Recurso não provido. RELATÓRIO

Documentos relacionados
CALENDÁRIO ELEITORAL ELEIÇÕES 2018

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

Relatora: Juíza Alice de Souza Birchal

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

Número:

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina Juízo da 90ª Zona Eleitoral Concórdia/SC

Número:

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

Vistos, relatados e discutidos os autos do processo acima identificado, ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, em

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL REPRESENTAÇÃO Nº CLASSE BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

Número:

Número:

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores J.L. MÔNACO DA SILVA (Presidente), MOREIRA VIEGAS E EDSON LUIZ DE QUEIROZ.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Número:

Recurso Eleitoral Zona Eleitoral: Recorrentes: Recorrida: Relator: Preliminar.

Recurso Eleitoral nº Procedência:

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Segunda Câmara Cível. Agravo de Instrumento nº

SENTENÇA. Carlos Augusto Gobbo e outro Juiz(a) de Direito: Dr(a). RENATA OLIVA BERNARDES DE SOUZA

RECURSO ELEITORAL Nº Procedência: Recorrente: Recorrido: Relator: Juiz Carlos Roberto de Carvalho ACÓRDÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROMOTOR DE JUSTIÇA ELEITORAL DE SÃO PAULO ESTADO DE SÃO PAULO

SENTENÇA C O N C L U S Ã O

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NO RIO GRANDE DO SUL

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NO RIO GRANDE DO SUL

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

Número:

ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Recurso Em. Sentido Estrito nº , da Comarca de São Paulo, em

Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

DIREITO ELEITORAL. Crimes Eleitorais - Parte 4. Prof. Karina Jaques

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

DIREITO ELEITORAL. Crimes Eleitorais Parte V. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACORDAM, em 4 a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte. decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO, COM

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

SENTENÇA. Processo nº: Classe Assunto: Procedimento Ordinário - Indenização por Dano Moral

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

23/09/2012 PROCESSO PENAL I. PROCESSO PENAL ii

ACÓRDÃO Nº

JF CONVOCADO ANTONIO HENRIQUE CORREA DA SILVA em substituição ao Desembargador Federal PAULO ESPIRITO SANTO

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ Recurso Eleitoral nº

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São Paulo, em que é

1º Representação n

Número:

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) ELEITORAL RELATOR(A), EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL PARECER

Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

@ (PROCESSO ELETRÔNICO) CAT Nº (Nº CNJ: ) 2017/CÍVEL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Número:

ACÓRDÃO I iniii mil mil um um um um um mi nu

Número:

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DECISÃO

Procuradoria Regional Eleitoral do Tocantins

PROPAGANDA ELEITORAL. ARTHUR ROLLO

E. R. RECORRENTE N. S. T. RECORRIDO A C Ó R D Ã O

SUMÁRIO. (Gerado automaticamente pelo sistema.) Doc. 1-23/06/ RELATÓRIO Pagina 2. Doc. 2-07/07/ VOTO Pagina 5

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

JUSTIÇA ELEITORAL TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO

Superior Tribunal de Justiça

Sumário. Legislação Básica (clique aqui slide 3) Calendário Eleitoral (clique aqui slide 4) Pesquisas Eleitorais (clique aqui slide 11)

REPRESENTAÇÃO com pedido liminar

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE GOIÁS REPRESENTAÇÃO Nº CLASSE 42 PROTOCOLO Nº /2014 GOIÂNIA-GO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

AGRAVO DE INSTRUMENTO N

2.3. Tribunais Regionais Eleitorais Dos Juízes Eleitorais Juntas eleitorais Resumo didático... 64

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE ATA DA 78ª SESSÃO, EM 06 DE SETEMBRO DE 2016 SESSÃO ORDINÁRIA

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Registr o: ACÓRDÃO

INSTRUÇÃO PGE N 05, de 11 de outubro de 2018.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ERBETTA FILHO (Presidente) e RAUL DE FELICE. São Paulo, 20 de abril de 2017.

Rixa. Rixa Participar de rixa, salvo para separar os contendores

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Legislação Aplicável. Lei 9.096/1995 Lei dos Partidos Políticos; Lei Complementar 64/1990. RESOLUÇÕES DO TSE:

DIREITO ELEITORAL. Lei das Eleições Lei 9.504/97 Propaganda Eleitoral Parte IV Rádio, TV e Internet. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

/2013/ / (CNJ: )

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ª

PROCESSO: RTOrd

Número:

ACÓRDÃO. São Paulo, 19 de janeiro de Elói Estevão Troly Relator Assinatura Eletrônica

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 10ª Câmara de Direito Privado

Número:

A C Ó R D Ã O. O julgamento teve a participação dos Desembargadores WALTER BARONE (Presidente sem voto), JONIZE SACCHI DE OLIVEIRA E SALLES VIEIRA.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

CARTILHA ELEITORAL 1º TURNO

Aula 14. REE Regra de Prevenção

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO TOCANTINS

Recurso Eleitoral nº Relator: Juiz Flávio Couto Bernardes Recurso Eleitoral. Representação. Eleições Direito de Resposta

DIREITO ELEITORAL. Propaganda Política Campanha Eleitoral Parte I. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 2ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL ACÓRDÃO

Reis Friede Relator. TRF2 Fls 356

Transcrição:

Recurso Eleitoral nº 77154.2012.6.13.0141 Zona Eleitoral: 141ª, de Ituiutaba Recorrente: Coligação Ituiutaba Mais Forte Ituiutaba Mais Feliz Requerido: Coligação O Povo Unido Pra Fazer Mais; Luiz Pedro Correa do Carmo, candidato a Prefeito; Publio Chaves Junior, candidato a Vice-Prefeito Relator: Juiz Maurício Soares Recurso eleitoral. Representação. Direito de resposta. Informação inverídica e/ou ofensiva. Horário eleitoral gratuito/programa em bloco. Televisão. Improcedência. Inexistência de ofensa que afasta a possibilidade de direito de resposta em horário eleitoral gratuito na televisão. Questões que fazem parte da disputa eleitoral. Recurso não provido. RELATÓRIO A Coligação ITUIUTABA MAIS FORTE, ITUIUTABA MAIS FELIZ constituída pelos partidos (PDT/PSC/PRTB/PTC/PSB/PV/PSOL/PTdoB) apresentou recurso eleitoral contra a sentença proferida pela Mma. Juíza, da 141ª, de Ituiutaba, que julgou improcedente o pedido na representação por ela ajuizada em face de LUIZ PEDRO CORREA DO CARMO, PUBLIO CHAVES JUNIOR e da Coligação O POVO UNIDO PRA FAZER MAIS. Alegou que ingressou com a representação objetivando direito de resposta, tendo em vista veiculação de propaganda eleitoral na televisão, na modalidade bloco, com claro propósito de difundir informação sabidamente inverídica para difamar e caluniar o candidato da Recorrente e seu grupo político, imputando no eleitorado estados emocionais que desvirtuam o propósito da propaganda eleitoral, causando desequilíbrio no pleito. Narrou que a propaganda foi veiculada no horário eleitoral gratuito, na propaganda em bloco. A emissora da gravação foi a TV Integração, filiada da Rede Globo, porém a transmissão ocorreu também no SBT (TV Vitoriosa) e a TV Record (TV Paranaíba); que na propaganda os recorridos expuseram falsamente o candidato a Prefeito da recorrente, Fued José Dib, e seu grupo político, como responsáveis pelos problemas de saúde do ex-prefeito Publio Chaves, imputando também fatos caluniosos e injuriosos.

Citou a informação veiculada. Sustentou que a veiculação atacou diretamente o candidato da Coligação a Prefeito, Fued José Dib, pois utilizaram de imagens do exprefeito Publio Chaves, mencionando que o mesmo sofreu fortes ataques em decorrência da política, provocada pelo Sr.Fued, antigo governante do Município, em razão disto, teve que se afastar por problemas de saúde; que o conteúdo da propaganda contém irregularidade, com potencialidade suficiente a gerar efeitos emocionais, mentais e passionais sobre o eleitor, principalmente ao vincular o problema de saúde à oposição do Sr. Fued. Afirmou que ainda repercute no sentimento do eleitorado ao fazer remissão ao problema de saúde de Publio Chaves, e veicular a mensagem de que As pessoas se comovem e não entendem porque tanta maldade. Aduziu que também foram atribuídas informações caluniosas, ao reputar fatos que supostamente caracterizam improbidade administrativa e crimes contra a administração pública, o que não ocorreu, tanto que inexistem ações civis ou criminais neste sentido contra Fued José Dib; que a associação de fatos imputados à oposição política aliada à narrativa de prejuízos à saúde do ex-prefeito, pai do candidato a vice-prefeito e, ainda, aliadas as reuniões setoriais que vem sendo feitas nos bairros, são difamatórias, pois inverídicas e quando difundidas pelo veículo de comunicação social, representam evidente violação à legislação eleitoral, exigindo a devida reparação. Pugnou, considerando a veiculação de comunicação ofensiva, pela concessão do direito de resposta, a ser veiculada no período noturno, no tempo de 10 segundos, a ser subtraído do horário eleitoral gratuito em bloco na TV, da coligação majoritária O Povo Unido para Fazer Mais, bem como pela concessão do pedido liminar, para determinar-se a imediata abstenção dos recorridos na veiculação da referida propaganda, o que foi acertadamente deferido pela Mma. Juíza. Continuou, que apesar da demonstração dos fatos inverídicos, difamatórios e caluniosos, a Mma. julgou improcedente a representação, sob o fundamento de que, embora este juízo entenda que a forma com que está

sendo divulgada a propaganda possa induzir o eleitorado a erro, a concessão da liminar em questão semelhante e em análise através de mandado de segurança demonstra o posicionamento do TRE-MG, direcionando por conseqüência desfecho deste julgamento. Assim, julgo improcedente a representação. Sustentou que não pode haver vinculação entre o julgamento do mérito desta representação eleitoral com a decisão proferida em liminar nos autos do mandado de segurança n 691-28.2012.6.13.0000. Ressaltou que ficou comprovado que a acusação feita pela propaganda, além de ofensiva, o que já justifica o direito de resposta, é sabidamente inverídica e difamatória. Aduziu que atribuir a alguém imputação ofensiva que atenta contra honra e a reputação, com a intenção de torná-lo passível de descrétido na opinião pública caracteriza difamação. E, continuou: a difamação consiste em impor a prática de fato determinado, ofensivo à reputação, honra objetiva, a alguém e se consume, quando terceiros tomam conhecimento de tal fato; que fere a moral da vítima, enquanto a injúria atinge seu moral, seu ânimo. Discorreu mais sobre difamação, citando art. 325, Código Eleitoral e jurisprudências. Sustentou que a conduta dos recorridos está sendo potencialmente lesiva à recorrente, pois não ocorre de forma isolada, já que eles já veicularam outras matérias, na qual relacionam novamente a causa da doença do ex-prefeito à oposição. Destaca que a legislação proíbe que a propaganda eleitoral empregue meios que criem artificialmente na opinião pública estados mentais, emocionais ou passionais, o que sequer foi analisado pela Mma. Juíza Eleitoral na sentença. Após apresentar seus demais argumentos, pede o provimento do recurso para conceder o direito de resposta por período não inferior a 10 segundos, a ser exercido no horário reservado à propaganda eleitoral dos recorridos, na modalidade bloco de televisão, no horário noturno, nos seguintes dizeres:

O DIREITO DE RESPOSTA DETERMINADO PELA JUSTIÇA ELEITORAL ESCLARECE A TODA POPULAÇÃO DE ITUIUTABA QUE O PROBLEMA DE SAÚDE DO EX-PREFEITO PÚBLIO CHAVES NÃO FOI PROVOCADO POR QUALQUER QUESTÃO POLÍTICA. LUIZ PEDRO CORREA DO CARMO, PÚBLIO CHAVES JÚNIOR e COLIGAÇÃO O POVO UNIDO PARA FAZER MAIS apresentaram contrarrazões no sentido do não provimento do recurso (fls. 113 a 131). O Procurador Regional Eleitoral não opinou (fls. 138). Houve interposição de agravo de instrumento para subido do recurso interposto (fls. 139 a 151). É o relatório. VOTO O recurso é próprio e tempestivo, dele conheço. Examinando a degravação da propaganda não concluímos que ela configure uma conduta ofensiva ainda que indireta ao candidato FUED. Alega que a informação veiculada ataca diretamente o referido candidato. Não se verifica isso na matéria propagandística. Vejamos as falas do locutor: (...) LOCUTOR:... Outubro de 2008: a coligação o povo na prefeitura vence as eleições. Obras paralisadas. O povo sem as casas populares. Os bairros abandonados, sem asfalto. Um caos na saúde. Janeiro de 2009. Públio Chaves e Luiz Pedro tomam posse. Prefeitura com dívidas superiores a 11 milhões de reais. Obras paralisadas pela Caixa por erros da administração anterior. Públio e Luiz fazem novos projetos e iniciam um novo jeito de administrar, junto com o povo. Em 2009 são assinados os contratos para a construção das primeiras casas populares. A novo administração recupera os recursos do Governo Federal e começa a construção da canalização até a Avenida Minas Gerais. Para a tristeza de todos, Públio e Luiz começam a ser atacados violentamente pelo

grupo que perdeu a eleição, com difamação, calúnias e mentiras envolvendo até a vida particular do prefeito e vice prefeito. Em 2010 os ataques continuam, cada vez mais violentos. Em março, durante a inauguração do IFTM, Públio, o principal alvo das perseguições, sofre um enfarto durante o evento. As pessoas se comovem e não entendem porque tanta maldade.... As questões, como as acima relatadas, fazem parte do calor da disputa eleitoral. Inexiste no conteúdo da propaganda qualquer ofensa à honra, como injúria, difamação ou calúnia ou, ainda, menção à informação inverídica. No artigo intitulado Tensões eleitorais, referido pelo hoje Desembargador Gutemberg da Mota e Silva quando Juiz Membro deste Tribunal, publicado no jornal Estado de Minas em 15/10/2008, p. 7, o sociólogo e cientista político MARCOS COIMBRA observou que, nesse segundo turno, apresenta-se um quadro para um reinício de campanha em um tom vários decibéis acima do que tivemos, nessas cidades, no primeiro turno. Depois de uma modorrenta discussão de propostas, quase sempre indiferenciadas, e da apresentação enfadonha de currículos, agora a briga esquentou. É curioso, mas nossa cultura política atual tende a repudiar o acirramento dos embates eleitorais, como se quem o propusesse cometesse um pecado. Comportamentos que são considerados normais mundo afora, no calor das disputas, aqui são tratados como inaceitáveis. Comparações críticas, cobranças agudas, denúncias e questionamentos do passado e do presente de adversários não são imorais nas disputas democráticas, até porque quem as faz se expõe ao julgamento dos eleitores. Em países de larga tradição democrática, são mais comuns do que imaginamos. Talvez venha da fragmentada e conturbada experiência que temos com a normalidade da democracia essa aversão que nossa cultura política atual tem aos conflitos nas eleições. Espera-se dos candidatos uma espécie

de falsa cordialidade, o tal debate em alto nível. Que discutam, que até briguem, se quiserem. As leis estão aí e quem as descumprir pagará o preço. Quem decide são os eleitores, que são perfeitamente capazes de fazer suas avaliações, em campanhas geladas, mornas ou pegando fogo. Diante disso, nego provimento ao recurso.