EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 33ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE SALVADOR DO ESTADO DA BAHIA

Transcrição

1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 33ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE SALVADOR DO ESTADO DA BAHIA PROCESSO Nº SINDICATO DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DA BAHIA - SINDPOC, já qualificado nos autos do processo de número em epígrafe, movido em face da ASSOCIAÇÃO DOS INVESTIGADORES DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DA BAHIA, também já qualificada, vem, perante Vossa Excelência, por seu advogado infrafirmado, requerer e informar o que se segue: 1. Consoante acórdão exarado já transitado em julgado em 15/06/2015, a Demandada ficou IMPEDIDA de praticar conduta como se Sindicato fosse ou criar novo sindicato em mesma base territorial para representar a mesma categoria, qual seja Investigadores de Polícia Civil. 2. Vejamos, in verbis, o acórdão prolatado: DOU PROVIMENTO ao recurso do Sindicato Reclamante reformando a decisão de base, para tornar nulos os efeitos da Assembleia realizada no dia 14/12/2012, declarar invalida a

2 dissociação/desmembramento do SINDICATO DOS POLICIAIS CIVIS E SERVIDORES DA SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DA BAHIA, e consequentemente, reconhecer o mesmo como único representante sindical dos Investigadores da Polícia Civil do Estado da Bahia. ISTO POSTO, acordam os Desembargadores da 5ª. TURMA do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, UNANIMAMENTE, DAR PROVIMENTO ao recurso do Sindicato Reclamante reformando a decisão de base, para tornar nulo os efeitos da Assembleia realizada no dia 14/12/2012, declarar inválida a dissociação/desmembramento do SINDICATO DOS POLICIAIS CIVIS E SERVIDORES DA SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DA BAHIA, e consequentemente, reconhecer, o mesmo como único representante sindical dos Investigadores da Polícia Civil do Estado da Bahia. Invertida a sucumbência." 3. OCORRE QUE, PARA A SURPRESA DO AUTOR, EM QUE PESE A TOTAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO E OS EFEITOS DELA DECORRENTES, CONTINUA A REFERIDA ASSOCIAÇÃO PRATICANDO ATOS COMO SE SINDICATO FOSSE, INCLUSIVE, MARCANDO NOVAS ASSEMBLEIAS A FIM DE PROCEDER A DISSOCIAÇÃO/DESMEMBRAMENTO DO ORA REQUERENTE, VEJAMOS:

3 4. Ora Excelência, a manutenção das práticas vedadas pelo acórdão supramencionado tão contumaz que os Representados sequer tentam disfarça sua realização, pelo contrário, publicam uma nota no Diário Oficial da União no dia 05 de abril de 2016, convocando os Investigadores de Polícia Civil do Estado da Bahia, inclusive o próprio Requerente (SINDPOC) para uma Assembleia onde a pauta principal é a DISSOCIAÇÃO DO SINDPOC (fato já pacificado por força de decisão judicial). ABSURDO!

4 5. EXTRAPOLA O LIMITE DO ABSURDO O DESPREZO DESTES PELA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA, HAJA VISTA DESCUMPRÍ-LA DE FORMA ESCANCARADA SEM MEDIR AS CONSEQUÊNCIAS DESTES ATOS ILEGAIS. 6. Logo, evidenciado está o desdém destes indivíduos em relação à JUSTIÇA BRASILEIRA. 7. A Demandada, dolosamente, e ignorando o imposto em comando judicial continua a convocar Assembleias com o objetivo de dissociar o Requerente e criar um novo Sindicato de Investigadores de Polícia Civil, agindo como se a decisão judicial proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho fosse desprovida de executividade, ou que tal comando não possuísse eficácia perante estes. 8. É UMA VERDADEIRA AFRONTA AO RESPEITO DA FORÇA E AUTORIDADE DO PODER JUDICIÁRIO, A PERSISTÊNCIA DA DEMANDADA EM DESCUMPRIR ATÉ A PRESENTE DATA A DECISÃO JUDICIAL PROLATADA. 9. A EXECUTADA FAZ O PODER JUDICIÁRIO DE CHICANA AO PERMANECER VIOLANDO O COMANDO JUDICIAL. VERDADEIRA PIADA COM A DIGNIDADE DA JURISDIÇÃO E DESSE JUÍZO!!!! 10. Ora, o estado democrático de direito tem o monopólio da jurisdição, no entanto, não é sua função apenas dizer o direito, mas, principalmente, buscar os meios para satisfazê-lo com eficácia.

5 11. Ao buscar o Judiciário, o Requerente não esperou apenas a apreciação por parte do Poder Judiciário de lesão ou ameaça a direito, mediante a provocação do exercício da jurisdição, mas também a tutela de forma concreta do direito conferido pela ordem jurídica. Desta forma o Judiciário com todo o seu aparato, deve estabelecer meios para a efetivação de seu comando, visto que em face do descumprimento da ordem judicial pela Demandada, está causando inúmeros prejuízos de ordem material a Requerente, e, consequentemente, enfraquecendo a justiça e fortalecendo a insegurança jurídica. 12. O princípio da inafastabilidade, ou proteção judiciária, insculpido no art. 5º XXXV, da Constituição da República, garante, em nível constitucional, o direito à adequada tutela jurisdicional. 13. Nesse diapasão, o direito a adequada tutela jurisdicional é garantido pela Constituição Federal e, sendo assim, o Judiciário, na pessoa do juiz deve obrigatoriamente utilizar o sistema processual de modo a permitir a efetividade da tutela dos direitos. Não sendo assim, o sistema processual brasileiro estará inadequado às exigências constitucionais. 14. Assim, indaga-se, in casu, onde está localizado o princípio da efetividade da tutela jurisdicional? 15. Destarte, o direito de acesso à justiça, ou seja, o direito à efetividade da jurisdição é um direito fundamental instrumental, pois sua não efetividade pode comprometer a efetividade de todos os outros direitos fundamentais.

6 16. Nessa senda, a resistência injustificada às ordens judiciais é considerada, ato atentatório à dignidade da justiça nos termos do art. 774, IV do Novo Código de Processo Civil. Nesse caso é possível a cumulação da sanção prevista no art. 774, parágrafo único com a prevista no art. 77, parágrafo 2º, ambos do NCPC, porque além de ato atentatório a dignidade da justiça, a resistência injustificada às ordens judiciais também é ato atentatório à decência da jurisdição. In verbis: Art Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que: (...) IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais; Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: (...) 2 o A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta. 17. Isto posto, e, por estar o pleito amparado na Constituição, e demais legislações infraconstitucionais, requer, singelamente, a V. Exa., que proceda a intimação dos Demandados, especialmente o Sr. Arivaldo Alves dos Santos, para que não procedam com a prática de qualquer

7 ato já obstado pela decisão judicial transitada em julgado sob pena de configuração de descumprimento de ordem judicial, utilizando para tanto a fixação de astreinte como meio coercitivo para a efetivação desta ordem judicial. Nestes termos, Pede deferimento. Salvador, 26 de Abril de BRUNO DE ALMEIDA MAIA OAB-BA