INSTITUTO INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA A AGRICULTURA TERMO DE REFERÊNCIA (TR) CONS GEO 02-09 1 IDENTIFICAÇÃO DA CONSULTORIA Consultoria para promover estudos, formular proposições e apoiar ações nos projetos associativos ou individuais do Programa Nacional de Crédito Fundiário, considerando a dimensão da sustentabilidade ambiental, do cadastro rural georreferenciado e dos serviços de registro público. 2 - JUSTIFICATIVA 2.1 Contextualização: O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) integra o Plano Nacional de Reforma Agrária (II PNRA) como um instrumento complementar à desapropriação buscando atingir o público alvo das políticas de combate a fome e de inclusão social do Governo Federal e tem como órgão gestor a Secretaria de Reordenamento Agrário - SRA, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e sempre foi uma antiga reivindicação do Movimento Sindical e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. Para cada situação há um tratamento específico existindo duas linhas de financiamento, Combate à Pobreza Rural (CPR) e Consolidação da Agricultura familiar (CAF), sendo que na linha CPR, criada para atender as famílias rurais mais necessitadas e de menor renda, os recursos podem ser usados para a aquisição da terra (Subprojeto de Aquisição de Terra - SAT) e em infra-estrutura (Subprojeto de Infra-estrutura Comunitária SIC), contando não só o SAT como o SIC, com adicionais de incentivo à inclusão e equidade de públicos diferenciados (mulheres, jovens e negros) implementados, respectivamente, no âmbito do PNCF/Mulher, Nossa Primeira Terra e Terra Negra Brasil. A estratégia de implantação e execução do Programa está baseada na descentralização das ações para os Estados e na efetiva participação das comunidades, as quais detêm o maior poder de decisão. Para assegurar a participação e o controle social atribuiu-se um adequado poder de decisão aos Conselhos de Desenvolvimento Rural, desde o nível municipal até o nacional 1
Os Conselhos Estaduais de Desenvolvimento Rural Sustentável CEDRS constituem a principal instância decisória do Programa na aprovação dos Planos e das propostas de financiamento, além de avaliar e acompanhar a sua execução, bem como promover a articulação com as outras políticas de desenvolvimento agrário nos Estados O Programa apóia-se, também, nos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural CMDR que verificam a elegibilidade dos beneficiários e opinam sobre todas as propostas iniciais de financiamento, constituindo, assim, a primeira instância consultiva e de monitoramento. Cabe destacar, que as organizações sindicais dos trabalhadores rurais tem participação efetiva nos Conselhos. No âmbito nacional compete ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável CONDRAF estabelecer as diretrizes globais e as metas do Programa e assegurar a harmonia entre esse Programa e os demais programas de reforma agrária e de desenvolvimento rural. Desde sua implantação, em 2003, o PNCF beneficiou mais de 73 mil famílias e financiou a aquisição de 1,2 milhão de hectares em todo o País, com investimentos de R$ 1,9 bilhão, provenientes do Fundo de Terras e da Reforma Agrária. Com a institucionalização, mais recentemente, do Decreto nº 6.672, de 02 de dezembro de 2008, a linha de financiamento de Combate à Pobreza Rural se consolidada e passa a ser uma política pública permanente de acesso a terra. Outra modificação importante trazida pelo Decreto nº 6.672/2008 foi à universalização desse segmento, que passou a atender os bolsões de pobreza de todo o território nacional ampliando, portanto, a sua abrangência. Paralelamente, a Lei nº 11.775 de 17 de setembro de 2008 (resultante da MP nº 432/2008) disciplina um conjunto de ações que estimula a revitalização, a renegociação e a individualização dos Projetos financiados com recursos do Fundo de Terras e da Reforma Agrária permitindo, inclusive, a regularização de milhares de agricultores no sistema creditício. Na atualidade, a questão fundamental a ser enfrentada consiste no aprimoramento e fortalecimento da execução do PNCF, cujo caminho a ser trilhado passa pela sua dimensão e alcance social, por meio de ações contínuas de capacitação dos recursos humanos envolvidos no processo de gestão, bem como pelas ações que visem o aperfeiçoamento dos procedimentos 2
operacionais e dos normativos que balizam e que compõem o arcabouço institucional que lhe dá suporte. Nessa linha, é importante o aporte de recursos técnicos que qualifiquem e aperfeiçoem as quatro atividades envolvidas com os componentes básicos do Programa, a saber: financiamento para aquisição de terras; financiamento de subprojetos de investimentos comunitários; capacitação, assessoria e apoio técnico; acesso a outros programas de apoio à agricultura familiar e de desenvolvimento rural. É no contexto do primeiro componente básico (Financiamento para Aquisição de Terras) que as Unidades Técnicas Estaduais UTEs, como órgão executores do programa, assumem a responsabilidade de verificar a elegibilidade dos imóveis, negociar preços e elaborar as propostas de financiamento sempre centradas no objetivo de garantir o desenvolvimento sustentável dos imóveis adquiridos, promovendo a conciliação entre a necessidade de preservação dos recursos da natureza e as expectativas de crescimento sócio-econômico equilibrado dos beneficiários. Conforme expresso na Lei Complementar nº 93, de 4 de fevereiro de 1998, que criou o Fundo de Terras e da Reforma Agrária, bem como no seu decreto regulamentador (Decreto nº 4.892, de 25/11/2003) e, ainda, no próprio Regulamento Operativo do PNCF, os programas, projetos, atividades e operações especiais que venham a ser financiados com recursos do Fundo deverão levar em conta, dentre outras, as questões referentes a sustentabilidade ambiental, que permeiam também a dimensão do cadastro rural georreferenciado e dos serviços de registro público. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 trouxe significativo avanço à proteção do meio ambiente. O tema, que anteriormente era objeto de normas infraconstitucionais, sujeita a modificações com menor rigidez, foi inserido na Constituição considerando o pressuposto de que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo este, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida" elevando-o, ainda, à categoria de direito fundamental de todo cidadão. Assim, especialmente em relação ao meio ambiente há consenso quanto à necessidade de se implementar, em nível nacional, ações de regularização e revitalização dos projetos financiados pelo Fundo de Terras e Reforma Agrária com a parceria dos gestores 3
estaduais e das instituições representativas dos trabalhadores rurais, à luz dos contratos sociais que definem responsabilidades, direitos e deveres, não só por parte dos beneficiários, mas de todos os atores envolvidos no processo. Nada mais natural, portanto, do que procurar fomentar essas ações disponibilizando às Unidades Técnicas Estaduais (UTE) e demais parceiros um conjunto de normas, procedimentos e metodologias aplicáveis na qualificação da gestão ambiental dos antigos e dos novos assentamentos do PNCF e que são os alvos do presente Termo de Referência. Deve-se frisar, como reforço de argumentação, que nas propostas de financiamento apresentadas ao PNCF já é facultada a previsão de recursos para cobrir investimentos básicos incluídos, dentre outros, os investimentos para recuperação das áreas de reserva legal ou de preservação permanente ou de eventuais passivos ambientais devendo-se considerar também os desdobramentos decorrentes das leis de georreferenciamento e de registros públicos. 2.2 Enquadramento da consultoria: Esta Consultoria contribuirá para o aperfeiçoamento do Programa Nacional de Crédito Fundiário e está inserida no Projeto de Cooperação Técnica da seguinte forma: Objetivo Imediato 2 Consolidar mecanismos de dinamização dos projetos financiados pelo PNCF. Produto 2.4 Estudos e metodologias para Avaliação Ambiental Estratégica das regiões de atuação do PNCF desenvolvidos. Produto 2.5 - Estratégias de de educação e gestão ambiental concebidas e executadas. Produto 2.6 Metodologias de regularização e revitalização dos projetos financiados pelo Fundo de Terras propostas e validadas. 3 OBJETIVO GERAL Contribuir para o aprimoramento do Programa Nacional de Crédito Fundiário compreendendo a adoção nos seus projetos de medidas visando à proteção do meio ambiente, apoiadas no marco regulatório do cadastro rural georreferenciado e do sistema de registros públicos. 4
4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 4.1 Desenvolver avaliação de marcos regulatórios, envolvendo o cadastro federal de imóveis rurais e conservação e proteção do meio ambiente; 4.2 Desenvolver estudos sobre a individualização de projetos prevista na Lei n 11.775/2008 e os desdobramentos no âmbito do sistema de registro imobiliário, associadamente com a Lei de Georreferenciamento - Lei n 10.267/2001; 4.3 Contribuir na elaboração de proposições para incentivar projetos de recuperação e conservação de recursos naturais, especialmente nas áreas de preservação permanente e de reserva legal; 4.4 Contribuir na elaboração de documento com conclusões e proposições consolidadas para formulação dos projetos do PNCF, considerando conjuntamente a dimensão da proteção do meio ambiente, associadamente com marcos regulatórios do cadastro rural georreferenciado e do sistema de registros públicos. 5 - PRODUTOS O consultor deverá apresentar seis (06) produtos, de acordo com o prazo estabelecido no item 7 deste termo de Referência, que conterão: Produto 1: Documento contendo estudo da base legal e normas específicas do cadastro federal de imóveis rurais aplicáveis aos projetos do PNCF, relacionadas com o módulo rural, módulo fiscal e fração mínima de parcelamento com vistas a regularização dos projetos financiados. Produto 2: Documento contendo análise do marco regulamentador relativo à proteção e conservação ambiental, com foco nos dispositivos que tratam das áreas protegidas particulares, de preservação permanente e de reserva legal. Produto 3: Documento contendo abordagem sobre a individualização de projetos do PNCF prevista na Lei n 11.775/2008 e os desdobramentos no âmbito do sistema de registro imobiliário, inclusive da Lei de Georreferenciamento - Lei n 10.267/2001. Produto 4: Documento contendo análise das questões relacionadas com o licenciamento ambiental exigível quando da instalação, ampliação e funcionamento de empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação da natureza. 5
Produto 5: Documento contendo estudo e proposições para incentivar projetos de recuperação e conservação de recursos naturais, especialmente nas áreas de preservação permanente e de reserva legal degradadas e alteradas, com incentivo para a reposição da cobertura vegetal. Produto 6: Documento contendo conclusões e proposições consolidadas para formulação dos projetos do PNCF, considerando a dimensão do cadastro rural georreferenciado, da proteção ambiental e dos serviços de registro público. 6 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS A consultoria, com base nas diretrizes definidas pelo Departamento de Crédito Fundiário da Secretaria de Reordenamento Agrário, desenvolverá as seguintes atividades: consultar a legislação de regência do PNCF, especialmente Decreto nº 4.892, de 25/11/2003 e Decreto nº 6.672, de 02/12/2008, que regulamentam a Lei Complementar nº 93, de 04/02/1998, Lei n 11.775, de 17/09//2008, bem como o Regulamento Operativo e toda a legislação e normatização correlata; consultar a legislação e normatização do cadastro federal de imóveis rurais, relacionadas com o módulo rural, módulo fiscal e fração mínima de parcelamento, bem como Lei de Georreferenciamento (Lei n 10.267/2001); consultar a legislação e normatização relacionados com a proteção e conservação ambiental; realizar articulações com instituições de governo no âmbito federal e estadual, especialmente junto aos órgãos e instituições atuantes no segmento de cadastro técnico georreferenciado e de questões ambientais, agrárias e fundiárias; participar de reuniões técnicas com as áreas operacionais da Secretaria de Reordenamento Agrário, em especial no âmbito da Coordenação-Geral de Reordenamento Agrário (CGRA) e Departamento de Crédito Fundiário (DCF), inclusive Unidades Técnicas Estaduais (UTEs). 7 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO E DURAÇÃO DA CONSULTORIA Produto - % 5.1 15 % 5.2 15 % Meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 6
5.3 15 % 5.4 15 % 5.5 15 % 5.6 25 % 8 INSUMOS As despesas referentes ao desenvolvimento das atividades previstas nesta Consultoria serão custeadas pelo Projeto de Cooperação Técnica para a Consolidação do Crédito Fundiário como Instrumento de Política Pública e inclui o pagamento de diárias, passagens aéreas e terrestres, bem como os equipamentos e materiais didáticos necessários. 9 QUALIFICAÇÕES PROFISSIONAIS Formação Superior em Ciências Agrárias ou afins, pelo menos 08 (oito) anos de experiência em georreferenciamento, sensoriamento remoto e recursos naturais. Desejável conhecimento em obtenção de terras, regularização fundiária, avaliação de imóveis rurais e procedimentos para registro público de imóveis. 10 MÉTODO DE SELEÇÃO A seleção ocorrerá em três fases: 1ª Inscrição dos candidatos ao Termo de Referência no Portal do PNCF e IICA; 2ª Análise curricular para fins de avaliação da Formação e Experiência requerida pela Comissão de Seleção do Ministério do Desenvolvimento Agrário MDA para certificação dos itens exigidos no edital de seleção; 3ª Entrevista pelo Departamento de Crédito Fundiário da Secretaria de Reordenamento Agrário do MDA para avaliação complementar do perfil profissional. 11 LOCALIZAÇÃO DA CONSULTORIA país. A consultoria terá sede em Brasília (DF), com disponibilidade para viajar por todo 12 RESPONSABILIDADE PELA SUPERVISÃO DA CONSULTORIA 7
As ações, os produtos e resultados serão supervisionados, analisados e avaliados pelo Departamento de Crédito Fundiário que será responsável também pela aprovação ou não dos produtos da consultoria. Poderão ser feitos ajustes neste Termo de Referência no que se tange ao cronograma de execução desde que de comum acordo entre as partes e com antecedência mínima de 30 (trinta) dias. O atraso na entrega dos produtos especificados por um prazo superior a 60 (sessenta) dias implicará na suspensão do Contrato de Consultoria. 13 CUSTO TOTAL Os honorários referentes à contratação dos serviços desta consultoria correspondem ao valor total de R$ 96.000,00 (noventa e seis mil reais) de acordo com o Cronograma de entrega dos produtos previstos no item 7, a serem pagos mediante a entrega e aprovação dos produtos pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário. 14 FORMA DE PAGAMENTO E APROVAÇÃO DOS PRODUTOS Os pagamentos dos honorários da consultoria serão realizados de acordo com a aprovação dos produtos pelo Departamento de Crédito Fundiário da Secretária de Reordenamento Agrário SRA/MDA e de acordo com cronograma de entrega e percentuais do custo total da consultoria definidos nos itens 5 (cinco), 6 (seis) 7 (sete) e 12 (doze) deste Termo de Referência, a serem pagos conforme discriminado a seguir: Produto: 5.1 R$ 14.400,00 (quattorze mil quatrocentos reais) 15 % do valor total do contrato Produto: 5.2 R$ 14.400,00 (quattorze mil quatrocentos reais) 15 % do valor total do contrato Produto: 5.3 R$ 14.400,00 (quattorze mil quatrocentos reais) 15 % do valor total do contrato Produto: 5.4 R$ 14.400,00 (quattorze mil quatrocentos reais) 15 % do valor total do contrato Produto: 5.5 R$ 14.400,00 (quattorze mil quatrocentos reais) 15 % do valor total do contrato Produto: 5.6 R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais) 25% do valor total do contrato 15 FONTE DE FINANCIAMENTO Os recursos demandados nesta consultoria são oriundos da Secretaria de Reordenamento Agrário SRA do MDA, repassados ao Projeto de Cooperação Técnica Consolidação do Crédito Fundiário como Instrumento de Política Pública BRA/IICA/08/003. 8
16 ANEXOS Aos/Às interessados(as) em conhecer o Programa Nacional de Crédito Fundiário recomenda-se acessar o Portal do Programa na internet no seguinte endereço: www.creditofundiario.org.br 9