DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO



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Leopoldo Canal, advogado, assessor e procurador do consulado da República da Guiné no Rio de Janeiro, diretor executivo da Câmara de Comércio Brasil-Guiné, doutorando em Direito Constitucional pela Universidade de Buenos Aires Argentina, pósgraduado em Direito do Estado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pós-graduado em Direito Processual Civil pela Universidade Candido Mendes, membro do International Law Association e do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional, professor de Direito Constitucional e Direito Internacional Público.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: 1 Direito internacional público: conceito, fontes e princípios. 2 Atos internacionais. 2.1 Tratados: validade; efeitos; ratificação; promulgação; registro, publicidade; vigência contemporânea e diferida; incorporação ao direito interno; violação; conflito entre tratado e norma de direito interno; extinção. 2.2 Convenções, acordos, ajustes e protocolos. 2.3 Aspectos penais do Protocolo de São Luís (Decreto nº 3.468/2000). 2.4 Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado transnacional (Convenção de Palermo); Decreto nº 5.015/2004. 2.5 Decreto nº 5.017/2004 (protocolo adicional à convenção das Nações Unidas contra o crime organizado transnacional relativo à prevenção, repressão e punição do tráfico de pessoas, em especial mulheres e crianças). 2.6 Atribuições do Departamento de Polícia Federal para questões decorrentes de tratados internacionais. 3 Personalidade internacional. 3.1 Estado; imunidade à jurisdição estatal; consulados e embaixadas. 3.2 Organizações internacionais: conceito; natureza jurídica; elementos caracterizadores; espécies. 3.3 População; nacionalidade; tratados multilaterais; estatuto da igualdade. 3.4 Estrangeiros: vistos; deportação, expulsão e extradição: fundamentos jurídicos; reciprocidade e controle jurisdicional. 3.5 Asilo político: conceito, natureza e disciplina. 4 Proteção internacional dos direitos humanos. 4.1 Declaração Universal dos Direitos Humanos. 4.2 Direitos civis, políticos, econômicos e culturais. 4.3 Mecanismos de implementação. 5 Conflitos internacionais. 5.1 Meios de solução: diplomáticos, políticos e jurisdicionais. 5.2 Cortes internacionais. 6 Domínio público internacional: mar; águas interiores; mar territorial; zona contígua; zona econômica; plataforma continental; alto-mar; rios internacionais; espaço aéreo; normas convencionais; nacionalidade das aeronaves; espaço extra-atmosférico.

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA 1) Francisco Rezek. Direito Internacional: curso elementar. Ed. Saraiva. 2) Valerio de Oliveira Mazzuoli. Curso de Direito Internacional Público. Ed. RT. 3) Paulo Henrique Gonçalves Portela. Direito Internacional Público e Privado. Ed. Juspodivm. 4) Marcelo Pupe Braga. Direito Internacional Público e Privado. Ed. Método. 5) Flávia Piovesan. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. Ed. Saraiva. 6) Sidney Guerra. Direitos Humanos. Ed. Lúmenjuris.

Conceito Conceito sujeitos objeto fontes

Conceito Valerio de O. Mazzuoli: Sinteticamente, o Direito Internacional Público pode ser definido como a disciplina da sociedade internacional. Em uma definição mais abrangente (e mais técnica), o Direito Internacional Público pode ser conceituado como o conjunto de princípios e regras jurídicas (costumeiras e convencionais) que disciplinam e regem a atuação e a conduta da sociedade internacional (formada pelos Estados, pelas organizações internacionais intergovernamentais e também pelos indivíduos), visando alcançar as metas comuns da humanidade e, em última análise, a paz, a segurança e a estabilidade das relações internacionais.

Conceito Direito Internacional Público Direito Internacional Privado

Características

Características D.I.P. descentralização horizontalidade coordenação igualdade proibição do uso da força reciprocidade humanização aberta (diversidade de atores)

Fundamento Teorias negadora do D.I.P. voluntarista objetivista

Relação entre direito interno e internacional Teorias monista dualista prevalência do direito interno prevalência do direito internacional extremado temperado ou mitigado maior proteção a vítimas (diálogos das fontes)

(...) Relação entre direito interno e internacional É que esse ato de direito internacional público, muito embora aprovado pelo Congresso Nacional (Decreto Legislativo nº 192/95), não se acha formalmente incorporado ao sistema de direito positivo interno vigente no Brasil, pois, a despeito de já ratificado (instrumento de ratificação depositado em 18/3/97), ainda não foi promulgado, mediante decreto, pelo Presidente da República. (...) Não obstante a controvérsia doutrinária em torno do monismo e do dualismo tenha sido qualificada por CHARLES ROUSSEAU ("Droit International Public Approfondi", p. 3/16, 1958, Dalloz, Paris), no plano do direito internacional público, como mera "discussion d'école", torna-se necessário reconhecer que o mecanismo de recepção, tal como disciplinado pela Carta Política brasileira, constitui a mais eloqüente atestação de que a norma internacional não dispõe, por autoridade própria, de exeqüibilidade e de operatividade imediatas no âmbito interno, pois, para tornar-se eficaz e aplicável na esfera doméstica do Estado brasileiro, depende, essencialmente, de um processo de integração normativa que se acha delineado, em seus aspectos básicos, na própria Constituição da República. (ADIn n 1.480-DF, rel. Min. Celso de Mello, DJU 13/05/1998).

Fontes Estatuto da Corte Internacional de Justiça Corte de Haia Artigo 38 1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar; 2. as convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 3. o costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito; 4. os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 5. as decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59. 6. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono, se convier às partes.

Fontes Fontes primárias auxiliares tratado costume princípios gerais do direito doutrina jurisprudência equidade (ex aequo et bono) decisões das OI s ato unilateral do Estado

Fontes TRATADOS Art. 38 da CIJ: 2. as convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; Francisco Rezek: Tratado é todo acordo formal concluído entre pessoas jurídicas de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos.

Fontes COSTUME INTERNACIONAL Art. 38 da CIJ: 3. o costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito; Obs: caso da Plataforma Continental do Mar do Norte (CIJ 1969).

Fontes COSTUME INTERNACIONAL Elementos constitutivos material (objetivo) psicológico (subjetivo) opinio juris Francisco Rezek: (...) uma prática geral aceita como sendo direito.

Fontes COSTUME INTERNACIONAL Questões relevantes: 1) Existe necessidade de tempo para ser aceito o costume internacional? 2) Quantos Estados são necessários para o reconhecimento do costume? 3) A quem cabe a prova do costume?