados do Brasil e em regiões localizadas na bacia do Prata e Uruguai. Caracterizada por uma cor roxo-escura, possui polpa de cor branca e doce que envolve uma ou mais sementes. Na natureza, apresentase ligada aos troncos e galhos da jabuticabeira. A fruta possui uma elevada cinética de perecibilidade e o seu cultivo requer um laborioso planejamento, exigindo um ambiente com umidade controlada e semisombreada desde os primeiros meses de vida até o estágio adulto. Os frutos atingem o ápice quando sua coloração tende ao escuro brilhante. O fruto possui vitaminas do complexo B, C e antocianina. A presença de antocianina representa importante fator natural para perpetuação da espécie, em decorrência da forte atração que exerce sobre os pássaros. Sua importância na medicina atual deve-se a capacidade de eliminar radicais livres. Em seres vivos, a atividade antioxidante dos flavonoides, grupo em que as antocianinas pertencem, tem sido comprovada por diversas pesquisas e tem-se verificado que esta propriedade é dependente das espécies vegetais, origem geográfica e época da colheita. Guedes (2009) indica que a jabuticaba possui um teor elevado de flavonoides em média cerca de 43,51 mg em 100g na casca e 1,16 mg em 100g da polpa e representa uma quantidade pertinente quando comparada com a casca de uvas vermelhas, variedade Niágara e do bagaço da maçã, de 37,75 e de 11,05 mg/100g de peso fresco, respectivamente (SOARES et al., 2008). Plagemann et al. (2012) apontam que a jabuticaba é rica em compostos voláteis, como, por exemplo, o 2- fenilestanol, que confere um odor similar ao mel. O chá oriundo da casca do fruto possui propriedades fitoterápicas sendo utilizado no auxilio a diarréias crônicas, inflamações nas amídalas, antiasmática, hemoptise, inflamações dos intestinos. Segundo Wang e Stoner (2008), a antocianina combinada com o ácido elágico desenvolve uma potente prevenção contra certos tipos de cânceres. Estas características benéficas relacionadas a um fruto típico do Brasil lhe conferem uma potencial aplicação alimentar e farmacêutica e representa o objeto de estudo do presente trabalho cujo objetivo é a prospecção tecnológica a fim de se avaliar o perfil quantitativo das publicações e patentes com ênfase no processamento e beneficiamento da fruta. II. METOLOGIA Para o levantamento de dados foram utilizadas a base de artigos Web of Science e a base de dados de patentes do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O presente levantamento foi realizado em junho de 2015 nas bases de artigos e patentes, sendo utilizadas como palavras-chave Jabuticaba e Myrciaria cauliflora e com parâmetro de busca de artigos e patentes nos últimos 5 anos (2010-2015). Sendo considerados válidos os documentos que apresentassem esses termos no título e/ou resumo. Proceeding of ISTI ISSN:2318-3403 Aracaju/SE 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.214-219 215
III. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados obtidos através da pesquisa realizada nas bases de dados citadas estão representados na Tabela 1 e indicam que o objeto de estudo ainda representa um assunto incipiente, totalizando 62 artigos e 4 patentes. Considerando que as duas palavras-chaves possam coexistir em um mesmo artigo e patente, foi realizado um refinamento conforme mostra a Tabela 2. TABELA 1 BUSCA POR PUBLICAÇÕES E PATENTES POR GÊNERO E ESPÉCIE DA FRUTA ESTUDADA Palavra-chave Artigos - Web of Science INPI Jabuticaba 31 2 Myrciaria cauliflora 31 2 FONTE: Autoria própria (2015) TABELA 2 REFINO DE PESQUISA NAS ÁREAS DE INTERESSE Áreas de interesse Registros % Ciência e Tecnologia de Alimentos 24 57,14 Química 5 11,9 Dieta nutricional 4 9,52 Bioquímica 4 9,52 Farmacologia 3 7,14 Engenharia 2 4,76 Biotecnologia 1 2,38 FONTE: Autoria prória (2015) Os resultados indicam 43 artigos, sendo em sua maioria alocados na área de ciência e tecnologia de alimentos. Apesar de não estar indicado na Tabela 2, o número de patentes foi reduzido para 2. A Figura 1 representa os resultados das publicações com o gênero Myrciaria do período de 2010 a 2015. Figura 1. Distribuição de artigos pelo ano de pulicação. Fonte: Autoria prória (2015) Proceeding of ISTI ISSN:2318-3403 Aracaju/SE 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.214-219 216
Nota-se que em o pico de publicações foi em 2011 com 11 artigos, o que representa 35,5 % das publicações no intervalo de pesquisa, no entanto, em 2014 se obteve uma quantidade de publicações próxima a de 2011, obtendo 25,8% das publicações. A distribuição dos assuntos pesquisados em 2011, conforme a Figura 2(a), mostra um direcionamento das pesquisas para área de antioxidantes e suas derivações (compostos bioativos) e uma parcela representativa na área de downstream e que se estende para 2012 (ver Figura 2b). Em 2013, Figura 2(c), pode-se notar as pesquisa médicas, motivadas pelos compostos presentes na jabuticaba. Figura2. Distribuição das áreas de pesquisa. Fonte: Autoria prória (2015) (a) 2011 (b) 2012 Proceeding of ISTI ISSN:2318-3403 Aracaju/SE 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.214-219 217
(c) 2013 (d) 2014 (e) 2015 Em 2014, Figura 2(d), metades das pesquisas foram relacionadas a antioxidantes presentes na jaboticaba, além de pesquisas envolvendo a pigmentação originária da casca e o pó obtido da jaboticaba (também rico em antioxidantes). Até julho de 2015 houve somente duas publicações de artigos referentes ao tópico de pesquisa com o refino de pesquisa citado, ambas entram na categoria da ciência e tecnologia de alimentos, pois tratam-se de desenvolvimento de produtos a partir da jabuticaba e seus benefícios com a inserção e fixação de antocianinas. Como em 2010 houve somente uma publicação e sendo a respeito da capacidade antioxidante da jabuticaba, não se fez necessário ser feito um gráfico. Os resultados obtidos através da busca por patentes na área de processamento com os tópicos de pesquisa Jabuticaba e Myrciaria Cauliflora na base de patentes do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) foram dois, com os títulos: FARINHA E EXTRATO ANTOCIÂNICO DA CASCA DE JABUTICABA UTILIZADO COMO ADITIVOS DE ALIMENTOS, processo PI 1015496-5 e EXTRATOS SECOS PADRONIZADOS DE SEMENTE DE JABUTICABA (MYRCIARIA CAULIFLORA) PROCESSO DE OBTENÇÃO DO MESMO E SUAS APLICAÇÕES, processo PI 1106607-5. Depositados nesta base em 2010 e 2011 e criações de Angelita Duarte Corrêa, Ana Paula de Carvalho Alves, Ana Carla Marques Pinheiro, Ana Maria Dantas Barros, Annete de Jesus Boari e Flávia Cíntia de Oliveira Universidade Federal de Lavras e Eduardo Ramirez Asquieri, Edemilson Cardoso da Conceição e Adriana Antunes de Carvalho Universidade Federal de Goiás. A primeira, segundo o arquivo da patente, trata-se de um aditivo que possui características particulares por se tratar de um corante natural que apresenta outros benefícios além da cor, o que o faz diferir dos demais corantes que só tem a propriedade da cor. A segunda, segundo o arquivo da patente, Proceeding of ISTI ISSN:2318-3403 Aracaju/SE 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.214-219 218
trata-se de um produto que se enquadra na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação de produção farmacêuticas e alimentícios constituindo alternativa na fabricação de fitoterápicos nas formas farmacêuticas clássicas (sólidas, semissólidas, líquidas, aerossóis etc), sistemas de liberação (microcápsulas, sistemas nanoestruturados, fitossomas, sistemas matriciais etc.), na fabricação de suplementos alimentares e aditivos antioxidantes para aplicações tecnológicas no processamento de óleos e gorduras e demais aplicações. IV. CONCLUSÕES A partir do exposto acima, observa-se a jabuticaba possui grande potencial atrativo em relação aos seus aspectos nutricionais, funcionais e sensoriais. No entanto, a sua utilização para o consumo ainda é restrita devido à necessidade do desenvolvimento tecnológico envolvendo a extração das suas substâncias bioativas e a inclusão na dieta humana. AGRADECIMENTOS Agradecemos à COPES/UFS pelo apoio nesta pesquisa. REFERÊNCIAS BORGES, M.H.C.B. e MELO, B. Cultura da jabuticabeira. Disponível em: http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/jabuticaba.html. Acesso em 9 de junho de 2015. http://saude.abril.com.br/edicoes/0259/nutricao/conteudo_87702.shtml Jabuticaba: nossa pequena notável. Acesso em 9 de junho de 2015. OKUMURA F., SOARES M.H.F.B., CAVALHEIRO E.T.G.; Química Nova 2004, Vol. 25. MALACRIDA, C. R.; DA MOTTA, S. Antocianinas em suco de uva: composição e estabilidade. Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/alimentos/article/view/5294/3924. Acesso em 15 de junho de 2015. LIMA, VLAG de; GUERRA, NB Antocianinas: Atividade antioxidante e biodisponibilidade. Boletim da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos. Campinas, v 37, p. 121-128, 2003. PLAGEMANN, I; KRINGS, U; BERGER, RG; MAROSTICA, M. R. Jr. Volatile constituents of jabuticaba (Myrciaria jaboticaba (Vell.) O. Berg) fruits. JOURNAL OF ESSENTIAL OIL RESEARCH. Volume: 24 Edição: 1 Páginas: 45-51, 2012. GUEDES, M. N. S. Diversidade de acessos de jabuticabeira Sabará em Diamantina/MG por meio da caracterização biométrica e físico-química dos frutos e fisiológica das sementes. Diamantina: UFVJM, 2009. 70p. SOARES, M.; WELTER, L.; KUSKOSKI, E. M.; GONZAGA, L.; FETT, R. Compostos fenólicos e atividade antioxidante da casca de uvas Niágara e Isabel. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.30., n.1., p.59-64., 2008 a. WANG, Li-Shu e STONER, Gary D. Anthocyanins and their role in cancer prevention. Cancer Lett. Outubro de 2008 Proceeding of ISTI ISSN:2318-3403 Aracaju/SE 23 a 25/09/ 2015. Vol. 3/n.1/ p.214-219 219