ASSOCIAÇÃO ENTRE EXERCÍCIO FÍSICO E DIETA NA REDUÇÃO DE PESO CORPORAL E PERCENTUAL DE GORDURA

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Transcrição:

Recebido em: 31/8/2010 Emitido parece em: 14/9/2010 Artigo original ASSOCIAÇÃO ENTRE EXERCÍCIO FÍSICO E DIETA NA REDUÇÃO DE PESO CORPORAL E PERCENTUAL DE GORDURA Mariana Antas 1, Patricia Berbel Leme de Almeida 1, Valter Silva 1, Rosana dos Santos 1 RESUMO O número de pessoas obesas tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, isso pode ser um fator genético ou devido aos hábitos diários dos indivíduos, tendo como causa alimentação desequilibrada e sedentarismo. Sabe-se que somente a dieta não é eficiente para diminuir o percentual de gordura, o ideal é associar dieta e exercício físico no mínimo três vezes por semana. De acordo com essas informações, o objetivo do presente estudo foi avaliar a associação entre exercício físico e dieta na redução de peso corporal e percentual de gordura em pacientes de uma clínica de emagrecimento (spa). Para tanto, foram analisados 16 indivíduos, sendo 11 mulheres (55,7 ± 8,1 anos de idade) e 5 homens (59,4 ± 10,4 anos de idade), que permaneceram pelo menos 10 dias internados na clínica de emagrecimento. Foram avaliados o peso corporal, a estatura, o IMC, a RCQ, o percentual de gordura e a massa magra. Para análise dos dados foi utilizada estatística descritiva (média e desvio padrão) e teste t de student para amostras dependentes (p<0,05). Observou-se redução significativa, tanto nas mulheres como nos homens, respectivamente, no peso corporal (antes 98,6 ± 23,5, depois 93,2 ± 21,6; antes 106,5 ± 16,5, depois 100,0 ± 17,4) e no percentual de gordura (antes 49,6 ± 4,6, depois 48,1 ± 3,9; antes 36,3 ± 2,3, depois 35,2 ± 2,2). Com isso, concluiu-se que o exercício físico diário associado à dieta hipocalórica foram eficientes na redução do peso corporal e do percentual de gordura em pacientes obesos internados em uma clínica de emagrecimento. Palavras-chave: exercício físico, dieta, perda de peso. ASSOCIATION BETWEEN EXERCISE AND DIET TO REDUCE BODY WEIGHT AND FAT PERCENTAGE ABSTRACT The number of obese people has increased considerably in recent years, this may be a genetic factor or because of the daily habits of individuals, caused by unbalanced diet and sedentary lifestyle. It is known that only the diet is not effective in reducing the percentage of fat, the ideal is to associate diet and exercise at least three times a week. According to this information, the purpose of this study was to evaluate the association between exercise and diet to reduce body weight and fat percentage of patients in a weight loss clinic (spa). To do so, 16 participants, 11 women (55.7 ± 8.1 years old) and 5 men (59.4 ± 10.4 years old) that were for at least 10 days in the weight loss clinic took part in the research. We evaluated body weight, height, BMI, WHR, fat percentage and lean mass. In order to analyse the data, it was used descriptive statistics (mean and standard deviation) and t-test of student for dependent samples (p <0.05). There was significant reduction in both women and men, respectively, in body weight (98.6 ± 23.5 before, after 93.2 ± 21.6, 106.5 ± 16.5 before, after 100.0 ± 17.4) and the percentage of fat (before 49.6 ± 4.6, after 48.1 ± 3.9; before 36.3 ± 2.3, after 35.2 ± 2.2). Thus, it was concluded that daily physical exercise associated with low-calorie diet were effective in reducing the weight and body fat in obese patients in a weight loss clinic. Keywords: Exercise, diet, weight loss. INTRODUÇÃO O excesso de peso e a obesidade constituem um dos problemas mais sérios tanto dos países ricos quanto dos países emergentes. Os problemas derivados direta ou indiretamente da obesidade são responsáveis por uma significativa percentagem de mortes. Segundo o National Health and Nutrition Survey (NHANES III) indicam que cerca de 33% da população adulta dos Estados Unidos apresentam 63

excesso de peso e as evidências indicam um aumento na prevalência desta (HEYWARD E STOLARCZYK, 2000). Na última década o quadro crescente de obesidade também passou a preocupar países como o Brasil. Dados do IBGE mostram que um em cada dez adultos é considerado obeso e há tendência em aumentar esta proporção. Inúmeras pesquisas indicam que muitas doenças da era moderna estão associadas ao excesso de gordura corporal, como por exemplo, as doenças cardiovasculares, renais, digestivas, diabetes, problemas hepáticos e ortopédicos. A incidência dessas doenças é duas vezes maior entre os homens obesos e quatro vezes maior entre as entre as mulheres obesas, quando comparados à população não obesa (NAHAS, 2001) Mendonça e Anjos (2004) apresentam o quadro evolutivo da obesidade no Brasil e mostram que os fatores determinantes deste processo só serão identificados quando informações referentes à ingestão alimentar e ao gasto energético da população forem obtidas. Segundo Rezende et al. (2006), cerca de 60% dos obesos são sedentários, confirmando a inatividade física como fator de risco para a obesidade. Sabe-se que o excesso de gordura corporal além de ser fator de risco para diversas doenças prejudica o desempenho físico, pois limita os movimentos e induz à fadiga precoce devido à sobrecarga que impõe ao organismo. A obesidade deve ser considerada como um objetivo para intervenção independente, pois seus efeitos são exercidos através de outros fatores de risco como a hipertensão, a hiperlipidemias e o diabete (ACSM, 2000). Segundo Marques-Lopes et al. (2004), estudos compravam que a genética tem grande influência na obesidade, sendo manifestada através de alterações no apetite ou no gasto energético. Com relação a diferenças entre homens e mulheres obesos, Oliveira Filho e Shiromoto (2001) mostraram que as mulheres apresentam um maior percentual de gordura e os homens apresentam maiores perímetros de cintura. A acumulação excessiva de tecido adiposo (obesidade) deriva de um aporte calórico excessivo e crônico de substratos combustíveis presentes nos alimentos e bebidas (proteínas, hidratos de carbono, lipídios e álcool) em relação ao gasto energético (metabolismo basal, efeito termogênico e atividade física). Nessa acumulação intervêm, tanto os hábitos alimentares e de estilo de vida, os fatores sociológicos e as alterações metabólicas e neuro-endócrinas, como os componentes hereditários (MARTÍNEZ e FRÜHBECK, 1996, p. 257). De acordo com Dâmaso (2003), a obesidade pode ser classificada quanto à origem, à distribuição de gordura, quanto ao crescimento do tecido adiposo e quanto à morbidade. Mudanças no estilo de vida como a prática de exercício físico e reeducação alimentar, mesmo em curto prazo, podem proporcionar alterações na composição corporal como redução ponderal e de percentual de gordura (VARELA et al., 2007). A perda de peso alcançada pela dieta isoladamente leva à melhoria do quadro patológico associado à obesidade, porém, os benefícios adicionais com a inclusão de um programa de exercícios físicos podem favorecer o controle metabólico, facilitando a manutenção da perda de peso (TROMBETTA, 2003). A atividade física realizada de forma regular propicia diferenças significativas nos índices preditores de gordura corporal, reduzindo também medidas corporais e os riscos associados à gordura corporal excessiva (OLIVEIRA FILHO e SHIROMOTO, 2001). Segundo Reis Filho et al. (2008), a melhora do condicionamento físico e a manutenção da massa magra são outros fatores que contribuem para um estilo de vida fisicamente mais ativo e saudável, favorecendo assim a adesão aos programas de emagrecimento a longo prazo. A dieta hipocalórica produz um equilíbrio energético negativo expressivo, com efetiva redução do peso corporal, enquanto o exercício físico adiciona um déficit calórico sinérgico, potencializando a redução do peso corporal. O exercício produz gasto de energia através do efeito direto no nível metabólico. Entretanto, este nível é pequeno em relação ao balanço energético. Um aumento no gasto energético através do exercício, sem a redução correspondente no consumo energético, pode reduzir o peso corporal. No entanto, qualquer perda de peso alcançada com exercício físico moderado pode ser facilmente revertida por pequeno aumento compensatório no consumo de alimentos. Na maioria dos estudos, o treinamento físico provoca gasto calórico adicional pouco 64

expressivo na redução do peso corporal em indivíduos obesos sob orientação dietética hipocalórica. Não podemos esquecer, no entanto, que pessoas que se mantêm ativas ao longo da vida têm menores chances de se tornarem obesas, têm melhor distribuição corporal, com menores depósitos de gordura intra-abdominal (TROMBETTA, 2003, p. 131). A combinação entre dieta de baixa caloria e exercício físico parecem ser benéfica no tratamento da obesidade, pois reduzem fatores de risco cardiovascular, tais como, gordura corporal total e gordura abdominal, sendo esta estreitamente relacionada às doenças metabólicas (REIS FILHO et al., 2008). O objetivo do presente estudo foi avaliar a associação entre exercício físico e dieta na redução de peso corporal e percentual de gordura em pacientes de uma clínica de emagrecimento (spa). METODOLOGIA Foram analisados 16 indivíduos obesos, de ambos os sexos, sendo 5 homens de 48 a 74 anos de idade (59,4 ± 10,4 anos) e 11 mulheres de 45 a 67 anos de idade (55,7 ± 8,1 anos), todos sedentários. Os indivíduos permaneceram em uma clínica de emagrecimento na cidade de Sorocaba, durante um período médio de 10,8 ± 3,6 dias os homens e 13,8 ± 5,6 dias as mulheres. Todos passaram por avaliação física, na qual foram avaliados o peso corporal, a estatura, o Índice de Massa Corporal (IMC), a Relação Cintura/Quadril (RCQ), as circunferências do tórax, da cintura, do abdômen, do quadril, do braço, do antebraço, da coxa e da panturrilha. Foram calculados o percentual de gordura (%G) de acordo com Weltman et al. (1988) e a massa magra (MM). Para tanto, foram realizadas duas avaliações físicas, uma na entrada do paciente na clínica e outra no dia da saída. Importante informar que todos os indivíduos estavam restritos a uma dieta hipocalórica de 300 kcal diária e todos praticaram exercícios físicos diariamente. Para análise dos dados foi calculado média aritmética, desvio padrão e teste t de student para amostras dependentes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na TABELA 1 pode-se observar que houve diferença significativa em todas as variáveis analisadas, sendo os menores valores encontrados na segunda avaliação. Na circunferência do quadril o nível de significância foi 0,02 e na massa magra o nível de significância foi 0,05, nas demais variáveis o nível de significância foi 0,01. Tabela 1. Comparação das medidas antropométricas entre os períodos pré e pós-internação dos indivíduos do sexo feminino. PRÉ PÓS SIGNIFICÂNCIA Peso (kg) 98,6 ± 23,5 93,2 ± 21,6 0,01 IMC (kg/m 2 ) 38,0 ± 7,2 35,9 ± 6,5 0,01 RCQ 0,87 ± 0,08 0,86 ± 0,08 0,01 Tórax (cm) 109,0 ± 13,1 105,4 ± 11,9 0,01 Cintura (cm) 110,4 ± 18,1 103,7 ± 13,1 0,01 Abdômen (cm) 119,7 ± 18,2 113,4 ± 14,7 0,01 Quadril (cm) 126,6 ± 20,3 119,9 ± 15,0 0,02 Braço (cm) 37,1 ± 6,0 35,4 ± 5,7 0,01 Antebraço (cm) 26,7 ± 3,2 26,0 ± 2,9 0,01 Coxa (cm) 67,7 ± 9,0 64,9 ± 8,4 0,01 Panturrilha (cm) 42,1 ± 5,5 41,0 ± 5,1 0,01 % G 49,6 ± 4,6 48,1 ± 3,9 0,01 MM (kg) 49,6 ± 7,5 47,6 ± 7,2 0,05 65

Na TABELA 2 pode-se observar que houve diferença significativa em todas as variáveis analisadas, sendo os menores valores encontrados na segunda avaliação. Na circunferência da panturrilha o nível de significância foi 0,04; na circunferência do braço e do antebraço o nível de significância foi 0,03; na circunferência do quadril e na massa magra o nível de significância foi 0,02 e nas demais variáveis o nível de significância foi 0,01. Tabela 2. Comparação das medidas antropométricas entre os períodos pré e pós-internação dos indivíduos do sexo masculino. PRÉ PÓS SIGNIFICÂNCIA Peso (kg) 106,5 ± 16,5 100,0 ± 17,4 0,01 IMC (kg/m 2 ) 35,4 ± 7,2 33,2 ± 6,4 0,01 RCQ 1,01 ± 0,08 0,99 ± 0,06 0,01 Tórax (cm) 113,6 ± 7,0 109,4 ± 6,9 0,01 Cintura (cm) 116,5 ± 11,9 110,9 ± 11,6 0,01 Abdômen (cm) 119,7 ± 13,7 114,0 ± 14,1 0,01 Quadril (cm) 115,5 ± 11,5 111,3 ± 12,3 0,02 Braço (cm) 35,2 ± 4,3 33,9 ± 3,7 0,03 Antebraço (cm) 28,3 ± 1,9 27,2 ± 1,6 0,03 Coxa (cm) 61,1 ± 3,4 57,9 ± 2,4 0,01 Panturrilha (cm) 39,3 ± 2,2 38,4 ± 2,2 0,04 % G 36,3 ± 2,3 35,2 ± 2,2 0,01 MM (kg) 67,6 ± 8,4 64,5 ± 9,2 0,02 A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a classificação de sobrepeso e de obesidade para os indivíduos com IMC acima de 25 kg/m 2 ; sendo sobrepeso para adultos com IMC entre 25 e 29,9 kg/m 2, obesidade para aqueles com IMC igual ou superior a 30 kg/m 2, obesidade grau I de 30 a 34,9 kg/m 2, obesidade grau II de 35 a 39,9 kg/m 2 e obesidade grau III igual ou superior a 40 kg/m 2 (MOREIRA et al., 2006). Com isso, observa-se que as mulheres são classificadas como obesidade grau II tanto antes como depois do período de internação. Os homens estavam classificados como obesidade grau II antes do período de internação e passaram a ser classificados como obesidade grau I após esse período. Indivíduos com excesso de peso, principalmente com obesidade abdominal, estão mais expostos a fatores de risco cardiovasculares envolvidos na síndrome metabólica e, consequentemente, a maior risco de morbidade e mortalidade quando não tratadas essas alterações (REZENDE et al., 2006). Monteiro et al. (2004) avaliaram o efeito de programa misto de intervenção nutricional e exercício físico sobre a composição corporal e hábitos alimentares de mulheres obesas em climatério, utilizando 2 grupos de 15 pessoas por 40 semanas: Grupo Dieta (intervenção nutricional) e Grupo Exercício (intervenção nutricional e exercício). Verificou-se que as reduções do peso (-2,3kg para Grupo Dieta e -5,3kg para o Grupo Exercício) e da circunferência da cintura (-4,8cm para Grupo Dieta e -7,6cm para Grupo Exercício), foram maiores para o Grupo Exercício. Foi verificada evolução positiva na classificação do Índice de Massa Corporal para ambos os grupos, sendo que o Grupo Exercício respondeu melhor ao tratamento. Com isso, concluiu-se que o programa foi efetivo para perda de peso, em maior intensidade na presença de exercício. Segundo Sabia et al. (2004), tanto o exercício aeróbio quanto anaeróbio associados à orientação alimentar são satisfatórios em promover mudanças corporais e comportamentais, sendo importantes no combate à obesidade. Há necessidade de que sejam propostos e implementados projetos e programas intersetoriais que tenham metas bem definidas para diminuir o crescimento da prevalência do sobrepeso/obesidade e promover uma vida mais saudável para toda a população (MENDONÇA e ANJOS, 2004). 66

O sucesso de um programa interdisciplinar depende da boa interação entre exercícios físicos, plano alimentar e terapia de grupo, ajudando os indivíduos a aceitarem melhor não só a nova forma de se alimentar, mas compreender que o exercício físico pode ser interpretado como um momento de prazer, descontração e inclusão social, e que as sessões de terapia poderiam também ser momentos de descobertas pessoais e de aprender com os relatos de vida de outros indivíduos (VARELA et al., 2007, p. 19). De acordo com Malta et al. (2009), pela qualidade de vida das comunidades, o desafio lançado aos gestores do SUS no Brasil é o de garantir sustentabilidade às iniciativas de indução das práticas corporais e ao permanente debate e articulação intersetorial para a melhoria das estruturas e espaços urbanos favorecedores da atividade física. À luz da promoção da atividade física, a Política Nacional de Promoção da Saúde propõe o compromisso da sociedade e suas instituições com a adoção de modos de vida mais saudáveis. CONCLUSÃO Concluiu-se que o exercício físico associado à dieta diminui tanto o peso corporal quanto o percentual de gordura de indivíduos adultos obesos, diminuindo também outras variáveis antropométricas. REFERÊNCIAS ACSM. Manual do ACSM para teste de esforço e prescrição de exercício. 5 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. DÂMASO, A. Obesidade. Rio de Janeiro: Medsi, 2003. HEYWARD, V.H.; STOLARCZYK, L.M. Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo: Manole, 2000. MALTA, D.C.; CASTRO, A.M.; GOSCH, C.S.; CRUZ, D.K.A.; BRESSAN, A.; NOGUEIRA, J.D.; MORAIS NETO, O.L.; TEMPORÃO, J.G. A Política Nacional de Promoção da Saúde e a agenda da atividade física no contexto do SUS. Epidemiol. Serv. Saúde, vol. 18, n. 1, p. 65-78, 2009. MARQUES-LOPES, I.; MARTI, A.; MORENO-ALIAGA, M.J.; MARTINEZ, A. Aspectos genéticos da obesidade. Rev. Nutr. [online], vol.17, n.3, p. 327-38, 2004. MARTÍNEZ, J.A.; FRÜHBECK, G. Regulation of energy balance and adiposity: a model with new approaches. J Physiol Biochem, vol. 52, p. 255-8, 1996. MENDONÇA, C.P.; ANJOS, L.A. Aspectos das práticas alimentares e da atividade física como determinantes do crescimento do sobrepeso/obesidade no Brasil. Cad. Saúde Pública [online], vol. 20, n. 3, p. 698-709, 2004. MOREIRA,D.J.D.; MELO, M.N.A.; ALVES, R.W. Correlação entre o índice de massa corpórea e o percentual de gordura em homens ativos de 20 a 30 anos. Rio de Janeiro Universidade Gama Filho UGF (Pós-Graduação Lato Sensu), 2006. MONTEIRO, R.C.A.; RIETHER, P.T.A.; BURINI, R.C. Efeito de um programa misto de intervenção nutricional e exercício físico sobre a composição corporal e os hábitos alimentares de mulheres obesas em climatério. Rev. Nutr. [online], vol. 17, n. 4, p. 479-489, 2004. NAHAS, M.V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. Londrina: Midiograf, 2001. OLIVEIRA FILHO, A; SHIROMOTO, R.N. Efeitos do exercício físico regular sobre índices preditores de gordura corporal: índice de massa corporal, relação cintura quadril e dobras cutâneas. Rev Educação Física/UEM, vol. 12, n. 2, p. 105-12, 2001. REIS FILHO, A.D.; SILVA, M.L.S.; FETT, C.A.; LIMA, W.P. Efeitos do treinamento em circuito ou caminhada após oito semanas de intervenção na composição corporal e aptidão física de mulheres 67

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