LEI DE EXECUÇÃO PENAL LEI N. 7.210/84 CONTINUAÇÃO DA AULA DE EXECUÇÃO PENAL Progressão de Regime Carcerário (art.112da LEP): Obs.: matéria iniciada na aula 1. Quanto à necessidade da realização do exame criminológico, na dúvida, deve-se decidir a favor da sociedade, por que o ônus de comprovar o bom comportamento é do condenado. Sem essa comprovação não há progressão de regime carcerário. Se o enfoque for concurso para Defensoria Pública, o fundamento é que, na dúvida, deve ser decido a favor do reeducando, em razão do poderio do Estado. Artigo 112, 1º da LEP: a necessidade da oitiva do Ministério Público e da Defensoria Pública, sob pena de nulidade absoluta, por ferir o princípio do devido processo legal. Verificada a nulidade, o requerimento do exame criminológico será fundamentado na súmula 439 do STJ, nos casos em que tenha havido crime doloso ou preterdoloso (violência ou grave ameaça). Tese utilizada pelo MP. Já a tese adotada pala Defensoria Pública é no sentido de rechaçar a súmula 439 do STJ, ressaltando a inexistência de previsão legal para tal requerimento, tornando-se ilegal. Artigo 33, 4º, CP: deve haver a reparação do ilícito, para ver a possibilidade de progressão de regime. PROGRESSÃO DO REGIME SEMIABERTO PARA O REGIME ABERTO (artigos 113, 114 E DA LEP): O apenado deve aceitar o programa a ser executado, bem assim as demais imposições. Nesse caso, é obrigatório trabalhar. Deve apresentar, especificamente, seus antecedentes e exames a que foi submetido, apresentar fundados indícios de que possui senso de responsabilidade, autodisciplina a esse novo regime, pois este não sofre uma vigilância direta. Artigo 117, da LEP: o apenado pode ser dispensado do trabalho. Vide súmula 493 do STJ: é vedado ao juiz aplicar a cumulação de pena restritiva de direitos PRD, quando o réu vai para o regime aberto (art.44, CP, c/c art. 54, CP): as penas restritivas de direitos são autônomas e substituíveis. Exceções: art. 78 do CDC; artigos 292 e 293 do Código de Trânsito. É possível a progressão de regime per saltum? A súmula n. 492 do STJ veda essa espécie de progressão, que possibilitaria ao apenado sair do regime fechado e passar diretamente ao regime semiaberto. Tese para Defensoria Pública: inoperância do Estado, no tocante ao oferecimento de vagas no sistema prisional. Vide artigo 117 e 82 da LEP (tese para o MP): casos que permitem o cumprimento da pena em prisão domiciliar, por certo apenados, em regime aberto (art. 117). Prática de falta grave e a perda do prazo para o benefício da progressão de regime: tem como consequência a interrupção do prazo, em razão do cometido de falta grave. Cuidado com a súmula 441 do STJ: interrupção do prazo para a progressão de regime pela falta grave. Isso não ocorre para a obtenção de outros benefícios, como o indulto ou livramento condicional. PRISÃO DOMICILIAR: é um benefício previsto para os apenados que estão cumprindo pena em regime aberto, nas condições do artigo 117 da LEP. Destina-se, tão somente, para o regime aberto. Além disso, não é possível a cumulação dessa modalidade de prisão aos demais regimes. Jurisprudencialmente, em razão da inoperância do Estado para ofertar vagas, é possível. 1
Obs.: artigo 1º da lei n. 10. 741/2003: Estatuto do Idoso: condenados com mais de 70 anos; Para condenados que estão acometidos por doenças graves (toda aquela cuja cura é incompatível com o regime aberto). A análise é casuística. Outrossim, é cabível para apenados que tenham filhos menores, deficientes físicos ou mentais (art. 117, III, LEP). É possível também ao condenado que comprovar a dependência do filho. O rol do aludido artigo é taxativo. Excepcionalmente, é possível que presos de outros regimes, que não o aberto, possam se valer da prisão domiciliar, em razão da falta de vagas (posição do STJ e do STF). Artigo 146, b, IV, LEP: a possibilidade de monitoramento eletrônico em prisão domiciliar. REGRESSÃO DE REGIME (artigo 118 da LEP): Hipóteses: A prática de fato definido como crime doloso ou prática de falta grave e crime preterdoloso (adicionado pela doutrina); Condenação por crime anterior; O réu frustrar os fins da execução ou o não pagamento de multa; Violação aos deveres inerentes à monitoração eletrônica; I. A prática de fato definido como crime doloso ou prática de falta grave e crime preterdoloso: a mera prática desses crimes já é o bastante para que haja a regressão de regime, dispensando-se a sentença penal condenatória, não ferindo o princípio da presunção de não culpabilidade (art. 118, 2º da LEP garante o contraditório e a ampla defesa. Caso não seja condenado, por este fato, voltará a sua condição anterior. II. Condenação por crime anterior (artigo 111 da LEP): se a soma das penas não for compatível com o regimento atual, terá que regredir de regime, sendo dispensável, nesse caso, o contraditório e a ampla defesa, por ser a realização de um mero cálculo matemático para estabelecer a regressão; III. O não pagamento de multa não poderá, jamais, ensejar regressão de regime, pois não é possível a prisão por dívida (Pacto da São José da Costa Rica); IV. Artigo 146, C, único, I, LEP: violação do monitoramento eletrônico: permite a regressão de regime, no descumprimento desses deveres de preservação do equipamento eletrônico. AUTORIZAÇÃO DE SAÍDA: quem se beneficia é o preso do regime fechado e semiaberto e os presos provisórios, que poderão requerê-la. Pode ser deferida nas seguintes situações: Permissão de saída (artigos 120 e 121 da LEP): Falecimento ou doença grave de cônjuge, companheiro, ascendente, descendente, irmão ou necessidade de tratamento médico. OBS: a jurisprudência aceita também o tratamento odontológico para a permissão de saída. O pedido de permissão de saída é realizado junto ao diretor do estabelecimento carcerário e, caso seja indeferido, o preso pode se valer do poder judiciário. Sempre se opera com escolta policial. Não há prazo determinado, dependendo da necessidade do caso. Saída temporária (artigo 122 125 da LEP): é cabível somente aos presos que estão no regime semiaberto. 2
Requisitos: Comportamento adequado; Cumprimento de 1/6 da pena, se primário; Cumprimento de ¼ da pena, se reincidente; Compatibilidade do benefício com os objetivos propostos por este; É permitida para situações de ressocialização: o pedido é feito para o juiz da execução penal. A cada pedido feito, deve-se ouvir o MP, sendo vedadas as saídas temporárias automatizadas. É concedida, em tese, sem a necessidade de vigilância eletrônica, mas é possível a vigilância indireta (monitoramento eletrônico) art. 122 da LEP. O tempo máximo é de 7 dias por semana, até 5 vezes por ano, sem interrupção. Na verdade, totaliza 35 dias ao ano, com o intervalo entre elas de, no mínimo, 45 dias. Artigo 125 da LEP: hipóteses de revogação da saída temporária: O réu que praticou fato definido como crime doloso ou falta grave; Não atender as condições impostas à concessão do referido benefício; Apresentar baixo rendimento no curso que se propôs a fazer; TRABALHO DO APENADO: tem o objetivo de diminuir a pena pelo trabalho e pelo estudo. O trabalho é obrigatório por parte do apenado e uma obrigação do Estado de ofertá-lo, bem como o estudo (art. 31, caput da LEP). A jurisprudência dominante não admite a remição ficta (o apenado não trabalha, mas quer trabalhar e o Estado não oferece vagas suficientes para o trabalho e estudo). O trabalho não segue as regras da CLT. Não tendo o apenado trabalhador direito a férias, recebe apenas ¾ do salário mínimo, a jornada de trabalho é de 6 a 8 horas, havendo horas extras, estas serão devidamente computadas ao apenado. REMIÇÃO DA PENA: O tempo remido é somado ao tempo de pena já cumprida, fazendo com que o apenado alcance rapidamente a possibilidade de concessão de benefícios. Vide art. 126 da LEP. A cada três dias de trabalho realizado é remido 1 dia da pena. A Cada doze horas de estudo, distribuídos em três dias, é remido 1 dia da pena a ser cumprida. Artigo 126, 2 da LEP: as atividades poderão ser realizadas de forma presencial ou EAD, desde que seja o curso certificado pelo MEC. Artigo 126, 3º da LEP: possibilidade de cumulação de horas de trabalho com horas de estudo. O STF posicionouse no sentido de limitar em 8 horas diárias, as quais serão divididas entre o trabalho e o estudo. Artigo 126, 6º da LEP: o preso que cumpre pena no semiaberto poderá cumular horas de trabalho e horas de estudo. Artigo 126, 5º da LEP: é um incentivo para que o apenado conclua o curso e siga estudando. Artigo 126, 7º da LEP: trata da aplicabilidade da remição ao preso provisório. Se este trabalha, tem direito aos mesmos benefícios conferidos aos demais presos de regimes diferentes. Artigo 127 da LEP: a homologação dos dias remidos. Em caso de falta grave, atualmente, o apenado pode perder até 1/3 dos dias remidos homologados, assim como os não homologados. 3
LIVRAMENTO CONDICIONAL (artigo 83 e seguintes do CP e 131 da LEP): é a última etapa do sistema de progressão de cumprimento de pena. Artigo 83: traz os requisitos objetivos para tal obtenção: Se for crime comum ou hediondo; Se for primário ou reincidente; Se for reincidente em crime hediondo; Avaliação psicológica (art. 112, 2º da LEP). É um direito subjetivo do apenado e não é uma faculdade do juízo concede-lo, pois basta o apenado preencher os requisitos impostos na lei, para o juiz ser obrigado a conceder o livramento condicional. Pra que o réu seja incluído no livramento condicional, este não precisa ter passado pelos demais regimes. Requisitos objetivos: Pena privativa de liberdade; Deve ser 2 ou superior a 2 anos de pena, já computado em concurso de crimes; Crime comum, primário, com bons antecedentes: cumprimento de 1/ 3 da pena; Crime comum, reincidente: cumprimento de mais da metade da pena; Crime comum, não reincidente, com maus antecedentes, por analogia in bonam partem, ele se equipara ao caso do cumprimento de mais de 1/3 da pena privativa de liberdade; Em crime hediondo, caso não tenha sido reincidente: cumprimento de mais de 2/3 da pena; Em crime hediondo, reincidente: não tem direito ao livramento condicional. Requisitos Subjetivos: Cumprimento carcerário satisfatório; Bom desempenho no trabalho; Aptidão para prover a própria sobrevivência; Exame criminológico, quando o crime foi realizado mediante violência ou grave ameaça contra pessoa (art. 89, único do CP). Processamento do pedido (lei n. 10. 792/03): São ouvidos o MP e a Defensoria Pública; Obs.: o Conselho Penitenciário, atualmente, não precisa ser ouvido; Período de prova: o livramento condicional tem início com a audiência admonitória (ao réu são expostas todas as condições impostas para que este receba o benefício do livramento condicional). Esse período de prova durará o mesmo tempo que falta para o cumprimento da pena. Condições (são duas): Obrigatória: obter ocupação lícita (pode ser substituída por curso), dentro de um prazo razoável (jurisprudência: 6 meses); deve-se comunicar periodicamente ao juízo a sua ocupação; não mudar de comarca, sem prévia autorização do juiz (rol taxativa). Facultativa: não mudar de residência, sem autorização do juízo; recolher-se à habitação em horário fixado; não frequentar determinados locais e demais condições impostas pelo juízo. 4
REVOGAÇÃO: Podem ser: Obrigatório: Sentença penal condenatória irrecorrível por crime cometido durante a vigência do benefício. Consequências: o réu perde o tempo em que estava em livramento condicional, ou seja, não é computado com o tempo de cumprimento de pena, não é possível uma nova concessão de livramento condicional. Por exemplo, se estava cumprindo pena por crime de furto e faltava 1 ano, este tempo não pode ser somado com a nova pena a ser cumprida, para um novo pedido de livramento condicional. Quando o crime foi cometido antes do livramento condicional: O tempo que estava em livramento condicional é computado como pena cumprida. Caberá novo livramento condicional, em caso de furto; Permite-se que as penas sejam somadas. Revogação Facultativa (art. 87 do CP): I. Ocorre quando o apenado deixa de cumprir as imposições para a concessão do livramento condicional. II. For, irrecorrivelmente, condenado por crime ou contravenção à pena que não seja privativa de liberdade (art. 140, único da LEP). Vide artigo 89 do CP: prorrogação do período de prova. O inquérito policial não prorroga o prazo de livramento condicional. Deve haver processo e o crime para tanto. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA (artigo 77 do CP): São quatro: I. SURSIS SIMPLES: pena de até dois anos e o período de prova deve ser entre 2 e quatro anos. II. SURSIS ESPECIAL: pena de até dois anos e o período de prova deve ser entre 2 e quatro anos. III. SURSIS ETÁRIO: somente para condenados maiores de 70 anos; condenação de até 4 anos; período de prova: de 4 a 6 anos IV. SURSIS HUMANITÁRIO. Observação: é possível o duplo SURSIS (simultâneo), consoante o artigo 81 do CP. 5