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EMENTA EXECUÇÃO PENAL

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Transcrição:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.440.324 - GO (2014/0044892-1) RELATORA RECORRENTE RECORRIDO ADVOGADO : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS : LEANDRO ROSA PENA : LUIZ FERNANDO MORAIS EMENTA EXECUÇÃO PENAL. RECURSO ESPECIAL. REINCIDÊNCIA. LIVRAMENTO CONDICIONAL. CÁLCULO. ART. 83, II e 84 DO CÓDIGO PENAL. LAPSO DE 1/2 (UM MEIO). CÔMPUTO EM SEPARADO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO. DECISÃO Trata-se de recurso especial interposto pelo Ministério Público, com fundamento no art. 105, III, "a", da Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás que, por maioria de votos, negou provimento ao agravo ministerial nos termos da seguinte ementa (fl. 84): EMENTA. AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. Para efeito de livramento condicional, a contagem do lapso temporal deve considerar o cumprimento de (metade) das penas em que reconhecida a reincidência e 1/3 (um terço) das penas em que o sentenciado foi considerado primário. Preenchidos os requisitos para a concessão do benefício, mantêm-se a decisão. AGRAVO IMPROVIDO. Opostos embargos declaratórios foram rejeitados (fls. 132/136). O recorrente alega que o acórdão recorrido contrariou as disposições dos arts. 83, II, e 84, ambos do Código Penal, ao analisar o preenchimento do requisito objetivo para fins de deferimento do livramento condicional, em separado, considerando o lapso de 1/2 (metade) apenas para os processo em que fora reconhecida a reincidência e 1/3 (um terço) para as ações penais em que era primário. Salienta que, nos termos do art. 84 do Código Penal, "para a concessão do livramento condicional, as penas que correspondem às infrações cometidas devem se somar para fins de cálculo do benefício" (fl. 154) levando-se em consideração o lapso constante do art. 83, II, do mesmo diploma normativo. Requer o provimento do recurso especial para que haja retificação no cálculo de liquidação da pena imposta ao recorrido para fins de deferimento do livramento condicional. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 181/186. O recurso foi admitido às fls. 191/192. Parecer do Ministério Público Federal pelo desprovimento do recurso (fls. 203/208). É o relatório. Decido. O recorrente objetiva a reforma do julgado recorrido no que tange ao Documento: 45475309 Página 1 de 5

lapso temporal necessário para fins de deferimento da liberdade condicional. Dispõem os arts. 83 e 84 do Código Penal: Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso. IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento. Conforme os precedentes desta Corte Superior de Justiça, havendo várias condenações, deve-se somar as penas das infrações diversas, com cálculo separado para os crimes comuns e os crimes hediondos, (art. 84 do Código Penal) e, sendo o apenado reincidente por crime doloso, deve cumprir o transcurso de mais da metade do montante obtido da soma de suas execuções penais (art. 83, II, do Código Penal). Dessa forma, existindo pluralidade de condenações, ao executado reincidente, no curso da execução, é aplicável a fração de 1/2 (metade) sobre a totalidade da pena, ainda que considerado primário ao tempo dos fatos apurados em parte das execuções penais. Não se pode cogitar da aplicação de 1/3 (um terço) para a execução de pena de crime que ao tempo de seu cometimento o réu ostentava primariedade reconhecida na sentença e da aplicação de 1/2 (metade) para as demais execuções de crimes comuns, para fins de concessão do benefício do livramento condicional. No caso dos autos, somam-se as penas dos crimes (crimes comuns) e aplica-se a fração de 1/2 (metade) sobre a totalidade da pena, pois o paciente é reincidente. O Juiz de Direito da comarca de Goiandira, analisando pedido de retificação na guia de execução penal do recorrido quanto ao livramento condicional assim se pronunciou (fls. 18/19): Vistos, etc. Trata-se de requerimento de PROGRESSÃO DO REGIME FECHADO PARA SEMIABERTO, REQUERIMENTO PARA TRABALHO EXTERNO e SAÍDA TEMPORÁRIA do sentenciado LEANDRO DA ROSA PENA, o qual após a soma das penas deverá cumprir 28 (vinte e oito) anos, 03 (três) meses e 15 (quinze) dias, de reclusão, em regime inicialmente fechado. Outrossim, denoto que o Ministério Público às fls. 13 requereu a retificação da liquidação de pena no tocante às informações do livramento condicional, na qual, segundo o mesmo, no cálculo do Documento: 45475309 Página 2 de 5

referido benefício deve incidir a reincidência para todos os crimes, devendo ser cumprido pelo sentenciado metade da condenação para obtenção do livramento condicional. Contudo, no sentir deste Magistrado, a liquidação de pena de fls. 09 não merece retificação, uma vez que os cálculos para obtenção de benefícios, pelo sentenciado, foi devidamente individualizado, incidindo a reincidência somente sobre o crime em que o sentenciado foi condenado como tal. Exigir o cumprimento de metade da pena para todos os crimes cometidos pelo sentenciado para a concessão do livramento condicional acarretaria prejuízo ao sentenciado, uma vez que importaria no reconhecimento da reincidência para crimes em que o sentenciado foi julgado como primário. De outro giro, a jurisprudência reconhece que até mesmo no caso de concurso de crime comum e crime hediondo para a obtenção de benefícios deve ser feita a individualização, incidindo sobre cada condenação a fração de cumprimento de pena corresponde para o cálculo do benefício requerido, conforme jurisprudência abaixo transcrita: Assim sendo, pelas razões acima expendidas INDEFIRO o requerimento ministerial de fls. 13. O Parquet, objetivando a reforma quanto à liquidação do quantum de pena a ser cumprida pelo recorrido para fins de aquisição do direito ao benefício do livramento condicional, interpôs agravo em execução, tendo a Corte local, em desconformidade com os julgados desta Corte, negado provimento ao recurso pelos seguintes fundamentos (fls. 80/83): Relatado, decido. Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal subjetivos e objetivos, conheço do presente agravo. Conforme supra relatado, trata-se de Agravo em Execução Penal manejado pelo Representante do Ministério Público da Comarca de Goiandira, objetivando a reforma da decisão do juízo daquela comarca que concedeu o benefício do livramento condicional ao réu Leandro Rosa Pena. No presente caso, entendo que a decisão atacada não tem necessidade de ser modificada. O artigo 83, do Código Penal, tem a seguinte redação: O magistrado primevo laborou em acerto ao analisar separadamente o lapso temporal para a concessão do benefício, o seja, apurou o cumprimento da (metade) das penas do sentenciado em relação aos processos em que foi reconhecida sua reincidência e considerou 1/3 (um terço) das penas nos processos em que ele foi considerado primário. Ressalte-se que a tese ministerial, se considerada, amplia os efeitos da reincidência para além da previsão e possibilidade previstas no artigo 83, do Código Penal, alcançando reincidência nas penas em que o sentenciado foi considerado primário. Documento: 45475309 Página 3 de 5

In casu, restou comprovado que o apenado cumpriu (metade) das penas das condenações em que configurada a reincidência e 1/3 (um terço) das penas das condenações em que foi considerado primário. Ante o exposto, desacolho o parecer ministerial de cúpula, conheço do Agravo em Execução Penal manejado pelo Ministério Público e o desprovejo, nos termos supra analisados. Eis os julgados desta Corte Superior de Justiça: EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO SUBSTITUTIVA. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. REINCIDÊNCIA. LIVRAMENTO CONDICIONAL. CÁLCULO. ART. 83, II e 84 DO CÓDIGO PENAL. LAPSO DE 1/2 (UM MEIO). CONSTRANGIMENTO ILEGAL. NÃO OCORRÊNCIA. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. 2. Hipótese em que não há flagrante constrangimento ilegal a ser sanado de ofício. Para o fim de livramento condicional, havendo várias condenações, deve-se somar as penas das infrações diversas, com cálculo separado para os crimes comuns e os crimes hediondos, (art. 84 do Código Penal) e, sendo o apenado reincidente por crime doloso, deve cumprir o transcurso de mais da metade do montante obtido da soma de suas execuções penais (art. 83, II, do Código Penal). 3. Não se pode cogitar da aplicação de 1/3 (um terço) para a execução de pena de crime que ao tempo de seu cometimento o réu ostentava primariedade reconhecida na sentença e da aplicação de 1/2 (metade) para as demais execuções de crimes comuns, para fins de concessão do benefício do livramento condicional. No caso dos autos, somam-se as penas dos crimes (crimes comuns) e aplica-se a fração de 1/2 (metade) sobre a totalidade da pena, pois o paciente é reincidente. 3. Habeas Corpus não conhecido. (HC n.º 306.936/RS, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe 2/3/2015.) HABEAS CORPUS. LIVRAMENTO CONDICIONAL. CÁLCULO DO TEMPO NECESSÁRIO AO BENEFÍCIO. INCIDENTE SOBRE O MONTANTE OBTIDO PELA REUNIÃO DAS EXECUÇÕES. ART. 84 DO CP. REINCIDÊNCIA EM CRIME DOLOSO. LAPSO DE 1/2 (UM MEIO). ORDEM DENEGADA. 1. É assente neste Tribunal o entendimento de que havendo várias condenações deve se proceder a soma das penas, realizando-se o cálculo do requisito objetivo exigido ao livramento condicional sobre o montante obtido (art. 84 do Código Penal). 2. In casu, sendo o paciente reincidente em crime doloso, deve ser adotado o lapso preconizado no art. 83, II, do Código Penal, impondo-se o transcurso do patamar de 1/2 (um meio) da sanção para a obtenção da liberdade clausulada, não havendo de se cogitar na aplicação concomitante do patamar de 1/3 (um terço) para a execução de pena aplicada ao tempo em que o réu ostentava a primariedade e de 1/2 (um meio) para as demais execuções. 3. Ordem denegada. (HC 95.505/RS, Rei. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, Documento: 45475309 Página 4 de 5

julgado em 29/10/2009, DJe 01/02/2010). EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DA PENA. LIVRAMENTO CONDICIONAL. CÁLCULO DO TEMPO NECESSÁRIO AO BENEFÍCIO. INCIDENTE SOBRE O MONTANTE OBTIDO PELA REUNIÃO DAS EXECUÇÕES. ART. 84, DO CP. REINCIDÊNCIA EM CRIME DOLOSO. LAPSO DE 1/2 (METADE). EMBARGOS ACOLHIDOS, SEM EFEITOS MODIFICATIVOS. 1. A presença de omissão no julgado, autoriza, em sede de embargos de declaração, a respectiva corrigenda. 2. Esta Corte possui orientação no sentido de que ao sentenciado "reincidente em crime doloso, deve ser adotado o lapso preconizado no art. 83, II, do Código Penal, impondo-se o transcurso do patamar de 1/2 (um meio) da sanção para a obtenção da liberdade clausulada, não havendo de se cogitar na aplicação concomitante do patamar de 1/3 (um terço) para a execução de pena aplicada ao tempo em que o réu ostentava a primariedade e de 1/2 (um meio) para as demais execuções" (HC nº 95.505/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, DJe 1º.2.10). 3. Embargos declaratórios acolhidos, sem efeitos modificativos. (Embargos de Declaração no HC 267328/MG, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 03/06/2014, DJe 06/06/2014) Ante o exposto, nos termos do art. 557, 1º-A, do Código de Processo Civil c/c o art. 3º do Código de Processo Penal, dou provimento ao recurso especial para, reformando o acórdão recorrido, determinar ao Juiz de Direito da comarca de Goiandira/GO, que proceda à retificação da guia de execução do recorrido no que tange à liquidação da pena para fins de deferimento do livramento condicional nos termos dos arts. 83, II, e 84, ambos do Código Penal. Publique-se. Intime-se. Brasília, 13 de março de 2015. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA Relatora Documento: 45475309 Página 5 de 5