A INCOMPATIBILIDADE DE NORMAS VIGENTES COM A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

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Transcrição:

DOI: 10.7213/UNIVERSITAS.7485 Licenciado sob uma Licença Creative Commons A INCOMPATIBILIDADE DE NORMAS VIGENTES COM A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS THE INCOMPATIBILITY OF THE CURRENT STANDARDS WITH THE NATIONAL SOLID WASTE POLICY Andressa Gotti Engenheira Ambiental em formação, 10º Período, PUCPR, Brasil. E-mail: andressa.gotti@gmail.com. RESUMO A logística reversa é um instrumento criado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos de desenvolvimento econômico e social que visa garantir o retorno de produtos perigosos, após o consumo, para reaproveitamento ou destinação segura. Entretanto esse sistema ainda não é totalmente eficaz no Brasil por falta de estratégias e procedimentos relacionados. À logística reversa, porém, por falta de fiscalização, muitas vezes, as empresas deixam de seguir a norma. Alguns Estados brasileiros estão começando a se organizar para elaborar planos de ação com o objetivo de atender a legislação nacional de resíduos sólidos, como por exemplo, o Estado do Paraná, o qual realizou no mês de setembro de 2012 um encontro sobre logística reversa com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná juntamente com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, onde empresas interessadas apresentaram propostas de estratégias e metas para o funcionamento da logística reversa. Palavras-chave: Resíduos Sólidos. Logística Reversa. Política Nacional de Resíduos Sólidos. ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 118

ABSTRACT Reverse logistics is an instrument created by the Brazilian Solid Waste Policy for economic and social development that aims to ensure the return of dangerous products, after use, to recycling or safe disposal. However, this system is not yet fully effective in Brazil by inadequacy of strategies and procedures, and lack of supervision, many times companies fail to follow the norm. Some States are beginning to get organized to elaborate action plans in order to meet the national solid waste legislation, as for example the State of Paraná, which promoted in September 2012 an event on reverse logistics with the Federation of Industries of the State of Paraná along with the State Department of Environment, in which interested companies were able to present proposals for strategies and goals for the operation of reverse logistics. Keywords: Solid Waste. Reverse Logistics. National Solid Waste Policy. 1 INTRODUÇÃO Todo sistema de produção e consumo, natural ou artificial, implica na geração de certa quantidade de subprodutos seja na forma de resíduos, efluentes e emissões. Levando-se em consideração a natureza, a localização e as quantidades geradas, estes residuais podem apresentar problemáticas no setor econômico, ambiental e social. O problema econômico existe na medida em que eles constituem um gasto importante de matéria-prima e de energia, o dano ambiental é relacionado com a perturbação dos meios naturais e o social está associado com o comprometimento da qualidade de vida dos seres humanos. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (2010), elaborado pela Abrelpe, a geração de resíduos sólidos urbanos no país está crescendo: de 2009 a 2010 a geração de resíduos cresceu 6,8%, superando a taxa de crescimento populacional urbano que foi cerca de 1% no mesmo período (ABRELPE, 2010). A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Federal 12.305, de 02/08/2010, regulamentada pelo Decreto 7.404, de 2010, dispõe objetivos, princípios e instrumentos, bem como diretrizes relativas à gestão integrada e ao ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 119

gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, incluindo os perigosos, de maneira inovadora e articulada com outras Políticas, como a Política Federal de Saneamento Básico. A Política Nacional de Resíduos Sólidos traz algumas definições: Gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos, e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei; Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas à busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável. A documentação das ações de gerenciamento e gestão de resíduos é realizada através de um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Para isso, é importante seguir as orientações das normas relacionadas aos resíduos gerados no local de implantação do plano. Entretanto, algumas normas vigentes se encontram incompatíveis com as exigências da política de resíduos, faltando, muitas vezes, procedimentos ou fiscalização do cumprimento dessas normas para atender a legislação. 2 NORMAS PARA TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS As fontes geradoras de resíduos sólidos em um município, consideradas pelo Manual de Orientação para Planos de Gestão de Resíduos Sólidos, realizado em 2012 pelo Ministério do Meio Ambiente, foram baseadas na Política Nacional de Resíduos Sólidos. As principais fontes são: Resíduos Sólidos Domiciliares RSD, ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 120

Resíduos Sólidos Domiciliares Rejeitos; Resíduos da Limpeza Pública; Resíduos da Construção Civil e Demolição RCC; Resíduos Volumosos; Resíduos Verdes; Resíduos dos Serviços de Saúde RSS; Resíduos com Logística Reversa Obrigatória; Resíduos dos Serviços Públicos de Saneamento Básico; Resíduos Sólidos Cemiteriais; Resíduos de Óleos Combustíveis; Resíduos Industriais; Resíduos Agrosilvopastoris; Resíduos dos Serviços de Transportes; Resíduos de Mineração (MMA, 2012). Cada uma dessas fontes geram diferentes tipos de resíduos, os quais são classificados de acordo com as suas características físicas (secos ou molhados) químicas (orgânicos ou inorgânicos) e aos riscos potenciais à saúde humana e ao meio ambiente (Perigosos ou Não Perigosos) (AZEVEDO, 2003). Neste cenário, devem-se gerenciar esses resíduos de acordo com as suas características, tratandoos e destinando-os de maneira ambientalmente adequada. Para isso, devem-se seguir normas e legislações relacionadas. Com novos paradigmas de gerenciamento, criados pela própria Política Nacional de Resíduos Sólidos, antes de propor a disposição final dos resíduos em aterros sanitários deve-se priorizar a redução, possibilidade de reaproveitamento e de tratamento. Existem diversas tecnologias de tratamento, porém muitas vezes não fica claro qual é a melhor para determinado tipo de resíduo. Em uma indústria, por exemplo, dependendo da atividade que é exercida, existe a geração de resíduos que podem causar danos ao meio ambiente, assim, esses resíduos devem ser tratados de maneira a reduzir seus contaminantes. O gerenciamento de resíduos industriais deve ser orientado pela Resolução Conama 313, de 2002, a qual dispõe sobre o Inventário de Resíduos Industriais, e também pela ABNT NBR 10.004, de 2004, a qual classifica os resíduos, basicamente em Resíduos Perigosos (Classe I) e Não Perigosos (Classe II). Entretanto, nenhuma das normas disponibiliza as alternativas de tratamentos ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 121

existentes para certos tipos de resíduos possíveis de se encontrar em determinadas atividades industriais. Uma das alternativas para tratamento de resíduos sólidos perigosos é a incineração. As condições exigíveis de desempenho do equipamento para incineração, assim como os procedimentos necessários, estão descritos na ABNT NBR 11.175, de julho de 1990. Entretanto, esta norma utiliza a classificação antiga de resíduos sólidos, a ABNT NBR 10.004, de 1987, a qual divide os resíduos em três Classes (I, II e III). Dessa forma, a ABNT NBR 11.175 está vigente, porém desatualizada, não desempenhando corretamente sua função na esfera legal. A ABNT NBR 8.843, de 1996, vigente, estabelece os procedimentos adequados ao gerenciamento dos resíduos sólidos e as alternativas que podem ser usadas em caso de emergência, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente. Uma das normas necessárias para a aplicação desta NBR, segundo o catálogo da norma, é a ABNT NBR 10.004/87, a qual está desatualizada. O Edital 04, de 2009, elaborado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), torna pública a proposta de cancelamento de algumas normas, dentre elas a NBR 8.843/96. Porém, o prazo limite de cancelamento era até maio de 2009, não o sendo feito. Assim como essa norma, outras publicadas no edital deveriam ser canceladas no ano de 2009 e ainda se encontram vigentes. A Resolução Conama 358, de 2005, orienta o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, a qual os reúne nos seguintes Grupos: Grupo A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por sua característica de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. O Grupo A é subdividido em A1, A2, A3, A4 e A5; ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 122

Grupo B: Substâncias químicas que podem apresentar riscos à saúde pública ou ao meio ambiente por possuir características como: inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxidade. Ex.: insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações, resíduos contendo metais pesados, entre outros. Grupo C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Ex.: matérias resultantes de laboratórios de pesquisa, análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia etc. Grupo D: Não apresenta risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente. Podem ser equiparados aos resíduos domiciliares. Ex.: Sobras de alimentos, resto alimentar de refeitório, resíduos de áreas administrativas, de varrição, resíduos de assistência à saúde; Grupo E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes. Ex.: Lâminas de barbear, agulhas, escalopes, lâminas de bisturi, pontas diamantadas, entre outros. Os resíduos do Grupo A1 e A2, segunda a Resolução Conama 358/2005, devem ser tratados com equipamentos que promova redução de carga microbiana compatível com nível II de inativação microbiana, porém não especifica o que exatamente é o nível II de inativação e em quais tecnologias pode-se encontrar esse tipo de tratamento. Para os resíduos do Grupo B, quando não forem submetidos a processos de reciclagem, reutilização ou recuperação, recomenda-se que esses resíduos sejam submetidos a tratamentos, porém também não são especificados. O mesmo ocorre para o último Grupo E, onde, segundo a Resolução, os resíduos com medicamento citostáticos ou antineoplásicos, devem ser tratados como o Grupo B, entretanto, como foi visto, não estão bem definidos quais os tipos de tratamento recomenda-se para esse Grupo de resíduos. ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 123

3 LOGÍSTICA REVERSA A Logística Reversa, criada pela Lei Federal 12.305/2010, é um instrumento de desenvolvimento econômico e social que visa garantir o retorno de produtos perigosos, após o consumo, para reaproveitamento ou destinação segura. Os produtos que fazem parte da Logística Reversa são: Agrotóxicos e seus resíduos e embalagens; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes (vapor de sódio e mercúrio e de luz mista); produtos eletroeletrônicos e seus componentes. Atualmente no Brasil, a única tecnologia existente para reaproveitamento de pilhas, baterias e resíduo tecnológico é realizada por uma empresa de São Paulo, a qual possui um processo produtivo de sais e óxidos metálicos e consistem na secagem/calcinação das matérias-primas e/ou resíduos industriais, reação química, moagem, balanceamento, formulação e misturas. Logicamente, essa empresa não supre a demanda de geração desses produtos perigosos, e a maior parte das pilhas, baterias e resíduo tecnológico são encapsulados e destinados a aterros sanitários Classe I 1. A responsabilidade de estruturação e implementação da Logística Reversa se encontra bem definida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, sendo eles os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos perigosos. O Consumidor também tem um papel importante, de modo que, é sua obrigação acondicionar adequadamente e disponibilizar os resíduos para coleta e devolução. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, valorizar a participação da sociedade, e suas instituições representativas, desde o início do processo de elaboração do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos favorece a 1 Aterros Sanitários Classe I: São aterros sanitários que recebem resíduos perigosos, os quais, segundo a NBR 10.004/2004, são os resíduos com características de inflamabilidade, corrosividade, toxidade, reatividade e patogenicidade. ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 124

construção dos sistemas de Logística Reversa que deverão ser implantados (MMA, 2012). Entretanto, para existir a inclusão do consumidor no sistema é necessário promover a educação ambiental na população. A Lei 12.305/2010 ainda definiu que para o sistema de Logística Reversa funcionar, os Planos de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos deverão estabelecer programas e ações relacionados. No planejamento das ações, deverão ser determinadas diretrizes e estratégias, metas e ações, para cada um dos seis resíduos com logística reversa, tendo como referência os acordos setoriais estabelecidos ou em processo de discussão (MMA, 2012). O Ministério do Meio Ambiente sugere um modelo para planejamento, como mostra o Quadro 1. Quadro 1 Diretrizes, Estratégias, Metas e Ações para Resíduos da Logística Reversa Resíduos com logística reversa Diretrizes Estratégias Produtos eletroeletrônicos Metas quantitativas Programas e ações Pilhas e baterias Pneus Agrotóxicos e embalagens Óleos lubrificantes e embalagens Fonte: MMA, 2012. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os estabelecimentos que comercializam produtos da Logística Reversa poderão reservar áreas para concentrar esses resíduos e definir como irão retornar aos ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 125

sistemas produtivos. Dessa forma, os acordos setoriais definirão os procedimentos necessários para implantar o sistema. Os responsáveis por estes resíduos tem o dever de informar continuamente o órgão ambiental competente e outras autoridades as ações relacionadas com a logística reversa, assim como seu cargo, de maneira a permitir o cadastramento das instalações locais, urbanas ou rurais, que fazem parte do sistema de Logística Reversa. É importante destacar que a Lei prevê a remuneração do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos, quando este exerce alguma atividade do sistema de Logística Reversa. Para isso, deve estar previsto no Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos a elaboração de acordo, termo de compromisso ou, quando for o caso, contrato com o setor empresarial de forma que os serviços prestados sejam remunerados (MMA, 2012). Entretanto, o processo de implantação desse novo sistema para os resíduos perigosos, a nível nacional, como espera a política de resíduos do país, é lenta e ainda precisa ser estudada as melhores estratégias de execução. Segundo professores do Centro Universitário da FEI de São Paulo (2011), é preciso superar diversos desafios, como o desenvolvimento de uma infraestrutura e alternativas que possam assegurar o recolhimento e o retorno dos resíduos perigosos ao mesmo ou outro processo produtivo, ou destino ambientalmente adequado. De acordo com um estudo realizado nos Estados Unidos da América, com mais de 150 administradores e dirigido por Rogers e Tibben-Lembje (1998), sobre as responsabilidades da Logística Reversa, foram constatadas algumas dificuldades à execução desse sistema, os quais persistem até hoje. A Tabela 1 mostra algumas barreiras encontradas no estudo. ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 126

Tabela 1 Barreiras da Logística Reversa Barreiras Porcentagem (%) Pouca importância da logística reversa frente às demais atividades da 39,2 Empresa Política da empresa 35,0 Falta de sistemas de informação 34,3 Atividade competitiva 33,7 Descaso da administração 26,8 Recursos financeiros 19,0 Recursos humanos 19,0 Normas Legais 14,1 Fonte: Adaptado de Rogers e Tibben-Lemble, 1998. As barreiras encontradas no estudo estão inter-relacionadas umas com as outras. A falta de importância, com o descaso da administração, assim como a destinação insuficiente de recursos financeiros, não justifica um alto investimento no processo de logística reversa, em muitas empresas. Se a política da empresa não engloba a prática dessa atividade, fica ainda mais difícil implantá-la. A falta de sistemas de informações está relacionada com a falta de padronização do processo de Logística Reversa, assim como normas insuficientes ou pouco fiscalizadas. Existem algumas Resoluções aplicadas à Logística Reversa, como por exemplo, a Resolução Conama 416, de 2009, que dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada, e dá outras providências, assim como no art. 1º: Os fabricantes e os importadores de pneus novos, com peso unitário superior a 2,0kg (dois quilos), ficam obrigados a coletar e dar destinação ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 127

adequada aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nesta Resolução. Dessa maneira, esta Resolução não deixa alternativa a não ser sustentarem práticas de Logística Reversa em sua empresa. Porém, por falta de fiscalização, as empresas não se preocupam, muitas vezes, em atender a norma. De acordo com Lima (2011), o Código de Defesa do Consumidor estabelece e regula condições em que empresas são obrigadas a aceitar devoluções de clientes. Porém, na prática, esta situação não é suficiente, pois as devoluções ainda são vistas, muitas vezes, como eventos contingenciais. O problema é que não existe uma fiscalização efetiva ao cumprimento das normas relacionadas com a Logística Reversa. Segundo estudo realizado por profissionais do departamento de engenharia industrial da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2002), outras duas barreiras foram encontradas no processo de Logística Reversa: Tensões entre varejistas e fabricantes; Falta de Planejamento. Pode-se ainda associar a pouca aplicação desse sistema à baixa confiabilidade da qualidade do produto pós-consumo no processo produtivo, onde muitas vezes a empresa não aceita esse tipo de material de segunda linha no seu processo de produção. Os elevados custos de transportes do fluxo reverso e a falta de intermediários especializados nas funções como coleta, manuseio, armazenagem, processamento e troca de materiais, também podem ser considerados como dificuldades da Logística Reversa (RODRIGUES; RODRIGUES; LEAL; PIZZOLATO, 2002). ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 128

As cidades que operam com a coleta seletiva diferenciada de alguns dos resíduos com logística reversa (principalmente pilhas, baterias e eletroeletrônicos) têm utilizado os mesmos veículos que a coleta seletiva de resíduos domiciliares secos (MMA, 2012). Alguns Estados brasileiros estão começando a se organizar e montar estratégias para atender a Lei 12.305/2010. No Estado do Paraná, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) em parceria com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), promoveu no dia 17/09/2012 um workshop sobre Logística Reversa para as indústrias paranaenses. O encontro teve como objetivo estabelecer o Comitê de Logística Reversa das Indústrias no Paraná visando à promoção de discussões sobre estratégias para atender a Logística Reversa no Estado, alinhando com as discussões que estão ocorrendo a nível Federal. Nesse encontro, associações e sindicatos representativos dos setores empresariais que tenham produtos que após o consumo resultem em resíduos considerados de significativo impacto ambiental, os quais foram especificados do edital do evento, assim como produtos cujas embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, após consumo são considerados resíduos de significativo impacto ambiental, também especificados no edital, foram convocados a apresentar propostas relacionadas às estratégias e metas para o funcionamento da Logística Reversa. No evento, foram divididos quatro Grupos de Trabalho, chamados de GT, onde cada um deles discutiu sobre certas categorias de resíduos. O Grupo 1 falou sobre as baterias automotivas; pilhas e baterias; produtos eletroeletrônicos e seus componentes; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista. O Grupo 2 discutiu sobre os filtros de óleo lubrificante automotivo; pneus; resíduos da indústria automotiva; resíduos da construção e demolição. Os resíduos do Grupo 3 foram os óleos comestíveis; cigarros; alimentos e embalagens; embalagens de produtos de higiene pessoal; perfumaria e cosméticos. Por fim, no Grupo 4 os resíduos em questão foram as embalagens de ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 129

medicamento e produtos de uso humano; embalagens de medicamentos e produtos de uso veterinário; produtos de limpeza e afins; agrotóxicos, seus resíduos e embalagens; embalagens que após uso constituam resíduos perigosos (FIEP, 2012). Como se pode observar, os temas apresentados no evento foram além dos propostos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Alguns dos assuntos polêmicos debatidos foram: 1) A integração entre os Estados no sistema de Logística Reversa, já que muitos produtos são importados e exportados internamente; 2) Responsabilidade pelo custo operacional da destinação ambientalmente adequada das lâmpadas fluorescentes, por exemplo, uma vez que, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a responsabilidade é tanto do fabricante como do distribuidor. Ou seja, mais do que problemas de como transportar ou onde armazenar certos produtos, fatores financeiros ainda não foram acertados e são fundamentais para a eficácia do sistema. 4 CONCLUSÕES As Normas brasileiras relacionadas ao tratamento de resíduos, muitas vezes, são insuficientes e não atendem aos novos paradigmas de gestão de resíduos imposta pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Dessa forma, muitos resíduos, principalmente os perigosos, são mal gerenciados pelos geradores por falta de orientação e procedimentos. Muitas normas relacionadas ao gerenciamento de resíduos estão desatualizadas e precisam ser canceladas e renovadas. A Associação Brasileira de ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 130

Normas Técnicas já propôs o cancelamento de algumas delas, no ano de 2009, porém ainda não o fez. Dessa forma, muitos procedimentos não estão de acordo com as novas exigências de gestão de resíduos. Assim como a falta de clareza de algumas normas existe a falta de cumprimento de muitas delas, uma vez que as mesmas não são fiscalizadas, como é o caso de normas relacionadas com a Logística Reversa, instrumento criado pela Lei 12.305, de 2010. Além da falta de fiscalização existe a falta de estratégias para a implantação do sistema de Logística Reversa, uma vez que a Lei exige esse processo, porém não oferece procedimentos de como fazer para atender a legislação. Problemáticas de como será a integração dos Estados perante o assunto, assim como quem irá arcar com os gastos com a destinação final ambientalmente adequada (fabricante ou distribuidor) de certos resíduos, que não retornam ao processo produtivo, ainda são questões que precisam ser acertadas para que o sistema funcione corretamente. Nesse cenário, alguns Estados brasileiros começam a debater sobre o assunto com o objetivo de regularizar tal situação e atender corretamente a legislação. Dessa forma, ainda há um longo trajeto pela frente de novas propostas, estratégias e ações que devem surgir para que a Logística Reversa realmente funcione, beneficiando o meio ambiente, a economia e a sociedade. ANAIS DO UNIVERSITAS E DIREITO 2012, PUCPR 131

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