Cartilha Biodiesel Recife/PE 2011

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Transcrição:

Cartilha Biodiesel Recife/PE 2011

A P L Pólo Agreste Pesqueira de Biodiesel CARTILHA BIODIESEL Recife/PE 2011

Ficha catalografica C327 Cartilha biodiesel / [equipe técnica Ana Maria Navais da Silva... [et al.]. -- Recife : DLCHUFRPE, 2011. 18 p. : il. 1. Biodiesel 2. Arranjoprodutivo local 3. Mamona 4. Polo biodiesel Pesqueira 5. Organização territorial l. Silva, Ana Maria Navais da CDD 662.88

ÍNDICE 1. O BIODIESEL 2. PÓLOS DE BIODIESEL NO ESTADO DE PERNAMBUCO 2.1. Distribuição Territorial 2.2. O Polo Agreste Pesqueira 2.2.1. A Estrutura Fundiária 2.3. A Usina de Biodiesel 3. ESTRATÉGIAS PARA INTEGRAR A AGRICULTURA FAMILIAR 3.1. A Formação da Cooperativa 3.2. Formulação do Zoneamento Agrícola da Mamona 3.3. Formação de Bancos de Sementes 3.4. Ajustamento da Cadeia Produtiva ao Ambiente 3.5. O Uso da Mamona como Matéria-Prima 3.5.1. Desenvolvimento de Variedades com maiores teores de óleo 3.5.2. Sistemas de Plantio 3.5.2.1. Técnicas de Plantio 3.6. Parcerias Institucionais 3.7. Capacitação 4. COMO INTEGRAR O AGRICULTOR FAMILIAR AO APL 06 06 06 07 08 08 09 09 09 09 10 11 11 12 12 12 12 13 14

A P L Pólo Agreste Pesqueira de Biodiesel O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), instituído pela Lei Federal 11.097/2005, regulamenta as normas para integrar a agricultura familiar à Cadeia Produtiva do Biodiesel em todo o País. Para isso, foram pensados todos os elos da cadeia produtiva que -se estendem desde a pesquisa agrícola, com a definição das oleaginosas (nome que define as plantas que produzem óleos, como a mamona, o algodão e outros mais) adaptáveis às diferentes regiões de acordo com a aptidão das terras e o clima-, até o mercado para o produto final representado inicialmente pelos leilões para compra e venda do biodiesel. Esse momento pode ser melhor entendido a partir do seguinte conceito: a produção de biodiesel é um processo agroindustrial com claros e declarados objetivos sociais e ambientais, associado à fixação do homem nas áreas rurais, geração de emprego, renda e minimização da emissão de gases que contribuem (negativamente) para as mudanças climáticas globais (NETO, 2005, apud COSTA et al, 2006, p. 30). Para que essas palavras se concretizem, é fundamental a cooperação institucional para construção de estratégias que garantam a apropriação pelo agricultor do que determina o Programa do Biodiesel. Essa Rede está formada por instituições da União, Estados e Municípios, movimento sindical, organizações não governamentais, entre outras. Em Pernambuco, os primeiros passos estão representados pela implantação de três usinas: uma usina destinada ao desenvolvimento de pesquisas, instalada no município de Caetés; a Usina de Biodiesel Governador Miguel Arraes, em 6

Pesqueira, e uma terceira unidade no município de Serra Talhada, ainda em fase de implantação. Nesta cartilha, dirigida a agricultores familiares e técnicos, o leitor compreenderá como foi planejado o desenvolvimento do APLBIODIESEL integrado à Usina Governador Miguel Arraes sob a liderança da Cooperativa dos Agricultores Familiares Produtores de Oleaginosas do Pólo Agreste Pesqueira de Biodiesel (COOPBIO). 7

1. O BIODIESEL O biodiesel é um combustível renovável produzido a partir de óleos vegetais (babaçu, soja, mamona, dendê, algodão, girassol etc.) ou gordura animal e um álcool (metanol ou etanol) e apresenta características físico-químicas parecidas com a do diesel mineral, com a vantagem de ser ecologicamente correto. Ele pode ser usado com aditivo ou substituir completamente o diesel em motores do ciclo diesel, além de apresentar uma série de vantagens sócio-econômicas e ambientais em relação ao diesel do petróleo, que justificam a sua produção e comercialização (NASCIMENTO et all, 2006, p.147). 2. PÓLOS DE BIODIESEL NO ESTADO DE PERNAMBUCO Para melhor orientar a organização dos Arranjos foram criados em todo o país, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, 63 Pólos de Biodiesel integrando 1.078 municípios. 2.1. Distribuição Territorial Em Pernambuco a distribuição dos pólos configura-se da seguinte forma. Nome Agreste Pesqueira Araripe Pajeú São Francisco Zona da Mata Sul Sertão Central Municípios Integrados Alagoinha, Arcoverde, Belo Jardim, Brejo da Madre de Deus, Buíque, Pedra, Pesqueira, Poção, Sanharó, Tupanatinga, Venturosa Araripina, Exu, Moreilândia, Ouricuri, Santa Cruz, Santa Filomena, Trindade, Bodocó, Granito, Ipubi. Betânia, Flores, Sertânia, Solidão, Tabira, Triunfo, Tuparetama, Afogados da Ingazeira, Brejinho, Calumbi, Carnaíba, Ingazeira, Itapetim, Quixaba, Santa Terezinha, São José do Egito. Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó, Petrolina, Santa Maria da Boa Vista Vitória de Santo Antão, Pombos, Chã Grande, Primavera, Amaraji, Cortês, Joaquinambuco, Belém de Maria, Catende, Palmares, Jaqueira, São Benedito do Sul, Xexéu, Marial, Quipapá. Santa Cruz da Baixa Verde, Mirandiba, São José do Belmonte, Serra Talhada, Salgueiro, Carnaubeira da Penha, Cedro, Serrita, Verdejante, Parnamirim Pólo 8

2.2. O Pólo Agreste Pesqueira Formado por onze municípios, o Pólo Agreste Pesqueira tem como base de sustentação a Usina Governador Miguel Arraes, para integrar agricultores familiares ao PNPB. A indústria foi instalada com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia por meio de um convênio com a Prefeitura Municipal de Pesqueira, no ano de 2006. Caracteriza-se como principal instrumento para garantir a participação de agricultores familiares da região agreste na cadeia produtiva do biodiesel, somada à aptidão das terras, demonstrada no zoneamento agroecológico; tradição da região no cultivo de oleaginosas, especialmente a mamona; e estrutura fundiária, que garante áreas para o plantio. Mais da metade das terras agricultáveis do território, equivalente a 291.459,8 ha, está ocupada por minifúndios, assentamentos de reforma agrária, pequenas propriedades e território indígena Xukuru, envolvendo 14.732 famílias/ propriedades. 9

2.2.1. A Estrutura Fundiária Dados do Sistema Nacional de Cadastro do INCRA permitiram a elaboração do Quadro Nº 1, onde se vê a Estrutura Fundiária dos Municípios integrantes do Pólo Pesqueira. Quadro 1 - Estrutura Fundiária dos Municípios do Pólo Pesqueira Quantidade Município Tipos de Imóveis Tamanho Área Imóveis/ % Área (ha) % (nº de Média Parcelas módulos (ha) fiscais) MINIFÚNDIO Até 1 10,21 8.807 65,06 89.924,6 16,34 1. Alagoinha 2. Arcoverde 3. Belo Jardim 4. Brejo da Madre Deus 5. Buíque 6. Pedra 7. Pesqueira 8. Poção 9. Sanharó 10. Tupanatinga 11. Venturosa LOTES REFORMA AGRÁRIA PEQUENA PROPRIEDADE MÉDIA PROPRIEDADE Mais de 1 até 4 Mais de 4 até 15 19,94 1.361 10,05 27.148,0 4,93 57,27 2.564 18,95 146.832,2 26,69 210,55 664 4,90 139.808,3 25,41 GRANDE PROPRIEDADE Mais de 15 1.046,92 140 1,05 146.568,8 26,64 TOTAL 13.536 100,00 550.028,16 100,00 2.3. A Usina de Biodiesel A planta industrial está composta por três módulos: Esmagamento de oleaginosas (mamona e algodão); Produção e beneficiamento do óleo e da torta; Produção de biodiesel A capacidade instalada permite o processamento de 25 toneladas de matériaprima/dia, tendo como produtos diretos 10 toneladas de óleo e 15 toneladas de torta. A necessidade de matéria-prima por safra é de 10.000 toneladas, demandando plantio de 10.000 hectares de oleaginosas com produtividade de 1 t/ha. 10

3. ESTRATÉGIAS PARA INTEGRAR A AGRICULTURA FAMILIAR Para o agricultor familiar ser integrado ao modelo proposto foram delineadas algumas estratégias, como: a criação de uma cooperativa;o ajustamento da cadeia produtiva; a formação de bancos de sementes; o desenvolvimento de variedades com maior teor de óleo; o zoneamento agroecológico das regiões; o levantamento fundiário dos Municípios integrantes do Programa; e as parcerias institucionais. 3.1. A Formação da Cooperativa Para dar suporte à comercialização dos produtos e co-produtos da Usina Governador Miguel Arraes, foi criada a Cooperativa dos Agricultores Familiares Produtores de Oleaginosas do Pólo Agreste Pesqueira de Biodiesel (COOPBIO). Sua missão é promover a interface entre agricultores e a Usina, garantindo a compra das oleaginosas, e, na seqüência, comercializar os produtos originados do esmagamento da mamona, ou algodão, inclusive o biodiesel. Além disso, a COOPBIO é responsável também pela articulação de parceiros institucionais para garantir o acesso dos agricultores cooperados às políticas públicas (municipais, estadual e da União) de apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar como: pesquisa; assistência técnica; crédito e financiamento; infraestrutura, capacitação, entre outras. 3.2. Formulação do Zoneamento Agrícola da Mamona No site da Embrapa Algodão consta o zoneamento agrícola que define a indicação dos municípios recomendados para o plantio da mamoneira, que foi construído com base em três critérios: a) altitude entre 300 e 1.500m sobre o nível do mar; b) precipitação pluviométrica de pelo menos 500 mm; c) temperatura média do ar entre 20 e 30ºC. Os Municípios que integram o Pólo de Pesqueira satisfazem a esses critérios e constam da relação como aptos ao cultivo da mamona. 3.3. Formação de Bancos de Sementes A implantação de bancos de sementes para atender necessidades dos agricultores 11

integrados ao APL foi possível com o desenvolvimento do projeto produção de sementes e difusão do sistema de plantio da mamona, executado pela UFRPE com apoio financeiro do Banco do Nordeste através do ETENE (Aviso 02/2007). Três bancos de sementes foram instalados. Um no município de Alagoinha, Sítio Nossa Senhora de Fátima, e dois no próprio município de Pesqueira, nos assentamentos Rosário e Cachoeira. Com a formação dos bancos, ficou assegurada a distribuição de sementes para os agricultores ao início de cada safra, bastando, para isso, o agricultor informar à Cooperativa o tamanho da área que pretende plantar à cada safra. 3.4. Ajustamento da Cadeia Produtiva ao Ambiente A mamona ainda é a principal oleaginosa produzida na região. Seu uso para o biodiesel, no entanto, está limitado ao percentual máximo de 30%. Por isso, a cadeia produtiva foi reestruturada tendo a mamona, ainda, como principal matéria-prima. Com o esmagamento da mamona, obtém-se o óleo e a torta (tipo farelo). Esses produtos são comercializados- retidos 30% do óleo da mamona- e com a receita investe-se na compra de outros óleos menos nobres, a exemplo do de algodão, para complementar o processamento do biodiesel e manutenção da Usina. A capacidade instalada permite o processamento de 25 toneladas de matériaprima/dia, tendo como produtos diretos 10 toneladas de óleo e 15 toneladas de torta. A necessidade de matéria-prima por safra é de 10.000 toneladas, demandando plantio de 10.000 hectares de oleaginosas com produtividade de 1 t/ha. 12

3.5. O Uso da Mamona como Matéria-Prima 3.5.1. Desenvolvimento de variedades com maiores teores de óleo As primeiras iniciativas para garantir o acesso de agricultores familiares à cadeia do biodiesel no Nordeste foram de responsabilidade do Centro Nacional de Pesquisa do Algodão (EMBRAPA/ALGODÃO), localizado em Campina Grande (PB). Lá foram produzidas novas variedades com maior teor de óleo e testados sistemas de produção que promovem maior rentabilidade para o agricultor, como se vê no quadro apresentado a seguir. CULTIVARES BRS PARAGUAÇU BRS NORDESTINA BRS ENERGIA 120 CICLO DIAS TEOR DE OLEO % 240 ACIMA DE 47% 240 ACIMA DE 47% ACIMA DE 48% INDICAÇÃO PORTE (M) SEMENTE TAM./COR SEMIÁRIDO 1,80 A 2,40 GRANDE PRETA SEMIÁRIDO 1,80 A 2,40 GRANDE PRETA SEMIÁRIDO CERRADO 1,20 A 1,80 PEQUENA CINZA POTENCIAL PRODUTIVO ACIMA DE 1500 Kg ACIMA DE 1500 Kg ACIMA DE 1800 Kg BRS149 Nordestina Foto: Arquivo Embrapa Algodão BRS Energia Foto: Arquivo Embrapa Algodão BRS Paraguaçu Foto: Arquivo Embrapa Algodão 13

3.5.2. Sistemas de Plantio As Cultivares BRS, Paraguaçu e Nordestina são ideais para o consórcios com feijão, amendoim, gergelim e algodão. O espaçamento recomendado é de 3m x1m ou 4m x 1m com o cultivo das culturas consorciadas nas entre linhas. Para a BRS Energia recomenda-se o cultivo isolado 1m x 0,50m, ou, no caso do plantio consorciado, fazer em faixas com 5 fileiras de BRS Seda e cinco fileiras dos consórcios. Nos dois casos o plantio das culturas consorciadas deve ser feito 20 dias após o plantio da mamona. 3.5.2.1. Técnicas de Plantio a) Escolher, dentro da propriedade, a área de solo mais apropriado para o cultivo de oleaginosas; b) Fazer o preparo da área com o uso de tração animal para não compactar o solo; c) Plantar a mamona solteira ou consorciada com o feijão; d) usar adubação orgânica com incorporação de massa verde, resíduos de processamento industrial como a torta, entre outros; e) fazer o plantio na época certa, isto é, com a ocorrência das primeiras chuvas. No Agreste, o período para plantar se estende de fevereiro a maio. 3.6. Parcerias Institucionais Para o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre produção agrícola, funcionamento da indústria, produtos e co-produtos e modelo de gestão; assessoramento técnico; capacitação de agricultores e técnicos, entre outras ações, está formada por uma rede institucional da qual participam: Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco (SARA); Ministério da Ciência e Tecnologia através do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE); Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Centro Nacional de Pesquisa de Algodão (Embrapa Algodão); Universidade de Pernambuco através da Escola Politécnica (POLI). 14

Esse apoio abrange ainda algumas agências de financiamento, destacando-se: Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq); FUNDECI/ETENE do Banco do Nordeste. E, finalmente, a articulação com o movimento sindical representado por: Federação dos Trabalhadores Rurais de Pernambuco (FETAPE); Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (FETRAF); Sindicatos do Trabalhadores Rurais (STRs) e Sindicatos dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (SINTRAFS) Reunidas, essas articulações podem formar o embrião de um programa do Biodiesel do Estado de Pernambuco. 3.7. Capacitação Para garantir a integração do agricultor familiar à cadeia produtiva do biodiesel é necessário que ele receba e desenvolva conhecimentos. Nesse sentido, um processo constante de capacitação, tanto na área de produção agrícola como para gestão do APLBIODIESEL, está em desenvolvimento. Em um primeiro momento o foco desse processo teve como tema as novas variedades e o sistema produtivo da mamona. Nessa linha, pesquisadores da Embrapa Algodão e da UFRPE foram, junto com os agricultores familiares, protagonistas da implantação de unidades educativas ou escolas de campo. Essa prática consiste em aprender fazendo. As práticas mostradas nas sessões de capacitação são repetidas nas propriedades dos agricultores. Ao mesmo tempo foram feitos investimentos para gestão do Arranjo, com ampla discussão sobre o modelo de contrato de compra e venda da matéria-prima, a mamona, e o associativismo/cooperativismo, além de práticas de economia solidária. 15

4. COMO SE INTEGRAR AO APL O passo inicial do agricultor para se integrar ao APLBIODIESEL USINA GOVERNADOR MIGUEL é preencher um formulário. Essa ferramenta, mostrada a seguir, foi criada para possibilitar, no futuro, avaliações sobre o desenvolvimento do arranjo. Concluído o cadastro, é formulado o contrato de compra e venda de mamona entre o agricultor e a Usina, com a intermediação da COOPBIO. O processamento dos dados obtidos permitirá o monitoramento e a avaliação do desenvolvimento do APLBIODIESEL Usina Governador Miguel Arraes. O cadastro tem início com a dos dados pessoais e a caracterização da família do agricultor, conforme modelo de formulário abaixo: Propriedade Município Nome Identidade CPF Área Total da Propriedade ha Deseja implantar ou ampliar a produção de mamona na propriedade? Sim Origem Chefe UF: Não 16

Em seguida, o agricultor preencherá os dados de produção, na forma exibida no formulário a seguir. Produção Agrícola Agricultura Cultura Área (ha) Época de plantio Época de colheita 1 - Mamona 2 3 4 5 6 7 Tempo de residência (anos) na comunidade Finalizando, o agricultor declarará as informações sobre assistência técnica, financiamento e comercialização. Já acessou financiamento? Sim Não Tem restrição de cadastro junto ao Banco? Sim Não Se sim qual? Se sim, qual? CPF Irregular Fomento Outros? Inadimplência Habitação Outras?: Investimento Quais os Canais de Comercialização utilizados? É atendido por algum serviço de Assistência Técnica? Atravessadores Sim Ceasa Não Feiras Livres Se sim, Qual? Supermercados ONG Outros?: Outros Quais? Prefeitura Estado (IPA) Responsável pela Entrevista: Observações: Nome: Assinatura Data: / / Concluído o cadastro, é formulado o contrato de compra e venda de mamona entre o agricultor e a Usina, com a intermediação da COOPBIO. O processamento desses dados permitirá o monitoramento e avaliação do desenvolvimento do APLBIODIESEL Usina Governador Miguel Arraes. 17

ANOTAÇÕES DAS SAFRAS

Equipe Técnica Universidade Federal Rural de Pernambuco Ana Maria Navaes da Silva (anavaes@dlch.ufrpe.br) Rodolfo Araújo de Moraes Filho (rodolfoamfilho@yahoo.com.br) José de Lima Albuquerque (limalb44@yahoo.com.br) Ana Paula Amazonas Soares (apamazonas@hotmail.com) Kátia Ferreira Lima Falcão Meneses (ckrm@globo.com) EMBRAPA/CNPA Waltemilton Cartaxo (cartaxo@cnpa.embrapa.br) INCRA/Superintendência de Pernambuco Isnaldo Francisco da Silva (isnaldo.silva@rce.incra.gov.br) MCT/CETENE James Correa de Melo (james@cetene.gov.br) Editoria Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Campus Dois Irmãos Recife PE www.ufrpe.br Telefax: 81-33206471 PREFEITURA DE PESQUEIRA Secretaria de Agricultuta e Reforma Agrária