CARLOS BARROS MONTEZ JOMAR ALBERTO ANDREATA

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Transcrição:

CARLOS BARROS MONTEZ JOMAR ALBERTO ANDREATA Graduado em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1989), mestre em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Santa Catarina (1995) e doutor em Engenharia Elétrica pela mesma instituição (1999). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina. e-mail: montez@das.ufsc.br Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Regional de Blumenau (2002) e mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2006). Atua principalmente nos seguintes temas: ensino a distância, t-ensino, tv interativa e tv digital. e-mail: andreata@das.ufsc.br 83

Resumo A digitalização do sistema de transmissão terrestre de televisão no Brasil traz a oportunidade de fornecer novos serviços em junção com a programação. A área de ensino a distância se fortalecerá com o uso destes novos recursos computacionais agregados à TV digital. Palavras-chave: TV Digital Ensino a distância T-Ensino. Abstract The digitalization of the television terrestrial transmission system in Brazil brings the chance to supply new services linked to the program. The use of these new computational resources added to the digital TV will strengthen the e-learning area. Key-Words: Digital TV E-Learning T-Learning. Resumen La digitalización del sistema de la transmisión terrestre de la televisión en el Brasil aporta la oportunidad de proveer nuevos servicios en combinación con la programación. El área de la educación a la distancia se fortalecerá con el uso de estos nuevos recursos de cómputo agregados a la TV digital. Palabras claves: Digital TV E-Learning T-Learning.

Introdução A TV Digital Interativa (TVDI) é um assunto recente, relevante e ainda desconhecido para a maioria da população brasileira. Recentemente, o governo brasileiro definiu o sistema que será adotado pelas redes de transmissão terrestre, optando pela criação de um modelo híbrido, uma junção do modelo japonês de televisão digital com a adição de tecnologia nacional. Esta nova TV não será igual à sua antepassada analógica; também não é simplesmente uma junção de TV e internet. É uma nova mídia, com grandes potencialidades que precisam ser exploradas em benefício da população. A troca do sistema de televisão colocará na casa de cada brasileiro não apenas uma TV, mas um equipamento tecnológico que poderá ajudar a minimizar a exclusão digital da população (Becker, 2004). As potencialidades de usá-la em benefício público como terminal de acesso a serviços do governo ou portal educacional já começam a ser realidade em países com o estágio de implantação mais avançado. Contexto A televisão sempre foi um dispositivo de comunicação unidirecional, disponibilizando somente um conjunto de informações predefinidas a seus telespectadores. A digitalização dos sistemas de televisão, que já vinha ocorrendo em algumas áreas nos últimos anos, como a captura de imagem e som, edição e armazenamento, caminha para a digitalização da transmissão do sinal até o telespectador. A digitalização da transmissão traz diversos benefícios ao telespectador, destacando-se, entre todas as melhorias na imagem e no som, um melhor uso do espectro de freqüência e o oferecimento de novos serviços. 85

Padrões de codificação e compressão, como, por exemplo, MPEG-2 e MPEG-4, desenvolvidos pela Motion Pictures Expert Group para codificar e transmitir sinais de áudio e vídeo de forma digital, vêm sendo amplamente utilizados. Devido às suas características de compressão de sinal, estes padrões permitem que em um mesmo espectro de freqüência pelo qual se transmite um canal analógico de TV sejam transmitidos vários canais digitais (1 a 6 canais), além de um canal de dados. A grande inovação da TVDI é a possibilidade de oferecimento, graças ao canal de dados, de novas aplicações e serviços. As novas aplicações da Televisão Digital Interativa Diversas aplicações e serviços são possíveis na TVDI. Dentre os mais utilizados atualmente se destacam: EPG (Electronic Program Guide): um guia de programação eletrônico que fornece informações detalhadas sobre o conteúdo dos programas em diversos canais (Leister, 2002). Com a disponibilidade de centenas de canais e programas sendo transmitidos, o único método de busca viável é por meio de um search engine, pelo qual podem ser informadas palavras-chave que retornam uma lista de programas que combinam com o critério de busca (Schwald, 2003). T-Commerce: modalidade de comércio eletrônico, já que o apelo comercial fortemente presente na TVDI permite que aplicações comerciais sejam transmitidas com o programa visto pelo espectador permitindo-lhe a possibilidade de efetuar compras de produtos relacionados ou não ao programa visto (Schwald, 2003). VOD (Video on Demand): serviço já disponível em muitas operadoras. Permite que o telespectador possa escolher qual programa deseja assistir e quando, fazendo com que a TV se transforme em uma locadora doméstica (Schwald, 2003). Aplicações típicas de VOD em países europeus permitem que se procure o filme pelo nome ou gênero do qual faz parte, permitindo uma pequena preview do filme e posteriormente, se desejado, a seleção do filme que inicia a transmissão exclusiva do programa ao telespectador. Notícias interativas: durante a transmissão do programa de notícias, manchetes em texto podem correr horizontalmente na

parte inferior da tela, possibilitando ao telespectador selecionar a de sua preferência, buscando maiores informações. Estas são mostradas na tela enquanto o programa de notícias continua sendo visto, em uma janela que não ocupa a tela inteira. Programação Educacional Interativa: por meio da TVDI vários programas podem ser desenvolvidos para auxiliar o ensino de crianças e adultos. Tendo a característica de ser de baixo custo e de fácil utilização, pode ser disponibilizada em larga escala nas escolas e residências, permitindo acesso a informação educacional maior que a internet (Teixeira, 1993). Aulas podem ser ministradas a distância, com o aluno em sua casa ou na escola, sendo as aulas ao vivo ou com conteúdo gravado, com horário predeterminado para transmissão ou com o uso de VOD. T-Gov: Os canais públicos de TVDI disponibilizarão serviços ao contribuinte, pelo menos essa é a idéia já divulgada pelo governo brasileiro. A sugestão é o acesso a informações diversas disponibilizadas pela Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Talvez no futuro o brasileiro possa fazer sua declaração de imposto de renda pela televisão. Um novo ambiente para o ensino a distância Ensino a distância (EAD), também chamado de educação a distância, é qualquer tipo de educação que ocorre enquanto localização física, tempo, ou ambos, separam os participantes (Jasek, 1999]. No EAD, o professor, mediante o uso de tecnologia, envia instruções ao aluno que está em um local diferente em relação ao professor. O professor recebe um retorno do aluno, uma resposta da instrução enviada, de forma imediata ou não. Existe uma grande variedade de métodos de ensino a distância, mas, em todos, um fator importante a se destacar é que a distância não é mais um fator restritivo para o aluno, e é uma alternativa para distribuição de conhecimento ainda localizado em alguns centros de excelência (Valente, 1996; Bates, 2003). O custo e o desenvolvimento de programas de ensino a distância de qualidade (que envolvam, por exemplo, televisão ou mesmo vídeo, ou que envolvam o uso de softwares especializados) podem ser extremamente altos. Por isso os programas só ofere- 87

cerão uma razão custo/benefício favorável se o seu alcance e público forem realmente significativos (Chaves, 1999); esse é o ambiente da TVDI: uso em larga escala. Lembramos que apenas 11% dos brasileiros têm acesso à internet, mas 91% têm pelo menos um aparelho de televisão. A expressão t-learning descreve a união entre a TVDI e o uso de tecnologia computacional para dar suporte a treinamento e atividades educacionais, o já conhecido e-learning (Disessa, 2000). A união destes campos, televisão, PC e e-learning permite ao usuário combinar a capacidade multimídia da TV com a interatividade e a personalização oferecidas pelo ambiente computacional, em especial a internet (Lytras, 2002). Um ponto a se ressaltar é que na transmissão linear e tradicional da televisão analógica não se permite nenhum retorno ao usuário, impossibilitando-lhe interagir com o conteúdo assistido. No caso da TVDI, aplicações interativas permitem ao usuário interagir com o conteúdo. Podemos classificar essa interação em três níveis. O primeiro e mais básico é o que vemos na implementação européia: apenas interação com a TV para escolher algo na programação disponibilizada, gravá-la ou assisti-la sob demanda. Em um segundo nível, o telespectador poderia alterar a programação pelo controle remoto, mudando o final de um filme, por exemplo. Já o terceiro nível representaria a grande mudança na forma como nos relacionamos com a TV, pois permitiria acesso a informações adicionais do programa assistido, seja em texto ou vídeo, e a definição de um perfil para o telespectador. Com isso surge uma publicidade direcionada ao perfil do telespectador. Por meio do canal de retorno, este telespectador pode se comunicar com outros telespectadores ou com os diversos serviços disponibilizados. Desaparece o telespectador passivo, surge o telespectador interativo. Quem já utiliza a TVDI para ensino a distância Alguns exemplos de uso real de EAD no ambiente da TVDI são vistos em serviços disponibilizados por canais digitais de TV no Reino Unido, país já com considerável avanço na massificação do uso da TVDI (PJBF, 2003b; Bates, 2003; PJB, 2003).

SOS Teacher (SOS Professor) Na cidade de Kingston, nordeste da Inglaterra, um canal disponibilizado pela KIT Kingston Interactive Television colocou no ar, em conjunto com a BBCi, o canal interativo da BBC, um canal piloto provendo um serviço que envolve professores locais. Os estudantes, ao acessar serviços disponíveis pela KIT, têm a opção de mandar uma pergunta a um professor real com o envio de um e-mail por meio da TVDI. Normalmente, em trinta minutos, um grupo de professores responde o questionamento via TVDI. As perguntas também são armazenadas de forma que os estudantes possam acessá-las pelo serviço de vídeo sob demanda no horário que desejarem. Na imagem da figura 1 mostra-se a tela do serviço na qual o estudante tem a possibilidade de acessar um vídeo explicando como enviar uma pergunta, ver a resposta da última questão enviada, ou selecionar um assunto e ver respostas armazenadas. Figura 1 - Aplicação SOS Teacher Acesso a enciclopédias educacionais O canal de TVDI a cabo inglês, NTL, permite a seus assinantes o acesso a uma seção de procura por referências no seu menu de interatividade. Os serviços disponíveis são buscas por meio de palavras ou sentenças fornecidas no serviço de notícias na BBC, o BBC Newsround, pesquisa na Enciclopédia Educacional Hutchinson e também na Enciclopédia de Oxford. Na figura 2 mostra-se imagem do serviço durante busca por palavras na Enciclopédia Educacional Hutchinson. 89

Figura 2 - Enciclopédia educacional acessada por TVDI Programas educativos sob demanda Assinantes da Kingston Interactive Television na Inglaterra têm a possibilidade de acessar o programa sob demanda Walking With Beasts (Andando com as feras). Também possuem acesso a elementos interativos, comentários extras e informações textuais, com a possibilidade de parar, iniciar, repetir, avançar e retroceder os vídeos recebidos. A figura 3 apresenta a tela de seleção dos capítulos disponíveis sob demanda. Consultas remotas via TVDI Um projeto piloto do canal inglês Birmingham NHS Direct Digital TV permite uma consulta remota com uma enfermeira via TVDI. Atualmente funciona da seguinte forma: os assinantes Figura 3 - Programa educativo Walking With Beasts

podem requisitar uma vídeo-consulta por meio do canal de serviços da operadora. Quando uma enfermeira está disponível, ela efetua uma ligação telefônica ao requisitante que está em casa e é criado um enlace de vídeo com a TVDI deste assinante. Desta forma a pessoa em casa não apenas vê a enfermeira, mas também pode assistir a vídeos ou diagramas que ajudem a esclarecer dúvidas. Dados iniciais mostraram que essas consultas com vídeo demoram menos tempo que uma consulta por telefone, fazendo com que uma enfermeira atenda mais pessoas durante o dia do que atenderia somente por telefone. Esta mesma solução pode ser usada em termos de ensino a distância, por exemplo, permitindo a instrução de um professor a um aluno que está em casa por limitações físicas ou possibilitando instrução suplementar. Atualmente a empresa inglesa Media Logic provê desenvolvimento de serviços similares sob a marca IseeTV. Na figura 4 são mostradas imagens deste serviço. Figura 4 - Aplicação Living Health Figura 4 - Aplicação Living Health Na figura 5 é exemplificado o uso de serviço similar em orientação remota resolvendo problemas de matemática. Figura 5 - Aplicação Maths Direct 91

Considerações finais Como era de esperar, já começam a surgir no mundo as primeiras iniciativas no sentido de desenvolver aplicações de EAD em TVDI. Algumas dessas iniciativas tentam migrar abordagens já consolidadas na web para ambientes de TVDI. Contudo, devido às diferenças entre TVDI e internet, muitas dessas abordagens poderão fracassar, ou deverão evoluir no sentido de se adaptar às especificidades da TVDI. Outro fator importante que limitará a interatividade das aplicações disponibilizadas ao usuário é a penetração das linhas telefônicas fixas no Brasil. Esse fator foi analisado pelo grupo Gestor da TV Digital no Brasil (CPQD, 2006), que está estudando as formas de implantação. Até o momento, a sugestão é a adoção da tecnologia de transmissão de dados sem fio WiMax, possibilitando um canal de retorno de dados por todo o território nacional. A previsão de investimento está na faixa de R$ 350 milhões, mas sem prever o financiador: se a iniciativa privada ou o governo. Um detalhe importante, que afetará diretamente o uso de aplicações interativas, é o poder aquisitivo da população. O governo propõe que o mercado disponibilize comercialmente cinco versões de receptores de TVDI; as variações são a adição ou não de recursos tecnológicos. Assim, há valores estimados de venda variando entre R$ 233,00 e R$ 761,00: valores inacessíveis para uma grande porcentagem da população brasileira, fazendo com que o governo acene com subsídios à população de baixa renda. Mas isso não resolve o problema da interatividade, pois a versão mais simples de receptor prevista pelo governo é tão limitada que não tem condições de prover a execução do mais simples dos aplicativos, inviabilizando a interatividade. Lembramos que Portugal e Espanha implantaram a TVDI baseados em um modelo de negócios que não levava importância à interatividade, resultando em falência de muitas operadoras, pois não havia motivos para a população gastar em receptores apenas para ter melhor qualidade de som e imagem. Talvez a experiência européia e norte-americana possam nos mostrar que o sucesso da implantação da TVDI resulta em oferecer ao telespectador uma televisão diferente, que tenha serviços

que façam com que a população não tenha objeção em pagar para adquirir a nova TV, por ser ela, com seus serviços interativos, diferente da anterior, um novo produto. Referências bibliográficas BATES, Peter J. Learning Through idtv Results of T-Learning Study; UK: PJB Associates, 2003. BECKER, Valdecir; MONTEZ, Carlos Barros. TV digital interativa: conceitos, desafios e perspectivas para o Brasil, I2TV. UFSC, 2004. CHAVES, Eduardo. Tecnologia na educação, ensino a distância e aprendizagem mediada pela tecnologia: conceituação básica. Revista Educação da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, a. III, n. 7, nov. 1999. Disponível em: <http://www.chaves.com.br/textself/edtech/ead.htm<. Acesso em: out. 2005.,. Modelo de referência do Sistema Brasileiro de Televisão Digital. CPQD; FUNTTEL; OS40539; Disponível em: <http://sbtvd.cpdq.com.br>. DAMASIO, Manuel José. Uses of interactive television on educational settings: evaluating the media impact. Video and Multimedia Department. Lisboa: Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, 2003. DISESSA, Andy; Changing minds: computers, learning and literacy. Cambridge, MIT Press, 2000. JASEK, Débora. Distance education defined. Center for Professional Development; Texas Transportation Institute, 1999. LYTRAS, Miltiadis; LOUGOS, Chris; CHOZOS, Polyneikis et al. Interactive television and e-learning convergence: examining the potential of t-learning. Athens: Athens University of Economics and Business, 2002. PJB Associates. T-learning case studies, 2003. Disponível em: <http:// www.pjb.co.uk/t-learning/casestudies.htm>. Acesso em Outubro de 2005. PJB Associates. T-learning development final report, 2003. Disponível em: <http:/ /www.pjb.co.uk/t-learning.htm>. Acesso em: out. 2005. TEIXEIRA, César; BARRÉRE, Eduardo; ABRÃO, Iran; A TV interativa como opção para a educação a distância. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO, UFSCar, 1996. VALENTE, Amir Mattar Valente; BARCIA, Ricardo Miranda; CRUZ, Dulce Márcia. Universidade virtual: a experiência da UFSC em programas de requalificação, capacitação, treinamento e formação de mão-de-obra para a economia globalizada. Santa Catarina: UFSC, 1996. 93