Aula 14. REE Regra de Prevenção
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1 Turma e Ano: 2016 (Master B) Matéria / Aula: Direito Eleitoral - 14 Professor: André Marinho Monitor: Paula Ferreira Aula 14 REE Regra de Prevenção No Recurso Especial eleitoral n oriundo de Santa Cataria, o TSE avaliou a regra prevista no art. 260 do Código Eleitoral, que traz uma regra de prevenção. Art A distribuição do primeiro recurso que chegar ao Tribunal Regional ou Tribunal Superior, previnirá a competência do relator para todos os demais casos do mesmo município ou Estado. Antes deste julgamento, acontecia o seguinte: julgava-se todos os recursos, por exemplo, relativo ao registro de candidatura. Ex. Município X tinha uma ação de registro de candidatura. Quando este tinha recursos, ia ao Tribunal e o primeiro recurso daquele município gerava a prevenção do relator para todos os demais recursos referentes àquele município. Esta regra apenas era aplicável para os recursos distribuídos até a data da eleição. Os recursos após a eleição não teriam essa prevenção. A mini reforma reduziu os prazos para análise, por exemplo, dos registros de candidatura. Este é formulado até o dia 15 de agosto, regra geral e os Tribunais e juízes eleitorais devem decidi-los até o dia 12 de setembro. Esta mudança legislativa impediu, portanto, de que muitos desses recursos chegassem antes do pleito aos Tribunais. O TSE, entendendo que houve uma redução destes processos, em especial os de registro de candidatura, e mudaram sua jurisprudência para estabelecer a prevenção mesmo dos processos que cheguem ao Tribunal depois da eleição, em prol do julgamento uniforme de todos. Mandado de Segurança n Disputa de segundo turno de candidato com candidatura impugnada
2 Outro julgado interessante é o Mandado de Segurança de n oriundo do Rio de Janeiro, de relatoria do Ministro Henrique Neves. Neste MS, discutia-se, nos casos de Município com mais de 200 mil eleitores, em disputa de cargo eletivo, como fica a situação daquele que possui sua candidatura impugnada? A candidatura não é indeferida, mas esta pendente de recurso. Toda vez que há um candidato com registro indeferido pela Justiça, na pendencia do recurso, aplica-se o art. 16-A da lei 9.504: Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica condicionado ao deferimento do registro do candidato. Assim, mesmo que um indivíduo receba votos, esses votos serão considerados nulos. O caso tratava de uma eleição com dois candidatos para o cargo de prefeito, com um deles com registro de candidatura indeferido. Este candidato teria ficado em segundo lugar. Desta forma, concedeu-se liminar para que o segundo turno acontecesse com os dois candidatos. Entendeu o TSE em diferenciar os votos nulos (cidadão vota nulo diretamente) de votos que estão sujeitos a serem anulados por decisão do Tribunal. Como o Tribunal Superior ainda não se manifestou sobre o deferimento ou não do registro, os ministros decidiram ratificar a liminar concedida pelo relator do MS, ministro Henrique Neves, para manter a realização de segundo turno no município. Pela decisão, Deodalto Ferreira poderá fazer campanha e terá os votos computados para fins de segundo turno, até que o recurso sobre sua candidatura seja julgado pelo TSE, visto que o primeiro colocado não obteve a maioria absoluta de votos.
3 Segundo o relator, o artigo 16-A da Lei 9.504/97 garante a candidato cujo registro esteja sub judice a possibilidade de realizar todos os atos relativos à campanha eleitoral inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição. A validade dos votos a ele atribuídos, segundo esse dispositivo legal, fica condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior, que no caso, seria o TSE, não sendo necessário o trânsito em julgado da ação. Durante o julgamento, a ministra Luciana Lóssio afirmou que impossibilitar a participação do candidato no segundo turno seria contraditório, visto que ele pôde participar do primeiro turno do pleito, ainda que sem registro deferido. Segundo ela, decidir nesse sentido seria considerar o segundo turno uma nova eleição 1. HC 849/46 Processo Penal Eleitoral O Código Eleitoral possui normas de natureza processual-penal. No julgamento do HC 849/46 de outubro de 2016 surgiu a seguinte dúvida: quais normas processuais devem ser aplicadas ao processo penal eleitoral? As do CPP ou do Código eleitoral? É importante lembrar que a Lei /08 alterou o CPP, estabelecendo dois momento para análise do recebimento da denúncia: o juiz faz uma análise superficial da denúncia, verifica se preenche os requisitos, recebe a denúncia e abre para defesa apresentar resposta a acusação. Assim, haveria uma defesa preliminar e, novamente, isso retorna para o juiz, para que este verifica se é caso de absolvição sumária ou não. O Código eleitoral estabelecia um procedimento diferenciado, muito parecido com o antigo CPP, por exemplo, com interrogatório antes da colheita das provas. A Lei já estabelece que o interrogatório deva ser realizado no final. Assim, chegou ao TSE, por meio deste HC a tese que pugna pela aplicação do novo CPP em detrimento do Código Eleitoral. O TSE entendeu por bem acolher este HC, anular a 1 Disponível em <
4 ação penal para que fosse adotado o regramento previsto no CPP. Portanto, no processo penal eleitoral, os crimes eleitorais julgados pela justiça eleitoral, devem observar o que estabelece o CPP. O fundamento foi que a regra do CPP é mais benéfica a defesa, privilegiando o contraditório e ampla defesa, dando um aspecto importante a presunção e inocência. REE Inelegibilidade Outro julgado importante foi o Recurso Especial Eleitoral oriundo do Ceará, o qual trata da questão de inelegibilidade. Foi interposto recurso contra decisão que indeferiu registro de candidatura de um determinado candidato a vereador sob fundamento de inelegibilidade decorrente do art. 1º, I, g, LC 64/90. Ou seja, se entendeu que ele estava inelegível por reprovação de contas por ele apresentadas, pelo Tribunal de Contas. Importante lembrar que a justiça eleitoral não pode avaliar se a decisão do Tribunal de Contas está certa ou errada, se as contas deveriam ou não serem reprovadas, pois não tem competência para isso. Mas a justiça eleitoral pode avaliar se o vício apresentado é sanável ou não. Se for sanado, é possível o deferimento do registro da candidatura para afastar a inelegibilidade. O que gera a inelegibilidade não é a simples reprovação. Qualquer pessoa pode ter suas contas avaliadas pelo TC se de alguma for gestor de dinheiro público. No caso em questão, o sujeito teve suas contas reprovadas sob o argumento de que ele teria violado a lei de licitações. Só que a jurisprudência do TSE é muito claro no sentido de que nem toda a afronta da lei de licitações constitui irregularidade insanável, ou seja, é possível ter violado a lei de licitações, porém, este visto ser sanável. Geralmente é insanável quando aquela conduta tem o condão de produzir um dano doloso ao patrimônio publico ou prejudica a gestão da coisa pública. Entretanto, se for algo que não acarretou prejuízos para a coisa pública, não é considerado um ato insanável. No caso concreto, portanto, o Tribunal deu provimento para deferir registro de candidatura. Frisa-se que quando as contas são reprovadas, a justiça eleitoral não pode analisar o mérito, entretanto, pode analisar se a reprovação das contas caracteriza um vício
5 sanável ou insanável. Assim, verificado a ausência de má fé, enriquecimento ilícito, lesão ao erário ou dolo, não é possível reconhecer que esta reprovação seja insanável e, portanto, admite-se sua correção. REE n Teste de Alfabetização Outro recurso importante julgado pelo TSE é o de n do Piauí. Deste Recurso Especial Eleitoral, o TSE reiterou sua jurisprudência, acerca da possibilidade do teste de alfabetização. É sabido que o analfabeto é inelegível nos termos do artigo 14 da CRFB/88. Há algumas regras em que ele pode comprovar sua alfabetização. É necessário saber ler e escrever, podendo ser analfabeto funcional. Se o sujeito não tem como comprovar, é possível exigir teste de alfabetização. Um dos documentos que serve para comprovar a alfabetização é carteira profissional (por exemplo, OAB) ou CNH. Não havendo nenhum elemento, portanto, é possível exigir o teste de alfabetização. Neste julgado, registro de candidatura foi assinado pelo próprio candidato e, assim, a parte alegou que esta assinatura afasta a alegação de analfabetismo, entretanto, o TSE discordou, pois afirmou que, apesar da pessoa assinar seu nome, isto não impede que ela não saiba ler ou escrever. Desta forma, sempre que não houver provas suficientes de que o sujeito é alfabetizado, não havendo documento nenhum que comprove tal condição, é possível que o juiz requisite o teste de alfabetização.
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