EXMA. SENHORA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS DO ESTADO DA PARAÍBA AMPB, entidade civil de defesa das prerrogativas e direitos da magistratura paraibana, sediada na Avenida João Machado, nº 553. Edifício Plaza Center, 3º andar, sala 307, Centro, João Pessoa PB, neste ato representado pelo seu presidente Juiz Horácio Ferreira de Melo Júnior, vem, à presença de Vossa Excelência, encaminhar pedido de alteração do Regimento Interno do Tribunal de Justiça da Paraíba, com o escopo de permitir a participação de todos os juízes vitalícios no processo de escolha da mesa diretora do Tribunal. Inicialmente, urge esclarecer que a referida pretensão busca democratizar o processo de escolha da mesa diretora do Tribunal de Justiça da Paraíba, de modo a permitir a participação de todos aqueles que compõem o Poder Judiciário no processo de escolha dos seus dirigentes. Trata-se, em verdade, de revisitar o conceito de democracia e de representação aplicado aos órgãos de cúpula do Poder Judiciário, com o escopo de garantir que não haja retrocesso no processo social-democrático, possibilitando que
todos os juízes que integram o Poder Judiciário, desde que vitalícios, participem efetivamente da escolha dos seus dirigentes através do direito ao voto. O desiderato desta modificação é a busca do aperfeiçoamento do Poder Judiciário brasileiro. Sabe-se da inegável importância da garantia do direito a voto a todos os juízes, sem distinções e quebra da isonomia, de modo que estes participem, também, da escolha dos membros dos órgãos diretivos das Cortes de Justiça. Por outra banda, urge destacar que recentes decisões judiciais e administrativas estão reconhecendo que as normas restritivas da Lei Orgânica da Magistratura devem ser interpretadas em conformidade com a Constituição Federal de 1988. Nesse contexto, destaca-se recente decisão do Ministro Ricardo Lewandowski que deferiu o pedido de liminar nos autos do Mandado de Segurança com o fito de suspender os efeitos da decisão proferida pelo Plenário do Conselho Nacional de Justiça, nos autos do Pedido de Providência 0005039-51.2013.2.00.0000, ficando restabelecida, até julgamento definitivo deste Mandado de Segurança, a eficácia da Resolução 606/2013 do órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo. A decisão do CNJ determinou que o TJSP se abstivesse de dar abertura ao procedimento eleitoral de escolha dos seus dirigentes, nos termos da Resolução supramencionada que possui o seguinte teor: Para os cargos de direção, concorram todos os Desembargadores do Tribunal, mediante inscrição, no prazo do art. 18 do Regimento Interno, vedada a inscrição simultânea para mais de um cargo, sob o argumento de confronto com o art. 102 da LOMAN. Ocorre que o entendimento que prevaleceu foi o dado pelo Ministro Lewandowski antes mencionado, suspendendo os efeitos da decisão do CNJ, e, em ato contínuo, restabelecendo a eficácia da Resolução 606/2013 do TJSP até julgamento final, o que permite, em última análise, que todos os Desembargadores daquele Tribunal concorram aos cargos diretivos.
Urge destacar a excelência das palavras do Ministro Marco Aurélio, em suas manifestações em defesa da não recepção do art. 102 da LOMAN pela Carta Política de 1988. Vejamos: ( ) Presidente, venho insistindo e vou insistir um ouço mais, porque surge o dever de preservar a intangibilidade da Carta de 1988, que os tempos mudaram. Os ares constitucionais de 1988 e os atuais trouxeram à baila a autonomia administrativa e financeira dos tribunais. E, após se proclamar esses predicados, houve o silencia total, na Carta de 1988, quanto à disciplina da direção dos tribunais. O silêncio mostrou-se eloqüente. ( ) A interpretação sistemática da Carta segundo o ministro Sepúlveda Pertence, da decaída e da atual, é conducente a concluir-se que esta última não submete mais a Loman a eleição dos dirigentes do tribunal. O silêncio mostra-se, como disse, eloquente. Não há na Constituição de 1988, mais precisamente no artigo 96, inciso I ao contrário do que ocorria na Carta anterior, no art. 115, inciso I, que versava a eleição dos dirigentes dos tribunais, a remessa ao que previsto na Loman. Por isso, sustentei, já no Plenário, que o artigo 102 da Loman não foi recepcionado pela Constituição de 1988, a não ser que partamos e tanto vulnera a lei aquele que inclui, no campo de aplicação, hipótese não contemplada como o que exclui para a mesclagem dos dois sistemas: o anterior, que remetia realmente, quanto à escolha dos dirigentes, à Loman, e o atual, que já não remete, é silente. E mais do que isso: não se tem, entre os princípios a serem observados quando da aprovação da nova Lei Orgânica da Magistratura,
qualquer alusão, ao contrário do que ocorria a Carta de 1969, à regência da escolha dos dirigentes Grifei Nesse diapasão, verifica-se que há forte posicionamento de Ministro da Corte Suprema no sentido de não recepção do art. 102 da Loman pela Carta Magna de 1988. A Corte Suprema autorizou, nesse mesmo sentido, a interpretação mais benéfica do art. 102 da LOMAN e, em ato contínuo, o TRT da 4ª Região, através de decisão administrativa, encaminhou consulta prévia a todos os juízes para a eleição de sua nova mesa diretora, democratizando, desta feita, o processo de escolha. A decisão em comento do Ministro Lewandowski bem como a notícia acerca da alteração do Regimento Interno do TRT da 4ª Região foram anexadas ao presente petitório e poderão ser analisadas através dos links: http://s.conjur.com.br/dl/eleicoes-tj-sp-liminar-lewandowski.pdf http://www. trt4. j us. br/portal/portal/trt4/ comunicacao/n oticia/in fo/noticiawindow? cod=784300& action=2& destaque=false& filtro s= Nesse contexto, o movimento DIRETAS JÁ no Poder Judiciário, desenvolvido pelas associações locais de magistrados e pelas associações nacionais, notadamente a AMPB Associação dos Magistrados da Paraíba e AMB Associação dos Magistrados Brasileiros, espera que o Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba efetive sua posição vanguardista e proceda à alteração do seu Regimento Interno, de modo que defina norma que inclua os juízes vitalícios entre os eleitores para seus cargos diretivos.
Por outra banda, caso assim não entenda, utilize as diretrizes fixadas na Resolução 606/2013 do TJSP, concluindo pela possibilidade de todos os Desembargadores que compõem o Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba concorrer aos cargos diretivos. III. Pedido Por tudo o exposto, a Associação dos Magistrados da Paraíba AMPB requer que este Egrégio Tribunal de Justiça adote as providências necessárias com o fito de modificar o Regimento Interno deste Tribunal de Justiça, especialmente o art. 22 e seguintes do aludido diploma, a fim de compatibilizar com o entendimento dos Tribunais Superiores e, sobretudo, aos ditames estampados na Constituição Federal, de modo a permitir a participação, através de voto, de todos os juízes vitalícios que compõem este Poder na escolha da mesa diretora. Subsidiariamente, caso o pedido supramencionado não seja acolhido, utilize como parâmetro a Resolução nº 606/2013 de Tribunal de Justiça de São Paulo, de modo a permitir que todos os Desembargadores que compõem otribunal concorram aos cargos diretivos. Nesses termos, Pede deferimento. João Pessoa, 05 de dezembro de 2013. Juiz Horácio Ferreira de Melo Júnior Presidente da AMPB