LEVANTAMENTO NAS BASES DE PATENTES DO USO DO LODO DE ESGOTO/BIOSSÓLIDO NA AGRICULTURA
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- Madalena Valverde Castanho
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1 LEVANTAMENTO NAS BASES DE PATENTES DO USO DO LODO DE ESGOTO/BIOSSÓLIDO NA AGRICULTURA Tamara Barbosa Passos Márcia Regina Pereira Lima - marcialima@ifes.edu.br Aurélio Azevedo Barreto Neto - aurelio@ifes.edu.br Christian Mariani Lucas dos Santos - cmariani@ifes.edu.br Resumo O lodo é um subproduto resultante do processo de tratamento de esgotos. Com o devido tratamento, esse passa a ser um produto com aspectos benéficos para uso na agricultura (biossólido), que favorece tanto o aspecto ambiental quanto o econômico. Com o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico no Brasil, muitos trabalhos sobre o aproveitamento do lodo de esgoto na agricultura vêm sendo desenvolvidos. Então, em virtude da grande importância científica e tecnológica da utilização do lodo de esgoto/biossólido e sua interface com o desenvolvimento sustentável, este estudo teve como objetivo identificar o uso de lodo de esgoto/biossólido quando empregado à agricultura em bases de patentes. Foram realizadas buscas na base de dados de patentes nacionais (INPI) e internacionais (ESPACENET e USPTO). Como critérios de inclusão da pesquisa, foram utilizados os termos, fertilizante, composto e substrato. No segundo momento, na tentativa de filtrar a busca com palavras mais específicas, foram utilizados os termos fertilizante lodo de esgoto, fertilizante biossólido, composto lodo de esgoto, composto biossólido, substrato lodo de esgoto e substrato biossólido. Em patentes depositadas para o uso agrícola apenas 0,20% são sobre lodo de esgoto e 0,03% de biossólido do total de patentes que tratam de fertilizante, composto e substrato. Dos usos agrícolas é mais utilizado como fertilizante. A base de patentes que possui mais depósitos que utilizam lodo de esgoto ou biossólido em fertilizantes, compostos ou substratos é a USPTO. Apesar do potencial benéfico desse resíduo ele ainda é pouco utilizado em patentes que tratam de produtos para fins agrícolas. Palavras-chave fertilizante, composto, substrato, biossólido e lodo de esgoto 1 INTRODUÇÃO Um dos subprodutos resultantes do processo de tratamento de esgotos é um resíduo que pode apresentar-se na forma sólida, semi-sólida ou líquida, rico em matéria orgânica e em nutrientes, Proceeding of ISTI ISSN: Aracaju/SE 20 a 22/09/ Vol. 8/n.1/ p
2 denominado lodo de esgoto. Com o devido tratamento, o lodo passa a ser chamado biossólido por caracterizar um produto com aspectos benéficos para seu uso na agricultura, favorecendo tanto o aspecto ambiental quanto econômico, pois transforma um rejeito em um importante insumo agrícola. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através da Resolução 375/2006, define critérios, procedimentos e providências para o uso agrícola de lodo de esgoto gerado em estações de tratamento de esgotos sanitários, bem como seus produtos derivados. Alguns autores como Trigueiro e Guerrini (2014) e Lobo et al. (2013), já desenvolveram estudos que comprovam a eficácia da utilização do lodo para fins agrícolas seja como substrato, fertilizante ou composto. A utilização de lodo de esgoto como biofertilizante e condicionador de solos permite ganhos ao produtor através do aumento da produtividade das culturas e redução do uso de fertilizantes minerais e, por outro lado, propicia ganhos para os geradores de lodo, pela efetivação de forma adequada de disposição final desse resíduo. Com a Lei 9.279, de maio de 1996 (BRASIL, 1996), que regula os direitos e obrigações relativos à propriedade industrial, surge o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico no Brasil. Segundo Sales e Porto (2011) além de medidor da inovação, o patenteamento das criações técnicas constitui-se em uma questão estratégica para o desenvolvimento de um país em determinado setor, haja vista garantir ao seu titular o domínio tecnológico da invenção e a apropriação dos resultados obtidos a partir do processo inovativo. Em virtude da grande importância científica e tecnológica da utilização do lodo de esgoto/biossólido e sua interface com o desenvolvimento sustentável, este estudo teve como objetivo identificar o uso de lodo de esgoto/biossólido quando empregado à agricultura em bases de patentes. 2 METODOLOGIA De acordo com Gil (2002) esta pesquisa se classifica quanto aos objetivos em descritiva e quanto à abordagem em quantitativa. Esta foi realizada por meio de busca em bases de dados de patentes nacionais e internacionais. As bases de patentes utilizadas foram: a nacional (INPI), a europeia (ESPACENET) e a americana (USPTO). Foram empregados como critérios de inclusão da pesquisa os termos, fertilizante, composto e substrato, no contexto de utilização do biossólido no meio agrícola, sendo estas as palavraschave utilizadas para a busca nas bases como sendo um 1º FILTRO (F1) de pesquisa. Na tentativa de filtrar a busca com palavras mais específicas no que se refere a lodo de esgoto, para uma segunda busca (2º FILTRO F2) foram utilizadas fertilizante lodo de esgoto, fertilizante biossólido, composto lodo de esgoto, composto biossólido, substrato lodo de esgoto e substrato biossólido. Sendo que na base de patentes norte americana e na européia os filtros foram utilizados em inglês ( fertilizer, compound, substrate, fertilizer sewage sludge, fertlizer biosolid, compound sewage sludge, compound biosolid, substrate sewage sludge e substrate biosolid ). Também se identificou como o tema da pesquisa se enquadra na classificação internacional de patentes (CIP). Essa identificação foi realizada na base de patentes do INPI, onde foi observado como são classificadas as patentes que tratam de lodo de esgoto e biossólido em meio agrícola. A pesquisa nas bases de patentes foi realizada na primeira quinzena de novembro de A figura 1 apresenta o fluxograma que explicita a maneira em que a busca foi realizada nas bases de patentes. Proceeding of ISTI ISSN: Aracaju/SE 20 a 22/09/ Vol. 8/n.1/ p
3 Figura 1: Fluxograma da metodologia de pesquisa utilizada nas bases de patentes INPI ou ESPACENET ou USPTO Fertilizante Composto Substrato esgoto esgoto esgoto 3 RESULTADOS Para a pesquisa realizada no 1º FILTRO F1 obteve-se mais de (dois milhões setenta e dois mil oitocentos e quarenta e quatro) patentes com as palavras-chave utilizadas, sendo (dezessete mil trezentos e trinta e três) na base de patentes brasileira INPI, mais de (trinta mil) patentes na base de europeia ESPACENET e (dois milhões vinte e cinco mil quatrocentos e setenta e um) patentes na base norte americana USPTO. Com a aplicação do 2º FILTRO (F2), (quatro mil cento e oitenta e seis) utilizam lodo de esgoto e 539 (quinhentos e trinta e nove) biossólido. Esses resultados são descritos na tabela 1. Tabela 1: Levantamento das palavras-chaves e filtros nas bases de patentes PALAVRA- 2º FILTRO F2 BASE CHAVE VALOR (1º FILTRO F1) esgoto Fertilizante INPI Composto Substrato TOTAL Fertilizante ESPACENET Composto Substrato TOTAL Fertilizante USPTO Composto Substrato TOTAL TOTAL GERAL Vale destacar que para a base ESPACENET, quando o valor encontrado é superior a (dez mil) o resultado é apresentado como sendo maior que , ou seja, Também foi possível observar a quantidade de patentes que utilizam o termo lodo de esgoto e biossólido por cada base, como é descrito na Proceeding of ISTI ISSN: Aracaju/SE 20 a 22/09/ Vol. 8/n.1/ p
4 tabela 2. Tabela 2: Resultados da pesquisa nas bases de patentes com os filtros adotados PALAVRA-CHAVE/ BASES FILTRO INPI ESPACENET USPTO TOTAL FERTILIZANTE esgoto COMPOSTO esgoto SUBSTRATO esgoto Algumas das classificações mais utilizadas em patentes que tratam de lodo de esgoto e biossólido em meio agrícola são listadas na tabela 3. esgoto/ Tabela 3: Identificação das CIP de acordo com o tema pesquisado Fertilizante Substrato Composto C02F103/26, C05F 7/00, C02F 11/12, C02F 11/12, C05F15/00, C05F 11/00, C05F3/00, C05F1/00; C02F103/22, C05F 11/08. C05F7/00, C05F C02F3/02, 17/00. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Na figura 2 é possível observar que do total de patentes que tratam de fertilizantes, substratos e compostos ( ), apenas 0,20% utilizam o lodo de esgoto e 0,03% utilizam o biossólido, mostrando que apesar do potencial benéfico desse resíduo ele ainda é pouco utilizado para produção dos itens citados. Proceeding of ISTI ISSN: Aracaju/SE 20 a 22/09/ Vol. 8/n.1/ p
5 Figura 2: Utilização do lodo de esgoto e do biossólido como fertilizante, substrato ou composto, considerando as três bases pesquisadas Quando analisamos os resultados no F1, verifica-se que para as patentes depositadas a nomenclatura mais utilizada é fertilizante com 39% (1.850 patentes), seguida de composto com 36% (1.694 patentes) e por fim substrato com 25% (1.181 patentes), neste caso considerando a soma dos resultados obtidos com os termos lodo de esgoto e biossólido (figura 3). E, no F2 os resultados indicam que em todas as bases o termo lodo de esgoto é mais utilizado que biossólido (figura 4). Figura 3: Comparação entre as palavras-chave utilizadas no F1 quando somadas as patentes depositadas com os termos lodo de esgoto e biossólido Proceeding of ISTI ISSN: Aracaju/SE 20 a 22/09/ Vol. 8/n.1/ p
6 Figura 4: Utilização do lodo de esgoto e do biossólido em cada uso agrícola Levanto em consideração as três bases pesquisadas, é notório que a base norte americana USPTO é a que mais possui patentes depositadas com os termos pesquisados, seguida da ESPANECET e depois da INPI, como mostra a figura 5. Apesar desta pesquisa focar em um assunto bastante específico, nota-se que o Brasil ainda precisa melhorar os incentivos e as políticas para a criação e depósito de patentes. Soares (2016) diz que é fundamental o aumento dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento no país. Segundo IBGE (2013), o percentual desse investimento realizado por empresas ainda é muito tímido quando comparado ao de países desenvolvidos, além de que no Brasil a inovação de processo é muito mais comum do que a de produto, ao contrário do que acontece em países desenvolvidos, onde a inovação de produto é predominante, ou, pelo menos, equiparada à de processo. A categoria de inovação de produto tende a exigir maiores esforços inovativos por parte das empresas, bem como impacta positivamente a capacidade de gerar inovação de processo. Figura 5: Patentes que utilizam lodo de esgoto e o biossólido em cada base Proceeding of ISTI ISSN: Aracaju/SE 20 a 22/09/ Vol. 8/n.1/ p
7 Na tabela 3 observa-se que os códigos que iniciam com C02F e C05F são mais frequentes na classificação de patentes que tratam de lodo de esgoto e biossólido em meio agrícola. Isso ocorre porque nessas seções estão incluídos tratamento de água, de águas residuais, de esgotos ou de lamas e lodos e fertilizantes resultantes do tratamento de lixo ou refugos respectivamente. 5 CONCLUSÃO O lodo de esgoto ou biossólido é pouco utilizado em patentes depositadas para o uso agrícola, chegando apenas 0,20% de lodo de esgoto e 0,03% de biossólido, do total de patentes que tratam de fertilizante, composto e substrato. Dos usos agrícolas é mais utilizado como fertilizante seguido de composto e depois substrato. Com relação às bases de patentes, a que possui mais depósitos que utilizam lodo de esgoto ou biossólido em fertilizantes, compostos ou substratos é a USPTO. Apesar do potencial benéfico desse resíduo, ele ainda é pouco utilizado em patentes que tratam de produtos para fins agrícolas. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de Regula direitos e obrigações à propriedade industrial. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 14 mai BRASIL. Resolução do Conama n 375, de 29 de agosto de Dispõe sobre a Regulamentação do Uso Agrícola do Esgoto. Conselho Nacional de Meio Ambiente, 29 ago GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, IBGE. Pesquisa de Inovação - PINTEC Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro, Brasil, LOBO, T. F; FILHO, H. G; BULL, L. T; KUMMER, A. C. Efeito do lodo de esgoto e do nitrogênio nos fatores produtivos do girassol. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 17, n. 5, p , mar SALES, M. N; PORTO, C. M. A importância da proteção patentária para o desenvolvimento tecnológico na área de biocombustíveis. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 95, dez Disponível em: < > Acesso em nov SOARES, T. J. C. C; TORKOMIAN, A. L. V; NAGANO, M. S; MOREIRA, F. G. P. O sistema de inovação brasileiro: uma análise crítica e reflexões. Revista Interciência, v. 41, n. 10, p , TRIGUEIRO, R. M.; GUERRINI, I. A. Utilização de lodo de esgoto na produção de mudas de aroeirapimenteira. Revista Árvore, v. 38, n. 4, p , Proceeding of ISTI ISSN: Aracaju/SE 20 a 22/09/ Vol. 8/n.1/ p
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