AO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) RELATOR(A)
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- Vergílio Marroquim Canela
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1 AO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) RELATOR(A) PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS ASSUNTO: REQUER SEJA REGULAMENTADO, NO ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO NACIONAL, O PERÍODO DE AFASTAMENTO DE MAGISTRADO PARA EXERCER CARGO DE ASSESSOR DA PRESIDÊNCIA OU AUXILIAR DA CORREGEDORIA JUNTO AOS TRIBUNAIS. A ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS ( AMB ), associação civil sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob o nº / , representativa dos interesses da magistratura em âmbito nacional (estatuto social anexo), com sede no SCN, Quadra 2, Bloco D, Torre B, Sala 1.302, Shopping Liberty Mall, Brasília-DF, CEP , vem, por seu advogado (doc. j.), na presença deste egrégio Conselho Nacional de Justiça ( CNJ ), formular pedido de providências (artigo 109 do RICNJ), com o objetivo de que seja regulamentado no âmbito do Poder Judiciário nacional o período de afastamento de magistrado para exercer cargo de assessor da Presidência ou auxiliar da Corregedoria junto aos Tribunais, e o faz pelas razões de fato e de direito adiante expostas. 1
2 LEGITIMIDADE ATIVA. ENTIDADE REPRESENTATIVA DA MAGISTRATURA EM ÂMBITO NACIONAL. MATÉRIA COMPATÍVEL COM OS OBJETIVOS ESTATUTÁRIOS E ASSOCIATIVOS. 1. A AMB é uma entidade civil que tem como filiados, aproximadamente, 14 mil juízes em todo o Brasil. Congrega, ainda, 36 associações regionais, sendo 27 de juízes estaduais, 7 de juízes trabalhistas e 2 de militares. 2. Fundada em 1949, a AMB tem como principais objetivos a defesa da magistratura, a sua aproximação com a sociedade e a participação nos grandes debates nacionais, no que se refere à defesa da ordem democrática e republicana, bem como dos valores fundamentais do Estado de Direito. 3. O tema tratado neste pedido de providências regulamentação do período de afastamento de magistrado para exercer cargo de assessor da Presidência ou auxiliar da Corregedoria juntos aos Tribunais afigura-se como de interesse de todo o Poder Judiciário nacional, uma vez que busca disciplinar questão de suma importância, que é a gestão eficiente, impessoal e transparente da administração da atividade judiciária. RAZÕES DE FATO E DE DIREITO. NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO DO PRAZO DE AFASTAMENTO DE MAGISTRADOS PARA ASSESSORAR A PRESIDÊNCIA OU A CORREGEDORIA DOS TRIBUNAIS. 4. Historicamente, a figura do juiz auxiliar/assessor da Presidência ou da Corregedoria é bastante difundida perante os Tribunais brasileiros. Sua atividade é fundamental para aperfeiçoar o funcionamento institucional do Judiciário, uma vez que o assessor desempenha relevantes atribuições, seja na gestão e na administração do Órgão, seja no auxílio às atividades de cunho judicante (é o caso, por exemplo, dos juízes auxiliares das corregedorias-gerais). 5. Outro ponto relevante da função de assessoria é permitir que o magistrado tenha vivência e contato com as diferentes atividades de um Tribunal de Justiça, instituição que apresenta rotina de trabalho complexa e bastante diversa daquela enfrentada pelos juízes no dia-a-dia de sua comarca. 6. Esse contato próximo com as múltiplas rotinas de um Tribunal prestar auxílio nos julgamentos colegiados, implementar e elaborar rotinas, procedimentos e políticas judiciárias, trocar experiências interdisciplinares com servidores de outros ramos profissionais e participar ativamente na condução administrativa é missão extremamente relevante e que requer um compromisso tão importante quanto o mister de julgar. 2
3 7. Assim, apesar de não existir disciplina específica para a função de juiz assessor na Lei Complementar nº 35/79 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional LOMAN), verifica-se uma regulamentação difusa no âmbito de cada Tribunal, vez que tal instituto encontra-se previsto nos respectivos Códigos de Organização Judiciária e em normas correlatas. 8. Ocorre que, conquanto encontre previsão normativa local, por vezes tais normas não disciplinam o prazo pelo qual o magistrado poderá ocupar a função de assessor/auxiliar da Presidência ou da Corregedoria, o que, de algum modo, pode vir a comprometer a prestação da atividade jurisdicional, uma vez que o juiz que se desincumbe da função de assessoria junto ao Tribunal, na quase totalidade dos casos, permanece afastado de suas funções judicantes primárias enquanto perdurar seu assessoramento. 9. Daí porque, além do citado prejuízo para as atividades jurisdicionais do magistrado-assessor, é possível se verificar prejuízo, também, para a pessoa do magistrado que, ao ficar por período indefinido no exercício de uma função que lhe é atípica, pode ter sua prática laboral comprometida quando do retorno à judicatura. 10. É igualmente relevante o fato de que grande parte dos afastamentos autorizados aos magistrados para o exercício de funções atípicas o são por meio de mandatos, isto é, por lapsos temporais previamente determinados. 11. O próprio exercício das relevantes funções de presidente e de corregedor-geral dos Tribunais é realizado de modo transitório, durante período predeterminado, de modo que não se afigura justificável que a função de assessoria, essencialmente temporária, possa se transformar em atividade permanente. 12. A periodicidade nestas funções pode se revelar igualmente saudável tanto para o magistrado como para o Tribunal, pois permitirá à instituição a alternância em seus quadros de assessoria e, conseqüentemente, a renovação constante de práticas, idéias e perfis de trabalho. 13. Nessa linha de raciocínio, seria razoável que o prazo de afastamento do juiz para a função de assessoria guardasse compatibilidade com o mandato do presidente ou do corregedor ao qual auxilia, ou seja, presidentes ou corregedores-gerais e juízes assessores teriam mandatos coincidentes. 14. Observe-se, ainda a título de ilustração, que a LOMAN autoriza o afastamento do magistrado para exercer a presidência de associação de classe (artigo 72, III), cujo mandato, em regra, é definido pelo estatuto de cada entidade, para períodos determinados. 3
4 O CNJ ENQUANTO ÓRGÃO DE GESTÃO, ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO PODER JUDICIÁRIO. REGULAMENTAÇÃO ADMINISTRATIVA, EM SENTIDO AMPLO, DE MATÉRIA DE INTERESSE PÚBLICO, SENDO RESPEITADA A AUTONOMIA E O AUTOGOVERNO DOS TRIBUNAIS. 15. Tem-se que a regulamentação desta matéria pelo CNJ encontra amparo nas competências que lhe são constitucionalmente atribuídas, haja vista que cabe a este e. Conselho controlar a atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e zelar pela observância dos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência, podendo expedir atos regulamentares no âmbito de sua competência ou recomendar providências (artigo 103-B, par. 4º, incisos I e II da CR/88). 16. Para afastar eventuais dúvidas acerca da competência do CNJ para regulamentar a questão ora posta, é importante consignar, desde logo, que o presente pedido de providências não tem como objeto a regulamentação, em si, de funções, competências e atribuições devidas ao cargo de juiz assessor tendo em vista que matéria dessa envergadura deve ser submetida ao princípio da reserva legal, cuja iniciativa é sabidamente cabível a cada Tribunal. 17. O que a AMB está a encaminhar ao CNJ é pedido estrito de regulamentação tãosomente do prazo de afastamento de magistrado para assessoria, conteúdo este de cunho eminentemente administrativo, compatível, portanto, com as atribuições deste Conselho. 18. Também, deve-se ressaltar que o pedido aqui veiculado apresenta objeto amplo, que abrange regulamentação a ser observada por todos os órgãos do Judiciário, fato este que encontra rigorosa pertinência com os objetivos para os quais foi concebido este e. CNJ: o de funcionar como órgão superior de gestão, administração e planejamento estratégico, nos limites traçados pelo texto constitucional e respeitando as particularidades, o autogoverno e a independência do Poder Judiciário. DO PEDIDO 19. Pelo exposto, respeitosamente, requer a AMB que este e. CNJ: a) Regulamente o prazo de afastamento do magistrado para atuar como assessor/auxiliar de presidente ou corregedor-geral de Tribunal, período este que deve ser, preferencialmente, coincidente com o mandato da autoridade assessorada; 4
5 b) Determine aos Tribunais que implementem normas em âmbito local, se for o caso, para regulamentar o afastamento de seus juízes assessores. Termos em que, pede deferimento. Brasília-DF, de Annibal Sabino de Freitas Rodrigo Formiga Sabino de Freitas OAB/MG nº OAB/MG nº
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