Políticas Públicas para o Desenvolvimento de Empreendimentos Econômicos Solidários no Município de Cruz das Almas/BA

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Transcrição:

Políticas Públicas para o Desenvolvimento de Empreendimentos Econômicos Solidários no Município de Cruz das Almas/BA Edilene Pereira Batista Universidade Federal do Recôncavo da Bahia edilenepbatista@yahoo.com.br Eliane Freitas Pereira Almeida Universidade Federal do Recôncavo da Bahia lio.almeida@hotmail.com Florisvaldo dos Santos Universidade Federal do Recôncavo da Bahia fenix551@hotmail.com Rozana Lúcia Machado Sampaio Universidade Federal do Recôncavo da Bahia rozanamacsam@hotmail.com Washington Luiz Correia Silva Universidade Federal do Recôncavo da Bahia wlcsilva@ig.com.br Eixo temático: Políticas Públicas para economia solidária e controle social Resumo A atuação do Estado no fomento à economia solidária é importante no que tange às ações articuladas de diversas áreas do governo para promover mudanças através de investimento social, marco legal e/ou reconhecimento da economia solidária e suas formas associativas. Buscou-se verificar a existência de políticas públicas para o desenvolvimento de empreendimentos solidários em Cruz das Almas/BA, além de refletir sobre essas iniciativas como alternativa de geração de trabalho e renda, com a perspectiva de melhorias nas condições de vida dos participantes através da autogestão. Realizou-se revisão bibliográfica, levantamento de dados secundários e entrevista semi-estruturada. Verificou-se neste município um ambiente legal favorável ao fortalecimento de empreendimentos, contudo, fazse necessária maior atuação do poder público local para o desenvolvimento deste segmento. Palavras-Chave: Recôncavo Baiano; Políticas Públicas; Economia Solidária. 1. Introdução Para o desenvolvimento da economia solidária a participação do Estado tem extrema importância, principalmente no que tange às ações articuladas das diversas áreas do governo. Assim, o poder público pode promover mudanças no sentido do investimento social, da legislação ou do reconhecimento da economia solidária e suas formas associativas. Porém, sem esquecer que o protagonismo deve ser sempre dos empreendedores econômicos solidários, principais atores dessa economia. 1

Para entender de forma mais apropriada as políticas voltadas ao desenvolvimento da chamada economia solidária, optou-se por realizar uma análise da participação do Estado nas esferas federal, estadual e municipal na evolução dessas políticas. Este trabalho tem como objetivo verificar a existência de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento dos empreendimentos econômicos solidários no município de Cruz das Almas. Esse trabalho foi desenvolvido a partir do componente curricular Política e Desenvolvimento Territorial do curso Tecnologia em Gestão de Cooperativa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UFRB. Para elaboração do artigo, realizou-se revisão bibliográfica sobre políticas públicas de economia solidária e desenvolvimento territorial, levantamento de dados secundários sobre os empreendimentos econômicos solidários na Bahia, entrevista semi-estruturada com a diretora do Centro de Referência e Assistência Social CRAS e uma visita técnica ao Grupo Cata Renda que é assessorado pela Incubadora de Empreendimentos Solidários - INCUBA/UFRB no município de Cruz das Almas. O texto está estruturado da seguinte forma: na próxima seção, é feita uma breve descrição da emergência da economia solidária no Brasil e das políticas públicas existentes, além disso, comenta-se o mapeamento dos empreendimentos solidários, destacando-se o município de Cruz das Almas; em seguida, apresenta-se a experiência de um empreendimento solidário, discutindo-se seu acesso às políticas de desenvolvimento. 2. A Economia Solidária no Brasil Entre meados dos anos 1970 e início dos anos 1980, as economias industriais entraram em estagnação levando à falência o Estado investidor keynesiano. Os países subdesenvolvidos foram os que mais sentiram a crise, sobretudo pelas imposições do neoliberalismo econômico imposto pelos países desenvolvidos e, principalmente, pela necessidade de renegociar as suas dívidas externas (PINHEIRO, 2010). Diagnosticado que os problemas econômicos ocorreram devido à falta de controle fiscal e do alto investimento do Estado, foram implantados no país sob orientação das organizações internacionais, programas de ajustes estruturais (reformas), cujo objetivo era a retomada do crescimento através da estabilidade financeira do Estado (PEREIRA; MARAVAL; PRZEWORSKI, 1996 apud PINHEIRO, 2010). Os resultados obtidos com as medidas adotadas foram imediatos, porém, não duradouros. Após uma breve retomada do crescimento, os países subdesenvolvidos voltaram a conviver com a estagnação, além da ampliação da desigualdade social, onde a população da camada mais baixa ficou em situação ainda pior. O agravamento dos problemas sociais trouxe a necessidade de repensar um novo modelo de desenvolvimento econômico. A partir desses fatos, [...] o movimento operário necessita encontrar outras estratégias de luta contra o desemprego e a exclusão social, inclusive para restabelecer no mercado formal de trabalho um equilíbrio menos desfavorável entre oferta e demanda (SINGER, 1998, p. 138). A economia solidária, que busca formas alternativas de trabalho e renda, utilizando a cooperação mútua e a solidariedade como valores sociais e democráticos, surge como alternativa de organização produtiva realizada de forma coletiva, democrática e solidária, bem como, estratégia de enfrentamento ao desemprego e à exclusão social. Para Singer, [...] se a economia solidária se consolidar e atingir dimensões significativas, ela se tornará competidora do grande capital em diversos mercados. O que poderá 2

recolocar a competição sistêmica, ou seja, a competição entre um modo de produção movido pela concorrência intercapitalista e outro movido pela cooperação entre unidades produtivas de diferentes espécies contratualmente ligados por homens voltarão a poder escolher e experimentar formas alternativas de organizar sua vida econômica e social. (SINGER, 1998, p. 139). Pinheiro (2010) diz que a economia solidária é o resultado da conjunção de dois fatores históricos: o econômico e o social. O primeiro refere-se aos aspectos das imposições - reforma do Estado - do neoliberalismo econômico dos países desenvolvidos, que resulta no surgimento do desemprego em massa (excedente de trabalhadores) somado aos crescentes excluídos. O segundo fator refere-se às experiências dos atores no campo da organização popular em movimentos sociais, partidos políticos, universidades e Igreja católica. Apesar de a economia solidária ter se desenvolvido no Brasil a partir de 1980, o apoio às iniciativas para o seu desenvolvimento enquanto política pública começou pelas esferas estaduais e municipais, sendo pioneiros, o estado do Rio Grande do Sul e os municípios de Porto Alegre/RS, Belém/PA e Santo André/SP. De acordo com o ponto de vista de Barbosa, [...] a economia solidária se generaliza nos anos 1990, estimulada sobretudo por entidades civis e governamentais voltadas para a geração de ocupação e renda. Chama bastante atenção que o diferencial dessas ações, nesse momento, seja o formato jurídico-institucional assumido como modelo cooperativa ou associação autogerida, e por isso a feição solidária, bem como sua justificativa, baseiam-se na substituição estrutural ao trabalho assalariado convencional e na requalificação do universo de atividades informais de trabalho (BARBOSA, 2007, p. 89). Em nível nacional, as políticas públicas que buscam o desenvolvimento da economia solidária começam a se destacar com a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária - SENAES em 2003 vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, onde foi organizado o Programa de Economia Solidária em Desenvolvimento. Uma das conquistas foi a colocação da economia solidária na agenda pública nacional, através da Lei Federal 11.445/2007 que se refere à contratação de associações ou cooperativas para o processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis e a Lei 11.448/2007 que possibilita a inclusão das cooperativas na Lei das Micro e Pequenas Empresas (OLIVA, 2010). Atualmente a Secretaria Nacional de Economia Solidária - SENAES atualiza o mapeamento da economia solidária no país, através do Sistema de Informações em Economia Solidária - SIES, contendo informações de Empreendimentos Econômicos Solidários - EES e de Entidades de Apoio, Assessoria e Fomento - AEF. Na Bahia, as políticas públicas voltadas ao fomento e desenvolvimento da economia solidária começaram a ser melhor formuladas a partir de 2007, com a posse do novo governo do estado, cuja política favorece a democracia popular e a valorização dos movimentos sociais. Essa nova postura refletiu-se na criação da Superintendência de Economia Solidária SESOL também em 2007, vinculada à Secretaria de Trabalho, Renda, Emprego e Esporte - SETRE. Para consolidar o reconhecimento de que a Economia Solidária surge como alternativa para inclusão social e econômica para milhares de pessoas, o Governo da Bahia criou em 2008, o Programa Bahia Solidária, cujo objetivo é promover o fortalecimento e a divulgação da economia solidária mediante políticas integradas, visando à geração de trabalho, renda, inclusão social e promoção do desenvolvimento justo e solidário (OLIVA, 2010). 3

A implementação do Programa Bahia Solidária, sob responsabilidade da SESOL, prevê ações de fomento, formação, divulgação e crédito produtivo aos trabalhadores da economia solidária da Bahia, promovendo ações e instrumentos para a organização e sustentabilidade através das seguintes coordenações: Coordenação de Fomento - COFES, Coordenação de Formação e Divulgação - COFD e a Coordenação de Microcrédito e Finança Solidária - COMFIS. A partir de informações que integram o Sistema Nacional de Informação em Economia Solidária - SIES, coletadas no mapeamento de empreendimentos econômicos solidários realizado no estado da Bahia entre 2005 e 2007, verificou-se o perfil dos empreendimentos econômicos solidários do estado da Bahia, o que contribuiu para direcionar o governo no sentido de identificar pontos deficientes no que diz respeito à aplicação dos recursos evitando desperdícios e aumentando a eficiência e eficácia das políticas públicas para esse segmento. 2.1 Mapeamento da Economia Solidária no Estado da Bahia Segundo o mapeamento da economia solidária, em 2007 existiam 1.611 Empreendimentos Econômicos Solidários - EES que se encontravam agrupados em vinte e quatro territórios distribuídos por diversos municípios. A busca por novas formas de trabalho gerou a criação de novos empreendimentos econômicos solidários, segundo informação do mapeamento. Cerca de 80% foram criados nos últimos quinze anos, atingindo o pico entre 1995 e 1999 com a criação de 532 empreendimentos, no período seguinte entre 2000 e 2002 houve uma diminuição, porém, manteve o alto nível com 354 empreendimentos criados, voltando a crescer entre 2003 e 2007 com a criação de 409 empreendimentos (Gráfico 1). N º d e E m p re e n d im e n to s 14 136 133 532 354 409 Até 1979 De 1980 a 1989 De 1990 a 1994 De 1995 a 1999 De 2000 a 2002 de 2003 a 2007 Gráfico 1: Trajetória dos novos empreendimentos econômicos solidários no Estado da Bahia Fonte: Atlas da Economia Solidária 2005/2007 Entre os territórios com maior agrupamento de empreendimentos, destacam-se: Sertão Produtivo (218) em 14 municípios, Sertão do São Francisco (152) em 10 municípios, Sisal (133) em 19 municípios e Região Metropolitana de Salvador (101) em 07 municípios, cujo percentual para o total de empreendimentos da Bahia corresponde respectivamente com 13,53%, 9,44%, 8,26% e 6,27%. O mapeamento permitiu a identificação dos municípios com maior número de empreendimentos na Bahia que são: Salvador (66), Curaçá (37), Palmas de Monte Alto (34), Chorrochó (30), Caetité (28) e Guanambi (28). 4

Pode-se também verificar que a maior densidade (empreendimento/município) aparece nos municípios dos territórios do Sertão Produtivo e Sertão do Rio São Francisco com respectivamente 15,6 e 15,2 empreendimentos, além do território Região Metropolitana de Salvador com 14,4 empreendimentos por município (Tabela 1). Tabela 1: Empreendimentos por território no estado Bahia Território AGRESTE DE ALAGOINHAS/ LITORAL NORTE BACIA DO JACUÍPE BACIA DO RIO CORRENTE Número de municípios que compõem o território Total de empreendimentos do território % da participação do território no total de empreendimentos do estado da Bahia 11 88 5,46 % 10 33 2,04 % 03 31 1,92 % BAIXO SUL 09 32 1,99 % CHAPADA DIAMANTINA 09 65 4,03 % EXTREMO SUL 11 90 5,59 % IRECÊ 07 48 2,98 % ITAPARICA 05 57 3,54 % LITORAL SUL 02 16 0,99 % MÉDIO RIO DAS CONTAS REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR 01 05 0,31 % 07 101 6,27 % OESTE BAIANO 09 51 3,17 % PIEMONTE DA DIAMANTINA PIEMONTE DO PARAGUAÇÚ PIEMONTE NORTE DO ITAPICURU PORTAL DO SERTÃO 02 03 0,19 % 09 28 1,74 % 08 60 3,72 % 08 53 3,29 % RECÔNCAVO 16 78 4,84 % SEMI-ÁRIDO NORDESTE II SERTÃO DO SÃO FRANCISCO SERTÃO PRODUTIVO 13 97 6,02 % 10 152 9,44 % 14 218 13,53 % SISAL 19 133 8,26 % VALE DO JEQUIRIÇÁ 04 18 1,12 % VELHO CHICO 13 65 4,03 % VITÓRIA DA CONQUISTA 11 88 5,46 % 5

TOTAL 211 1.611 100 % Fonte: Atlas da Economia Solidária 2005/2007 A forma de organização mais freqüente dos empreendimentos solidários no estado da Bahia é a associação, com um percentual de 70,2%; os grupos informais constituem 19,7%, enquanto as cooperativas constituem 8,9%. Apenas 0,6% dos empreendimentos pesquisados possuem forma de sociedade mercantil de capital e indústria; outras formas de empreendimentos solidários compõem os 0,6%, completando os 1.611 empreendimentos analisados (Gráfico 2). Nº de E m preendim entos 1131 318 143 10 9 Associação Grupo Informal Cooperativa Sociedade Mercantil de Capital e Indústria Outras Gráfico 2: Forma de organização mais freqüente dos empreendimentos solidários na Bahia Fonte: Atlas da Economia Solidária 2005/2007 De forma geral, os produtos alimentícios constituem essencialmente a base da produção dos empreendimentos econômicos solidários na maioria dos territórios do estado da Bahia. Entretanto, foram identificadas outras tendências, em alguns territórios como, por exemplo, da Metropolitana de Salvador e do Vale do Jequiriça, onde os produtos mais freqüentes são respectivamente confecções/bonecas e bonecas/tapetes. Na realidade, existe uma variedade de produtos oriundos desses empreendimentos, com destaque para a estrutura de produção diversificada característica da agricultura familiar. Além das mencionadas acima, podemos destacar também a produção dos diversos tipos de artesanatos, da fruticultura e da alimentação em geral, onde os produtos agrícolas podem servir tanto para matéria prima de produtos alimentícios como para o consumo da população local e para alimentação de animais (Tabela 2). Tabela 2: Produtos mais frequentes dos empreendimentos por no estado da Bahia Território AGRESTE DE ALAGOINHAS/LITORAL NORTE BACIA DO JACUÍPE BACIA DO RIO CORRENTE BAIXO SUL CHAPADA DIAMANTINA Produtos mais frequentes Milho, Farinha de Mandioca, Mandioca Milho, Leite, Mel Milho, Leite, Farinha de Mandioca Farinha de Mandioca, Milho, Couve Milho, Leite, Mel 6

EXTREMO SUL Milho, Leite, Bijuterias IRECÊ Milho, Mandioca, Alface ITAPARICA Milho, Feijão, Farinha de Mandioca LITORAL SUL Milho, Feijão, Farinha de Mandioca MÉDIO RIO DAS CONTAS Café, Peixe, Bijuterias METROPOLITANA DE SALVADOR Confecções, Bonecas, Doces OESTE BAIANO Milho, Arroz, Feijão PIEMONTE DA DIAMANTINA Feijão, Frango, Água sanitária PIEMONTE DO PARAGUAÇU Mel, Milho, Abacaxi PIEMONTE NORTE DO ITAPICURU Milho, Feijão, Mel PORTAL DO SERTÃO Milho, Doces, Bordados RECÔNCAVO Milho, Farinha de Mandioca, Mandioca SEMI-ÁRIDO NORDESTE II Milho, Mel, Feijão SERTÃO DO SÃO FRANCISCO Milho, Feijão, Peixe SERTÃO PRODUTIVO Milho, Feijão, Leite SISAL Milho, Farinha de Mandioca, Mel VALE DO JEQUIRIÇÁ Bonecas, Tapetes, Leite VELHO CHICO Milho, Feijão, Bonecas VITÓRIA DA CONQUISTA Milho, Farinha de Mandioca, Cachaça Fonte: Atlas da Economia Solidária 2005/2007 Em 14 dos 24 territórios pesquisados no estado da Bahia, encontram-se empreendimentos econômicos solidários articulados em redes de comercialização e/ou de produção. Os territórios com maior número de empreendimentos articulados em redes são: o Sisal, o Sertão do São Francisco, o Semi-Árido Nordeste II, o Portal do Sertão e o Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte. Em todos esses 14 territórios sempre são mencionadas mais de uma rede de produção e comercialização. Em média, nesses 14 territórios, 8% dos empreendimentos estão envolvidos com alguma rede (Tabela 3). Tabela 3: Participação dos empreendimentos por território em redes de comercialização e produção no estado da Bahia Território AGRASTE DE ALAGOINHAS/ LITORAL NORTE BACIA DO JACUÍPE CHAPADA DIAMANTINA METROPOLITANA DE SALVADOR Número de empreendimentos participando de redes de produção e comercialização Total de empreendimentos do território % de empreendimentos no território participando de redes de produção e comercialização. 11 88 12,5 % 08 33 24,2 % 01 65 1,5 % 06 101 5,9 % OESTE BAIANO 02 51 3,9 % PIEMONTE DO PARAGUAÇÚ PIEMONTE NORTE DO ITAPICURU 07 28 25 % 01 60 1,7 % PORTAL DO 10 53 18,9 % 7

SERTÃO SEMI-ÁRIDO NORDESTE II SERTÃO DO SÃO FRANCISCO SERTÃO PRODUTIVO 11 97 11,3 % 12 152 7,9 % 5 218 2,3 % SISAL 14 133 10,5 % VELHO CHICO 03 65 4,6 % VITÓRIA DA CONQUISTA 08 88 9 % TOTAL 99 1.232 8,03 % Fonte: Atlas da Economia Solidária 2005/2007 O município de Cruz das Almas é situado no Recôncavo Sul do estado da Bahia, distando 146 quilômetros da capital, com área territorial de 144 quilômetros quadrados. Sua população é estimada em 56 mil habitantes e a densidade demográfica de 344,49 habitantes por quilômetro quadrado. (fonte: www.portalcruz.com/portal). Como um dos municípios que compõem o Território do Recôncavo, Cruz das Almas, de acordo com o mapeamento realizado em 2005 e 2007, tem um total de 11 empreendimentos econômicos solidários, contribuindo com 14,1 % na formação do território. A produção dos empreendimentos do município tem como base os produtos alimentícios, sendo os mais frequentes: milho, farinha de mandioca e mandioca. Após pesquisa e análise dos 11 empreendimentos foi constatado que nenhum dos empreendimentos participava de algum tipo de rede de produção e comercialização, optando pela comercialização individual. 3. Apresentação e Discussão dos Dados Nesse trabalho, buscou-se ilustrar a discussão sobre o acesso de políticas públicas de apoio e fomento à empreendimentos econômicos solidários no município de Cruz das Almas com o exemplo do Grupo Cata Renda. Dentre os empreendimentos econômicos solidários existentes em Cruz das Almas, o grupo Cata Renda representa a situação encontrada no referido município quanto a dificuldade de acesso às políticas públicas locais voltadas para o desenvolvimento desse seguimento. O grupo Cata Renda é um empreendimento solidário (em constituição) que iniciou as suas atividades em 2005 com o projeto da então estudante Ana Mércia da UFRB, com os seguintes objetivos: desenvolver a consciência da importância da reciclagem como gerenciamento dos recursos naturais e construir uma rede solidária para o desenvolvimento social e econômico dos catadores através da organização do trabalho coletivo autogestionário. Em entrevista realizada em novembro de 2010 com a Sra. Marineuza Pereira Machado Pires, diretora do CRAS Centro de Referência Assistência Social do município de Cruz das Almas em novembro de 2010, ficaram evidenciadas as dificuldades e conquistas do grupo Cata Renda desde o início até a situação atual. Conforme relato da entrevistada, o projeto foi apresentado em 2006 à Secretaria de Ação Social da prefeitura de Cruz das Almas pela estudante Ana Mércia que pontuou as seguintes dificuldades: ausência de espaço adequado para triagem e armazenamento; carência de transporte dos materiais arrecadados; produção irregular e insuficiente devido ação de atravessadores; precarização do trabalho e demanda social como: alimentação, moradia, lazer, etc. 8

Ainda de acordo com a Sra. Marineuza, após análise da Secretaria de Ação Social o projeto foi encaminhado à Secretaria de Planejamento, que se engajou prontamente aos objetivos do projeto estabelecendo um espaço (galpão alugado pela prefeitura de Cruz das Almas) para implantação do grupo. A partir desse momento começou o maior desafio do grupo que seria a conscientização dos catadores quanto à importância da sua participação na constituição de um empreendimento econômico solidário baseado nos princípios da autogestão e formação de sujeitos no processo de decisão. Para tanto foram realizadas reuniões, oficinas e palestras na construção de um plano para o desenvolvimento dos atores (catadores) no que tange a articulação da gestão democrática; controles administrativos e financeiros; formação básica e qualificação na área produtiva e comercial; acompanhamento técnico-pedagógico e troca de saberes em visitas a outros empreendimentos solidários. Apesar de todas as estratégias adotadas, ainda assim houve dificuldades para a formação do grupo Cata Renda. No primeiro momento, os próprios garis que já trabalhavam com reciclagem, ainda que de forma precária, deram início aos trabalhos do grupo, porém, não foram à frente em face de problemas como o alto índice de alcoolismo e falta de participação na constituição do empreendimento. Mesmo com todos os percalços, ao longo dos anos de trabalho houve algumas conquistas, principalmente, no que diz respeito à participação dos atores nas atividades propostas como também no melhoramento da infra-estrutura para a organização da produção e comercialização, obtida através da parceria com a Incubadora de Empreendimentos Solidários da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia INCUBA/UFRB, que apóia e realiza ações junto ao grupo Cata Renda. A INCUBA/UFRB, integrada à Rede UNITRABALHO, tem como missão contribuir na promoção e no fortalecimento de empreendimentos solidários, valorizando a diversificação da produção, o resgate do conhecimento tradicional, as relações de gênero equitativas e a construção de políticas públicas territoriais sustentáveis, promovendo a melhoria da qualidade de vida a partir de atividades voltadas para geração de trabalho, renda e cidadania. Ela assessora, fomenta e qualifica empreendimentos de economia solidária de forma integrada. 4. Considerações Finais Este trabalho procurou verificar a existência de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento dos empreendimentos econômicos solidários no município de Cruz das Almas, refletindo principalmente sobre a importância da participação do poder público local na promoção de ações relacionadas ao investimento, assistência técnica e articulação desses empreendimentos, em redes de produção e comercialização. Buscou-se, além disso, apresentar um resumo do histórico das ações desenvolvidas para a implementação da política pública de economia solidária no país e no estado da Bahia. Considerando os aspectos e as características do município de Cruz das Almas, verificou-se a existência de oportunidades para o fomento e desenvolvimento dos EES, porém, a insipiência da atuação do poder público local na implementação de políticas públicas favoráveis a este segmento torna-se um impedimento para o desenvolvimento da economia solidária no município. Apesar do apoio no âmbito federal a partir de 2003, com a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária SENAES, e da participação efetiva do governo da Bahia com a criação da Superintendência de Economia Solidária SESOL em 2007, não foram encontradas 9

políticas públicas municipais para o fomento e/ou desenvolvimento dos empreendimentos econômicos solidários em Cruz das Almas. Além disso, o acesso às políticas públicas (federais e estaduais) pelos empreendimentos solidários é ainda muito limitado. A que mais se aproxima é o Programa de Aquisição de Alimentos PAA e o Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, isso porque os empreendimentos encontrados no município têm como base a produção de alimentos (milho, farinha de mandioca, mandioca). Entendendo os empreendimentos econômicos solidários como formas alternativas de geração de trabalho e renda cujo caráter não é exclusivamente econômico, com perspectiva de melhorias nas condições de vida através do trabalho coletivo e solidário, faz-se necessário o desenvolvimento de oportunidades com atuação mais forte do poder público local, haja vista que o sucesso de um projeto como o Cata Renda daria visibilidade aos empreendimentos econômicos solidários no município e consequentemente um aumento do interesse pelo segmento na região. Nesse sentido, percebe-se o quão fundamental é a atuação das Incubadoras Universitárias para fazer com que os empreendimentos econômicos solidários tenham acesso às políticas públicas para o seu desenvolvimento. Oliveira e outros (2009) afirmaram que no Cata Renda, a partir do engajamento da INCUBA/UFRB em 2009, diversas ações foram articuladas junto aos órgãos competentes para viabilizar os meios de trabalho infra-estrutura básica para a organização da produção e comercialização. 5. Referências BARBOSA, Rosangela Nair de Carvalho. A economia solidária como política pública: uma tendência de geração de renda e ressignificação do trabalho no Brasil. São Paulo: Cortez, 2007. OLIVA, Helbeth. Política pública de economia solidária da Bahia. Disponível em <http://cirandas.net/helbeth/blog>. Acesso em 16 out. 2010. OLIVEIRA, Bruna Maria S. de. et al. Grupo Cata Renda: da incubação à emancipação social. In: JORNADA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 1., 2009. Anais... Feira de Santana: UEFS/UFRB, 2009. (CD - ROOM) PINHEIRO, Lessí Inês Farias. Políticas públicas de apoio à economia solidária como alternativa para o desenvolvimento local no Brasil. Disponível em: <http://www.eumed.net/rev/oidles/08/lifp.htm>. Acesso em 11 out. 2010. SINGER, Paul. Globalização e desemprego: diagnósticos e alternativas. 4. ed. São Paulo: Contexto, 1998. 10