http://www.bhauditores.com.br/ NOTÍCIAS FISCAIS Nº 2.474 BELO HORIZONTE, 16 DE NOVEMBRO DE 2012. O mais importante ingrediente na fórmula do sucesso é saber como lidar com as pessoas." Theodore Roosevelt COMÉRCIO APOIA NOVA NOTA FISCAL, MAS QUESTIONA CUSTO E COMPLEXIDADE... 2 69% DAS EMPRESAS INDUSTRIAIS TÊM ALGUM TIPO DE DÍVIDA, DIZ CNI... 5 COMPRADOR DE IMÓVEL LITIGIOSO NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA OPOR EMBARGOS DE TERCEIRO... 6 TESTE DE LÓGICA PREMIADO... 7
Comércio apoia nova nota fiscal, mas questiona custo e complexidade Para CNDL, é 'praticamente impossível' informar valor preciso de tributos. ACSP sugere modelo e diz que 6 meses são suficientes para adaptação. Por Fabíola Glenia, G1. A nova nota fiscal, com o detalhamento do valor de impostos, conforme projeto de lei aprovado na Câmara, garante maior transparência, mas ainda não há consenso sobre a viabilidade do projeto, devido, principalmente, à complexidade do sistema tributário brasileiro, e também aos custos que a mudança pode significar para o empresário, segundo representantes do varejo e especialistas consultados pelo G1. Na noite de terça-feira (13), a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que obriga que as notas fiscais informem o valor de impostos embutidos nos produtos ou serviços adquiridos pelo consumidor. De iniciativa popular e apresentada inicialmente no Senado, o projeto precisa agora ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff. A ideia é excepcional. Isso geraria transparência e somos plenamente favoráveis ao intuito da lei. (...) O problema todo está na complexidade do sistema tributário brasileiro, que foi projetado para esconder os tributos e permitir, inclusive, que haja bitributação, diz Roque Pellizzaro Júnior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Vejo dificuldades na implantação. Em entrevista nesta quarta-feira (14), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que é favorável ao projeto de lei, mas prevê "dificuldades operacionais" para implantar as mudanças. O presidente da CNDL destaca que o regime tributário varia muito, dependendo do tamanho da empresa, do tipo de produto. Se sou microempresa, tenho um tipo de tributação; pelo lucro real, outro tipo de tributação; pelo presumível é outro ainda. (...) Cide vai discriminar quem é posto de combustível; PIS/Cofins, quem está no Simples, não vai aparecer, mas quando compro um produto, ele tem PIS/Cofins embutido, explica. Posso afirmar que é praticamente impossível que coloque um número preciso do tributo. Pode ser que se consiga um valor aproximado. Associação Comercial de São Paulo (ACSP) faz menos ressalvas em relação ao projeto de lei. A entidade acredita, por exemplo, que o prazo de seis meses para que os estabelecimentos se adaptem, após sanção da Presidência, seria mais que suficiente. A ACSP já formulou, inclusive, um modelo sugerido de nota fiscal com o campo dos impostos discriminados. Rogério Amato, presidente da ACSP, diz que a aprovação do projeto de lei veio depois de uma espera de 2.365 dias e afirma que saber quanto está sendo pago de imposto é um direito de todo cidadão, previsto na Constituição. Mas nosso
manicômio tributário é tão absurdo que ninguém sabe o que está pagando, critica. Ele destaca que a entidade não é contra o pagamento de impostos. Somos a favor, mas nós queremos saber o quanto estamos pagando e para onde está indo isso, diz. Custos da mudança Outro ponto de questionamento é em relação aos custos desta mudança. Em relação ao varejo, a imensa maioria é de PMEs [pequenas e médias empresas] e isso vai significar um custo a mais. O prazo de seis meses é muito curto, não vão conseguir se adaptar, argumenta Pellizzaro Júnior, da CNDL. Claudio Felisoni de Angelo, presidente do conselho do Programa de Administração de Varejo (Provar/Ibevar) da Fundação Instituto de Administração (FIA), também avalia que a implementação do projeto pode resultar em custos para as empresas. Haverá mudanças operacionais que vão impactar no curto prazo, mas acho que os benefícios superam em larga monta esses custos, opina. Para a ACSP, entretanto, a mudança não acarretará em aumento de gastos para as empresas. Posso afirmar categoricamente que não vai haver nenhum custo adicional. Já existe um software, desenvolvido pelo IBPT [Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário], que está lendo os nove impostos, diz Amato. Se tivéssemos que pagar alguma coisa, ainda assim, valeria muito a pena. Nove impostos Gilberto Luiz do Amaral, presidente do conselho superior e coordenador de estudos do IBPT, informa que, desde outubro do ano passado, a entidade mantém no ar o site Lupa no Imposto, em que qualquer pessoa pode consultar a carga tributária incidente nos produtos. Ele afirma, entretanto, que será preciso fazer adaptações, dependendo do que for ou não sancionado. Criamos o Lupa no Imposto já prevendo a aprovação da lei. Agora vamos nos adequar de acordo com os critérios estabelecidos pela lei. Trata-se de um software que está apresentado hoje num site e que será disponibilizado para que as empresas se conectem a ele via web service e que possam ter essas questões (nota fiscal e painéis informativos), sem custo nenhum. Este é um serviço que será disponibilizado pelo IBPT, em conjunto com a Associação Comercial, explica. O sistema já está lendo os impostos exigidos no projeto de lei, ou seja, ICMS, ISS, IPI, IOF, IR, CSLL, PIS/Pasep, Cofins e Cide. Vale lembrar que os impostos variam dependendo do tipo de produto ou serviço, do Estado da federação, se é indústria ou comércio, se está comercializando para a cadeia produtiva ou varejo, etc. Vivemos num país que tem o sistema tributário mais complexo do mundo, não é simples, admite Amaral.
Para ele, o projeto não implica em aumento da burocracia. O empresário precisa deixar de ser cabeça dura, porque ali vai estar demonstrado que grande parte do preço que ele cobra do consumidor é de imposto, afirma. Vantagens para a população Felisoni argumenta que o projeto de lei é uma questão política de conscientização da população. O peso do governo é absurdo. (...) O governo é um prestador de serviços com base naquele valor que está sendo recolhido em determinado produto que eu compro, diz. As pessoas precisam tomar consciência e, a partir desta clarificação, perceber quem é o grande sócio. E começar a cobrar, de forma mais efetiva, o resultado deste valor que é pago. É muito fácil dizer o preço é tanto, mas têm 40%, 50% de imposto embutido. E esse dinheiro todo financia uma máquina que, nós sabemos, é muito ineficiente, acrescenta. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) também vê vantagens na aprovação do projeto de lei, mas faz ressalvas. Realmente estava na hora de a sociedade como um todo conhecer efetivamente o quanto paga-se de imposto no Brasil, diz José Maria Chapina Alcazar, presidente do Conselho de Assuntos Tributários da entidade. O receio, no entanto, é que a regulamentação da lei transfira o ônus da alteração para o empreendedor brasileiro. Quem paga por toda alteração é sempre o contribuinte, critica. Ele lembra que a mudança exigiria que as empresas reestruturassem seus sistemas de controle. Os empresários precisariam ser incentivados com recursos de crédito tributário, porque senão vai acabar pagando essa com certeza e a formalidade vai ser prejudicada mais uma vez no nosso país. Isso vai aumentando o Custo Brasil, diz. Para Alcazar o mais importante seria reformular o sistema tributário do país. Cidadania fiscal Do ponto de vista do consumidor, a aprovação foi recebida com entusiasmo. Para Paulo Arthur Góes, diretor-executivo da Fundação Procon-SP, a transparência é importante. Isso aqui é nada mais que cumprir aquilo que está na Constituição, a educação do cidadão para as questões tributárias. Estamos falando de cidadania fiscal, argumenta. Conhecer o que está sendo pago é dar ao cidadão a chance de ele se empoderar, defende. Você só é capaz de cobrar aquilo que tem conhecimento. A partir do momento que você consegue entender, discernir, pode exigir a contrapartida, diz. Assim como no caso da nota paulista, tem tudo para tornar mais consciente o consumidor daquilo que ele paga, o valor efetivo da mercadoria, inclusive para poder participar cada vez mais do processo da democracia. Ele é protagonista deste processo, e não um mero telespectador, acrescenta Góes.
Mas ele também reconhece que "a viabilização prática deste projeto é muito difícil, dada a complexidade do nosso sistema tributário atual. 69% das empresas industriais têm algum tipo de dívida, diz CNI Levantamento foi feito com 2.363 empresas entre 1º e 13 de agosto. Das empresas com dívida, 53% não podem mais se endividar, diz CNI. Sondagem feita com as indústrias extrativa, de transformação e da construção, divulgada nesta sexta-feira (16) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), revela que 69% das empresas industriais informaram ter algum tipo de dívida. O levantamento foi feito com 2.363 empresas entre 1º e 13 de agosto, das quais 843 de pequeno porte, 920 médias e 600 grandes. "Desse universo de companhias com dívidas, 37% informaram estar no limite do endividamento e 16% disseram estar acima, somando, portanto, um total de 53% das empresas com dívidas que não podem mais se endividar", informou a CNI. A pesquisa aponta ser o capital próprio a maior fonte de financiamento das indústrias, usado por 69% delas. Os empréstimos bancários compõem o financiamento de 56% das empresas, enquanto o crédito de fornecedores e de clientes é utilizado por 34%, segundo o levantamento. A captação externa de recursos é utilizada por 4% das companhias industriais. "A falta de linhas de crédito adequadas às suas necessidades foi a principal dificuldade apontada pelas indústrias na obtenção de crédito, conforme 47% delas. Vêm, em seguida, pela ordem, a exigência de garantias reais (assinalada por 44%) e de documentos e renovação de cadastros (registrada por 39%)", acrescentou a entidade. As reduções nas taxas de juros, pontua a Sondagem Especial, foram percebidas pela indústria no segundo trimestre de 2012. Embora 48% das empresas tenham dito que os juros estavam iguais nos empréstimos de curto prazo, 43% relataram juros menores, índice que sobe para 45% no crédito de longo prazo. Igualmente 45% informaram que, no financiamento de longo prazo, os juros estavam semelhantes, informou a CNI. Apenas 10%, nesse caso, disseram ter havido aumento dos juros. A maioria das empresas que obteve crédito 57% relatou que os valores foram iguais aos que solicitaram. Quase um terço exatamente 30% informou que os valores dos financiamentos foram menores do que necessitavam. Segundo 13% das indústrias, o valor do crédito foi maior do que precisavam, concluiu a entidade.
Comprador de imóvel litigioso não tem legitimidade para opor embargos de terceiro A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou o entendimento de que a pessoa que adquire bem litigioso não possui a qualidade de terceiro e, portanto, não tem legitimidade para opor embargos de terceiro, buscando defender tal bem em execução movida contra quem o alienou. Para defender a posse de um imóvel, ameaçado pela insolvência decretada contra o alienante, o comprador opôs embargos de terceiro. O magistrado de primeiro grau extinguiu o processo, sem resolução de mérito, sob o fundamento de que o autor não teria legitimidade na causa. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMS) negou provimento à apelação, por considerar que o embargante que adquiriu coisa já litigiosa está sujeito aos efeitos que a decisão guerreada produziu, não sendo mais considerado terceiro. Ciência O TJMS verificou que constava expressamente no contrato de compra e venda que o comprador tinha ciência dos ônus judiciais sobre o imóvel. Verificou, ainda, que a compra do imóvel ocorreu anos após a citação do vendedor e o trânsito em julgado da sentença que o declarou insolvente. No recurso especial, o comprador alegou violação ao artigo 472 do Código Civil e às Súmulas 84 e 375 do STJ. Além disso, sustentou que a decisão do TJMS o impede de exercer o direito de defesa da posse, a qual, segundo ele, já dura mais de 12 anos. Certidões O ministro Sidnei Beneti, relator do recurso especial, afirmou que a Terceira Turma tem entendimento no sentido de que o adquirente de qualquer imóvel pode obter certidões que mostram a situação pessoal dos alienantes, bem como do próprio imóvel e, com isso, cientificar-se da existência de eventuais demandas e ônus sobre o objeto do contrato. Ele citou precedente segundo o qual, na alienação de imóveis litigiosos, ainda que não haja averbação dessa circunstância na matrícula, subsiste a presunção relativa de ciência do terceiro adquirente acerca da litispendência, pois é impossível ignorar a publicidade do processo, gerada pelo seu registro e pela distribuição da petição inicial (RMS 27.358). A jurisprudência da Terceira e Quarta Turmas é unânime em não considerar como terceiro aquele que adquire a coisa litigiosa, não podendo, portanto, opor embargos, aplicando-se o disposto no artigo 42, parágrafo 3º, do Código de Processo Civil, concluiu Sidnei Beneti. Diante disso, a Terceira Turma, em decisão unânime, negou provimento ao recurso especial.
Teste de lógica premiado Um viajante precisava pagar sua estadia de uma semana (7 dias) em um hotel, sendo que só possuía uma barra de ouro para pagar. O dono do hotel fez um desafio ao viajante para que ele aceitasse o pagamento em ouro. A proposta foi a seguinte: Aceito o pagamento em ouro. Porém, você terá que pagar uma diária de cada vez, e só poderá cortar a barra duas vezes. Como o viajante deverá cortar a barra para fazer o pagamento? O boletim jurídico da BornHallmann Auditores Associados é enviado gratuitamente para clientes e usuários cadastrados. Para cancelar o recebimento, favor remeter e-mail informando CANCELAMENTO no campo assunto para: <noticiasfiscais@bhauditores.com.br>.