Curso de Administração da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Campus Universitário. CEP 86051 990, Londrina (PR), E-mail: ivan@localcyber.



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Transcrição:

FORMAÇÃO DOS EGRESSOS DE ADMINISTRAÇÃO E UM PERFIL DESTE PROFISSIONAL Ivan de Souza Dutra1 Ivan Dutra 2 João Massarutti 3 Mariana Gomes Musetti 4 Sílvio Roberto Stefano 5 Campus Universitário Londrina/Pr Telefone: (43) 371 4138 Email: sstefano@onda.com.br RESUMO 1. Mestrando em Administração: Gestão de Negócios PPA UEL/UEM e Docente do Curso de Administração da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Campus Universitário. CEP 86051 990, Londrina (PR), E-mail: ivan@localcyber.com ; 2. Doutor em pela USP Universidade de São Paulo. Docente do Programa de Pós-Graduação em em nível de Mestrado das Universidade Estadual de Londrina e Universidade Estadual de Maringá consorciadas, ) Campus Universitário. CEP 86051 990, Londrina (Pr). E-mail: inbrape@inbrape.com.br ; 3. Mestrando em Administração: Gestão de Negócios PPA UEL/UEM e Docente do Curso de Administração da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Campus Universitário. CEP 86051 990, Londrina (PR), E-mail: massarutti@onda.com.br ; 4. Mestrando em Administração: Gestão de Negócios PPA UEL/UEM e Docente do Curso de Administração da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), Av. Paris, 675, Jardim Piza. CEP 86041 140, Londrina (PR), E-mail: mussetti@uel.br ; 5. Mestrando em Administração: Gestão de Negócios PPA UEL/UEM e Docente do Curso de Administração da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), Av. Paris, 675, Jardim Piza. CEP 86041 140, Londrina (PR), E-mail: sstefano@onda.com.br. A proposta deste trabalho é oferecer elementos para aperfeiçoar a qualidade do ensino de graduação em administração. Para este estudo realizou-se uma pesquisa com os graduados desse curso da Universidade Estadual de Londrina formados em 1999 e 2000, que quanto ao método classificou-se como quantitativa, exploratória e amostra por conveniência. Outros recursos metodológicos foram utilizados como pesquisas bibliográficas nas áreas educacional, empreendedora, mercadológica e afins, juntamente com revistas e periódicos do setor de educação à administração e pesquisas em Internet. Os resultados são importantes, revelando o perfil do graduado e suas sugestões que podem permitir uma contribuição para o crescimento e aperfeiçoamento da estratégia universitária com seus graduados em cursos de Administração, especialmente na reformulação de currículos, adequação de ensino-aprendizagem e incremento de projetos de pesquisa e extensão. O estudioso e o leitor encontrarão informações sobre a formação do administrador, um tema que tem recebido preocupação das empresas, órgãos governamentais e, em especial, as instituições de ensino superior. Palavras-Chaves: Formação do administrador; Educação em Administração; Ocupação do administrador.

INTRODUÇÃO O papel da educação e sua importância na vida do ser humano têm sido fonte de grande atenção, pesquisa, estudo e trabalho pelas civilizações, desde os tempos remotos e, principalmente, nos últimos séculos. Segundo Eco (1985), em termos de formação superior no planeta, atualmente podemos identificar que muitas universidades são para uma elite de pessoas, a exemplo de universidades americanas que têm cursos para um número reduzido de dez ou doze alunos que pagam ou mesmo algumas britânicas (por exemplo a Universidade de Oxford) onde um professor chamado de tutor, cuida da tese de grupo restrito de alunos. Entretanto, encontramos, também, as universidades de massa como as italianas, onde chegam estudantes de todas as classes, provenientes dos mais diversos cursos secundários. No Brasil, o foco para a finalidade das universidades também é objetivo de inúmeras pesquisas. Das mais importantes é a função social que está bem expressada por Maupas (apud Nerici, [Didática Geral]): "A universidade deve ser, também, uma escola da comunidade, uma vez que tem por dever atender as necessidades da comunidade em que se localiza. Assim, a universidade, em seus estudos, deve partir do particular (problemas concretos da comunidade), dirigir-se ao universal (estudos dos mesmos problemas em outras partes e outros países em caráter geral) e voltar ao particular (visando resolver ou atenuar as dificuldades da comunidade). Outra questão de grande relevância apresenta-se: a finalidade dos cursos de graduação. O desempenho de diversos cursos de graduação no país e a formação que estão proporcionando têm sido foco de estudos. Entre as diversas graduações, os cursos de Administração possuem grande destaque, o que se deve em grande parte à sua importância na vida das organizações que influenciam e interagem com a vida do ser humano. Em tratando-se dos cursos de Administração, o administrador é, provavelmente, um dos principais elementos para as universidades e instituições de ensino superior no desenvolvimento da função social. Procurar saber estes resultados na formação do curso de Administração, entender o atual momento acadêmico para o seu egresso e acompanhar o desenvolvimento deste curso são aspectos que se apresentam com grande importância para os autores do trabalho proposto realizarem pesquisas e estudos. O destaque que o curso de Administração vem obtendo nos últimos 5 (cinco) anos também reflete a sua relevância para o país. Os dados fornecidos pelo CFA - Conselho Federal de Administração, apresentam 835 (oitocentos e trinta e cinco) instituições de ensino superior e 1.941 (um mil novecentos e quarenta e um) cursos nacionais no final do ano de 2000 (Conselho Federal de Administração, 2001). O Conselho Regional de Administração (CRA-PR) divulgou os números relativos à participação dos cursos da área neste estado. São 49 (quarenta e nove) instituições de ensino superior que ministram 143 (cento e quarenta e três) cursos de Administração, apresentam diretrizes generalistas ou mesmo alguma sub-área (Conselho Regional de Administração do Paraná, 2001). A cidade de Londrina, município no norte do estado do Paraná, com uma população local aproximada de 450.000 habitantes e economia de base no setor terciário, é considerada a 3ª cidade do sul do país e possui atualmente 3 (três) universidades. Segundo o Conselho Regional de Administração do Paraná (2001), essas instituições ofertam 3 (três) cursos de Administração. Entretanto, em uma pesquisa mais localizada no município, verificou-se que na divulgação promovida por estas três instituições e mais uma faculdade, totalizam 7 (sete) habilitações de Administração até o presente mês (junho de 2001), considerando-se aqueles cursos que iniciaram suas atividades neste ano. A importância dos cursos de Administração justifica-se na vida socioeconômica do país e, particularmente, na vida dinâmica das instituições de ensino superior do estado do Paraná e da região de Londrina, fazendo-se necessário estudá-los. O dilema acima abordado pode ser proposto na seguinte questão aqui apresentada: qual a formação que o curso de Administração proporcionando aos seus egressos e especificamente se está formando indivíduos para serem técnicos, gerentes ou empresários? Este problema apresentou-se de maneira muito atraente para os autores deste trabalho, motivando esta equipe a pesquisá-lo, estudá-lo e discuti-lo com mais profundidade.

Procurou-se trabalhar com o Curso de Administração da UEL Universidade Estadual de Londrina, por sua importância e tradição, que recentemente completou 33 anos de existência e formou mais de 3.000 (três mil) administradores, tendo como objeto os graduados nos anos de 1999 e 2000. O dinâmico cenário de instituições tem recebido inúmeros novos cursos de Administração na região, mas estes não fazem parte deste estudo por serem cursos recentes, não havendo então, um histórico mais consistente. Outras pesquisas relacionadas a este dilema já foram realizadas no Brasil. Em âmbito nacional o CFA Conselho Federal de Administração em parceria com outras instituições da área, realizou uma pesquisa em 1998 sobre o Perfil, formação e oportunidades de trabalho do administrador profissional (Conselho Federal de Administração, 1999). No âmbito local, registrouse uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual de Londrina concluída no ano de 1985 (Souza et alli, 1985). Neste caso, duas populações foram pesquisadas: os graduados e os dirigentes de empresas. Concluiu-se pela necessidade de uma reestruturação curricular que atendesse os anseios dos graduados e dirigentes empresariais. Neste trabalho procurou-se como objetivo principal, identificar e analisar a ocupação profissional (empregados ou empresários), dos graduados formados no Curso de Administração da UEL - Universidade Estadual de Londrina dos anos de 1999 e 2000. Inicia-se com a evolução histórica da Administração no Brasil e seu desenvolvimento nas instituições de ensino superior. O papel do administrador e sua importância para a sociedade, paradigmas a ele relacionados e como deverá atuar. Discorre sobre a qualidade do ensino superior, o potencial deste profissional para as organizações, qual profissional estas organizações estão buscando e seu perfil como empreendedor, explorando suas estratégias e o marketing educacional. Está dividido em três partes: a primeira discorre a introdução com a revisão da literatura focalizando os principais assuntos descritos anteriormente. Na segunda parte a pesquisa, com a metodologia, discussão, análise de dados e seus resultados e a terceira e última as considerações finais. REVISÃO DA LITERATURA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR Os cursos de Administração no Brasil são muito recentes se comparados com os dos Estados Unidos da América (EUA) e Europa, onde os primeiros cursos se iniciaram no final do século XIX. Segundo Castro (1981) em 1952, ano em que se iniciava o ensino de Administração no Brasil, os EUA já formavam em torno de 50 mil bacharéis, 4 mil mestres e 100 doutores, por ano, na área. De acordo com Martins (1989) o contexto para a formação do administrador no Brasil começou a ganhar contornos mais claros em 1940. A partir desse período acentua-se a necessidade de mão-de-obra qualificada e, consequentemente, a profissionalização do ensino de Administração. Segundo esta visão, tratava-se de formar, a partir do sistema educacional, um profissional apto para atender ao processo de industrialização. Tal processo foi se desenvolvendo de forma gradativa, sendo acentuado pela regulamentação da profissão através da Lei n.º 4.769, de 09 de setembro de 1965. Em contraposição, Covre (1991) afirma que, dentre o pessoal de nível superior necessário para o capitalismo, destaca-se o Administrador, para atuar como técnicos com demanda específica pela organização sócio-econômica-política nacional. A Fundação Getúlio Vargas FGV, quando de sua criação, visava estabelecer um padrão de eficiência no serviço público federal e criar canais mais democráticos para o recrutamento de Recursos Humanos para a Administração pública. De acordo com Martins (1989) a FGV

apresentou um vínculo entre seus organizadores e o ensino universitário norte-americano, objetivando formar especialistas para atender ao setor produtivo e empresarial. Em 1946 é criada a Faculdade de Economia e Administração FEA-USP que tinha por objetivo formar funcionários para os grandes estabelecimentos de Administração pública e privada, mas como uma posição de vanguarda, pois baseava-se numa formação integral do profissional. Covre (1991:113) revela que podemos sintetizar três correntes básicas da visão do ensino por parte dos administradores em formação, segundo sua pesquisa na FEA-USP: A primeira era visão Nacionalista, que toma certa consciência do ensino voltado para a grande empresa, seguida pela Conservadora, em termos do Grande Capital, na defesa do ensino de Administração só em termos de técnicas, especialização e a terceira era a de vanguarda, em relação ao Grande Capital, que defende para o ensino de Administração uma formação integral, com disciplinas técnicas e com matérias humanas que possibilitem uma visão ampla da sociedade; portanto, lhe forneça mais segurança em termos de tomada de decisão. Predominando esta última. A partir da década de sessenta o estilo de desenvolvimento privilegiou as grandes unidades produtivas na economia do país, ocorreu o crescimento acentuado das grandes empresas, principalmente, estrangeiras e estatais, permitindo a utilização crescente da Administração profissional. Isso implicou diretamente na necessidade de profissionais com treinamento específico para executar diferentes funções internas das organizações. As grandes empresas passaram a adotar a profissionalização de seus quadros, tendo em vista o tamanho e complexidade das estruturas. Isso veio a contribuir com um espaço potencial para a utilização dos administradores que passaram pelo sistema educacional (Revista Brasileira de Administração, 1999:5-14). Na década de 60 surgiu o primeiro currículo mínimo do curso de Administração, institucionalizando no Brasil a profissão e a formação de Bacharel em Administração. O currículo era entendido como a dimensão mais ampla de desempenhos esperados, de desejado relacionamento com o meio a que servia, suas instituições, organizações, professores, alunos, empresas, envolvendo-se com sua ideologia e filosofia de educação. Nos anos 90 nota-se uma grande expansão dos cursos de graduação em Administração como observado através da pesquisa realizada em 2001 pelo Conselho Federal de Administração. No ano de 1999 existia no Brasil 1.395 cursos de graduação, em contrapartida no final de 2000 somava-se mais de 1.941 cursos com 110 habilitações e mais de 34 mil concluintes no ano de 1998. Em 1999 estavam matriculados na Instituições de Ensino Superior IES cerca de dois milhões e setecentos mil alunos e, aproximadamente, duzentos e oitenta e oito mil cursavam Administração, ou seja, mais de 10% do total dos alunos do país (Conselho Federal de Administração, 2001). O PAPEL DO ADMINISTRADOR Drucker (1998) afirma que diversas organizações e instituições de ensino superior discutem um novo perfil para o administrador. Várias discussões apontam que o administrador deve possuir uma formação humanística, técnica e científica, atuando com princípios éticos, de responsabilidade e justiça social, com competência para analisar criticamente ações, de forma proativa, interdisciplinar, num processo de aperfeiçoamento contínuo. Esse perfil profissional muitas vezes não é alcançado em virtude de um processo de formação educacional que não é condizente com um novo ambiente empresarial. Os administradores têm um papel fundamental, pois podem ser agentes de intervenção e formadores de opinião na sociedade, que devem buscar a melhoria da qualidade de vida das pessoas, distribuição de riqueza e renda nas organizações, demonstrando uma profunda preocupação para com a sociedade. Isto só será possível se exercitarmos a crítica sobre tudo o que nos é apresentado e procurarmos caminhos alternativos para a era do fim dos empregos.

Drucker (1999) faz uma análise crítica dos principais paradigmas que direcionam a Administração, trazendo questões sobre as demandas sociais atuais e a postura dos administradores que, ainda, se baseiam em modelos ultrapassados. Dessa forma, podemos assinalar que estamos em um processo de mudança na natureza do trabalho com a ascensão da economia da informação, representando uma mudança estrutural, da fabricação para o processamento de informações. Outro impacto significativo é a mudança da exigência de empregos de alta qualificação, portanto, os administradores devem lidar cada vez mais com funcionários de qualificações mais altas. A mudança da natureza do trabalhador, resultando em um grande número de pessoas entrando no mercado de trabalho, com possíveis reflexos junto a estrangeiros e imigrantes ilegais, que trazem consigo uma ética profissional mais tradicional, sólida e um índice menor de faltas no trabalho. São bons funcionários, aceitam empregos que os trabalhadores nativos desprezam. Este ambiente empresarial provoca a necessidade das empresas se tornarem organizações de aprendizagem. Para isso, uma série de mudanças devem acontecer, sobretudo no perfil do administrador que atua nas organizações. Essas mudanças passam por uma série de resistências, provocadas pelo modelo institucional de ensino que limita a iniciativa, a criatividade e o livre arbítrio dentro das empresas. Considera-se que o perfil do administrador no terceiro milênio é de um ator que busca o aprendizado contínuo e é capaz de desenvolver o seu grupo de trabalho, na busca de novas formas para administrar uma empresa que se renova através da aprendizagem e se transforma continuamente. É muito difícil exigir de um aluno universitário ou de um administrador recém formado que tenha iniciativa, que pense e tome decisões, que seja criativo, se toda a sua vida foi marcada pela limitação da sua capacidade de pensar, de criticar e de tomar atitudes. Seus valores, suas atitudes e suas crenças são baseadas na sua vida educacional e familiar e qualquer mudança passa por resistências provocadas pela sua cultura, formada ao longo de sua vida. O Bacharel em Administração deve ser o profissional habilitado para gerir organizações, acompanhar mudanças e promover resultados dentro dos paradigmas organizacionais na conjuntura atual. É o profissional capaz de absorver revezes por si mesmo, as necessidades e às demandas das organizações do mundo moderno e adequar-se às mesmas. O POTENCIAL E A IMPORTÂNCIA DO ADMINISTRADOR E SUA FORMAÇÃO PARA AS ORGANIZAÇÕES A profissão Administrador vai completar 36 anos em 09 de setembro de 2001, pouca idade ao comparar-se com outras profissões, também, conhecidas como o engenheiro, o economista, o médico ou mesmo o psicólogo, que existem há mais de 90 anos. Segundo Griebeler (2000) o Paraná possui em torno de 202.000 micro e pequenas empresas e aproximadamente 32.000 administradores formados (referindo-se ao ano de 2000). Atualmente, existe uma concordância sobre o que diferencia a organização na exigente competição do mundo globalizado: a Administração. Junta-se a isto os dados da oferta de empresas apresentados acima, e obtêm-se o grande potencial da profissão Administrador. Vários estudiosos, entre eles o Griebeler (2000), observaram que neste novo século o profissional de Administração será, indiscutivelmente, o mais requisitado pela sociedade para atuar em uma organização e tudo o que a ela agrega-se. Em 2000 a London Business Schooll do Reino Unido e o Babson College dos Estados Unidos apresentaram, através do GEM Global Entrepreneurship Monitor, o Índice de Atividade Empreendedora Total no mundo (Global Entrepreneurship Monitor apud Jornal Valor Econômico, 2001). Tal índice é a soma de duas classificações: a) países onde há mais gente tentando abrir um negócio; b) países em que mais adultos estão trabalhando em empresas novas. O resultado final

deste índice, apontou o Brasil em primeiro lugar, a Coréia em segundo, seguida dos Estados Unidos. Conforme pesquisa realizada pelo SEBRAE-SP Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo, FIPE - Fundação Instituto de Pesquisa e o Data Kirsten (Bedê et alli, 2001), em 1998 e 1999 no estado de São Paulo, os seguintes fatores estão associados à sobrevivência ou extinção de empresas criadas: 1) experiência prévia; 2) tempo de estudo antes de abrir a empresa; 3) planejamento antes da abertura da empresa; 4) Administração do negócio; 5) dedicação ao negócio; 6) uso de assessoria; 7) disponibilidade de capital; 8) idade da empresa; 9) porte da empresa. Dos nove fatores apresentados seis estão diretamente correlacionados à formação do administrador ou nível de escolaridade. Valle et alli (1998) destacou resultados semelhantes na pesquisa realizada pelo SEBRAE/MG - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais, em Minas Gerais no ano 1998, colocando o nível de escolaridade como um dos fatores mais importantes para a sobrevivência do negócio, explicado por sua influência na capacidade de análise e avaliação de oportunidades, riscos e forma de concepção do mesmo, sendo causa de diferentes resultados. A formação do empreendedor mostrou-se significativa para a sobrevivência do empreendimento. Estabeleceu-se dessa forma, uma relação de importância da formação do administrador empregado, empresário ou empreendedor e sua relevância para as organizações. O ADMINISTRADOR: EMPREGADO, EMPREENDEDOR-EMPREGADO E EMPREENDEDOR- EMPRESÁRIO Na área de empreendedorismo os autores da linha behavorista (comportamental), entre eles MacCleand (in Gimenez e Machado, 2000) e Degen (1989), destacam diversas características psicológicas e sociológicas que estão no perfil de um indivíduo empreendedor: a iniciativa e independência; a criatividade; a persistência; a visão de longo prazo; a autoconfiança e o otimismo; o comprometimento e esforço para a realização do trabalho; o padrão de excelência; a persuasão; a necessidade de realização; a capacidade de convivência em grupo (coletividade) e a capacidade de acumulação de habilidades relevantes (know-how). Filion (1991) tornou o seu significado abrangente, definindo o empreendedor como sendo uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. Entretanto, estas características não são exclusivas de determinados indivíduos, conforme revelou Dolabela (2000:28): A tese de que o empreendedor é fruto de herança genética não encontra mais seguidor nos meios científicos. Assim, é possível que as pessoas aprendam a ser empreendedoras, mas dentro de um sistema de aprendizagem especial, bastante diferente do ensino tradicional. Apesar da formação aparecer como determinante para um indivíduo ser empreendedor, o estágio atual do conhecimento não permite determinar com certeza se uma pessoa vai ser ou não bem-sucedida como empreendedora ou que as pessoas com as características empreendedoras anteriores terão sucesso As características, simplesmente, revelam o aspecto empreendedor do indivíduo (Dolabela, 2000). Entretanto, tais características são presumíveis para indivíduos empreendedores de sucesso e, por este motivo, as organizações reconhecem no empreendedor, uma pessoa pronta para assumir todo o controle e o risco, capaz de criar ou penetrar em novos mercados, o grande estrategista que pode mudar o destino da empresa. A alta competitividade imposta às organizações por seus mercados levaram-nas a buscar o indivíduo com este perfil. Na atualidade, os autores passaram a denominar esse empreendedor que é empregado como intraempreendedores. Devido a esta diferença no perfil do profissional faz-se necessário categorizar quatro tipos básicos para a formação do administrador: a) o administrador empregado, aquele que trabalha para outrem e podendo ou não possuir características gerenciais, mas, não possui, fortemente, as características acima abordadas; b) o administrador empresário, aquele que é responsável pela Administração de uma organização, traça objetivos e metas, delega funções e pode criar um negócio novo, tendo como base de motivação o poder; c) o administrador empreendedorempregado, aquele que possui fortemente as características acima abordadas, aproveita

oportunidades e potencializa sua capacidade e conhecimentos para um negócio em que ele é empregado; d) o administrador que é empreendedor-empresário, diferencia-se do empreendedorempregado pela condição de ter o seu próprio negócio, que não tem a sua motivação principal no poder ou no dinheiro, mas, no desejo de intentar a realização de um negócio de sucesso (lucrativo ou não) ou produto certo, com o objetivo de atender um mercado inexplorado ou insatisfeito. As categorizações acima exploradas servem para orientar os estudos na formação do administrador e o exercício da profissão. QUALIDADE NO ENSINO SUPERIOR A qualidade no Ensino Superior tem sido uma preocupação crescente do Ministério da Educação do Brasil MEC. Ele criou um sistema de avaliação considerando o tripé: ensino, pesquisa e extensão, além de verificar as condições de oferta das Instituições de Ensino Superior IES, como corpo docente, projeto pedagógico, bibliotecas, instalações, etc. Nesse sentido as IES devem buscar formar um Administrador observando (Conselho Federal de Administração, 2001): a internalização de valores de responsabilidade social, justiça e ética profissional; fornecer sólida formação humanística e visão global que habilite o acadêmico a compreender o meio social, político, econômico e cultural onde está inserido e a tomar decisões em um mundo diversificado e interdependente; a) propiciar sólida formação técnica e científica para atuar na administração das organizações, além de desenvolver atividades específicas da prática profissional; b) desenvolver no acadêmico competência para empreender, analisando criticamente as organizações, antecipando e promovendo suas transformações; c) desenvolver a capacidade de atuar de forma interdisciplinar; d) ampliar capacidade de compreensão da necessidade do contínuo aperfeiçoamento profissional e do desenvolvimento da autoconfiança. Os cursos de Administração, objetivando uma maior qualidade de formação dos seus egressos, devem buscar desenvolver as habilidades de comunicação e expressão; raciocínio lógico; crítico e analítico; visão sistêmica e estratégica; criatividade e iniciativa; capacidade de negociações; tomada de decisão, liderança e trabalho de equipe. Essas habilidades são indispensáveis para que sejam formados profissionais de Administração com o perfil profissiográfico (perfil profissional do administrador) moderno, propiciando ao egresso a capacidade de interpretação, análise e intervenção na realidade na qual se insere. Para o desenvolvimento dessas habilidades as disciplinas deverão ser trabalhadas através de uma metodologia que privilegie a problematização, condição fundamental para que os objetivos propostos sejam cumpridos. Os cursos de Administração devem objetivar não apenas responder às necessidades do mercado de trabalho, mas, também, transformar e alterar a realidade, visando a qualidade de vida, desenvolvendo no acadêmico uma postura voltada à solução de problemas e de gestor das forças produtivas e sociais de caráter regional, nacional e internacional. Para atender tais exigências o ensino de Administração deve ser crítico e contextualizado. Neste sentido o método de aprendizagem deve harmonizar-se com a estrutura da grade curricular

e seu conteúdo, com as condições de aprendizagem do acadêmico. Isso ocorre à medida em que o método de ensino proporciona ao aluno uma assimilação crítica da ciência e sua experimentação com as necessidades socioculturais. O enfoque é que o curso possibilite ao discente estabelecer inter-relacionamentos práticos-teóricos para formar uma postura crítica e ética que fundamente a formação profissional. O Sistema de Avaliação do Processo Ensino/Aprendizagem deve ser compatível com o Curso de Administração, com o Perfil Profissiográfico pretendido do Egresso e com os objetivos adequados. A infra estrutura deve contemplar softwares aplicados ao ensino, pesquisa e extensão e deverá ocorrer periodicamente a atualização dos laboratórios de informática, com a aquisição de novos programas à medida em que se fizer necessário. Griebeler (2000) afirma que a formação do administrador que passa naturalmente pelas IES, traz as necessidades das organizações que estão voltadas para a obtenção de profissionais com habilidades diferentes e especiais, a fim de responder à competitividade e maximizar o sucesso. Estas instituições, procuram atingir tais necessidades organizacionais, seja para uma empresa em pleno funcionamento ou para uma empresa a ser criada. Atualmente identifica-se uma tendência de crescimento para a admissão de administradores em empresas, substituindo o profissional experiente. Com o grande crescimento e aperfeiçoamento dos cursos de Administração no Brasil, nestes últimos 5 anos, o egresso em Administração passou a dispor de qualificações mais evidentes, que o facultam a ser percebido em organizações como um profissional experiente, através das seguintes condições propiciadas pelas universidades e as outras instituições na sua formação: a) aprendizado cursado em quatro anos ou mais, que na maioria das instituições de ensino superior do Paraná, estão em nível de qualidade comparativamente igual ou superior à média brasileira e mesmo de países desenvolvidos da Europa (Griebeler, 2000); b) conhecimento adquirido pelo acesso qualitativo e quantitativo proporcionado por condições apresentadas anteriormente tais como bibliotecas bem estruturadas, laboratórios de informatica, laboratorios de lingua estrangeira; c) aperfeiçoamento de conhecimento e experiências praticas pela interação com os melhores profissionais de formação através da Empresa Júnior e o estagio supervisionado. Portanto, a somatória dos fatores de qualidade do ensino, pesquisa e extensão, aliados ao corpo docente e infra-estrutura que atenda às necessidades do meio social e, eventualmente, aos projetos deste ou aquele segmento da sociedade, significa imprimir ao currículo, antes que uma arquitetura rígida, uma construção que, sendo organicamente articulada, também, seja permeável às demandas de entradas e reentradas, tanto dos acadêmicos como de conteúdos que venham ao encontro das necessidades de um país em processo de definição como o nosso, ainda em busca de modelos institucionais que estejam mais próximos dos fatos e, por isto mesmo, mais aptos a fomentar-lhes a força criadora. COMO AS INSTITUIÇÕES ENSINO SUPERIOR ESTÃO USANDO O MARKETING E QUAIS OS PROBLEMAS ENFRENTADOS Muitas universidades e faculdades estaduais cobram pouco ou são gratuitas e parte de seus orçamentos é decorrente de subsídios estaduais. Em tempos de recessão, quando a arrecadação de impostos estaduais cai e crescem as exigências de previdência social, as instituições educacionais sofrem duplamente. Por outro lado, estudantes que podem matricular-se em instituições particulares afluem para as faculdades estaduais por contenção de despesas, aumentando o número de matrículas, justamente quando essas

instituições estão enfrentando cortes em seus orçamentos Kotler & Fox (1994:21). Por esta razão as instituições educacionais estão começando a aplicar ativamente as idéias do marketing, enquanto muitas universidades particulares estão, ainda, se conscientizando sobre o que o marketing tem a oferecer. As instituições tornaram-se realmente conscientes de marketing quando seus mercados passaram a sofrer mudança. Sabe-se que da relação ambiente interno e externo só sobreviverão aqui as organizações que buscarem oportunidades alternativas para satisfação de seus públicos, ou como afirma Cobra (1992:123) as organizações deverão monitorar constantemente o ambiente (interno e externo) com objetivo de descobrir novas oportunidades, desenvolver vantagens competitivas e sustentar o crescimento. Esse fato pode ser reforçado pela estreita relação entre a sobrevivência da instituição de ensino superior e sua dependência dos recursos financeiros representada pelo repasse de verbas, doações, mensalidades, etc. Segundo Kotler & Fox (1994:33) o Marketing é uma função gerencial que oferece estrutura e ferramentas para auxiliar neste processo. Para Kotler (1998:38) o Marketing tem como ponto de partida o mercado alvo e suas necessidades, e o lucro é o resultado obtido por meio da satisfação do consumidor, porém, essa concepção para uma instituição de ensino não pode ser confundida com facilidades para a aquisição de um diploma de curso superior, muito menos com paternalismo. A satisfação do consumidor deve ser identificada a longo prazo, através de um preparo profissional competente, condizente com a realidade que o aluno irá encontrar na sociedade. Diante de um mercado cada dia mais concorrido a instituição de ensino que desejar sobreviver deverá se posicionar de forma a se diferenciar da concorrência. A diferenciação proporcionará vantagens competitivas, pois como afirma Kotler (1998:254) a diferenciação é o ato de desenvolver um conjunto de diferenças significativas para distinguir a oferta da empresa das ofertas concorrentes de seus concorrentes. A instituição de ensino pode, portanto, encontrar alguma característica que a diferencie das demais. O mesmo autor cita que existem variáveis de diferenciação: diferenciação de produto; diferenciação de serviços; diferenciação através das pessoas; diferenciação através do canal; e, a diferenciação através da imagem. Kotler & Fox (1994:58) fazem a seguinte relação entre a qualidade e a imagem de uma instituição de ensino: Uma instituição de ensino necessita saber como seus públicos vêem a escola uma vez que pessoas se relacionam freqüentemente com a imagem, não necessariamente à realidade. Públicos que têm imagem negativa de uma escola vão evitá-la ou desprestigiá-la, mesmo se ela for de alta qualidade, e aqueles que têm uma imagem positiva ficarão indecisos. As pessoas tendem a formar imagens das escolas baseadas em informações freqüentemente limitadas e, mesmo, imprecisas. A qualidade real de uma instituição é freqüentemente menos importante que seu prestígio ou reputação de qualidade porque é sua excelência percebida que, de fato orienta as decisões de alunos potenciais, preocupados com as ofertas de emprego. Segundo Souza (1999:272) a imagem de uma empresa é como ela é percebida, entendida, respeitada e admirada pelo seu público. Neste sentido, na busca por alternativas que amenizem os impactos na imagem institucional, Kotler & Fox (1994:242) propõem seis estratégias para as instituições que desejam fortalecer suas chances de atrair estudantes: modificando o produto; alterando as percepções do produto; alterando as percepções de marcas concorrentes; alterando os pesos da importância dos atributos; chamando a atenção para atributos negligenciados; e, mudando o produto ideal.

Essas estratégias alternativas propostas por Kotler & Fox (1994:242) podem auxiliar as instituições a adaptarem suas estruturas e processos a essa nova realidade que vêm enfrentando. A universidade deverá avaliar cuidadosamente estas estratégias, conforme suas viabilidades e custos. A dificuldade de implementar cada uma, como reposicionamento ou mudança não deve ser minimizada. ANÁLISE DOS RESULTADOS Para a obtenção dos resultados aqui apresentados, utilizou-se como metodologia, pesquisa exploratória, com levantamento de dados primários (pesquisa de campo) e secundários (pesquisa bibliográfica) e quantitativa, pois os dados obtidos através de um grande número de respondentes foram submetidos a análises estatísticas formais, conforme indica Mattar (1997). O Universo pesquisado era composto por 240 graduados, sendo a amostra, por conveniência, representada por 132 (cento e trinta e dois) graduados de Administração da UEL de 1999 e 2000. A seguir a demonstração dos resultados desta pesquisa que delineou o perfil deste universo: Quadro 01 Características da Amostra VARIÁVEL FAIXA OU TIPO f* %* TOTAL Até 24 anos 64 49.23 FAIXA ETÁRIA SEXO ESTADO CIVIL ÚLTIMA ATIVIDADE FAIXA DE RENDA de 25 a 35 anos 65 50.00 35 ou mais 1 0.77 Feminino 67 50.76 Masculino 65 49.24 Solteiro 106 82.17 Casado 23 17.83 Empregado 96 75.59 Empresário 31 24.41 Menos de R$ 540,00 19 15.20 De R$ 541,00 a R$ 1440,00 63 50.40 De R$ 1441,00 a R$ 2700,00 32 25.60 Mais de R$ 2700,00 11 8.80 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 * LEGENDA: f = FREQÜÊNCIA ABSOLUTA; % = FREQÜÊNCIA RELATIVA; %** TOTAL DA FREQUÊNCIA RELATIVA No Quadro 01 reuniu-se as informações de segmentação que indicam o perfil dos graduados no Curso de Administração da Universidade Estadual de Londrina, nos anos de 1999 e 2000. Tabela 01 Opinião sobre a Importância dos Conhecimentos Adquiridos no Curso para a Última Atividade Profissional NÍVEL DE IMPORTÂNCIA *f *% Importantíssimos 14 10.85 Importantes 69 53.70 De regular importância 33 25.58 Pouco importante 9 6.77 Sem nenhuma importância 4 3.10 TOTAL 129 * LEGENDA: f = FREQÜÊNCIA ABSOLUTA; % = FREQÜÊNCIA RELATIVA De acordo com a tabela 01, dois terços dos ex-alunos concordam que os conhecimentos adquiridos durante o Curso de Administração da UEL foram de grande valia para a sua vida 100.0

profissional. Ao analisar o projeto pedagógico do curso considerou-se que, talvez, um dos possíveis fatores deste resultado, deveu-se à visão sistêmica que o curso proporciona. Tabela 02 Sugestões dos graduados de Administração para o Curso SUGESTÃO f* %* a) Aulas mais práticas 30 28.57 b) Reformulação da grade curricular 34 32.38 c) Melhorar os professores 10 9.52 d) Atualizar as disciplinas 13 12.38 e) Alteração nos estágios 5 4.76 f) Outros 13 12.39 TOTAL 105 100.00 * LEGENDA: f = FREQÜÊNCIA ABSOLUTA; % = FREQÜÊNCIA RELATIVA Utilizando-se na tabela 02 os itens b, d e e obtém-se a somatória da freqüência relativa em 46,66% que corresponde a pedidos de mudanças no curso em si. Os resultados desta somatória às outras respostas de mesmo conteúdo apostados nessa pesquisa, sugerem algumas mudanças no curso. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo procurou-se discutir a formação do administrador no curso de Administração da UEL e seus reflexos no campo profissional. Considerando o perfil do egresso e os resultados apresentados por esta pesquisa com uma amostra de 132 ex-alunos recém formados nos anos de 1999 e 2000, demonstraram que aproximadamente 25% destes estão atuando como empresários e cerca de 75% trabalhando como empregados. Destes a maioria (mais de 80%) são solteiros. Pode-se verificar uma participação da maioria (76,00%) de egressos com faixa de renda entre R$ 541,00 e R$2.700,00. O aproveitamento dos conhecimentos oferecidos pelo curso de Administração da UEL para os egressos pesquisados mostrou-se relevante, pois 64,55% opinaram que os conhecimentos adquiridos no curso foram importantíssimos e importantes. Os egressos pesquisados formularam diversas sugestões para o curso de graduação da UEL, demonstrando um grande interesse: em estar mais próximo das empresas, realizando, também, um aperfeiçoamento no projeto pedagógico do curso (ensino, pesquisa e extensão) que, necessariamente, passa pela melhoria do corpo docente. Na universidade pesquisada o projeto pedagógico foi implementado, o que não se observa em muitas universidades, onde, ainda, é relegado ao plano teórico, não estando disseminado em docentes e discentes, o que gera interrupções e repetições de conteúdos, prejudicando a formação acadêmico-profissional do graduando, bem como o perfil do egresso. Algumas escolas sequer conhecem o perfil do egresso desejado, e também, nunca promoveram qualquer sondagem na comunidade para conhecer as necessidades locais (Revista Brasileira de Administração,1999). Em uma observação mais ampla as informações resultantes da pesquisa referente às diretrizes de formação dos egressos oferecem coerência com os objetivos do curso de Administração da UEL, já que este se propõe a formar empregados (intraempreendedores ou não) e organizações (empreendedores ou não). Covre (1991:56-146), salienta que a formação da nova força-de-trabalho na área da Administração requer, hoje, em tempo de qualidade e globalização econômica, uma nova formação

educacional em nível universitário, posto que o perfil do administrador para um mercado deve somar conhecimentos e, sobretudo, habilidades que o permita compreender o todo da realidade organizacional, sem deixar de ser um especialista em determinadas áreas da empresa. O novo paradigma econômico da flexibilização impõe necessárias mudanças na educação e, conseqüentemente, no ensino superior, de forma que se promova um ensino de qualidade. Isto é válido tanto para o administrador empregado: professor, pesquisador, gerente, diretor, consultor, técnico, etc. como para o administrador empresário, visto que os conhecimentos e as habilidades exigidas pelo mercado mudam velozmente, devendo estar a Universidade preparada para acompanhar e oferecer constante atualização dos conhecimentos e das habilidades requeridas à futura força-de-trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEDÊ, M. A. et alli (Coordenadores). Estudo da mortalidade das empresas paulistas. São Paulo, 1999. Pesquisa realizada no Estado de São Paulo entre 1998 e 1999. Disponível: <http://www.sebraesp.com.br>. Acesso em: 13 jun. 2001. CASTRO, C. de M. O ensino da administração e seus dilemas: notas para debates. Revista de Administração de Empresas, Rio de Janeiro, v.21, n. 3, p. 58-61, jul./set. 1981. CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO. Perfil, formação e oportunidades de trabalho do administrador profissional. Pesquisa Nacional. Brasília, 1999.. Brasília, 2001. Disponível em: <www.admnet.org.br>. Acesso em 25 jun. 2001. CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARANÁ (Paraná). Curitiba, 2001. Disponível: <http://www.cra-pr.org.br>. Acesso em: 25 jun 2001. COBRA, M. Marketing essencial: conceitos, estratégias e controle. São Paulo: Atlas, 1986. COVRE, M. L. M. A formação e a ideologia do administrador de empresas. Petrópolis: Vozes, 1991. DEGEN, R. J. O Empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: Mc Graw Hill, 1989. DOLABELA, F. O Segredo de Luísa. Cultura Editores Associados. São Paulo: 1999. DRUCKER, P. A formação do administrador. São Paulo: Pioneira, 1998. DRUCKER, Peter F. Os Novos Paradigmas da Administração. Exame, São Paulo: Editora Abril, ano 32, n.º 682, p. 34 53, fev. 1999. ECO, U. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1985. FILION, L. J. O planejamento do seu sistema de aprendizagem empresarial: identifique uma visão e avalie o seu sistema de relações. Revista de Administração de Empresas, 31(3), p. 63-71. São Paulo: 1991. GIMENEZ, F. A. P. e MACHADO, H. P. V. Casais empreendedores: do contrato social ao contrato administrativo.maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2000. GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR apud JORNAL VALOR ECONÔMICO. São Paulo, 181(1), 2001, p. A3. GRIEBELER, G. S. A formação do administrador frente aos desafios do terceiro milênio. Palestra. XX SEMAD Semana do Administrador/Universidade Estadual de Maringá. Maringá: 2000. KOTLER, P. e FOX, K. F.A. Marketing estratégico para instituições educacionais. São Paulo: Atlas, 1994.. Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1998. MARTINS, C. B. Surgimento e expansão dos cursos de administração no Brasil (1952-1983). Ciência e Cultura, São Paulo, v.41, n.7., p. 663-676, jul. 1989.

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