PRODUÇÃO DO PIMENTÃO IRRIGADO COM DIFERENTES LÂMINAS DE REPOSIÇÃO PIZOLATO NETO, A. 1 ; SANTANA, M.J. de 2 ; CARDOZO, M.T.D. 3 ; GALBIATTI, J.A. 4 1 Estudante de Engenharia Agronômica do IFTM- Uberaba, Iniciação científica. email: antoniopizolatoneto@gmail.com. 2 Prof. IFTM- Uberaba, e-mail: marciosantana@iftriangulo.edu.br. 3 Professora IFTM, Doutoranda UNESP/Jaboticabal. 4 Professor UNESP/Jaboticabal. RESUMO O objetivo do atual trabalho é determinar os efeitos das diferentes lâminas de água de irrigação no rendimento da cultura do pimentão quando cultivada em ambiente protegido. O experimento está sendo conduzido em estufa modelo arco com 280 m 2 em área experimental do IF Triângulo Campus Uberaba-MG. O delineamento experimental é o inteiramente casualizado com quatro tratamentos (reposição de água no solo de 70%, 100%, 130% e 160% da lâmina para elevar o solo à capacidade de campo) e seis repetições. Cada parcela experimental é composta por seis plantas. Os dados serão coletados nas duas plantas localizadas ao centro da parcela. Foi instalado um termohigrômetro para medidas diárias de umidade e temperatura (máxima e mínima). Serão avaliadas as seguintes características: produtividade, número total de frutos, altura das plantas, diâmetro do caule, número de frutos com podridão apical, índice de qualidade dos frutos e eficiência do uso da água. Todas as características serão submetidas à análise de variância, sendo os efeitos dos tratamentos estudados por meio de análise de regressão. Palavras-chave: Capsicum annuum, manejo irrigação, ambiente protegido. INTRODUÇÃO O pimentão (Capsicum annuum L.) é pertence à família das solanáceas e está entre as hortaliças com maior área cultivada no Brasil e no mundo. Segundo dados da CEAGESP o pimentão ocupa 8.291 hectares, com produção de 70 mil toneladas e gera 4543 empregos, sendo o 6 produto agrícola em demanda de força de trabalho. A CEAGESP recebe cerca de 39 mil toneladas anuais de pimentão, sendo que 93% desse volume se destina à Região Me - tropolitana de São Paulo. Segundo Henz et al., (2007), o pimentão é geralmente cultivado em campo aberto, mas adapta-se bem ao cultivo protegido pelo melhor controle nos tratos culturais e das condições ambientais. Este sistema de cultivo é adotado em regiões com invernos frios, como a região Sul, e em áreas com períodos de chuvas intensas,como a região Norte e Centro-Oeste. O Distrito Federal vem despontando como o principal pólo de produção de pimentão em cultivo protegido no país, com aproximadamente 50 ha de área cultivada anual.
A produtividade do pimentão cultivado em campo fica em torno de 25-40 t ha -1, e em cultivo protegido chega a 180 t ha -1. O desenvolvimento, o florescimento e a frutificação das plantas de pimentão são influenciados pela temperatura. As principais cultivares são de origem tropical e não toleram frio e geadas, desenvolvendo-se melhor em temperaturas mais altas. Assim, em regiões de clima temperado, o cultivo é feito na época em que não há riscos de ocorrência de geadas ou em cultivo protegido, com aquecimento. No entanto, nos períodos chuvoso e seco ocorrem problemas, principalmente de doenças, como a antracnose nas chuvas e o oídio na seca. Por esta razão tem-se utilizado o cultivo protegido, por meio de casas de vegetação, com cobertura plástica, evitando-se as chuvas e seus problemas (HENZ et al. 2007). O pimentão exige suprimento regular de água durante todo o ciclo. Deve-se evitar o acúmulo de água para não favorecer o surgimento de doenças que podem causar apodrecimento do colo e raízes, assim como o abortamento e queda de flores. A deficiência de água, especialmente durante os estádios de floração e pegamento de frutos, reduz a produtividade em decorrência da queda de flores e abortamento de frutos e também provoca o aparecimento de podridão apical nos frutos. Henz et al., (2007), afirmam que o gotejamento é o método mais indicado no cultivo de pimentão, principalmente quando plantados em canteiros com uso de mulching e em cultivo protegido. O gotejamento é mais econômico e eficiente, e possibilita a técnica da fertirrigação. Assim sendo, o manejo da irrigação, com respeito ao controle da salinidade do solo, assemelha-se muito às condições de regiões áridas, onde somente a água de irrigação é responsável pelo suprimento das necessidades hídricas da cultura e pela possível lixiviação dos sais no perfil (MEDEIROS, 1998, citado por SANTANA, 2004). Segundo Doorenbos & Kassam, (1994), o pimentão possui uma raiz pivotante que é cortada no momento do transplantio, desenvolvendo-se em seguida um sistema de raízes laterais profusamente ramificado. A profundidade das raízes pode chegar a até 1 m, porém, em condições irrigadas, elas concentram-se principalmente na camada superior do solo de 0,3 m de profundidade. Em condições em que a evapotranspiração máxima é de 5 a 6 mm dia -1 pode-se esgotar de 25% a 30% da água total disponível no solo até que comece haver redução na sua absorção. Os solos recomendados para o cultivo do pimentão devem ser profundos, leves, bem drenados e livres de encharcamento, férteis, com ph entre 5,5 a 7,0. As necessidades hídricas das diferentes cultivares deverão ser analisadas quando cultivadas em ambiente protegido. Diante do exposto o atual experimento tem como objetivo avaliar a produtividade da cultura do pimentão submetida a diferentes lâminas de água no solo.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento está sendo conduzido na cidade de Uberaba-MG, no Instituto Federal Triângulo Mineiro-Campus Uberaba a 19º45 26 de latitude Sul e 47º55 27 de longitude Oeste. Este experimento configura uma primeira parte de um projeto resultante da parceria IFTM e a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV/UNESP) de Jaboticabal/SP. O experimento está sendo conduzido em estufa modelo arco com 280 m 2. O solo da área experimental foi caracterizado por meio de análise química, obtenção da capacidade de campo (BERNARDO, 1996), curva característica, densidade global e outros parâmetros físicos. As equações de ajuste das curvas características de retenção de água no solo para as camadas de 0-20 cm e 20-40 cm de profundidade, segundo modelo de Genuchten (1980), foram obtidas de acordo com Dourado Neto et al. (1995). Com o auxílio do software SWRC versão 3.0 (Soil Water Retention Curve), foram obtidos os parâmetros de ajuste das equações. A cultivar será o Ikeda Cascadura. O delineamento é inteiramente casualizado com quatro tratamentos e seis repetições. Os dados serão coletados nas duas plantas localizadas ao centro da parcela. Os tratamentos são reposições de água no solo (70%, 100%, 130% e 160% da lâmina de água a ser adicionada para elevar o solo diariamente à capacidade de campo). Foi instalado um termohigrômetro para medidas diárias de umidade e temperatura (máxima e mínima). Foram instalados gotejadores com vazão de 3 L h -1 com 12 linhas. Em três parcelas do tratamento 100% serão instaladas baterias de tensiômetros para monitorar a lâmina de irrigação. O cálculo do tempo de irrigação se realizará com base nos sensores de 0,10 m e 0,30 m. Com as tensões observadas, serão calculadas as umidades correspondentes, a partir das curvas características a 0,10 m e 0,30 m. De posse dessas umidades e daquela correspondente à capacidade de campo e, ainda, considerando a profundidade do sistema radicular estratificada em duas subcamadas (0-20 cm e 20-40 cm), serão calculadas as lâminas de reposição (Equações 1, 2 e 3). LL=(θ cc -θ atual )*z (1) LB = LL/Ea (2) LB média =LB média10cm +LB média30cm (3) em que: LL = lâmina líquida de irrigação em cada subcamada (mm); θ cc = umidade na capacidade de campo (cm 3 cm -3 ); θ atual = umidade no momento de irrigar (cm 3 cm -3 ); z = profundidade do sistema radicular (mm); LB = lâmina bruta de irrigação (mm);
Ea = eficiência de aplicação do sistema (0,9); LB média10cm = lâmina obtida pela média das leituras dos sensores instalados a 0,10 m; LB média30cm = lâmina obtida pela média das leituras dos sensores instalados a 0,30 m. As características avaliadas serão: produtividade, número total de frutos, altura das plantas, diâmetro do caule, número de frutos com podridão apical, índice de qualidade dos frutos e eficiência do uso da água. RESULTADOS De posse dos valores de tensão de água no solo e umidades correspondentes constatou-se o valor de 21,2% para capacidade de campo a uma tensão de aproximadamente 9 kpa. Na Figura 1 são mostrados os pontos de caracterização de tensão de água e grau de umidade. A equação 4 evidencia a relação com o potencial matricial. A densidade do solo na camada de 0-20 cm foi de 1,01 g cm -3. θ( h) = 0,220 + 1 0,37 5,6 0,21 ( 0,59 h) (4) em que: θ (h) umidade do solo (g g -1 ) para um dado valor de h; h módulo potencial mátrico (kpa). 10000 Tensão (kpa) 1000 100 10 1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 Umidade (g g -1 ) Figura 1. Curva característica de água do solo utilizado no experimento (0-20 cm).
CONSIDERAÇÕES FINAIS O experimento está em fase inicial de condução. O transplantio das mudas deverá ocorrer em setembro de 2009. A caracterização do solo e sistema de irrigação foi realizada, bem como calibração dos diversos equipamentos (termohigrômetros, tensiômetros e outros). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARDO, S. Manual de irrigação. 6 a ed. Viçosa: Imprensa Universitária, 1996. 657p. DOORENBOS, J., KASSAM, A.H. Efeito da água no rendimento das culturas. Trad. De H.R. Gheyi; A.A. Sousa; F.A.V. Damasceno; J.F. Medeiros. Campina Grande: UFPB, 1994. 306p. (FAO, Estudos de irrigação e Drenagem, 33). DOURADO NETO, D.; NIELSEN, D.R.; HOPANS, J.W.; PARLANGE, M.B. Programa SWRC (Version 1.00): Soil-Water Retention Curve (Software). Piracicaba: ESALQ; Davis: University of Califórnia, 1995. 2 disquetes. GENUCHTEN, M. T. van. A closed-form equation for predicting the hydraulic conductivity of unsaturated soils. Soil Science Society American Journal, Madison, v. 50, p. 288-91, 1980. HENZ, G. P. et al. Como cultivar pimentão. Grupo Cultivar: Caderno Técnico. Hortaliças e Frutas nº 42 fevereiro / março 2007. SANTANA, M.J. Produção do pimentão (Capsicum annuum L.) em ambiente protegido, irrigado com diferentes lâminas de água salina. Lavras: UFLA, 2004. 90p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola).