TENDÊNCIA EMPREENDEDORA DOS ESTUDANTES DE ENGENHARIA DA UFCG ATRAVÉS DO MODELO DE DURHAM.

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Transcrição:

1 TENDÊNCIA EMPREENDEDORA DOS ESTUDANTES DE ENGENHARIA DA UFCG ATRAVÉS DO MODELO DE DURHAM. Ana Cláudia Coutinho Araújo Thais França Dantas Resumo: Este estudo tem como objetivo traçar o perfil empreendedor dos estudantes de engenharia da UFCG, na cidade de Campina Grande, PB. Utilizou-se uma pesquisa descritiva de caráter exploratório com uma amostra de 46 estudantes. O instrumento de coleta de dados foi um questionário estruturado, baseado no modelo proposto por Durham, contemplando as cinco dimensões, "Necessidade de Sucesso", "Autonomia/Indepedência", "Tendência Criativa", "Assumir Riscos Calculados" e "Impulso/Determinação". Os resultados revelam que a tendência "impulso/determinação" foi a única a alcançar índice acima da média, enquanto as demais tendências ficaram próximas, porém abaixo da média. Conclui-se que o perfil empreendedor dos discentes de engenharia da Universidade Federal de Campina Grande ficou um pouco abaixo da média geral proposta como ideal para os indivíduos com características empreendedoras. Palavras-chave: Tendência empreendedora, Comportamento do empreendedor, Engenharia 1 INTRODUÇÃO A competitividade é um dos principais obstáculos para as empresas se manterem estáveis no mercado, não só as organizações, mas também os colaboradores. É preciso inovar, romper os velhos paradigmas e criar um diferencial. Não apenas em administração, mas em todas as áreas é importante ter uma visão empreendedora, possuindo algumas características como: confiança, flexibilidade, liderança, motivação, capacidade de assumir risco, encarar novos desafios, assumir uma postura otimista, dinamismo, no que faz independente da sua área de atuação. Frente à conjuntura atual as universidades passaram a agregar novos valores para aqueles que irão enfrentar em breve o mundo do trabalho. Isso pode ser observado na inclusão de disciplina de empreendedorismo nos projetos pedagógicos dos cursos de engenharia. Mas, apesar de muitos cursos terem introduzido em sua grade curricular o empreendedorismo como uma das disciplinas, esta é uma questão nova para as instituições de ensino superior. No contexto universitário, a educação de potenciais empreendedores envolve dois fatores: a maioria dos empreendedores ainda não sabe se vai seguir uma trajetória de empreendedorismo e ainda não existe nas universidades, modelos e padrões consagrados orientadores do como fazer. Não existe a estrada, os caminhos estão sendo abertos (JONATHAN, BONAN et al., 2000). Diante do avanço tecnológico e do aumento da competitividade, o cenário brasileiro experimenta mudanças no processo produtivo industrial e nas relações de trabalho e isto aponta para uma demanda maior pelo engenheiro com perfil empreendedor. Mas o desenvolvimento e a qualificação deste perfil têm caracterizado um paradigma ainda sem resposta na maior parte das empresas, nos engenheiros e nas instituições de ensino e pesquisa. Neste cenário, a universidade produtora de conhecimento assume um papel de extrema relevância para o futuro profissional dos alunos e do país.

2 O objetivo deste estudo é verificar a tendência empreendedora dos estudantes de engenharia da Universidade Federal de Campina Grande, através do modelo de Durham, considerando cinco relevantes tendências empreendedoras: Necessidade de sucesso, Autonomia/Independência, Tendência Criativa, Assumir Riscos Calculados e Impulso/Determinação. Para isso foi utilizada uma pesquisa descritiva de caráter exploratório com uma amostra de 46 estudantes de engenharia regularmente matriculados da UFCG. O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi um questionário baseado no teste TEG - Tendência Empreendedora Geral, desenvolvido na Unidade de Formação Empresarial e Industrial da Durham University Business School. O artigo inicia-se com uma explanação sobre empreendedorismo e sua importância, mostra a metodologia usada na pesquisa, em seguida expõe os dados conseguidos junto aos estudantes e discute os resultados obtidos. 2 COMPORTAMENTO DO EMPREENDEDOR O empreendedor é toda pessoa que empreende um negócio e o faz crescer. Ser empreendedor significa ter capacidade de iniciativa, imaginação fértil para conceber as idéias, flexibilidade para adaptá-las, criatividade para transformá-las em uma oportunidade de negócio e a capacidade para perceber a mudança como uma oportunidade (LEZANA, 1998). Os comportamentos individuais são determinados, em parte, pela característica de personalidade de cada pessoa, pela cultura da organização e também pela malha de relacionamentos sociais, ou seja, dos papéis representados em diferentes situações. No modelo analítico do TEG - Tendência Empreendedora Geral, desenvolvida pela Durham University, Caird (1988), permite identificar se o indivíduo possui traços do comportamento empreendedor. Existe uma série de tendências pessoais que comumente se associam com a pessoa empreendedora. Estas tendências incluem-se em cinco categorias, são elas: necessidade de sucesso; necessidade de autonomia; tendência criativa; disposição a riscos; impulso e determinação. 2.1 Necessidade de sucesso É a necessidade que o empreendedor tem de atingir o sucesso pessoal, que nada mais é do que a conseqüência do sucesso do seu empreendimento, que gerará lucro e "status" (URIARTE, 1999). A necessidade de sucesso está intimamente relacionada com a realização pessoal, no entanto, o excesso dela, sem o complemento da afetividade nas relações humanas leva a uma busca desenfreada do poder, o que não pode ser considerado regra para os empreendedores (CAIRD, 1998). 2.2 Necessidade de autonomia É a necessidade onde o empreendedor procura autonomia para com as regras ou o controle de outros, mantém sua opinião frente à oposição ou a falta inicial de sucesso, expressa confiança na sua capacidade para concluir uma tarefa difícil ou enfrentar um desafio (URIARTE, 1999).

3 Os empreendedores necessitam também serem livres para confrontar-se com problemas e oportunidades, de analisar e fazer crescer um novo empreendimento, crendo que o momento é o da sua vida. No entanto, quando da concretização do empreendimento grande parte dos desejos de liberdade são cerceados, em decorrência da excessiva carga de trabalho (CIELO, 2001). 2.3 Tendência criativa É a capacidade de raciocínio alternativo, ou seja, usar a criatividade para sair de dificuldades ou até mesmo para aumentar os lucros. Se um problema não pode ser resolvido de uma maneira é preciso encontrar uma solução alternativa (URIARTE, 1999). A pessoa criativa é incansável com suas idéias, tem uma diferente abordagem de solução de problemas e vê a vida de uma maneira diferente que os demais (CAIRD, 1988). 2.4 Assumir riscos calculados / moderados O empreendedor avalia alternativas e calcula os riscos deliberadamente. Procura controlar resultados e busca situações que impliquem em desafios ou riscos moderados (CAIRD, 1988). Os indivíduos buscam situações em que hajam desafios e riscos calculados, estando suas recompensas associadas a esses riscos. 2.5 Impulso e determinação É a capacidade de agir com base em oportunidades empresariais novas, agir antes de ser solicitado ou forçado pelos acontecimentos (URIARTE, 1999). O empreendedor se movimenta diante de um obstáculo significativo. Age repentinamente ou muda para uma estratégia alternativa para enfrentar o desafio ou superar o obstáculo e assume a responsabilidade pessoal pelo desempenho necessário para o alcance de objetivos e metas (CAIRD, 1988). 3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS No trabalho adotou-se um estudo descritivo de caráter exploratório. A amostra foi formada por 46 alunos regularmente matriculados nos cursos de engenharia da Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba. O processo de coleta de dados foi realizado através de um questionário com base no teste TEG Tendência Empreendedora Geral, desenvolvido na Unidade de Formação Empresarial e Industrial da Durham University Business School Durham, Inglaterra utilizando cinco características relacionadas à pessoa empreendedora: [1] necessidade de realização; [2] necessidade de autonomia/independência; [3] criatividade; [4] disposição a riscos; [5] determinação. A pesquisa foi realizada por meio de um questionário composto de 54 questões, que visam avaliar as características acima relacionadas, onde o respondente assinala A (acordo) e D (desacordo). A avaliação das respostas agrupa numa grade as perguntas orientadas para as cinco

4 características avaliadas, de modo que em quatro delas (necessidade de sucesso, criatividade, capacidade de assumir riscos e impulso/determinação) a soma máxima de pontos obtidos é 12, enquanto que na última (autonomia/independência) o valor máximo é 6. Assim, o avaliador pode perceber os pontos fracos do avaliado conforme o resultado obtido. 4 RESULTADOS A seguir, serão apresentados os gráficos com os índices obtidos na aplicação dos questionários referentes às cinco características inerentes aos aspectos comportamentais dos empreendedores. 4.1 Necessidade de sucesso Figura 1 Necessidade de sucesso. 1. Não me preocuparia em ter um trabalho rotineiro, sem desafios, se o salário fosse bom. 6. Costumo defender meu ponto de vista se alguém não está de acordo comigo. 10. Prefiro os desafios que põe a prova minhas habilidades que as coisas que faço com facilidade. 15. Se encontro problemas com uma tarefa, deixo-a de lado e vou fazer outra coisa. 19. Penso mais no presente e no passado que no futuro. 24. É mais importante fazer bem o trabalho que tentar satisfazer os outros. 28. Me incomoda pessoas que não são pontuais. 33. Prefiro trabalhar com uma pessoa que eu gosto, mesmo que não seja boa no trabalho, que com uma pessoa que não gosto e que é muito boa no trabalho. 37. Prefiro trabalhar em tarefas como membro de uma equipe que assumir a responsabilidade sozinho. 42. Quando enfrento um desafio, penso mais nas conseqüências de êxito que nas de fracasso. 46. Acordo cedo, durmo tarde e pulo as refeições para poder acabar tarefas especiais. 51. Consigo relaxar facilmente nas férias. Na figura 1, observa-se nas questões 6 e 42, um alto índice de respostas positivas, ou seja, 87% dos estudantes foram de acordo com as afirmações. Já as questões 1 e 24 obtiveram o menor valor, apenas 33%, seguido das questões 33 e 37 cujo valor corresponde a 51% e 40% respectivamente. Nesta categoria verifica-se que vários estudantes possuem muitas das qualidades descritas acima.

5 4.2 Autonomia / independência Figura 2 Autonomia / independência 3. Não gosto de fazer coisas novas ou pouco convencionais. 12. Prefiro fazer as coisas a minha maneira sem me preocupar com o que os outros pensam. 21. Quando estou em um grupo, prefiro que a outra pessoa seja a líder. 30. Ao executar uma tarefa, raramente necessito ou quero ajuda. 39. Faço o que se espera de mim e sigo instruções. 48. A maioria das pessoas pensa que sou teimoso. Na figura 2, pode-se observar que a questão 3 foi a que obteve maior pontuação na tendência empreendedora necessidade de autonomia/independência, sendo respondida positivamente por 93% dos estudantes. A menor pontuação foi observada na questão 30, onde apenas 29% dos estudantes responderam positivamente. Nesta categoria verifica-se que poucos alunos possuem as qualidades citadas acima. 5.3 Tendência criativa Figura 3 Tendência criativa 5. Raramente sonho acordado. 8. Às vezes as pessoas consideram minhas idéias pouco usuais. 14. Prefiro descobrir as coisas, ainda que para isso tenha que enfrentar alguns problemas. 17. Não gosto de mudanças repentinas em minha vida. 23. Não gosto de adivinhar. 26. As pessoas acham que faço muitas perguntas.

6 32. Prefiro ser bom em várias coisas, que muito bom em uma coisa. 35. Prefiro fazer as coisas do modo habitual, do que provar novas maneiras. 41. Prefiro organizar e planejar minha vida de modo que transcorra suavemente. 44. Posso fazer muitas coisas ao mesmo tempo. 50. Às vezes tenho tantas idéias que não sei qual escolher. 53. Para mim é mais difícil adaptar-me as mudanças que manter-me na rotina. Os maiores índices encontrados nesta categoria foram de 87%, 76% e 73%, que correspondem às questões 5, 32 e 50 respectivamente. Nas questões 41 e 44 observamse os menores valores, onde apenas 13% dos estudantes estavam de acordo com a questão. Nesta categoria as qualidades inerentes são: é imaginativo e inovador, tem tendência a sonhar acordado, é versátil e curioso, tem muitas idéias, é intuitivo e adivinha bem, gosta de novos desafios, gosta de mudanças e coisas novas; os alunos apresentaram poucas destas qualidades. 5.4 Riscos calculados / moderados Figura 4 Riscos calculados / moderados 2. Quando tenho que fixar meus próprios objetivos, prefiro que sejam mais difíceis que fáceis. 9. Se tivesse que gastar R$ 10,00 preferiria comprar uma rifa a jogar cartas. 11. Preferiria ter um trabalho razoável em um trabalho seguro, que um trabalho que pudesse perder se não tivesse um bom rendimento. 18. Assumirei riscos se as oportunidades de êxito forem de 50%. 20. Se tivesse uma boa idéia para ganhar dinheiro, estaria disposto a pedir um empréstimo que me permitisse realizá-lo. 27. Se há possibilidade de fracasso prefiro não fazer. 29. Antes de tomar uma decisão, prefiro ter claro todos os possíveis erros que poderão me fazer perder tempo. 36. Antes de tomar uma decisão importante, prefiro provar os prós e os contras rapidamente e não perder muito tempo pensando nisso. 38. Preferiria aproveitar uma oportunidade que pudesse levar-me a coisas ainda melhores, a ter uma experiência que desfrutaria com toda segurança. 45. Para mim é difícil pedir favores a outras pessoas. 47. Habitualmente é melhor aquilo que estamos acostumados do que o que nos parece desconhecido. 54. Gosto de começar novos projetos que podem ser arriscados.

7 A figura 4 mostra que os alunos apresentam muitas das qualidades inerentes a esta categoria, que são: atuam com informação incompleta, avaliam os benefícios prováveis frente ao fracasso provável, valorizam com precisão suas próprias capacidades, não são muito nem pouco ambiciosos, julgam quando são suficientes poucos dados e fixam objetivos que são desafios que podem ser cumpridos. Na figura observa-se um elevado índice nas questões 38, 54, 27 e 18, cujos valores correspondem a 82%, 78%, 78% e 76% respectivamente. O menor índice é visto na questão 29, onde apenas 13% dos respondentes estão de acordo com a afirmativa. 5.5 Impulso / determinação Figura 5 Impulso / determinação 4. As pessoas competentes que não conseguem êxito, não aproveitam as oportunidades que lhes são apresentadas. 7. A pessoa é boa em algo por natureza ou não é. O esforço não muda as coisas. 13. Muitos dos maus momentos pelos quais passam as pessoas se devem a má sorte. 16. Quando faço planos para fazer algo, quase sempre faço o que foi planejado. 22. Geralmente a gente tem o que merece. 25. Conseguirei o que quero da vida se as pessoas que tem controle sobre mim gostam de mim 31. O êxito não chega se não estás no lugar apropriado, no momento exato. 34. Conseguir êxito é resultado de muito trabalho, a sorte não tem nada a ver. 40. Para mim, conseguir o que quero tem pouco a ver com sorte. 43. Acredito que as coisas que me ocorrem são determinadas por outras pessoas. 49. Raramente os fracassos se devem a um mau juízo. 52. Consigo o que quero porque trabalho muito e faço ainda que demore. As qualidades inerentes a esta categoria são: aproveitam as oportunidades, não acreditam no destino, fazem sua própria sorte, tem confiança em si mesmo, acreditam que controlam em si mesmo, acreditam que controlam seu próprio destino, igualam resultados com esforço e mostram uma determinação considerável. Os alunos apresentaram um percentual elevado na afirmação das questões, o que confirma que os alunos de engenharia possuem muitas das qualidades descritas acima. Os maiores índices encontram-se nas questões 7, 13, 52 e 43.

8 4.6 Análise das 5 tendências empreendedoras. Tabela 1 Análise das 5 tendências empreendedoras. Dimensões Amostra Média Menor escore obtido Maior escore obtido Desvio padrão S 46 7,84 5 11 1,67 AI 46 3,31 1 5 1,14 TC 46 6,49 1 11 2,15 RC 46 7,13 3 11 1,75 ID 46 8,64 3 11 1,76 Analisando a tabela 1 observa-se o comportamento dos estudantes de engenharia referente às cinco tendências empreendedoras que são: necessidade de sucesso, necessidade de autonomia/independência, tendência criativa, riscos calculados/moderados e impulso e determinação. Na categoria Necessidade de Sucesso o índice obtido foi de 7,84 pontos. Índice considerado abaixo da média do teste, que é de 9 pontos. Isto quer dizer que em relação às qualidades que compõem esta categoria, que são: olhar para frente, auto-suficiência, mais otimista que pessimista, orientação para tarefas, orientação para os resultados, incansável e energético, confiança em si mesmo, persistência e determinação e determinação para terminar uma tarefa; os estudantes de engenharia podem apresentar algumas destas. Verifica-se ainda que a maior e menor nota obtida foi de 11 e 5 pontos respectivamente, bem como o desvio padrão 1,67 que representa a variabilidade dos escores em torno da média. Portanto quanto menor for a variabilidade das notas em torno da média, melhor está mensurado o princípio. A tendência necessidade de sucesso, não apresentou uma homogeneidade de qualidades em torno da média devido ao alto valor do desvio padrão. No que diz respeito à categoria Necessidade de Autonomia/Independência o valor obtido foi de 3,31 pontos, índice considerado abaixo da média do teste que é de 4 pontos. Isto significa que dentre as qualidades desta categoria, que são: fazer coisas pouco convencionais, preferir trabalhar sozinho, necessitar fazer "suas coisas", necessitar expressar o que pensa, não gostar de receber ordens, tomar suas próprias decisões, não se render a pressão do grupo e ser tenaz e determinado; os alunos podem apresentar poucas destas características. Observa-se quanto a maior e a menor nota os valores 5 e 1 respectivamente. Neste caso o desvio padrão não apresentou homogeneidade de qualidades em torno da média devido o valor ter sido de 1,14. Com relação à categoria Tendência Criativa a pontuação obtida foi de 6,49, sendo considerada abaixo da média, que é de 8 pontos. Aqui verifica-se que os estudantes não possuem muitas destas qualidades inerentes a categoria citada, que são: é imaginativo e inovador, tem tendência a sonhar acordado, são versáteis e curiosos, tem muitas idéias, são intuitivos e adivinham bem, gostam de novos desafios e gostam de mudanças e coisas novas. A pontuação referente ao maior e menor escore é de 11 e 1 pontos. Observa-se também que o desvio padrão não apresentou homogeneidade de qualidades em torno da média devido ao alto valor que foi de 2,15. O índice encontrado na categoria Riscos Calculados/Moderados foi de 7,13 pontos, também considerado abaixo da média do teste, cujo valor corresponde a 8 pontos. Significa dizer que frente a esta categoria cuja as qualidades são: atuam com informação incompleta, avaliam os benefícios prováveis frente ao fracasso provável, valorizam com

9 precisão suas próprias capacidades, não são muito nem pouco ambiciosos, julgam quando são suficientes poucos dados e fixam objetivos que são desafios que podem ser cumpridos; os alunos de engenharia estão abaixo da média do teste. O desvio padrão obteve valor correspondente a 1,75, onde também não apresenta homogeneidade de qualidades em torno da média devido ao alto valor. Quando analisa-se na tabela 1 a categoria Impulso/Determinação observa-se que a pontuação é de 8,64, índice considerado muito acima do valor esperado, que é de 8 pontos. Portanto, a média de estudantes que se enquadram nessa categoria ultrapassa a média que corresponde a 8 pontos. A pontuação referente ao maior e menor escore é de 11 e 3 pontos, bem como o desvio padrão que foi de 1,76, não apresentando homogeneidade em torno da média devido ao alto valor do desvio. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa teve como principal objetivo avaliar o perfil empreendedor dos estudantes de engenharia da Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba. Para isso, foi feito um levantamento dos estudos relacionados ao comportamento e as características do empreendedor como sendo: [1] necessidade de sucesso; [2] necessidade de autonomia/independência; [3] tendência criativa; [4] disposição a riscos; [5] impulso e determinação. De acordo com os dados obtidos verifica-se que: 1 A tendência empreendedora necessidade de sucesso apresentou índice alto, ou seja, o corpo discente de engenharia possui muito dessas qualidades inerentes a esta categoria. 2 A tendência empreendedora necessidade de autonomia/independência obteve um índice abaixo da média, significa dizer que os estudantes de engenharia apresentam poucas das qualidades inerentes a esta categoria. 3 A tendência empreendedora tendências criativas apresentou índice também abaixo da média do teste. Aqui verifica-se que o corpo discente de engenharia possui poucas das qualidades referentes à categoria criatividade. 4 A tendência empreendedora disposição a riscos obteve valor inferior a média desejada no teste, ou seja, os alunos possuem poucas das características citadas nesta categoria. 5 Na tendência empreendedora impulso e determinação observa-se que a média foi acima do esperado, o que significa que os estudantes de engenharia possuem várias dessas qualidades referentes à categoria. Portanto, utilizando o instrumento TEG Tendência Empreendedora Geral para indicar as qualidades frente às cinco características empreendedoras dos discentes de engenharia, verificou-se que do total de categorias que o instrumento enfoca, apenas uma Impulso e Determinação apresenta índice acima do valor desejado. 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAIRD, Sally. A review of measuring enterprise attributes. DUBS, august, 1988. CRUZ JÚNIOR; ARAÚJO, P. C.; WOLF, S. M.;Tatiana V. A. Ribeiro Empreendedorismo e Educação Empreendedora: Confrontação entre a teoria e a prática. Disponível em: <www.oei.es>. Acesso em: 13/04/2009. CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asa ao espírito empreendedor. São Paulo: Saraiva, 2007.

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