Recurso Eleitoral nº 314-80.2012.6.13.0348 Procedência: 348ª ZE de Ipatinga Recorrente: Coligação Pra Consertar de Novo Recorrido: Partido Verde - PV Relatora: Juíza Alice de Souza Birchal Recurso Eleitoral. Representação. Propaganda Eleitoral Irregular. Informação Inverídica ou Ofensiva. Impressos. Pedido Julgado Improcedente. Candidata que concorre à vaga de prefeito e é cônjuge do anterior candidato, nas eleições 2008, o qual fora apoiado por político de imagem denegrida. Distribuição de imagens e frases de apoio, referentes às últimas eleições municipais, as quais teriam ensejado a difamação da atual candidata, induzindo supostamente o eleitorado municipal a erro. Improcedência. Conteúdo de panfleto cinge-se apenas a difundir informações verídicas ocorridas, no último pleito municipal, fundadas na livre manifestação do pensamento e liberdade de expressão. Apoio referente às eleições de 2008. Matéria essencialmente interna, inerente ao jogo político que se faz entre os candidatos e partidos na corrida eleitoral. Incompetência desta Justiça Eleitoral. Art. 17, 1º da CR/88. Recurso não provido. Trata-se de recurso eleitoral interposto pela COLIGAÇÃO PRA CONSERTAR DE NOVO, contra a decisão exarada pelo MM. Juiz Eleitoral da 348ª ZE de Ipatinga, que julgou improcedente representação proposta em virtude da suposta prática de propaganda negativa irregular.
Em suas razões, fls. 46-53, a recorrente, inicialmente invoca o efeito suspensivo ao recurso, pois o material que, em sede liminar fora recolhido, poderá ser devolvido e distribuído, afetando a imagem alheia, pelo menos, até o provimento final da AIJE nº 316-50.2012.6.13.0348. Quanto ao mérito, reporta-se à legislação eleitoral que veda a divulgação de propaganda com conteúdo inverídico em relação a partidos ou candidatos. Alega que (...) o ora Recorrido, utilizando-se de noticias e fotos antigas, referentes ao pleito de 2008 e a outro candidato de mesmo sobrenome da atual candidata da Coligação ora Recorrente, tenta enganar e induzir a erro o eleitorado (...) (sic, fl. 50) Segundo sustenta, É público e notório que, para as Eleições 2008, o candidato ao cargo de prefeito então apoiado pelo Sr. Alexandre Silveira era o Sr. Chico Ferramenta, pessoa distinta da Sra. Cecília Ferramenta, atual candidata para as eleições deste ano. (...) Insta salientar que o PSD, partido ao qual Sr. Alexandre Silveira é Secretário Geral, coligouse, para as eleições majoritárias em Ipatinga, com o Partido ora Recorrido, sendo inconteste o apoio deste à candidatura de Rosangela Reis (sic, fls. 50-51) Invoca a aplicação do art. 54 da Lei das Eleições, asseverando que a divulgação da imagem de um filiado que não seja parte da coligação e dela se utiliza, incide em conduta proibida. De tal feita, sustenta que a legislação (...) proíbe a vinculação da imagem da candidata Cecília Ferramenta ao Sr. Alexandre Silveira (PSD), quando este apóia, de fato, a candidata do Partido ora Representado (...) (fl. 51) Aduz ser cabível, no caso vertente, a aplicação de multa em face da divulgação das imagens inverídicas, aplicando-se o disposto no art. 36, 3º c/c art. 54-C, 1º, da Lei 9.504/97. Ao fim, clama pelo provimento do recurso, imputando-se a pena pecuniária ao recorrido. Contra razões apresentadas, às fls. 55-59. A Procuradoria Regional Eleitoral manifesta-se às fl. 66 pelo não provimento do recurso. Esse é o resumo dos fatos, bastante para o relatório. DECIDO. Recurso é próprio. Não havendo elementos aptos para apurar o
requisito da tempestividade, tenho-o como tempestivo. Presentes os demais pressupostos de admissibilidade, dele conheço. Versam os autos sobre representação por suposta ocorrência de propaganda eleitoral ilícita, configurada através da tentativa de associação da imagem de candidata, vinculada à coligação recorrente, com figura política, supostamente detentora de imagem negativa, perante o eleitorado do Município de Ipatinga Consoante os fatos narrados na presente ação, a candidata que concorre à vaga ao cargo de prefeito é cônjuge do anterior candidato Chico Ferramenta, nas eleições 2008, quando fora apoiado por Alexandre Silveira, político de imagem teoricamente denegrida. Assim sendo, a distribuição, por panfletagem, de imagens e frases de apoio, referentes às últimas eleições municipais, teriam ensejado a difamação da atual candidata, induzindo o eleitorado municipal a erro. De acordo com a doutrina de José Jairo Gomes, As restrições à propaganda eleitoral não chegam a malferir os direitos fundamentais de livre manifestação do pensamento e de informação, eis que se ligam aos também constitucionais princípios de igualdade, normalidade e legitimidade da eleição. (...) havendo ofensa à honra ou imagem, é assegurado direito de resposta ao candidato, partido ou coligação ofendido. que Já no que toca a ação de representação, o mesmo autor leciona A demanda pode fundar-se em quaisquer condutas que agridam os valores e a disciplina legal da propaganda eleitoral, ensejando o desequilíbrio da disputa, ainda que potencial. Em jogo encontra-se a igualdade que, em princípio, deve ser assegurada aos participantes do certame. Da detida análise dos autos, entendo que não merecem reparos
a decisão do juiz de primeiro grau, eis que o panfleto utilizado na divulgação das imagens cinge-se apenas a difundir informações verídicas ocorridas, no último pleito municipal, fundadas na livre manifestação do pensamento e liberdade de expressão. De todo modo, a jurisprudência desta e. Corte tem dado prevalência à liberdade de expressão em casos como tais: Recurso Eleitoral. Representação. Propaganda eleitoral extemporânea. Ação julgada procedente. Condenação em multa. Afixação de faixa contendo inscrição de sigla partidária com dizeres que maculam a imagem da atual prefeitura. Não caracterização de propaganda eleitoral antecipada. Mera manifestação contra a atual administração. Liberdade de expressão. Recurso a que se dá provimento. (RECURSO ELEITORAL nº 9807, Acórdão de 03/07/2012, Relator(a) FLÁVIO COUTO BERNARDES, Publicação: DJEMG - Diário de Justiça Eletrônico-TREMG, Data 18/07/2012 Nessa senda, tenho para mim que, no caso em testilha, nem ao menos chega a ser necessária a harmonização entre os princípios da honra e imagem em face com o da livre manifestação do pensamento, porquanto o nome da candidata não chegou sequer a figurar no contexto na folha de papel impressa. (fl. 9) Além dessas constatações, devo ressaltar que o fato de o Deputado Alexandre Silveira ter apoiado o cônjuge da candidata da coligação recorrente, nas eleições de 2008, cuida-se de matéria essencialmente interna, inerente ao jogo político que se faz entre os candidatos e partidos, na corrida eleitoral, não competindo, de tal sorte, a esta Justiça Eleitoral se imiscuir em tais divergências, nos termos do art. 17, 1º da CR/88. Nessa linha é a jurisprudência do c. TSE: Eleições 2010. Representação. Propaganda eleitoral veiculada em rádio. Alegação de danos à imagem de adversária política
e intenção de confundir o eleitorado. Não se podem considerar referências interpretativas como degradante e infamante. Não ultrapassado o limite de preservação da dignidade da pessoa, é de se ter essa margem de liberdade como atitude normal na campanha política. Se houver exacerbação do limite da legalidade, o Poder Judiciário deve intervir. Não compete ao Tribunal Superior Eleitoral atuar em representações para determinar como se faz propaganda política. Representação julgada improcedente. (Representação nº 240991, Acórdão de 25/08/2010, Relator(a) Min. JOELSON COSTA DIAS, Relator(a) designado(a) Min. CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 25/08/2010 ) Ante o exposto, nego provimento ao recurso. É como voto.