Certificação da Aqüicultura: Um programa para a Implementação das Recomendações do Comitê de Pesca Sub-Comitê de Aqüicultura



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Transcrição:

Certificação da Aqüicultura: Um programa para a Implementação das Recomendações do Comitê de Pesca Sub-Comitê de Aqüicultura Janeiro 2007

Conteúdo CONTEUDO... 1 INTRODUÇÃO... 2 CERTIFICAÇÃO DA AQÜICULTURA... 2 PRINCIPIOS INTERNACIONAIS PARA A CARCINICULTURA RESPONSAVEL... 4 BOAS PRATICAS DE MANEJO (BPM)... 5 RECOMENDAÇÕES DO SUB-COMITE DE AQÜICULTURA DO COFI... 6 OBJETIVOS GERAIS DO PROGRAMA... 7 PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO E MECANISMO... 7 MAIOR PARTICIPAÇÃO E TRANSPARÊNCIA NO PROCESSO... 7 SECRETARIADO NOVEMBRO 2006... 8 GRUPO CONSULTIVO PARA CERTIFICAÇÃO EM AQÜICULTURA NOVEMBRO 2006... 8 SITE NA INTERNET SOBRE CERTIFICAÇÃO EM AQÜICULTURA DEZEMBRO 2006... 8 OFICINAS SOBRE ORIENTAÇÕES PARA CERTIFICAÇÃO EM AQÜICULTURA... 8 Oficina de Especialistas de Bangkok Março de 2007... 8 Oficina de Especialistas no Brasil Julho de 2007... 9 ABRANGÊNCIA DAS ORIENTAÇÕES PARA CERTIFICAÇÃO EM AQÜICULTURA... 10 Documentos de trabalho para a Oficina de Bangkok... 10 CUSTEIO... 12 CRONOGRAMA E RESPONSABILIDADE...12 1

Introdução A produção global de aqüicultura cresceu substancialmente, contribuindo para quantidades cada vez mais significantes para o suprimento mundial de peixe para consumo humano. Esta tendência de crescimento é prevista para continuar nas próximas décadas. Prevê-se que o setor contribuirá mais efetivamente para a segurança alimentar, redução da pobreza e desenvolvimento econômico, produzindo com mínimo impacto no ambiente e máximo benefício à sociedade 83 milhões de toneladas de comida antes de 2030, o que representa um aumento de 37,5 milhões de toneladas em relação ao nível de 2004 1. A aqüicultura tem um importante papel nos esforços globais para eliminar a fome e a desnutrição através do fornecimento de peixe e outros produtos aqüícolas ricos em proteínas, ácidos graxos essenciais, vitaminas e minerais. A aqüicultura também pode contribuir significativamente para a redução da pobreza, geração de renda, criação de oportunidades de emprego e melhor uso dos recursos naturais. Com um gerenciamento apropriado, o setor parece pronto para suprir a demanda por alimentos de origem aquática (peixe) durante as próximas décadas, em conseqüência ao crescimento populacional aliado a estagnação da produção pesqueira. O principal desafio para governantes e agentes de desenvolvimento é criar um ambiente propício para apoiar a expansão necessária para se atingir esse potencial. Esse ambiente propício é multi-facetado, e necessita de significante vontade e apoio político e investimento. O fracasso em fornecer esse ambiente pode resultar na incapacidade do setor aqüícola em fornecer o alimento de origem aquatica, requerido até mesmo para manter os atuais níveis de consumo. O crescente reconhecimento por parte de governos da necessidade de se implementar programas de aqüicultura baseados em políticas sólidas, o crescimento da população e aumento do poder de compra das pessoas, a abertura de novos mercados facilitada pela liberação dos mercados, e os avanços tecnológicos trazem grandes oportunidades para o desenvolvimento do setor. Por outro lado, o nível de estagnação da pesca, a necessidade de fortalecer a capacidade de instituições e outros investidores, a demanda crescente por produtos diversificados, seguros e de qualidade, a escassez de recursos terrestres e aquáticos, e a necessidade de apoio a pequenos produtores aparecem como os grandes desafios para o setor. Certificação da Aqüicultura A preocupação de que algumas formas de aqüicultura (principalmente carcinicultura e cultivo de salmão) são ambientalmente insustentáveis, socialmente injustas, e com produtos que não são seguros para os consumidores, esforços têm sido realizados nos últimos anos para responder às percepções do público e aos requerimentos dos mercados. Os padrões de segurança dos alimentos foram elevados e as regulamentações do comércio internacional tornaram-se mais exigentes. Políticas e regulamentações para sustentabilidade ambiental foram criadas em diversos países, requerendo dos aqüicultores o cumprimento de medidas muito mais estritas de mitigação e proteção ambiental. Em alguns países essas mudanças foram iniciadas pelo próprio setor de aqüicultura, usualmente dentro do setor industrial privado mais organizado, de maneira a garantir a sustentabilidade e proteger as operações de atividades mal gerenciadas. O setor privado fez significativos avanços no gerenciamento de suas atividades, e existem diversos exemplos de sistemas de cultivo que reduziram os impactos ambientais e aumentaram sua eficiência, incluindo rentabilidade, em todas as regiões. 2

1 State of World Aquaculture:2006. Fisheries Technical Paper No. 500. Rome FAO. 2006 134p. Devido à necessidade de resposta a estas preocupações ambientais e dos consumidores na produção aqüícola, além de assegurar melhor acesso ao mercado, existe um crescente interesse na certificação de sistemas de produção, práticas, processos e produtos aqüícolas. Como um exemplo, a legislação recente tanto da Europa como dos EUA requer certificação para identificar se produtos aqüícolas são produtos provenientes de cultivo ou da captura. Esses mercados reconhecem cada vez mais que alguma forma de certificação é a maneira de assegurar aos compradores, revendedores e consumidores que os produtos de pesca são seguros para o consumo e originam de fazendas de aqüicultura que adotam práticas responsáveis de manejo. A certificação foi introduzida para a pesca de captura há algum tempo. Orientações para a eco-rotulação de produtos pesqueiros capturados foram desenvolvidos pela FAO em 2005 2 e esforços estão sendo feitos para desenvolver orientações para a eco-rotulação de produtos da pesca continental 3. Existe a necessidade para harmonização da qualidade do pescado e padrões de segurança dentro da aqüicultura, implicando em maior desenvolvimento e maior uso de padrões internacionalmente e cientificamente aceitos. Os princípios para se conseguir a harmonização de padrões e equivalência dos sistemas de controle de alimentos e o uso de padrões cientificamente fundados estão incorporados em dois acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC): o Acordo na aplicação de medidas sanitárias e fitossanitárias (SPS) e o Acordo em barreiras técnicas para o comércio (TBT). O Acordo SPS confirma do direito de um membro da OMC de aplicar medidas necessárias para proteção de seres humanos, animais e vegetais, e a saúde. O objetivo do Acordo TBT é prevenir o uso de requerimentos nacionais ou regionais, ou padrões em geral, como uma barreira técnica não justificada para o comércio. O acordo cobre padrões relacionados a todos os tipos de produtos, incluindo produtos industriais e requerimentos de qualidade para alimentos (exceto requerimentos relacionados às medidas do acordo SPS). Um importante aspecto da certificação é a qualidade alimentar e a segurança. O trabalho normativo da FAO em segurança e qualidade alimentar está focado em padrões ligados ao Codex Alimentarius, e foi desenvolvido em estreita colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS). O Codex Alimentarius inclui padrões para todos os principais alimentos (sejam eles processados, semi-processados ou brutos) para distribuição ao consumidor, com provisões relacionadas à higiene, aditivos alimentares, resíduos de pesticidas, contaminantes, rotulação, apresentação, métodos de análise e amostragem. A Secretaria do Codex está sediada na Divisão de Alimentos e Nutrição da FAO (ESN), e é o principal responsável pelo trabalho normativo de segurança alimentar. Em diversos países produtores aqüícolas estão introduzindo a certificação ambiental de produtos aqüícolas, seja individualmente ou de maneira coordenada, de maneira a demonstrar com credibilidade que suas práticas produtivas são não poluentes, não transmitem doenças e são ecologicamente saudáveis 4,5. Alguns países estão tentando introduzir procedimentos de certificação mediados pelo Estado para garantir que produtos aqüícolas são seguros de serem produzidos e consumidos de acordo com certos padrões ambientais 6. A maior parte do trabalho feito pela melhoria do gerenciamento foi nas culturas de camarão e salmão, principalmente devido ao alto valor destas mercadorias, capacidade de absorção de custos e importância intrínseca dos produtos internacionalmente comercializados. 1 FAO. Guidelines for Ecolabelling of Fish and Fishery Products from Marine Capture Fisheries. Rome., FAO. 2005. 90p. 1 Expert Consultation - Guidelines on Ecolabelling of Fish and Fishery Products from Inland Fisheries Rome, Italy. 23 May 2006-26 May 2006 1 ABCC. 2004. Código de conduta para desenvolvimento sustentável e responsável da carcinicultura brasileira. ABCC - Association of shrimp growers of Brazil. 1 The state of world aquaculture 2006. FAO Fisheries Technical Paper. No. 500. Rome, FAO. 2006. 134p 1 FAO: TCP/CHI/3002 Certification of the compliance of the environmental regulations by the aquaculture industry in Chile. 3

Princípios Internacionais para a Carcinicultura Responsável A carcinicultura tem sido um dos setores da aqüicultura de mais rápido crescimento na Ásia e América Latina, e mais recentemente na África, e também um dos mais controversos. A rápida expansão de fazendas de camarões gerou renda substancial para muitos países em desenvolvimento, entretanto tem sido acompanhada por crescentes preocupações sobre impactos sociais e ecológicos desse desenvolvimento. As principais questões levantadas incluem as conseqüências da conversão de ecossistemas naturais, particularmente manguezais, para construção de viveiros de cultivo de camarão, o efeito da salinização das águas subterrâneas e terras agricultáveis, o uso de farinha de peixe para alimentação de camarões, a poluição de águas costeiras por efluentes de tanques, os problemas na biodiversidade advindos da captura de reprodutores e larva selvagens, e finalmente conflitos sociais em regiões costeiras. A sustentabilidade da carcinicultura tem sido questionada por alguns em vista da auto-poluição de áreas de cultivo, combinada com a introdução de agentes patogênicos, levando a surtos de doenças de camarões e significantes perdas econômicas em países produtores. Devido ao grande interesse global na carcinicultura e aos problemas que foram levantados a partir de seu desenvolvimento, um Programa de Consórcio envolvendo o Banco Mundial, a Rede de Centros de Aqüicultura na Ásia-Pacífico (NACA), o World Wild Fund for Nature (WWF) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimento (FAO) foi iniciado em 1999 com objetivo de analisar e trocar experiências sobre os impactos sociais e ambientais, e sobre o gerenciamento sustentável da carcinicultura. O desenvolvimento do programa de trabalho para o Consórcio se beneficiou das recomendações da Consulta Técnica sobre Políticas para a Carcinicultura Sustentável, realizada em Bangkok (FAO, 1998), um revisão sobre Carcinicultura e Meio Ambiente realizada pelo Banco Mundial (World Bank, 1998), e do resultado de uma reunião em abril de 1999 sobre práticas de manejo em carcinicultura, realizado pela NACA e WWF em Bangkok, Tailândia. A FAO Consulta de Especialistas em Boas Práticas de Manejo e Bons Arranjos Legais e Institucionais para a Carcinicultura Sustentável realizada em Brisbane, Austrália em dezembro de 2000 7 forneceu ainda mais orientações ao processo do Consórcio. O Comitê de Pesca da FAO, o Sub-Comitê de Aqüicultura em sua Segunda Sessão ocorrida em Trondheim, Noruega, no ano de 2003, concordou que a definição de uma lista de princípios para o gerenciamento deveria ser criado para ajudar no desenvolvimento sustentável da aqüicultura, com prioridade para a carcinicultura. Foi solicitado que o Consórcio se encarregasse dessa responsabilidade. Durante essa reunião do Programa Global de Ações para a Proteção do Ambiente Marinho das Atividades em Terra do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA/GPA) expressou seu interesse em se juntar a essa iniciativa, e subseqüentemente o Consórcio formalizou uma parceria através da assinatura de um acordo colaborativo com o PNUMA/GPA. Essa recomendação e parceria provêm as bases para o desenvolvimento de um grupo de princípios internacionalmente aceitos que poderão ser largamente adotados. Os Princípios Internacionais para a Carcinicultura Responsável 9 foram amplamente distribuídos para comentários e sugestões, e no começo de 2005 10 foram disponibilizados na internet para comentários do público. O 10º Conselho Diretivo da NACA, na sua 17ªreunião, em fevereiro de 2006, reviu e endossou os Princípios Internacionais, que foram apresentados ao Sub-Comitê durante sua Terceira Sessão, realizada em Nova Deli, Índia, em setembro de 2006. O propósito desses Princípios Internacionais é o de fornecer princípios para o gerenciamento da carcinicultura, e prover orientação para a implementação do Código de Conduta para Pesca Responsável da FAO, no tocante ao setor de carcinicultura. 4

Os Princípios Internacionais consideram questões técnicas, ambientais, sociais e econômicas associadas à carcinicultura, e provem uma base para o setor produtivo e o governo gerenciarem a atividade de forma a melhorar a sustentabilidade da carcinicultura nos níveis regional, nacional e global. Cada princípio contém uma justificativa, e alguns critérios específicos são sugeridos para apoiar sua implementação. Os critérios podem ser utilizados pelos Estados e pelo setor privado para desenvolver Códigos de Conduta mais específicos, ou práticas de manejo adaptadas às condições locais, de acordo com o contexto social, econômico e ambiental. Esses códigos e práticas de manejo serão então usados para desenvolver padrões. Um sistema de certificação para avaliar o cumprimento de padrões e para certificar fazendas que os cumprem pode ser desenvolvido pelo setor público ou por outras partes interessadas e parceiros. Os Princípios Internacionais provem a base para que todas as partes interessadas colaborem para um desenvolvimento mais sustentável da carcinicultura. Para os governos, eles fornecem uma base para a política setorial, administração e legislação que podem ser renovadas (ou formuladas onde não existem), ajustadas, e implementadas para lidar com características e necessidades específicas do setor, de maneira a proteger e estimular a indústria, o ambiente, os demais usuários de recursos naturais e consumidores. Tipicamente, a legislação existente e orientações têm sido modificadas a partir das existentes para outras indústrias e podem necessitar de ajustes para lidar com todos os principais aspectos do gerenciamento da aqüicultura. O fortalecimento dos arranjos institucionais, das capacidades e parcerias é também importante, de maneira a garantir a cooperação e a coordenação de todas as instituições relevantes com jurisdição sobre recursos naturais, animais e da saúde pública. Existem oito princípios. Eles lidam com (i) localização das fazendas, (ii) projeto e construção de fazendas, (iii) minimização de impactos no uso da água, (iv) uso responsável do plantel de reprodutores e pós-larvas, (v) uso eficiente de alimentos e gerenciamento da alimentação, (vi) bom gerenciamento sanitário, (vii) garantia da segurança alimentar e da qualidade dos produtos de camarão, e (viii) responsabilidade social. O Sub-Comitê de Aqüicultura, durante sua terceira sessão, reconheceu os requisitos crescentes para produção de produtos aqüícolas que são produzidos de acordo com práticas economicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis, e que levam em conta considerações sociais. Ele congratulou a FAO e os membros do Consórcio de Carcinicultura e Meio Ambiente pelo desenvolvimento dos Princípios Internacionais e concordaram que esses devem servir de guia na elaboração e harmonização dos padrões nos países produtores. Boas práticas de manejo (BPM) O termo BPM tem sido utilizado de diversas maneiras. Pode se referir à melhor forma de se conduzir uma atividade e um determinado momento. Neste sentido, ele provavelmente quer dizer à prática ou práticas de apenas um ou poucos produtores. Boas práticas de gerência podem também ser usadas para definir umas poucas, freqüentemente diferentes, práticas que aumentam a eficiência e produtividade e/ou reduzem ou mitigam impactos. Melhores práticas são, habitualmente, requeridas pelo governo ou outros para encorajar um nível aceitável mínimo de desempenho (e eliminação de práticas ruins) relativamente a atividades específicas. Nesse sentido, o termo é usado em oposição a práticas inaceitáveis. No contexto da aqüicultura, BPMs têm sido utilizadas para traçar normas para cultivo responsável de animais e plantas aquáticas. Na aqüicultura, boas práticas de manejo têm sido amplamente desenvolvidas para a aqüicultura de salmão e de camarão, apesar de alguns 5

esforços que têm sido envidados para o desenvolvimento de BPMs para outras commodities aqüícolas, como tilápias, bagres, moluscos, enguias, etc., além de cultivos marinhos em tanques-rede. Na carcinicultura, a experiência do Consórcio mostra que BPMs bem elaboradas podem ajudar os produtores a (a) incrementar a eficiência e produtividade pela redução do risco de doenças de camarões; (b) redução ou mitigação dos impactos da aqüicultura no ambiente; (c) melhorias na segurança alimentar e qualidade dos camarões cultivados, e (d) melhoria nos benefícios sociais da carcinicultura e sua aceitabilidade social e sustentabilidade. As BMPs podem ser específicas de países, ou desenvolvidos para um local em particular, levando em conta os sistemas locais, o contexto econômico e social, mercados e ambiente. As BMPs são em geral práticas voluntárias, mas também podem servir para regulamentação local, ou mesmo para programas de certificação. Já foi sugerido que esses poderiam também fornecer a base para esquemas de certificação voluntária ou estimulada pelo mercado. Um aspecto crítico da introdução dos BPMs tem sido o papel de grupos de aqüicultores, ou outras organizações, e a ligação efetiva entre o setor público e tais organizações. O Sub-Comitê encoraja fortemente maior ênfase no estabelecimento e desenvolvimento de organizações de aqüicultores de maneira a melhorar a gerência do setor de aqüicultura e permitir aos aqüicultores participar na tomada de decisões e auto-regulação. O Sub-Comitê foi informado que a maioria das boas práticas de manejo foi focada no alto valor das espécies, tipicamente direcionadas para o mercado de exportação. Entretanto existe a necessidade do desenvolvimento de BPMs para outras espécies importantes de maneira a garantir sustentabilidade continuada da produção. As espécies de carpa foram especificamente identificadas nesse aspecto, e a necessidade de maior cooperação inter-regional nesse assunto foi enfatizada. O Sub-Comitê reconheceu que ainda existe uma considerável necessidade de diálogo, pesquisa e tentativas nas fazendas, de maneira a ligar as BPMs a resultados quantificáveis, identificando custos e benefícios da implementação de BPMs, assim como o desenvolvimento e adaptação de BPMs existentes a novas espécies aqüícolas. Recomendações do Sub-Comitê de Aqüicultura do COFI O Sub-Comitê de Aqüicultura, ao reconhecer o valor das BPMs e da certificação para a crescente confiança pública e do consumidor nas práticas e produtos da aqüicultura, também notou que muitos esquemas de certificação não governamentais resultaram em custos mais elevados para os produtores, sem entretanto trazer benefícios para pequenos produtores. Foi colocado que os custos de tais esquemas trazem desvantagens para os pequenos produtores, adicionado custos para acesso ao mercado, e foi reconhecido que existem diferentes necessidades entre pequenos e grandes produtores, e que essas diferenças devem ser adequadamente verificadas. Foi também comentado pelo Sub-Comitê que o surgimento de uma grande variedade de esquemas de certificação e organismos de reconhecimento está gerando confusão entre os produtores e consumidores, e declararam que são necessárias normas globalmente aceitas para a produção aqüícola, o que pode prover orientação e servir de base para uma maior harmonização que facilite o mútuo reconhecimento e a equivalência de tais esquemas de certificação. No contexto da aplicação do CCRF, o Sub-Comitê solicitou à FAO que organize uma Consulta de Especialista para fazer recomendações a respeito do desenvolvimento de padrões harmonizado para a carcinicultura e a revisão de procedimentos de certificação para aceitação global e transparência, o que também auxiliará na elaboração de normas e revisão das diversas opções e benefícios relativos dessas abordagens. Neste aspecto, o Sub-Comitê encorajou a 6

FAO a assumir um papel de liderança no apoio ao desenvolvimento de orientações que poderiam ser consideradas quando padrões nacionais ou regionais para aqüicultura são desenvolvidos. Diversos membros do Sub-Comitê assim como diversas organizações intergovernamentais se ofereceram para cooperar nos níveis nacional, regional e internacional, e requisitaram que a FAO provenha uma plataforma para tal colaboração. O Sub-Comitê também requisitou a composição de um grupo de especialistas para revisão de sistemas de certificação para carcinicultura. O Sub-Comitê de Comércio, em reunião ocorrida na Espanha em 2006 também recomendou a realização de um trabalho relacionado à certificação e harmonização. O Sub-Comitê de Comércio apoiou futuros trabalhos da FAO para aumentar e expandir a implementação da Análise de Perigos e Pontos de Controle Crítico (APPCC)-baseada em sistemas de segurança e qualidade e o uso de avaliação de risco como base para o desenvolvimento de padrões para pescado; promover equivalência e harmonização; monitorar a fronteira sanitária e controles de qualidade usados na regulação, restrição ou proibição de comércio, incluindo suas conseqüências econômicas. Foi também requisitado à FAO que aumentasse a perspectiva e discussão do tópico para inclusão de (i) como países desenvolvidos podem apoiar a integração da produção pesqueira de pequena escala no comércio internacional através, por exemplo, da definição de padrões; (ii) intermediação incluindo assuntos financeiros; (iii) potencial perda do poder de barganha dos pequenos produtores para conseguir preços justos para seus produtos; (iv) rastreabilidade e rotulação ecológica; e (v) análise da cadeia de agregação de valor. Objetivos Gerais do Programa Criação de um grupo de especialistas (Comitê Consultivo) em certificação de aqüicultura; Revisão dos procedimentos e sistemas de certificação e desenvolvimento de orientações para certificação da aqüicultura com aceitação global e transparência, através de um amplo processo participativo; Desenvolver normas e padrões aceitos globalmente para produção aqüícola, que poderiam fornecer melhor orientação e servir de base para uma melhor harmonização, e facilitar o reconhecimento mútuo e equivalência de esquemas de certificação para aqüicultura; Elaboração de Princípios Internacionais para outra commodities aqüícolas importantes e desenvolvimento de BPMs apropriados de maneira a encorajar um nível mínimo de performance (e eliminar más práticas); Promover as parcerias na implementação dos Princípios Internacionais entre os parceiros de Consórcio, e participantes regionais e nacionais (ex. Madagascar). Plano de Implementação e Mecanismo Maior Participação e Transparência no Processo O plano de implementação do programa abordará a necessidade de uma maior participação de todas as partes interessadas em todo o processo e especialmente durante o desenvolvimento de orientações para certificação. Isto será atingido através de ampla disponibilização de documentos e de informações pela Internet e por outros meios eletrônicos. 7

Secretariado Novembro 2006 Um Secretariado foi estabelecido para organizar, facilitar e gerenciar o proposto trabalho sobre certificado em aqüicultura, inclusive nas preparações para as oficinas e o desenvolvimento de orientações. Os membros do Secretariado são: Rohana Subasinghe (FAO/Sede) Lahsen Ababouch (FAO/Sede) Simon Funge-Smith (RAPI) Jesper Clausen (RAPI) Mike Phillips (NACA) Koji Yamamoto (NACA) Grupo Consultivo para certificação em aqüicultura Novembro 2006 Um Grupo Consultivo será estabelecido para prover aconselhamento e aporte técnico ao proposto programa de trabalho em certificação em aqüicultura. Esse Grupo Consultivo será um grupo composto de vários representantes da partes interessadas incluindo pessoas com experiência em certificação de outras mercadorias que não pescados, bem como uma representação equilibrada dos países produtores, instituições e experiências. A composição do Grupo Consultivo será decidida através de consulta com as principais partes interessadas realizada pelo Secretariado. Além do mais, o GC aconselhará sobre canais de comunicação eficazes e mecanismos para assegurar o aporte das partes interessadas eficaz às discussões sobre certificação e construção de consenso. Os membros do Programa de Consórcio sobre Carcinicultura e Meio Ambiente também participarão. Site na Internet sobre certificação em Aqüicultura Dezembro 2006 O Secretariado estabelecerá um site na Internet sobre certificação em aqüicultura para fornecer informação sobre certificação e sobre o trabalho do Secretariado e do Grupo Consultivo, e para assegurar transparência. Os sites existentes da NACA e APFIC serão revisados e aprimorados apropriadamente. É importante atingir uma ampla participação de todas as partes interessadas e comunicar o trabalho de forma abrangente. O revisado site sobre certificação será desenvolvido e enviado para comentários e aprovação pelo GC. Especial atenção será dada ao desenvolvimento de mecanismos de comunicação eficazes para todas as partes interessadas relevantes, e em particular para o aporte de produtores em pequena escala e partes interessadas "alternativas". Oficinas sobre Orientações para Certificação em Aqüicultura Haverá duas oficinas de especialistas ao longo de 2007 para iniciar o trabalho de desenvolvimento de orientações para certificação em aqüicultura. Oficina de Especialistas de Bangkok Março de 2007 Uma Oficina de Especialistas em Orientações para Certificação em Aqüicultura, como recomendado pelo Sub-Comitê de Aqüicultura do COFI está planejado para ser realizado em Bangkok, Tailândia em Março de 2007 (datas a serem confirmadas e sugeridas após reunião do COFI. Data tentativa 27-30 de Março de 2007). A Oficina de Especialistas de Bangkok 8

será sediada pelo Governo da Tailândia e será conduzida como uma oficina conjunta do Departamento de Pesca e Aqüicultura da FAO com a sede na NACA na Tailândia. A oficina assistirá na definição do conteúdo das orientações para certificação e no estabelecimento dos fundamentos colocação para o programa de trabalho para certificação em aqüicultura. Além disso, a oficina analisará as questões específicas sobre certificação na região Asiática (isto completará a análise regional para a América Latina a ser realizada durante a oficina no Brasil). Ver o Anexo I para detalhes. Oficina de Especialistas no Brasil Julho de 2007 Uma outra Oficina de Especialistas também será realizada no Brasil (período a ser definido) em julho de 2007. Este workshop abordará em detalhes questões regionais da América Latina e também revisará e desenvolverá o produto gerado na Oficina de Especialistas de Bangkok. A Oficina de Especialistas do Brasil também ajudará na sintonia fina e contínuo desenvolvimento de orientações preliminares e na construção de consenso sobre o assunto VIII Foro de Pesca Asiática, Kochin, Índia, - Novembro de 2007 Uma sessão especial sobre carcinicultura será realizada durante o VIII Foro de Pesca Asiática, em parceria com a NACA. A sessão será usada para apresentar as diretrizes preliminares obtidas para uma audiência mais ampla, para receber comentários e construir consenso. Outras reuniões, consultas e parcerias também serão organizadas, dentro das limitações de recursos, a fim de assegurar amplo aporte de sugestões e participação de todas as partes interessadas no processo. Outras atividades Quaisquer outras oportunidades (oficinas, reuniões, conferências) também serão consideradas para elaboração e construção de consenso no trabalho que estará sendo realizado sobre o assunto. O Processo O processo para desenvolvimento das orientações para certificação e organização das Oficinas de Especialistas envolverá o descrito a seguir. Com a orientação do Grupo Consultivo, o Secretariado será responsável por: Comissionar documentos de trabalho apropriados para as discussões na oficina Desenvolvimento dos Termos de Referência para os documentos de trabalho em consulta com o Comitê Consultor Desenvolver um site de Internet acessível para envio de todas as informações sobre as orientações e as oficinas. O site permitirá acesso para todo o material de apoio, assim como os documentos de trabalho, Termos de Referência e documentos de trabalho em elaboração. Inicialmente as oportunidades para melhorar o site existente (http://www.enaca.org/certification) serão exploradas e, se não for possível, então um novo site exclusivo será desenvolvido. O propósito, tanto quanto possível, será tornar 9

o processo transparente e com ampla oportunidade para comentários do público em geral sobre o material e o processo. Várias línguas serão utilizadas quando possível. Aspectos organizacionais das oficinas/consultas, em coordenação com organizações e países hospedeiros e outros parceiros de interesse. Abrangência das orientações para certificação em aqüicultura A oficina de Bangkok iniciará esse processo de desenvolvimento de orientações para a certificação em aqüicultura, mas consultas posteriores serão necessárias para obter consenso e completar o documento. Uma Consulta Técnica final poderá ser realizada a fim de tornar o documento oficial e/ou o documento deverá ser aprovado na próxima sessão do Sub-Comitê de Aqüicultura do COFI. O escopo final das orientações será decidido pela(s) oficina(s) e o processo de consulta pública entre os interessados será facilitado pelo Secretariado e pelos membros do Grupo Consultivo. Sem descartar futuras consultas, as diretrizes da FAO para a eco-rotulação de produtos pesqueiros sugerem que as diretrizes de certificação da aqüicultura possam direcionar para o seguinte: Definições de certificação Princípios de certificação Estabelecimento do escopo para as diretrizes Estabelecimento e operação de processos e sistemas de certificação Estabelecimento de padrões de certificação Implementação da certificação em aqüicultura, cobrindo assuntos tais como produtores em pequena escala, custos-benefícios, mecanismos para harmonização / equivalência de diferentes sistemas, papéis do governo e da iniciativa privada, etc. Implicações legais As orientações para certificação serão mais genéricas, mas com diretrizes específicas sobre carcinicultura (e possivelmente sobre outras commodities-chaves), talvez como um Anexo. Documentos de trabalho para a Oficina de Bangkok Uma série de documentos de trabalho e revisões será preparada para ajudar nas discussões durante a Oficina de Bangkok. Nenhum documento sobre os países será preparado. Os títulos / temas dos documentos de trabalho poderão incluir: Panorama dos sistemas/mecanismos/padrões de certificação existentes (a serem disponibilizados na Oficina de Especialistas e para serem colocados no site) Definições em certificação para aqüicultura (para discussão / acordo durante a reunião) Análise de procedimentos e sistemas de certificação existentes e/ou planejados o O que é amplamente aceito como certificação e o que é (ou deveria ser/poderia ser) coberto num esquema de certificação para produtos da aqüicultura o Quais são as diferenças entre os diferentes esquemas existentes (orgânico, social, segurança alimentar, ambiental/ecológica, etc.?) o Quais são os custos e benefícios da certificação e quem arca com estes custos e/ou obtém estes benefícios? Isto inclui implicações ocultas relacionadas ao acesso a 10

mercados, potenciais barreiras técnicas ao comércio (TBC) e outros assuntos relacionados ao comércio. o Como desenvolver um sistema de certificação considerando todas as partes interessadas. o Discutir se esquemas de certificação global, regional ou baseados em commodities ou uma combinação são os caminhos mais apropriados. o A análise poderia ser baseada na posterior elaboração da lista de documentos e os critérios divulgados pela WWF antes da reunião. o A análise também incluirá uma análise dos esquemas de certificação existentes e seu escopo em comparação com o Código de Conduta para a Pesca Responsável e Princípios Internacionais para a Carcinicultura Responsável Visões e experiências de interessados asiáticos na certificação da aqüicultura Revisão especial para as partes interessadas na região asiática o O que se sabe sobre a certificação e suas implicações? o Quais são as prioridades nacionais em relação à certificação? (ex.: que espécies e que critérios devem ser cobertos pela certificação) o Onde estão os países em relação à certificação? o Que esquemas estão em operação e quais são seus pontos fracos e fortes? O que pode ser feito para melhorá-los, quais são as chances para sua harmonização? o Quais são as implicações de esquemas e padrões desenvolvidos numa região serem impostos em projetos de aqüicultura dentro de outra região? Revisões especiais / experiências dos interessados o Certificação para pequeno produtor o Visões do produtor europeu (FEAP) o Experiências e procedimentos da GAA/ACC o Procedimento de certificação e normas proposto pelo governo chileno sobre salmonicultura responsável o Trabalho da EurepGAP o Programa suíço de certificação orgânica o Processo de certificação da ISSO o Comissão do Codex Alimentarius o BRC o GFSI Visões e experiências de ONG s e outras agências afins: o conhecimento atual o Reunião coordenada pela IUCN em Bangkok e resultado o Processo de instalação padrão da WWF e diálogos de commodities Mecanismos de implementação para certificação em aqüicultura o Quais são os mecanismos de implementação disponíveis Sistemas MSC e IFOAM o Possibilidade de harmonização entre esquemas e sistemas de certificação e como isso poderá funcionar na prática (ex.: uma abordagem do tipo federação de certificadores múltiplos ao longo das linhas da IFOAM ou outros mecanismos). Outros documentos de trabalho, conforme necessário, serão definidos pelo Secretariado/Grupo Consultivo. Comitê Local Organizador da Oficina de Bangkok Um comitê local organizador será indicado para a oficina de Bangkok. O Programa da oficina, participantes a serem convidados e arranjos técnicos serão feitos pelo Secretariado com a orientação do Grupo Consultivo. Um Comitê Local Organizador 11

será estabelecido pelo Departamento de Pesca e Aqüicultura/RAP da Tailândia e trabalhará juntamente com o Secretariado durante a preparação da oficina. Participação no workshop de Bangkok Esforços serão feitos para assegurar ampla participação dos especialistas e grupos interessados na oficina. Tanto o setor público como privado terão participação. Custeio A FAO/RAP proverá fundos para custear a revisão dos sistemas de certificação de aqüicultura existentes, como parte da revisão proposta para a certificação da pesca e da aqüicultura. A NACA ajudará na condução da revisão das experiências asiáticas O Departamento de Pesca da Tailândia proverá assistência na condução da oficina de Bangkok Espera-se que a Secretaria Espacial de Aqüicultura e Pesca do Brasil faça algumas contribuições e dê suporte local para a oficina no Brasil O escritório central da FAO proverá fundos e também tentará conseguir assistência extra-orçamentária de fontes externas. Outros parceiros estão sendo abordados para facilitar a participação das pessoas no workshop e ajudar em outras atividades para os workshops e diretrizes de desenvolvimento. Cronograma e responsabilidade Estabelecimento do Secretariado Dezembro de 2006 Estabelecimento do Grupo Consultor Janeiro de 2007 Oficina de Bangkok Março de 2007 Oficina no Brasil Julho de 2007 Encontro de Kochi, Índia Novembro de 2007 Outras consultas Em andamento 12

Anexo I Programa da Oficina de Bangkok Oficina de Especialista FAO/Departamento de Pesca da Tailândia/NACA sobre as Orientações para a Certificação em Aqüicultura Bangkok, Tailândia 27 a 30 de março de 2007 Antecedentes: Conduzidas pelas preocupações sobre segurança alimentar e pela sustentabilidade ambiental e social da aqüicultura, tentativas têm sido realizadas nos últimos anos para responder às conseqüentes percepções do público e requerimentos de mercado. Os padrões de segurança alimentar têm sido elevados e as normas de comércio internacional arrochadas. Políticas e regulamentações relativas à sustentabilidade ambiental têm sido estabelecidas em muitos países, requerendo que os aqüicultores venham a se adequar às medidas mais restritivas de proteção e mitigação de impactos ambientais. Em alguns países as mudanças foram iniciadas pelo próprio setor, geralmente dentro do setor privado mais organizado a fim de assegurar a sustentabilidade e proteger as operações de atividades mal gerenciadas. O setor privado tem obtido avanços significativos no manejo de suas atividades e existem muitos exemplos de um melhor gerenciamento de projetos que têm reduzido os impactos ambientais e também a eficiência, incluindo lucratividade, em todas as regiões. Devido à necessidade de responder a estas preocupações ambientais e do consumidor a respeito da produção aqüícola e a fim de assegurar melhor acesso ao mercado, existe um crescente interesse na certificação dos sistemas de produção, práticas, processos e produtos da aqüicultura. Cada vez mais diversos mercados reconhecem que alguma forma de certificação é o caminho para assegurar aos compradores, distribuidores e consumidores que os produtos pesqueiros são seguros para serem consumidos e se originam de projetos de aqüicultura ou de pesca que adotam práticas de gerenciamento responsável. A certificação tem sido introduzida na pesca já há algum tempo e as diretrizes para a eco-rotulação de produtos oriundos da pesca extrativa foram desenvolvidos pela FAO em 2005 11 e esforços para o mesmo objetivo tem sido feitos para a pesca em águas continentais. Em muitos países, aqüicultores estão introduzindo certificação ambiental de produtos da aqüicultura, quer individualmente, quer de uma maneira coordenada, de forma a demonstrar que suas práticas de produção são não-poluentes, não-transmissoras de doenças e ecologicamente amigáveis 13,14. Alguns países estão tentando introduzir procedimentos de certificação mediados pelo Estado para certificar que os produtos da aqüicultura são seguros para o consumo e cultivados de acordo com certos padrões ambientais 15. A maior parte do trabalho feito no gerenciamento aprimorado tem sido com salmões e camarões, principalmente por causa de seus altos valores como commodities e importância relacionada ao fato de serem produtos mais comercializados internacionalmente. Dentro do contexto da aplicação do Código de Conduta Para a Pesca Responsável (CCRF), o Comitê da FAO para a Pesca, Sub-Comitê de Aqüicultura (COFI/SCA) solicitou que a FAO organizasse Oficinas de Especialistas para fazer recomendações relativas ao desenvolvimento de padrões harmonizados de carcinicultura e rever procedimentos de certificação para aceitação global e transparência, que também irão ajudar na elaboração de normas e revisão de diversas opções e benefícios relativos dessas 13

abordagens. A esse respeito, o Sub-Comitê encorajou a FAO a exercer um papel de liderança na facilitação do desenvolvimento de diretrizes que podem ser consideradas quando do desenvolvimento de padrões nacionais e regionais. Vários membros do Sub- Comitê, assim como um número de organizações inter-governamentais, se ofereceram para cooperar em níveis nacional, regional e internacional, e solicitaram à FAO para prover uma plataforma para tal colaboração. O Sub-Comitê também solicitou o estabelecimento de um grupo de especialistas na revisão da certificação dos sistemas de carcinicultura. Uma Oficina de Especialistas sobre Diretrizes para Certificação em Aqüicultura, como recomendado pelo Sub-Comitê de Aqüicultura do COFI, será realizado em Bangkok, de 27 a 30 de março de 2007. A Oficina de Especialista de Bangkok será patrocinada pelo Governo da Tailândia e será conduzido como uma Oficina de Especialistas conjunta entre a FAO, o Departamento de Pesca da Tailândia e a NACA. O workshop é o primeiro de uma série de oficinas/consultas necessárias para preparar orientações internacionais para a certificação em aqüicultura. Essa oficina inicial, sendo realizada na Ásia, terá uma forte ênfase nos produtos de aqüicultores asiáticos. Oficinas posteriores estão planejadas para o Brasil durante Julho de 2007 e possivelmente outros lugares com a intenção de obter um consenso global sobre as orientações e tratar outros assuntos e necessidades em torno da certificação em aqüicultura. Maiores antecedentes são providos em Notas Conceituais separadas disponíveis no site www.enaca.org/cetification. Objetivos: O propósito da oficina é juntar todas as partes interessadas para iniciar um processo de desenvolvimento de orientações para certificação em aqüicultura, conforme solicitado pelo COFI/SCA. Ele ajudará a definir o escopo do conteúdo das diretrizes de certificação e estabelecer as bases para o programa de trabalho para certificação em aqüicultura. Além disso, tratará de questões específicas da certificação na Ásia. Isso complementará a análise regional para a América Latina a ser realizada na oficina planejada no Brasil em julho de 2007. Resultados Esperados: Os resultados esperados da oficina são, orientada pelas discussões e perspectivas dos participantes são: 1) Todas as partes interessadas reunidas para iniciar o processo de desenvolvimento de orientações para a certificação de produtos aqüicultura 2) Clarificação da situação e potencial da certificação em aqüicultura e identificação de aspectos prioritários e gargalos. 3) Construção de consenso sobre o escopo das orientações para certificação. 4) Trabalho inicial sobre o conteúdo das orientações conduzido 5) Acordo alcançado sobre um processo posterior de trabalho entre os interessados para desenvolver/completar as orientações. Participantes: Almeja-se a participação de uma ampla gama de especialistas e experiências de todas as partes do mundo. Organização da Oficina: 14

A oficina será realizada em Bangkok, Tailândia, envolvendo 30 40 participantes convidados com diferentes experiências e perspectivas sobre a certificação de produtos da aqüicultura. As discussões da oficina serão subsidiadas por um número de documentos iniciais de revisão preparados pela FAO, NACA e um número selecionado de documentos e apresentações dos participantes. Todos os participantes serão convidados a trazer documentação e outros materiais descrevendo programas de certificação e experiências em certificação da aqüicultura. A maior parte da oficina, contudo, será utilizada em discussões e trabalho conjunto ao invés de apresentações. Workshop Programação Tentativa da Oficina DATA/HORÁRIO ATIVIDADE 27 Março 2007 Cerimônia de Abertura 09.00 09.30 Cerimônia de Abertura Discurso da FAO Discurso da NACA Discurso da DOF/Tailândia Introdução 09.30 10.00 Introdução and objetivos 10.00 10.30 Discussão geral 10.30 11.00 Intervalo Seção de Apresentações 11.00 11.30 Certificação em aqüicultura: uma análise da situação atual e tendências 11.30 12.00 Experiências da preparação de orientações para a eco-rotulação de peixes e pescado da pesca de captura marinha. 12.00 12.30 Discussão 12.30 13.30 Almoço Data/Horário Atividade 13.30 14.10 Questões relacionadas à certificação em aqüicultura 14.10 14.30 Certificação da aqüicultura na Ásia: perspectivas dos produtores e consumidores 14.30 14.50 Certificação da aqüicultura na Europa: perspectivas dos produtores e consumidores 14.50 15.10 Certificação da aqüicultura nas Américas: perspectivas dos produtores e consumidores 15.10 15.30 Certificação da aqüicultura na Tailândia: perspectivas dos produtores e consumidores 15.30 16.00 Intervalo 16.00 16.15 Experiências da eco-rotulação de peixes e pescado da pesca de captura marinha. 16.15 17.30 Perspectivas/experiências selecionadas de certificadores, distribuidores e produtores. 17.30 18.00 Discussão geral DATA/HORÁRIO 28 Março 2007 ATIVIDADE 15

Grupos de Trabalho Seção I 08.30-09.00 Orientações para certificação em aqüicultura: primeiras impressões e introdução para as discussões nos grupos de trabalho 09.00 12.30 Grupos de Trabalho 12.30 14.00 Almoço 14.00 17.00 Grupos de Trabalho 29 Março 2007 Grupos de Trabalho Seção II 08.30 12.30 Grupos de Trabalho continuam 12.30 14.00 Almoço 14.00 17.00 Apresentação das conclusões dos Grupos de Trabalho seguida de discussão 30 Março 2007 Grupos de Trabalho Seção III 08.30 12.30 Apresentação das conclusões dos Grupos de Trabalho para a plenária seguida de discussão 12.30 14.00 Almoço 14.30 16.00 Resultados da Oficina e trabalhos futuros 16.00 16.30 Intervalo 16.30 17.30 Seção de discussão final e conclusões 16

Documentos de Trabalho TÍTULO/ TEMA Documentos de referência da FAO/NACA certificação em aqüicultura: uma análise da situação atual e tendências Definições de certificação em aqüicultura e harmonização Experiências da preparação de orientações para a eco-rotulação de peixes e pescado da pesca de captura marinha. Orientações para certificação em aqüicultura: primeiras impressões e introdução para as discussões nos grupos de trabalho Certificação da aqüicultura na Ásia: perspectivas dos produtores e consumidores Certificação da aqüicultura na Europa: perspectivas dos produtores e consumidores Certificação da aqüicultura nas Américas: perspectivas dos produtores e consumidores Certificação da aqüicultura na Tailândia: perspectivas dos produtores e consumidores Certificação da aqüicultura e produtores em pequena escala: dificuldades e preocupações Material de Internet Material de subsídio AUTORES/RESPONSIBILIDADES FAO, com aporte do Grupo Consultivo. FAO, com aporte do Grupo Consultivo. FAO FAO, com aporte do Grupo Consultivo. FAO RAP, NACA, com aporte de parceiros asiáticos. FEAP TBI Departamento de Pesca da Tailândia NACA/MPEDA/FAO Versão preliminar do site a ser preparado pela NACA e disponibilizado em CD para os participantes. Se o tempo permitir, os participantes da oficina também o revisarão e proverão sugestões para aprimoramento. Itens diversos reunido pelo Secretariado, Grupo Consultivo e participantes. Para ser disponibilizado como material de referência para todos os participantes da oficina. 17