CENTRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO NÚCLEO DE ESTUDOS PROSPECTIVOS ENCONTRO TEMÁTICO PROF. ALCIDES COSTA VAZ Brasília, 24 de maio de 2016.
Oferecer visão geral das perspectivas sobre a estabilidade no entorno estratégico brasileiro tal como depreendida das análises formuladas pelos mais importantes centros internacionais dedicados ao acompanhamento e análise das dinâmicas de segurança internacional e, de modo particular, dos conflitos contemporâneos e das formas de violência presentes naquele espaço.
Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) de Londres; Military Balance, Armed Conflict Survey, Strategic Survey e Surviva) Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Escolmo (SIPRI) Anuário de Segurança Internacional Banco de Dados UPSALA-PRIO sobre Conflitos Internacionais Instituto de Pesquisa de Conflitos Internacionais da Universidade de Heidelberg - Conflict Barometer Conselho de Política Externa dos Estados Unidos; Global Conflict Tracker International Crisis Group Programa Cooperação em Segurança Regional na América Latina e Caribe; Anuário de Segurança Regional da América Latina e Caribe Rede Sul Americana de Estudos de Defesa (RESDAL)
A América do Sul é o ambiente regional no qual o Brasil se insere. Buscando aprofundar seus laços de cooperação, o País visualiza um entorno estratégico que extrapola a região sul americana e inclui o Atlântico Sul e os países lindeiros da África, assim como a Antártica. Ao norte, a proximidade do mar do Caribe impõe que se dê crescente atenção a essa região. (END, 2014)
Cinquenta e três estados América do Sul: doze Costa ocidental da África (Senegal à África do Sul): dezoito Mar do Caribe,: vinte e três Potencias extra-regionais: Estados Unidos, França e Reino Unido
Território continental sul-americano adjacente ao território nacional Atlântico Sul; Países lindeiros da costa ocidental da África
Disputas interestatais Guerras civis Violência associada ao crime organizado Conflitos étnico-religiosos Instabilidade política
Não comprometem a estabilidade Condicionados mais por restrições orçamentárias do que propriamente por imperativos de emprego da força militar. Declínio e estabilização dos gastos em defesa arrefeceu preocupação com corrida armamentista e redução de investimentos sociais.
Negociações pacíficas Atividade sem emprego da força: Venezuela- Guiana; Venezuela-Colombia; Chile-Peru; Colombia-Nicarágua Nas Américas: de 26 conflitos interestatais não violentos, 19 envolvem acesso ou controle de recursos naturais. Apenas um conflito interestatal com violência (fronteiras México-EUA) (Conflict Barometer, Heidelberg University)
Principal desafio de segurança nas Américas. Ênfase ao aumento da violência no Istmo Centro-Americano e no México. Crescente envolvimento das Forças Armadas. Espaço adjacente ao entorno estratégico brasileiro marcado por grande instabilidade. Violência na América do Sul importante, mas percebida de forma secundária; Brasil em destaque.
Diferenças quanto ao critério de definição e classificação de conflitos geram avaliações discrepantes; De um total de quinze conflitos de ordem doméstica identificados na América do Sul no presente, dez estão classificados como crises violentas e três como guerras limitadas; (Conflict Barometer) Fator tende a crescer de importância no futuro imediato com aumento da instabilidade na Venezuela onde a possibilidade da violência política em larga escala é maior. Em outros países (Brasil, Chile, Equador) se mostra de forma mais moderada e circunstancial.
Semelhantemente à América do Sul, conflitos interestatais não são fatores proeminentes de instabilidade. Conflitos internos e seu eventual transbordamento como principal desafio. Dois terços dos conflitos violentos na região associados a acesso e controle sobre recursos naturais. Violência associada ao crime organizado transnacional como fator presente, porém não determinante do padrão de estabilidade.
Não são, em si, fator de comprometimento da estabilidade regional; Tendência de redução nos últimos anos ditadas por limitações econômicas; Baixos patamares para produzir efeitos econômicos e políticos significativos na maioria dos países, excetuando-se Nigéria, Angola e África do Sul.
África Ocidental como região das mais conturbadas; dois terços dos conflitos violentos referidos a acesso e controle de recursos. Enfretamento na Nigéria a grupos insurgentes, em particular o Boko Haram, a escalada terrorista e transbordamento como maior desafio; Laços do Boko Haram com outros grupos radicais islâmicos, inclusive o Estado Islâmico. Instabilidade na Guiné Bissau pode ensejar retorno da violência; Mali: Grupos insurgentes reclamam território no norte do país, grupos armados proliferam enfraquecendo o governo e ameaçando desestabilizar países vizinhos; Togo: transição e instabilidade política Costa do Marfim: reconstrução e instabilidade latente Região vulnerável a crises no restante da África Subsaariana
Não conformam elemento de relevância no contexto da estabilidade nos países lindeiros da costa da África Ocidental, onde tem predominado conflitos em torno por disputas de poder.
Países da África Ocidental que integram o entorno estratégico brasileiro estão circundados por um cinturão de instabilidade integrado por um amplo conjunto de conflitos que transbordam regionalmente. Sudão x Sudão do Sul Instabilidade no Mali Crises no Chad, Niger, Congo, República Centro Africana, Togo com potencial efeito de transbordamento
Estabilidade no entorno estratégico brasileiro desafiada por instabilidade política e conflitos domésticos mais do que por conflitos entre países; Gastos militares e conflitos interestatais não são fatores de instabilidade preponderantes; Violência associada ao crime organizado é componente primário do panorama da estabilidade tanto na América do Sul como na África Ocidental sendo a estrutura do tráfico de drogas elemento que vincula ambas as dimensões do Entorno Estratégico Brasileiro.
Tendência de associação de conflitos vinculados ao crime organizado transnacional e aqueles definidos em torno do controle de recursos, que estão incrementando tanto na América do Sul como na África Ocidental. Terrorismo é componente mais presente na África Ocidental que na América do Sul. Ambas as regiões envoltas por um cinturão de instabilidade. Perspectivas de crescente engajamento das Forças Armadas em iniciativas de enfrentamento ao crime organizado e, em menor medida, em conflitos associados à instabilidade política e a conflitos envolvendo o acesso e o controle de recursos. Naturais, forma de conflitividade que exibe tendência de aumento.