TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DA BAHIA

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Diogo Raminhos de Sousa
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1 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DA BAHIA ACÓRDÃO N 551/2012 ( ) RECURSO ELEITORAL N CLASSE 30 RECORRENTE: RECORRIDO: PROCEDÊNCIA: RELATOR: Salvador Memorial Empreendimentos Médicos Ltda. Advs.: Beis. Dalvio Jorge, Bruno Pithon e outros. Ministério Público Eleitoral. Juízo Eleitoral da 2a Zona. Juiz Maurício Kertzman Szporer. Recurso. Representação. Doação de campanha. Inobservância do limite legal. Pessoa Jurídica. Grupo económico. Faturamento da empresa doadora. Desprovimento. Nega-se provimento ao recurso, mantendo-se incólume a decisão vergastada que condenou a recorrente à sanção prevista no art. 81, 2 da Lei n 9,504/97, visto que o faturamento a ser considerado, para fins de limites de doação para campanhas eleitorais, é o da pessoa jurídica e não o do grupo económico que a mesma integra. Visto, relatado e discutido o expediente acima indicado, ACORDAM os Juizes do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto Juiz Relator, adiante lavrado, que passa a integrar o presente Acórdão. Sala das Sessões do TRE da Bahia, em 31 de maio de SARA SI Juíza A DE BRITO residente Procurador Regi

2 RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto por Salvador Memorial Empreendimentos Médicos Ltda., em face da decisão que julgou procedente representação proposta pelo Ministério Público, em virtude da doação de recursos acima do limite estabelecido pela legislação eleitoral, condenando-a ao pagamento de multa fixada no mínimo legal e a proibição de participar de licitações públicas e celebrare contratos com o poder público pelo período de 05 (cinco) anos. Em suas razões, a recorrente defende que a sentença recorrida deve ser totalmente reformada, pois, tratando-se empresa prestadora de serviços na área médica que tem como sócia controladora a Brasil Memorial S/A Empreendimentos e Participações, integra grupo económico solidariamente responsável, cujo faturamento deve ser considerado, para fins verificação dos limites de doação. Colaciona jurisprudência do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais que entende respaldar sua pretensão. Ad cautelam, aduz ter sido injusta a restrição de direitos imposta, com a proibição de participar de licitações e de celebrar contratos com a administração pública, já que o próprio julgador entendeu que a sanção deveria ser aplicada no mínimo legal. Requer o provimento do recurso, para que seja absolvida de todas as acusações formuladas ou, acaso não acatado seu argumento, que seja a pena reduzida à aplicação de multa, afastando-se qualquer restrição de direitos. Contrarrazoes do Ministério Público zonal às fls. 257/258.

3 Instado a se manifestar, Procurador Regional Eleitoral defende a inconsistência da tese formulada, pugnando pelo desprovimento do recurso. É o relatório.

4 VOTO Compulsados os autos, entendo não haver motivos para reformar a decisão fustigada, vez que, diante dos documentos a eles acostados, configurada está a infringência à legislação eleitoral. O artigo 81, 1 da Lei n 9.504/97 possibilita às pessoas jurídicas efetuarem doações em espécie a candidatos a cargos eletivos, desde que respeitado o limite previsto de 2% (dois por cento) do faturamento bruto auferido pela empresa doadora, no ano anterior à eleição. No caso em debate, não merece prosperar a argumentação expendida pela recorrente, no sentido de que, por integrar grupo económico, o faturamento das demais empresas dele participantes deve ser considerado para o fim de se auferir o limite de doação para campanhas eleitorais. A questão primordial a ser considerada, para o deslinde do feito, é que os grupos económicos não possuem personalidade jurídica própria, não podendo realizar doações para campanhas eleitorais. Nesse sentido o entendimento sedimentado nas Cortes Eleitorais: REPRESENTAÇÃO. DOAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES À CAMPANHA ELEITORAL. PRELIMINAR DE ILICITUDE DA PROVA REJEITADA. PESSOA JURÍDICA. OFENSA AO ART. 81, 1,DA LEI N 9.504/97. DOAÇÃO ACIMA DO LIMITE DE DOIS POR CENTO DO FATURAMENTO BRUTO DO ANO ANTERIOR À ELEIÇÃO. GRUPO ECONÓMICO. IMPOSSIBILIDADE DE REALIZAR DOAÇÕES PARA CAMPANHAS ELEITORAIS. AUSÊNCIA DE PERSONALIDADE JURÍDICA. PARÂMETRO PARA FATURAMENTO. EMPRESA DOADORA. EXTROLAÇÃO DO LIMITE PERMITIDO. CONFIGURAÇÃO. APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA NO MÍNIMO LEGAL. SANÇÃO QUE SE MOSTRA SUFICIENTE. INCIDÊNCIA DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPOCIONALIDADE. NÃO APLICAÇÃO DA PENA DE PROIBIÇÃO DE PARTICIPAR DE LICITAÇÕES PÚBLICAS E DE

5 CELEBRAR CONTRATOS COM O PODER PÚBLICO PELO PERÍODO DE CINCO ANOS. REPRESENTAÇÃO QUE SE JULGA PROCEDENTE EM PARTE, DECISÃO UNÂNIME. 4. Grupo económico não possui personalidade jurídica própria, não podendo, portanto, realizar doação para campanhas eleitorais. As doações referem-se a pessoa jurídica determinada, com CNPJ específico, sendo irrelevante se pertence ou não a grupo económico. 5. Comprovada a doação acima do limite legalmente permitido, está a representada sujeita as sanções previstas no art. 81 da Lei n 9.504/97. (Acórdão n de 14/09/ Representação n 54 - Maceió/AL. Relator: Juiz Everaldo Bezerra Patriota. Publicação: DOE - Diário Oficial do Estado, Data 17/09/2009, Página 53) (grifos nossos) RECURSO ELEITORAL REPRESENTAÇÃO. DOAÇÃO ELEITORAL. PLEITO LIMITE LEGAL. PESSOA JURÍDICA. ART. 81 DA LEI N /97. INOCORRÊNCIA DE DECADÊNCIA. RATIFICAÇÃO DOS ATOS PRATICADOS. JUÍZO COMPETENTE. CIRCUNSCRIÇÃO DA SEDE DA EMPRESA. GRUPO ECONÓMICO. IMPOSSIBILIDADE DE FAZER DOAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. VALOR DOADO ACIMA DO LIMITE LEGAL FATURAMENTO BRUTO DO ANO ANTERIOR À ELEIÇÃO. INCIDÊNCIA DA PENALIDADE DE MULTA. SENTENÇA MANTIDA. IMPROVIMENTO. Grupo económico não possui personalidade jurídica própria, não podendo, portanto, realizar doação para campanhas eleitorais, porquanto as pessoas jurídicas que o compõem são distintas, cada qual vinculada a uma inscrição no CNPJ. Se a aferição quanto ao limite da doação eleitoral realizada pela pessoa jurídica remete-se à declaração do faturamento da empresa individualizada, cuja identificação se dá, justamente, peto CNPJ, não há como substituir a empresa recorrente pelo grupo económico que afirma compor. (Acórdão n de 07/05/2012. Recurso Eleitoral n Caarapó/MS. Relator: Amaury da Silva Kuklinski. Publicação: DJE - Diário da Justiça Eleitoral, Tomo 582, Data 16/05/2012, Página 06) (grifos nossos)

6 Neste cenário, o faturamento a ser considerado como parâmetro para aferir o limite de doação a campanhas políticas é o da empresa doadora, e não a do grupo económico ao qual pertença. Ainda, como bem destacado no judicioso parecer ministerial, a solidariedade existente entre o grupo económico e a empresa ora doadora não se presta a afastar a ilicitude da doação realizada, e sim para suportar, guardadas as possibilidades jurídicas, as sanções decorrentes do ato praticado. De igual modo, não entendo cabível o pedido de afastamento das restrições previstas no 3 do artigo 81 da Lei n 9.504/97, já que, nos termos ali dispostos, devem ser aplicadas sem prejuízo da multa imposta. Pelo exposto, voto pelo desprovimento do recurso, mantendo a decisão singular que condenou a recorrente ao pagamento da multa descrita no art. 81, 2 da Lei n 9.504/97, fixada no mínimo legal, bem como a proibição de participar de licitações públicas e de celebrar contratos com o poder público, pelo período de 05 (cinco) anos. É como voto. Sala das Sessões do TRE da Bahia, em 31 de maio de Maurício,

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