DETERMINAÇÃO DOS ANTIPSICÓTICOS UTILIZADOS NO HOSPITAL MUNICIPAL DE MARINGÁ PARANÁ

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23 a 26 de outubro de 2012 DETERMINAÇÃO DOS ANTIPSICÓTICOS UTILIZADOS NO HOSPITAL MUNICIPAL DE MARINGÁ PARANÁ Fabio Bahls Machado 1 ; Maurício Fábio Gomes 1 ; Sidney Edson Mella Junior 2, Eliane Aparecida Campesatto Mella 2 RESUMO: A esquizofrenia é uma doença que atinge 1% da população causando nos pacientes uma sintomatologia que os exclui da sociedade. Esta doença gera um ônus tanto para o doente como para sua família e comunidade, pois pode afastar do mercado de trabalho indivíduos em idade produtiva. O tratamento da esquizofrenia consiste na utilização de duas classes de antipsicóticos: os típicos e os atípicos. Dessas duas classes de medicamentos, os antipsicóticos típicos são os preferencialmente fornecidos pela rede pública de saúde através do SUS, devido ao menor custo. Sendo assim, este trabalho visou determinar a utilização destes agentes pelo Hospital Municipal de Maringá (HMM) com a finalidade de gerar dados para uma melhor compreensão da utilização e do perfil destes agentes nesta instituição. O levantamento dos dados foi obtido através da análise de 127 prontuários de pacientes hospitalizados na ala da Emergência Psiquiátrica em 2005 no HMM. Os medicamentos foram classificados pela "Anatomical Therapeutic Chemical Classification System" (ATC), classificação recomendada pela OMS. Após a classificação, os fármacos utilizados foram comparados com os encontrados na literatura. Os dados obtidos foram analisados quantitativamente avaliando os antipsicóticos utilizados, bem como as características dos pacientes quanto à idade e o sexo. Os resultados mostram que o medicamento mais utilizado no ano de 2005 foi o haloperidol seguido pela risperidona, clorpromazina, levomepromazina, haloperidol decanoato, clozapina e olanzapina. A faixa etária mais acometida com o transtorno da psicose foi entre 22 e 50 anos com 71,43% e o sexo feminino representou 58,73% dos internamentos. PALAVRAS-CHAVE: Antipsicóticos; Esquizofrenia; Hospital psiquiátrico. 1 INTRODUÇÃO A esquizofrenia é um severo transtorno do funcionamento cerebral que leva a uma incapacitação do indivíduo e desvio da personalidade, afetando aproximadamente 1% da população ao longo da vida. Os indivíduos geralmente são acometidos no auge de seu potencial produtivo e o curso da doença é crônico e debilitante com importantes déficits psicológicos, sociais e vocacionais (BRESSAN; PILOWSKY, 2003). A doença interfere de uma forma geral nos pensamentos, emoções, motivações e na coordenação motora do indivíduo, interferindo na sua capacidade de trabalho e em suas relações interpessoais. Retira o paciente da sociedade, gerando gastos com tratamento e se tornando, dessa forma, um problema de saúde pública (GAMA et al., 2003). A esquizofrenia, assim como outra doença complexa, parece ser causada por uma série de fatores, incluindo ambientais e hereditários (RANG et al., 2004). As crises duram seis meses ou mais, com delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico ou sintomas negativos (STAHL, 2002). O quadro clínico da doença é expressamente representado pelos sintomas positivos e negativos, mas embora não sejam reconhecidos formalmente como parte dos critérios diagnósticos da esquizofrenia, numerosos estudos acrescentam sintomas cognitivos, 1 Acadêmicos do Curso Farmácia do Centro Universitário de Maringá CESUMAR, Maringá PR. Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq-Cesumar). famafarm@yahoo.com.br 2 Orientadores, docentes do curso de Farmácia do Centro Universitário de Maringá CESUMAR, Maringá PR. mella@cesumar.br; elianemella@cesumar.br

agressivos/hostis e depressivos/ansiosos como sintomatologia dessa doença (KAPLAN; SADOCK; GREBB,1997). Entre as várias teorias existentes para a elucidação da etiologia da esquizofrenia, a hipótese da dopamina é a mais plenamente desenvolvida e constitui a maior parte da base da farmacoterapia, visto que os medicamentos mais utilizados para tal patologia são os antagonistas da dopamina, que bolqueiam essa hiperatividade da dopamina no SNC, reduzindo assim os sintomas positivos (OJOPI et al., 2003). Apesar de inúmeros achados científicos demonstrarem uma disfunção dopaminérgica, uma série de evidências indicam que outros sistemas de neuroreceptores estão envolvidos na fisiopatologia do transtorno (BRESSAN; PILOWSKY, 2003). Particularmente a serotonina, a noradrenalina e o glutamato, interagem fortemente com as vias dopaminérgicas e podem ser importantes em relação às ações das drogas antipsicóticas e, possivelmente também, na etiologia da esquizofrenia (RANG et al., 2004). O desenvolvimento de antipsicóticos, também conhecidos como antiesquizofrênicos, neurolépticos ou ainda tranqüilizantes maiores, representaram um dos mais importantes avanços na história da psicofarmacologia e psiquiatria. Os dois grupos mais utilizados no tratamento da esquizofrenia são ao antipsicóticos típicos e antipsicóticos atípicos, nos quais estes agem por mecanismos diferentes, atuando conseqüentemente em locais distintos, gerando resposta terapêutica e efeitos colaterais divergentes (CORDIOLI, 2000). A ação terapêutica dos antipsicóticos deve-se, provavelmente, ao antagonismo do receptor dopaminérgico D 2 em via mesolímbica. Os receptores dopaminérgicos mais conhecidos pela neurofisiologia são o D 1 e o D 2 (pós-sinápticos), além dos receptores localizados no corpo do neurônio dopaminérgico e no terminal pré-sináptico. A atividade terapêutica dos antipsicóticos parece estar relacionada, principalmente, com o bloqueio da dopamina nos receptores pós-sinápticos do tipo D 2, sendo o aumento da dopamina nesta via a causadora dos sintomas positivos da esquizofrenia. Esta ação é responsável não apenas pela eficácia dos antipsicóticos típicos, como também pela maioria dos seus efeitos colaterais (GAMA et al., 2003). O termo atípico refere-se em geral, a menor tendência de alguns compostos mais recentes a causar efeitos colaterais motores indesejáveis. Estas drogas exibem menos atividades sobre os receptores D 2, tendo assim menos efeitos extrapiramidais. Os mais utilizados são a clozapina, risperidona, sulpirida e olanzapina (BALDESSARINI, 1996; RANG et al., 2004). Embora os antipsicóticos típicos ocasionem mais efeitos colaterais, continuam sendo os mais utilizados nas clínicas e nos hospitais psiquiátricos pelo fato de ser de fácil acesso e ter um baixo preço (ROY-BYRNE; UPADHYAYA, 2006). Sendo assim, este trabalho teve por objetivo determinar a utilização destes agentes pelo Hospital Municipal de Maringá (HMM) com a finalidade de gerar dados para uma melhor compreensão do perfil de utilização destes agentes nesta instituição. 2 MATERIAL E MÉTODOS O levantamento dos dados referentes à utilização dos antipsicóticos foi obtido através da análise de prontuários dos pacientes hospitalizados na ala da Emergência Psiquiátrica em 2005 no Hospital Municipal de Maringá (HMM). O levantamento de dados foi executado no período de março a maio de 2006, sendo aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa do Cesumar (COPec), sob o número 156-2006. O Farmacêutico responsável pelo controle de entrada e saída de medicamentos da Farmácia do HMM e o funcionário responsável do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME) acompanharam e auxiliaram na coleta dos dados. O levantamento foi obtido

através das análises de 127 prontuários selecionados ao acaso, de um total de 1.548 pacientes hospitalizados no ano de 2005, com índice de confiança de 95%. Os medicamentos foram inicialmente classificados pela "Anatomical Therapeutic Chemical Classification System" (ATC), classificação recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Após a classificação, os fármacos utilizados no setor de Psiquiatria do Hospital foram comparados com os encontrados na literatura. Os dados obtidos foram analisados quantitativamente, avaliando os antipsicóticos utilizados, bem como as características dos pacientes quanto à idade e sexo. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os antipsicóticos utilizados no HMM no ano de 2005 encontram-se divididos em típicos e atípicos, como mostra a Tabela 1. Tabela 1: Antipsicóticos típicos e atípicos utilizados no ano de 2005. Antipsicóticos típicos Antipsicóticos atípicos clorpromazina 25 mg clozapina 100 mg clorpromazina 100 mg olanzapina 10 mg injetável haloperidol 5 mg comprimido risperidona 2 mg haloperidol 5 mg injetável haloperidol decanoato 50 mg injetável levomepromazina 25 mg levomepromazina 100 mg Fonte: Hospital Municipal de Maringá O medicamento mais utilizado no ano de 2005 foi o haloperidol 5 mg comprimido (33,80%), seguido por haloperidol 5 mg injetável (25,78%), risperidona 2 mg (17,08%), clorpromazina 100 mg (8,36%), levomepromazina 100 mg (8,01%), clorpromazina 25 mg (2,44%), levomepromazina 25 mg (2,09%), haloperidol decanoato 50 mg injetável (1,74%), clozapina 100 mg (0,35%) e olanzapina 10 mg injetável (0,35%) (Figura 1). Figura 1: Medicamentos mais utilizados em 2005.

O haloperidol, apesar da grande variedade de efeitos colaterais, é o medicamento mais utilizado na clínica e nos hospitais psiquiátricos pelo fato de ser de fácil acesso e ter um baixo preço (ROY-BYRNE; UPADHYAYA, 2006). Antipsicóticos atípicos foram pouco utilizados, provavelmente por serem mais onerosos. A risperidona é o único atípico padronizado na instituição, os outros só foram utilizados por meio de amostras grátis deixadas aos médicos pelos laboratórios de medicamentos. Este grupo de medicamentos é extremamente seletivo agindo em locais do cérebro responsáveis por causar apenas os sintomas psicóticos, reduzindo dessa forma os efeitos colaterais, o que leva a uma melhor adesão do paciente ao tratamento, melhor prognóstico da doença, prevenção de recaídas, mas com uma desvantagem prática e econômica, já que seu preço é muito alto. A faixa etária variou entre 14 e 81 anos na população estudada, sendo que 7,14% dos pacientes possuíam idade entre 14 e 18 anos; 7,94% entre 19 e 21 anos; 71,43% entre 22 e 50 anos; 7,94% entre 51 e 60 anos e 5,55% entre 61 e 81 anos. Estes dados reforçam os trabalhos encontrados na literatura que relatam um maior acometimento da população por distúrbios psicóticos no auge de sua idade produtividade (BRESSAN; PILOWSKY, 2003). Dos prontuários analisados, 58,73% dos pacientes eram do sexo feminino e 41,27% do sexo masculino. Estes resultados são divergentes aos encontrados na literatura, já que de acordo com estudos epidemiológicos a psicose atinge ambos os sexos em iguais proporções (GAMA et al., 2003). 4 CONCLUSÃO A classe de antipsicóticos mais utilizada no HMM é a dos típicos. Estes dados já eram esperados por tratar-se de um Hospital Municipal, onde as considerações econômicas são um fator adicional para a escolha do medicamento, uma vez que as drogas modernas são de custo elevado. A faixa etária mais acometida com o transtorno da psicose foi entre 22 e 50 anos, com predominância do sexo feminino. REFERÊNCIAS BALDESSARINI, R. J. Fármacos e o tratamento dos transtornos psiquiátricos. In: GILMAN, A. G.; GOODMAN, L. S. As bases farmacológicas da terapêutica. 9. ed. Rio de Janeiro: Mac Graw Hill, 1996. p. 290-313. BRESSAN, R. A.; PILOWSKY, L. S. Hipótese glutaminérgica da esquizofrenia. Rev Bras. Psiquiatria, v. 25, n. 3, p. 177 183, 2003. CORDIOLI, A. V. Psicofármacos: Consulta rápida. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. p. 125-130;171, 172. GAMA, C. S. et al. Relato do uso de Clozapina em 56 pacientes atendidos pelo programa de atenção de esquizofrenia refratária da Secretaria de Saúde e do Meio ambiente do Rio Grande do Sul. Rev. Bras. Psiquiatria, v. 26, n. 1, p. 21-28, 2003. KAPLAN, H. I.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 1997. p. 439 466. OJOPI, E. P. B. et al.o genoma humano e as perspectivas para o estudo da esquizofrenia. Rev. Psiq. Clin., v. 31, n.1, p. 9-18, 2003.

RANG, H. P. et al. Farmacologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 452-459. ROY-BYRNE, P. P.; UPADHYAYA, M. Neuropsiquiatria e neurociências na prática clínica. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 948-955. STAHL, S. M. Psicofarmacologia: Base Neurocientífica e Aplicações práticas. 2. ed. Rio de Janeiro: Médica e Científica, 2002. p. 359-445.