-O 159/ EXMO. SENHOR PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA

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Transcrição:

REQUERIMENTO N -O 159/ Requer seja efetuada a transcrição, para os Anais desta Casa Legislativa Municipal, do artigo publicado pelo jornalista Marcos Sampaio e pela pesquisadora Ana Luiza Rios, e publicada no jornal O Povo, edição do dia 21/01/14, com o título "Música. História. Era uma vez a modinha..". EXMO. SENHOR PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA O Vereador Evaldo Lima (PC do B), no uso de suas atribuições legais e nos termos regimentais, vem, à presença de Vossa Excelência, requerer que seja efetuada a transcrição para os Anais da, do artigo publicado pelo jornalista Marcos Sampaio e pela pesquisadora Ana Luiza Rios, e publicada no jornal O Povo, edição do dia 21/01/14, com o título "Música. História. Era uma vez a modinha..". Os artigos se complementam quando o jornalista cita a dissertação de mestrado da pesquisadora que fala de Ramos Cotoco que fazia parte de um grupo de artistas que tirava elementos da rua para fazer sua música e poesia, o que era um contraponto ao modo mais formal de outros compositores, como Alberto Nepomuceno e Branca Rangel. Cita ainda que o período compreendido na pesquisa de Ana Luisa vai dos primeiros registros de modinhas fortalezenses (1888^ até as últimas produções de Alberto Nepomuceno no género (1920). Nessa época. Fortaleza se transformava socialmente, com importantes obras urbanas, e culturalmente, com o surgimento da Padaria Espiritual f 1892). do Instituto do Ceará (1887) e da Academia Cearense de Letras (1894). E por fim a pesquisadora afirma que fica evidente que a cena musical de Fortaleza surgiu em meio a muitas disputas, mas os artistas cearenses trataram logo de diminuir o distanciamento social através de suas músicas irreverentes g cheias de malícia, tentando desaparecer com a ideia restrita, pejorativa e discriminatória atribuída aos mais pobres, considerados perigosos, com ausência de educação e sem julgamento morais. Rua Dr. Thompson Bulcão, 830 - Bairro Patriolino Ribeiro - Fortaieza-CE - CEP 60.810-460 Galeria Patrícia Saboya: Gabinete 11 - Fone (85) 3444.8301 - E-mail: mandatoevaldolima@gmail.com

Requer, por último, que, após a aprovação deste requerimento, dê-se ciência ao jornalista Marcos Sampaio e à pesquisadora Ana Luiza Rios, por meio de cópia a ser enviada para: Marcos Sampaio Ana Luiza Rios Jornal O Povo Avenida Aguanambi, 282 - Bairro: José Bonifácio Fortaleza - CE, 60055-402 Nestes termos, pede deferimento. Departamento Legislativo, E. 51 t Vereador Evaldo Lima PC do B DEPARTAMENTO LEGISLATIVO 2 2 M. -2014 Rua Dr. Thompson Bulcão, 830 - Bairro Patriolino Ribeiro - Fortaleza-CE - CEP 60.810-460 Galena Patrícia Saboya: Gabinete 11 - Fone (85) 3444.8301 - E-mail: mandatoevaldolima@gmail.com

Artigo ERA UMA VEZ A MODINHA.. Artigo publicado pelo jornal O Povo, edição do dia 21/01/14. Pesquisa mostra como a modinha, género musical que nasce junto com o processo de urbanização de Fortaleza, criou uma ponte entre ricos e pobres no século XIX Raimundo Ramos de Paula Filho (1871 1916) nunca gostou de ser chamado de Ramos "Cotoco", apelido que lhe foi dado por causa de uma deficiência no braço direito. Apesar da insatisfação, a brincadeira tornou-se quase um sobrenome, e foi assim que ele ficou conhecido ao longo dos anos. Artista plástico, compositor e boémio incorrigível, Ramos "Cotoco" é um dos personagens mais importantes para se compreender uma Fortaleza de final do século XIX, ainda dando os primeiros passos para a urbanização. Bem humorado, Cotoco registrou os costumes de sua época em canções como "3%" e "Modernismo". Como pintor, era mais sério. Assinou trabalhos importantes, como parte do interior do Theatro José de Alencar. O jeito moleque e avant Ia lettre de Ramos Cotoco chamou a atenção da historiadora Ana Luiza Rios, que concluiu mestrado na Universidade Estadual do Ceará com a dissertação Entre o piano e a viola: a modinha e a cultura popular em Fortaleza (1988-1920). A pesquisa, que levou - três anos, apresenta uma época em.que a intelectualidade buscava entender a identidade nacional. Entre valsas, lundus e batuques, a modinha se destacou como um elemento agregador, que agradava diferentes classes sociais. Segundo Ana Luiza, Ramos Cotoco fazia parte de um grupo de artistas que tirava elementos da rua para fazer sua música e poesia, o que era um contraponto ao modo mais formal de outros compositores, como Alberto Nepomuceno e Branca Rangel. "É interessante porque é o único género realmente democrático. Ele já com uma marca, por conta do Alberto Nepomuceno, de extrair o lundu do negro. É como se fosse um ritmo mestiço, que mistura a melodia do branco e o ritmo do negro. Ela já é a síntese do brasileiro", explrca a pesquisadora, acrescentando que a modinha nasce junto com o processo de urbanização de Fortaleza. "É o primeiro momento em que os compositores vão fazer coisas deles." O período compreendido na pesquisa de Ana Luísa vai dos primeiros registros de modinhas fortalezenses (1888) até as últimas produções de Alberto Nepomuceno no género (1920). Nessa época, Fortaleza se.rua Dr. Thompson Bulcão, 830 - Bairro Patriolino Ribeiro - Fortateza-CE - CEP 60.810-460 Galeria Patrício Saboya: Gabinete 11 - Fone (85) 3444.8301 - E-mait:, mandatoevaldolima@gmail.com

transformava socialmente, com importantes obras urbanas, e culturalmente, com o surgimento da Padaria Espiritual (1892), do Instituto do Ceará (1887) e da Academia Cearense de Letras (1894). Os artistas olhavam desconfiados para o que estava acontecendo é levavam suas ideias para a música. Ramos Cotoco, por exemplo, fez "O bonde e as moças" para falar sobre a chegada desta novidade à cidade - "Conheço umas que moram aonde o bonde não passa, que dizem fazendo troça 'esta rua é uma desgraça'". "Ramos tinha um pé atrás com o processo, mas também não era totalmente contra". Saiba mais Lá e cá Ramos Cotoco era "um sujeito muito contraditório, que, ao mesmo tempo que critica os ricos, frequenta os lugares dos ricos", conta Ana Luiza Rios, autora de dissertação sobre o poeta e músico cearense. O compositor acabou morrendo pobre, deixando como legado um livro (Cantares boémios), suas pinturas e suas músicas. (Marcos Sampaio - O Povo - em 21/01/14) Um género boémio e democrático O surgimento de uma cena musical em Fortaleza ocorreu em paralelo ao processo de urbanização da cidade. A nova ordem que apareceu com a remodelação do espaço urbano, no fim do século XIX e início do XX, gerou maior distanciamento entre os diferentes extratos sociais. Enquanto as elites económicas e intelectuais isolavam-se nas festas dos clubes e palacetes, os mais pobres faziam seus "batuques de viola" nas zonas periféricas. Géneros musicais provenientes da Europa (valsa, a polca, o schottisch e a quadrilha) eram os preferidos pela elite e a classe média de artistas, poetas e demais trabalhadores letrados. Já os maracatus, as congadas, o bumba-meuboi e os fandangos davam o tom às diversões de negros, mestiços e migrantes da seca que habitavam as zonas sem calçamento e saneamento básico. As batucadas nos finais de semana levavam o nome de sambas de areia ou forrobodós, por serem regadas a danças, bebidas e música. No entanto, essas festas eram, em grande parte, desmanchadas pelas autoridades policiais, com a justificativa de que causavam tumulto. O cronista Eduardo Campos aponta que, na falta de diversões, a população recorria também ao Rua Dr. Thompson Bulcão, 830 - Bairro Patriolino Ribeiro - Fortateza-CE - CEP 60.810-460 Galena Patrícia Saboya: Gabinete 11 - Fone (85) 3444.8301 - E-mail: mandatoevatdolima@gmail.com

sereno, que era um ajuntamento popular em frente às casas em que se realizavam festas à noite. A modinha foi um dos géneros musicais mais democráticos, pois era apreciada por "moças de família", donas de casa, bêbados e prostitutas. Grandes nomes da literatura cearense escreveram modinhas - António Sales é o mais conhecido deles. Os modinheiros estavam ligados ao universo da noite e da boémia. A influência da vida bpêmia, caracterizada pela despreocupação com relação a bens materiais e às convenções sociais, afetou também a forma de compositores de classe média a criar suas modinhas, projetando socialmente as camadas menos favorecidas sem o abuso do romantismo ufanista. Raimundo Ramos (Ramos Gotoco), Carlos Severo e Carlos Teixeira Mendes (Teixeirinha) fizeram parte dessa corrente, enfatizando os problemas urbanos dos trabalhadores formais e informais, a exaltação do "populacho" e a ojeriza ao "burguês", mas com um tom de jocosidade e pilhéria, típico do Ceará "moleque". Teixeirinha cantou os problemas da seca do Ceará com comicidade. Em um de seus versos, diz: "O cearense tem nome e fama de denodado: na seca morre de fome, no inverno morre afogado". Ramos Cotoco zombou o apreço que as moças ricas tinham pela moda na sua composição "Modernismo": "Moça de corpo mal feito/ Não existe, atualmente/ Graças aos quartos suposto/ Que dão forma tão decente/ E elas 'inda' são mais lindas porque/ Têm nanquim, Têm zarcão, Têm carmim/ E algodão/ Têm mil prendas/ Fingimentos / Da beleza /Monumentos". O comportamento insubordinado, a crítica social e o escárnio dos valores e costumes ditados na época eram constâncias na vida de Ramos Cotoco. Fica evidente que a cena musical de Fortaleza surgiu em meio a muitas disputas, mas os artistas cearenses trataram logo de diminuir o distanciamento social através de suas músicas irreverentes e cheias de malícia, tentando desaparecer com a ideia restrita, pejorativa e discriminatória atribuída aos mais pobres, considerados perigosos, com ausência de educação e sem julgamento morais. (Ana Luiza Rios - O Povo - em 21/01/14) 2 2 JAN. 2QH.H MIN Funcionário Rua Dr. Thompson Bulcão, 830 - Bairro Patriolino Ribeiro - Eortaleza-CE - CEP 60.810-460 Galeria Patrícia Saboya: Gabinete 11 ~ Fone (85) 3444.8301 - E-mait: mandatoevaldolima@gmailcom