PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO PROCESSO nº 0010453-15.2015.5.01.0248 (RO) RECORRENTES: HEBER DOS SANTOS SERRANO, SUBSEA7 DO BRASIL SERVIÇOS LTDA. RECORRIDO: HEBER DOS SANTOS SERRANO, SUBSEA7 DO BRASIL SERVIÇOS LTDA. REDATOR DESIGNADO: IVAN DA COSTA ALEMÃO FERREIRA A C Ó R D Ã O 9ª T U R M A ART. 477 DA CLT - PRAZO - HOMOLOGAÇÃO Trata-se de tema polêmico. Porém este Julgador entende que o prazo do pagamento é o mesmo da homologação, pois o 4º do artigo 477 da CLT determina que o pagamento deve ser feito no ato da homologação em dinheiro ou cheque visado. Isso significa dizer que o prazo é idêntico. O depósito antecipado não exclui a multa já que feito irregularmente Recurso provido para determinar o pagamento da multa do artigo 477 da CLT. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário em que são partes: HEBER DOS SANTOS SERRANO (Dra. Gabriela Kraul Martins, OAB/RJ nº 129601) e SUBSEA7 DO BRASIL SERVIÇOS LTDA. (Dra. Silvia Helena Mauricio Martins Peters, OAB/RJ nº 146493 - D), como recorrentes e recorridos. Adoto o relatório do Ilustre Relatora: "Insurgem-se as partes em face da r. sentença de fls. 134/137 (id ff6b49f), complementada pela decisão de embargos de declaração de fl. 145 (id 844c885), da
lavra do Exmo. Juiz André Luiz da Costa Carvalho, da 8ª Vara do Trabalho de Niterói, que julgou parcialmente procedentes os pedidos contidos na petição inicial. Nas razões recursais de fls.147/152 (id cc8f436), o reclamante requer a majoração do valor da indenização por danos morais. A reclamada interpõe recurso ordinário às fls.155/165 (id 686c744) insistindo na improcedência do pedido de pagamento da multa do art.477 da CLT, em razão do pagamento das verbas resilitórias no prazo legal. Requer ainda seja afastada da condenação a indenização por danos morais, ou, de forma sucessiva, seja reduzido o valor arbitrado. fls.210/215 (id 2cf54bc). Contrarrazões da reclamada às fls.202/206 (id 4f7c1cd) e do autor às Depósito recursal e custas recolhidas tempestivamente (fls.166/170, ids 7d14686, 257cbbd, 7319640). Deixo de encaminhar os autos ao douto Ministério Público do Trabalho, eis que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no art. 85, I, do Regimento Interno, do E. Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. É o relatório." CONHECIMENTO Por preenchidos os pressupostos extrínsecos de admissibilidade, conheço dos recursos ordinários. MÉRITO
RECURSO DA RÉ DA MULTA DO ART. 477 DA CLT O Juízo de 1º grau reputou comprovada a quitação das verbas resilitórias no prazo legal, porém, em razão do atraso na homologação da rescisão contratual, condenou a reclamada ao pagamento da multa do art.477 da CLT. Alega a reclamada indevido o pagamento da multa do art.477 da CLT ao fundamento que as verbas resilitórias foram quitadas dentro do prazo legal. Argumenta que o atraso na homologação da rescisão contratual não enseja a penalidade aplicada, tampouco foi causado por sua culpa. Analisa-se. Trata-se de tema polêmico. Porém este Julgador entende que o prazo do pagamento é o mesmo da homologação, pois o 4º do artigo 477 da CLT determina que o pagamento deve ser feito no ato da homologação em dinheiro ou cheque visado. Isso significa dizer que o prazo é idêntico. O depósito antecipado não exclui a multa já que feito irregularmente Recurso provido para determinar o pagamento da multa do artigo 477 da CLT. Nego provimento. RECURSO DE AMBAS AS PARTES DAS INDENIZAÇÕES POR DANOS MORAIS
Afirmou o reclamante na petição inicial que a reclamada reteve sua CTPS desde da data da admissão, permanecendo em seu poder até o momento do ajuizamento da presente ação. Argumentou que, em razão da retenção, ficou impossibilitado de procurar novo emprego, sequer podendo comprovar sua experiência profissional. Posteriormente, protocolizou petição (fls.26/27, id d7f834a) informando que o documento lhe foi devolvido no momento da homologação da rescisão contratual, ocorrida em 28/04/2015. Argumentou ainda que o atraso na homologação da rescisão contratual lhe causou graves prejuízos, pois, sem a entrega das guias, ficou impossibilitado de receber o seguro-desemprego e sacar os valores referentes ao FGTS. Em razão dos fatos narrados, postulou o pagamento de indenização por danos morais. A reclamada negou a retenção da CTPS desde a data da admissão, esclarecendo que, tão logo registrou o contrato de trabalho, devolveu-a ao reclamante. Segundo afirmou na contestação, quando recebeu o aviso de dispensa, o reclamante não residia no estado do Rio de Janeiro (conforme endereço constante na ficha de registro em anexo), bem como não estava com sua CTPS para que fosse procedida à baixa do contrato, apresentando-a somente na data da homologação do seu TRCT. Alegou que o atraso na homologação do TRCT ocorreu por culpa do sindicato, ressaltando que as verbas resilitórias foram quitadas no prazo legal. O MM. Julgador de 1º grau acolheu a tese defendida pelo autor, condenando a ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de um salário do reclamante (R$5.660,88). Segundo fundamentou sua decisão, "tal violação não se deu apenas pelo aspecto do atraso na homologação, mas também pela demora na baixa da CTPS e sua devolução, eis que a alegação da devolução no momento da homologação sequer foi refutada pela defesa". Analisa-se. Não há dúvidas de que a retenção da CTPS por longo período deixa o trabalhador impossibilitado de obter novos empregos, já que a experiência profissional é elemento importante no momento da seleção, caracterizando evidente conduta ilícita do empregador, bem como o dano moral dela resultante, cabendo-lhe repará-lo civilmente. No caso dos autos, contudo, não foi produzida qualquer prova a socorrer a tese defendida na inicial, sendo da reclamante o ônus probatório em relação à alegada retenção, na forma dos artigos 818 da CLT e 333, I do CPC. Vale ressaltar que a negou expressamente a retenção da CTPS no ato de admissão do reclamante, esclarecendo que o documento foi devolvido tão logo anotada. Em relação ao atraso na homologação da rescisão contratual, não se vislumbra a existência de dano à honra ou moral do reclamante, apenas à multa já deferida. Não se entende pelo pagamento de indenização por danos morais se não comprovada qualquer afronta ao patrimônio jurídico subjetivo do suposto ofendido, de tal sorte a se caracterizar vilipêndio a algum dos atributos ligados à personalidade. Na hipótese ora retratada, não houve qualquer prova ou sequer indícios de danos à esfera moral ou patrimonial da demandante.
Assim, ante a ausência de comprovação do fato constitutivo do direito perseguido, improcede o pedido de indenização por danos morais. reclamante. Dou provimento ao recurso da reclamada e nego provimento ao do Prejudicada a análise do tema "expedição de ofícios", em razão da improcedência total da pretensão. CONCLUSÃO Pelo exposto, CONHEÇO dos recursos interpostos e, no mérito, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao da reclamada para julgar improcedente o pedido de indenização por danos morais e NEGO PROVIMENTO ao do autor. ACÓRDÃO A C O R D A M os Desembargadores que compõem a 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, CONHECER dos recursos interpostos e, no mérito, por maioria, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao da reclamada para julgar improcedente o pedido de indenização por danos morais e NEGAR PROVIMENTO ao do autor, nos termos da fundamentação do voto médio do Exmo. Sr. Des. Ivan Alemão, que redigirá o acórdão. Restaram vencidos, em parte, a Relatora em relação à aplicação da multa do art. 477, da CLT e o Juiz Eduardo Adamovich no tocante à indenização por dano moral. Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2016" DES. IVAN DA COSTA ALEMÃO FERREIRA Redator Designado