PLANO MUNICIPAL DECENAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO EM MEIO ABERTO



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Transcrição:

PREFEITURA DE CARMÓPOLIS PLANO MUNICIPAL DECENAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO EM MEIO ABERTO VERSÃO PRELIMINAR 2014

IDENTIFICAÇÃO Esmeralda Mara Cruz Prefeita municipal Tereza Cristina Santos Secretária Municipal de Inclusão, Desenvolvimento e Assistência Social Haydir Silva Santos Secretária Municipal de Inclusão, Desenvolvimento e Assistência Social Fanucche Gomes Carvalho Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança

EQUIPE RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO ORGANIZAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS Ivelyse Gomes dos Santos Assistente Social Secretaria Municipal de Inclusão, Desenvolvimento e Assistência Social COMISSÃO INTERSETORIAL Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Sane Antônia Souza Silva Flavia de Oliveira da Silva Conselho Tutelar Ana Cristina dos Santos Pereira Claudiana Ribeiro Feitosa Conselho Municipal de Assistência Social: Joseany Alves dos Santos Rose Mary dos Santos Barreto Conselho Municipal de Educação Elaine Santos da Cruz Julia Maria Santos de Santana Conselho Municipal de Saúde Rita de Cassia Ferreira Almeida de Jesus Cristiane da Cruz Santos Secretaria Municipal de Inclusão, Desenvolvimento e Assistência Social Ivelyse Gomes dos Santos Murilo Oliveira Brito Secretaria Municipal de Educação Soraia Santiago Macedo Maria de Lourdes Silva Batista Secretaria Municipal de Saúde Thauana de Oliveira Rocha Tainan Menezes Secretaria Municipal de Esporte e Lazer Danilo Augusto Santos Rodrigues Thamyres Santos de Andrade Secretaria Municipal de Defesa Social Ana Katia dos Santos Tâmara Santos de Oliveira Secretaria Municipal do Trabalho Maria Almira Magalhães Leite Amanda da Silva Santos Secretaria Municipal de Cultura Comunicação e Turismo Sara Diana da Cruz Lima Costa Vinicius José Amâncio Feitosa Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres Rosangela Mesquita Matos Alves Danielle Melo Correia Santos Secretaria Municipal de Finanças Ana Paula Souza Motta Denisson Teles Menezes Adolescentes Crislainy Gomes Ferreira de Jesus Airline Rauane Santos Silva

COLABORADORES Secretaria Municipal de Assistência Social Jeane Neto Silva Juliana de Araujo dos Santos Max Erb de Santana Gomes Valdemir Ferreira da Silva Secretaria Municipal de Educação Alessandro Santos Oliveira Edvania Fontes Costa Fabricia Oliveira Costa Selma Rodrigues da Silva Macedo Secretaria Municipal de Saúde Alexandrina Guilherme de Jesus Marcel Soares Marlucia A. de Jesus Yasmin Fonseca de Menezes Valeria Feitosa Andrade

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 05 2. PROCESSO HISTÓRICO... 08 3. DIAGNOSTICO MUNICIPAL... 15 4. PLANO MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO... 24 4.1. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES... 24 4.1.1 PRINCÍPIOS... 24 4.1.2 DIRETRIZES... 24 4.2. EIXOS OPERATIVOS... 26 4.3. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO... 42 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 43

1. INTRODUÇÃO MUNICÍPIO DE CARMÓPOLIS Buscando assegurar os direitos sociais da pessoa humana e a proteção social integral e prioritária a criança e ao adolescente, como garantido no art. 6º da Constituição Federal de 1988 e no art. 4º da Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente, é que o Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente CONANDA aprova o Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo que prevê ações articuladas nas áreas e educação, assistência social, saúde, cultura, trabalho, esporte e lazer para adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa. Por isso através da Resolução nº 161 de 04 de dezembro de 2013, estabelece parâmetros para discussão e elaboração dos planos socioeducativos nas esferas estaduais, distrital e municipal. Diante disso o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente do município de Carmópolis assume sua atribuição de mobilizar a sociedade e o governo municipal para discutir e elaborar o plano, com o objetivo de garantir com a criação do mesmo, os direitos fundamentais de adolescentes que cometeram algum ato infracional. Fazendo com que a sociedade e os diversos órgãos municipais direcionem o olhar para a atual situação das crianças e adolescentes do município e possam juntos pensar na formulação de estratégias para implementar os serviços, programas e projetos existentes, bem como, que novos possam ser criados. Além disto é obrigação do referido conselho coordenar a comissão intersetorial, estar presente e participar ativamente de fóruns, reuniões e demais momentos que tenha como pauta criança e adolescente; comunicar à sociedade sobre a situação social, econômica e cultural das crianças e adolescentes; promover a cada dois anos a Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; realizar o registro das entidades de atendimento a crianças e adolescentes no município, bem como, monitorar e avaliá-las, buscando identificar se a mesma está cumprindo seu objetivo; administrar o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente FMDCA; dentre outras funções. Todas essas atribuições do Conselho, que é formado paritariamente pela sociedade civil e pelo poder público, tem intuito de diagnosticar vulnerabilidades e buscar soluções, implementando nas políticas públicas ações verdadeiramente eficazes voltadas para a realidade 5

das crianças e adolescentes, fazendo com que poder público tenha maior atenção e invista na garantia desses direitos. Somente em 1927 o Brasil dá os primeiros passos para a efetivação da garantia de direitos de crianças e adolescentes com o Código dos Menores, Decreto nº 17.943 de 1927, que institucionalizava e dava orientação para o trabalho a crianças e adolescentes órfãs e que haviam sido abandonadas. Neste período criança e adolescente nesta situação, chamados na época de menores, eram vistos como problema de segurança nacional. Em 1959 é criada a Declaração Universal dos Direitos da Criança, que dá início ao processo de garantia do direito da liberdade e convívio social. Em 1979 é criado um novo Código de Menores através da Lei nº 6.697 que não rompeu com os princípios do código anterior e passa a chamar criança e adolescente como menor em situação irregular, ainda visto como problema de segurança nacional. E somente a partir da Constituição de 1988 a criança e o adolescente passa a ser visto como prioridade e passa a ter direitos garantidos. E é a partir da Constituição de 1988 que surgem as bases para a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Visualizado esse longo processo até chegar nos dias atuais, as crianças e adolescentes foram penalizados de diversas formas pela omissão do Estado e da sociedade e mesmo após seus direitos estarem garantidos em lei, na pratica ainda não estão sendo garantidos. Em virtude desta realidade é que foi criada a Política Nacional de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes que busca colocar em pratica essas garantias através das políticas setoriais. E diante disto surge a necessidade de Criar o Plano de Atendimento Socioeducativo. O Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo é um instrumento que cria mecanismos para garantir a defesa de direitos de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, ou seja, do adolescente que cometeu algum ato infracional. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069 de 1990, são medidas socioeducativas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, inserção em regime de semi-liberdade e internação em estabelecimento educacional, que segundo o 1º do art. 112, será aplicada de acordo com a capacidade de cumprir, as circunstâncias e a gravidade da infração. Pensado nisso o Plano Municipal foi elaborado de acordo com os princípios e diretrizes do Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo e com a Lei nº 12.594 que institui 6

o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. E é ele que orientará e será a referência para o desenvolvimento das medidas socioeducativas no município de Carmópolis. O Plano é composto por: princípios norteadores, fluxo de atendimento e acompanhamento, ações intersetoriais, monitoramento e avaliação. E trás de forma sistematizada os objetivos, ações, resultados esperados, prazos, responsáveis e parceiros, fruto das discussões dos atores envolvidos no processo de construção. E tem por objetivo mobilizar e articular a sociedade e o poder público para um novo olhar sob o cumprimento das medidas socioeducativas no município; garantir a esses adolescentes e suas famílias atendimento humanizado e especializado; acesso as informações sobre sua situação e seus direitos; acesso a bens e serviços que o auxilie na construção de um novo projeto de vida, prevenir que outros adolescentes cometam atos infracionais, bem como, reincidências. Para alcançar resultados mais eficazes de transformação social, é necessário o comprometimento de todo o sistema de garantia de direitos e da sociedade em geral. 2. PROCESSO HISTÓRICO 7

Historicamente, criança e adolescente não era considerado como sujeito de direitos, as ações desenvolvidas voltadas a este público existiam somente se estivessem em situação de risco ou causando risco a sociedade. No Brasil os primeiros passos para a consolidação dos direitos da criança e do adolescente se deram com no início do século XX, anteriormente era função da igreja cuidar de pessoas carentes, incluindo as crianças, neste período somente era possível contar com a boa vontade das pessoas e das Santas Casas de Misericórdia, onde crianças eram deixadas em rodas. Não havia para pessoas carentes acesso a saúde, educação, habitação e de outras necessidades. Em 1927 foi criado o Código de Menores, que não era voltado a todas as crianças e adolescentes, na época chamados de menores, mas aqueles que estivessem em situação abandono. O artigo 1º definia a quem era aplicado: O menor, de um ou outro sexo, abandonado e delinquente, que tiver menos de 18 anos de idade, será submetido a autoridade competente às medidas de assistência e proteção contidas neste código. (Decreto nº 17.943 de 12 de outubro de 1927, Revogado pela Lei nº 6.697, de 1979) O mesmo regulamentava somente as situações de trabalho infantil, tutela e pátrio poder, delinquência e liberdade vigiada. O trabalho infantil era permitido a partir dos doze anos de idade; a tutela e o pátrio poder eram destituídos se a criança ou adolescente estivesse sofrendo algum tipo de negligencia por parte dos pais ou tutor; Em caso de delinquência eram encaminhados a escolas de reforma ou colocados em liberdade vigiada por período determinado de acordo com as situações previstas no código e entendimento do juiz. Ainda de acordo com o Código, foram criados institutos disciplinares, divididos em pavilhões, onde crianças e adolescentes eram distribuídos por sexo, idade, abandono ou delinquência e grau de perversão, lá aprendiam a costurar, lavar, engomar, cozinhar, jardinar, dentre outras atividades semelhantes. Segundo Lorenzi 2008, Posteriormente no ano de 1942 foi criado o Serviço de Atendimento ao Menor SAM e outras entidades federais ligadas a figura da primeira dama. Os adolescentes autores de ato infracional eram encaminhados para internatos, reformatórios e casas de correção; e os menores carentes e abandonados para patronatos agrícolas e escolas de aprendizagem de ofícios urbanos. Dentre estas instituições estavam a Legião Brasileira de 8

Assistência LBA, Casa do Pequeno Jornaleiro, Casa do Pequeno Lavrador e Casa do Pequeno Trabalhador. Ainda segundo Lorenzi 2008, Em 1950 foi instalado o primeiro escritório da UNICEF no Brasil, em João Pessoa, na Paraíba. Este projeto atuava em alguns estados nordestinos e tinha iniciativas de proteção a saúde da criança e da gestante. Em 1964 A Lei nº 4.513 cria a Fundação Nacional do Bem Estar do Menor FUNABEM e tinha o objetivo de formular e implantar a Política do Bem Estar do Menor e substituir o Serviço de Atendimento ao Menor, que passou a ser visto como repressivo e desumano, mas como as ações foram desenvolvidas nos prédios e com os mesmos profissionais que trabalhavam no SAM, deu continuidade as mesmas práticas. O Código de 1927 foi substituído pelo de 1979, mas trouxe em sua essências as mesmas características assistencialistas e repressivas do código anterior, modificando algumas nomenclaturas, chamando o antigo menor abandonado ou delinquente de menor em situação irregular, como descrito no art. 2º: Art. 2º Para os efeitos deste Código, considera-se em situação irregular o menor: I - privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de: a) falta, ação ou omissão dos pais ou responsável; b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las; Il - vítima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável; III - em perigo moral, devido a: a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrário aos bons costumes; b) exploração em atividade contrária aos bons costumes; IV - privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais ou responsável; V - Com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária; VI - autor de infração penal. (Lei nº 6.697 de 10 de outubro de 1979, revogada pela Lei nº 8.069 de 1990) A promulgação da Constituição Federal de 1988 torna-se o marco da garantia dos direitos, não só para a criança e adolescente, mas para todo e qualquer cidadão. Respeitando no art. 6º os direitos sociais, no art. 226 estabelece que a família é base da sociedade e tem proteção especial do Estado e no art. 227, descrito abaixo, dispõe sobre a proteção à criança e ao adolescente: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, 9

ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocálos a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Constituição Federal de 1988) A Constituição Federal de 1988 garante a proteção social a criança e ao adolescente e abre espaço para a construção do Estatuto da Criança e do Adolescente que garante a proteção integral e prioritária a criança e ao adolescente, bem como, os reconhece como pessoa em situação de desenvolvimento. Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. (Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Nº 8.069 de 13 de julho de 1990) Em relação as medidas socioeducativas, o ECA rompe com as práticas abusivas, de repressão e internação, utilizando a internação em último caso, após esgotadas todas as possibilidades. E garante o direito à informação e outros direitos processuais citados abaixo: Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal. Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias: I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente; II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa; III - defesa técnica por advogado; IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei; V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento. (Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Nº 8.069 de 13 de julho de 1990) São Medidas Socioeducativas, advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, inserção em regime de semi-liberdade, internação em estabelecimento educacional e qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI do ECA. Possuem o objetivo de responsabilizar o adolescente pela consequência dos seus atos, integra-lo na sociedade e através do plano individual de atendimento criar possibilidades para novas escolhas. Dentre as medidas, a municipalização do atendimento se dará somente para as medidas de prestação de serviço a comunidade e a liberdade assistida. A Advertência consiste em: 10

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada. (Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente) A Obrigação de Reparar o Dano, consiste em: Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada. (Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente) A Prestação de Serviços à Comunidade, consiste em: Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho. (Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente) A Liberdade Assistida, consiste em: Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento. 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor. Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros: I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; IV - apresentar relatório do caso. (Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente) O Regime de Semi-liberdade, consiste em: 11

A Internação, consiste em: Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial. 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade. 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação. (Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente) Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: I tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II por reiteração no cometimento de outras infrações graves; III por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. (Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente) Para regulamentar o cumprimento das medidas socioeducativas como disposto no ECA, no ano de 2012 foi sancionada a Lei nº 12.594 que cria o Sistema de Atendimento Socioeducativo SINASE. Este sistema é formado por princípios, regras e critérios que integram todas as políticas setoriais desde o início ao final do cumprimento da medida de cada adolescente. Dispõe sobre as competências da União, do Estado e dos Municípios; sobre a elaboração dos planos decenais; sobre os programas, entidades de atendimento e a execução da medida; o Plano individual de atendimento, o acompanhamento e os direitos dos adolescentes; dentre outros pontos pertinentes. Os Art. 40 e 41 da Lei do SINASE, explicita como deve ser iniciado o processo do cumprimento da medida. Art. 40. Autuadas as peças, a autoridade judiciária encaminhará, imediatamente, cópia integral do expediente ao órgão gestor do atendimento socioeducativo, solicitando designação do programa ou da unidade de cumprimento da medida. Art. 41. A autoridade judiciária dará vistas da proposta de plano individual de que trata o art. 53 desta Lei ao defensor e ao Ministério Público pelo prazo 12

sucessivo de 3 (três) dias, contados do recebimento da proposta encaminhada pela direção do programa de atendimento. 1 o O defensor e o Ministério Público poderão requerer, e o Juiz da Execução poderá determinar, de ofício, a realização de qualquer avaliação ou perícia que entenderem necessárias para complementação do plano individual. 2 o A impugnação ou complementação do plano individual, requerida pelo defensor ou pelo Ministério Público, deverá ser fundamentada, podendo a autoridade judiciária indeferi-la, se entender insuficiente a motivação. 3 o Admitida a impugnação, ou se entender que o plano é inadequado, a autoridade judiciária designará, se necessário, audiência da qual cientificará o defensor, o Ministério Público, a direção do programa de atendimento, o adolescente e seus pais ou responsável. 4 o A impugnação não suspenderá a execução do plano individual, salvo determinação judicial em contrário. 5 o Findo o prazo sem impugnação, considerar-se-á o plano individual homologado. (Lei Nº 12.594, de 18 de Janeiro de 2012 - SINASE) E este processo deverá seguir os seguintes princípios dispostos na referida Lei: Art. 35. A execução das medidas socioeducativas reger-se-á pelos seguintes princípios: I - legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adulto; II - excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos; III - prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível, atendam às necessidades das vítimas; IV - proporcionalidade em relação à ofensa cometida; V - brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em especial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); VI - individualização, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias pessoais do adolescente; VII - mínima intervenção, restrita ao necessário para a realização dos objetivos da medida; VIII - não discriminação do adolescente, notadamente em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou pertencimento a qualquer minoria ou status; e IX - fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo socioeducativo. (Lei Nº 12.594, de 18 de Janeiro de 2012 - SINASE) Seguindo estes princípios, compete aos Programas de Atendimento de Medidas Educativas em Meio Aberto: Art. 13. Compete à direção do programa de prestação de serviços à comunidade ou de liberdade assistida: I - selecionar e credenciar orientadores, designando-os, caso a caso, para acompanhar e avaliar o cumprimento da medida; II - receber o adolescente e seus pais ou responsável e orientá-los sobre a finalidade da medida e a organização e funcionamento do programa; III - encaminhar o adolescente para o orientador credenciado; IV - supervisionar o desenvolvimento da medida; e 13

V - avaliar, com o orientador, a evolução do cumprimento da medida e, se necessário, propor à autoridade judiciária sua substituição, suspensão ou extinção. Parágrafo único. O rol de orientadores credenciados deverá ser comunicado, semestralmente, à autoridade judiciária e ao Ministério Público. Art. 14. Incumbe ainda à direção do programa de medida de prestação de serviços à comunidade selecionar e credenciar entidades assistenciais, hospitais, escolas ou outros estabelecimentos congêneres, bem como os programas comunitários ou governamentais, de acordo com o perfil do socioeducando e o ambiente no qual a medida será cumprida. (Lei Nº 12.594, de 18 de Janeiro de 2012 - SINASE) 14

3. DIAGNÓSTICO MUNICÍPIO DE CARMÓPOLIS No Brasil, segundo dados do Levantamento Nacional de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei, realizado em 2010, o número de adolescentes em cumprimento de medida de restrição e privação de liberdade cresceu. O Estado de Sergipe acompanhou este crescimento, mas com a menor taxa em relação as demais regiões do país. Uma parcela deste crescimento se deve a ausência de atendimento socioeducativo em meio aberto nos municípios brasileiros. As tabelas abaixo permitem visualizar as taxas de crescimento por Estado. Fonte: Levantamento Nacional do Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei - 2010 15

Destes adolescentes, de acordo com o levantamento Nacional de Atendimento Socioeducativo realizado em 2010, a maior parte é do sexo masculino, como podemos perceber no gráfico abaixo: COMPARATIVO ENTRE ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO E FEMININO NAS MEDIDAS EM MEIO FECHADO 5,06% 94,94% Fonte: Levantamento Fonte: Nacional Levantamento do Atendimento Nacional Socioeducativo do Atendimento ao Socioeducativo Adolescente em ao Conflito Adolescente com a Lei - 2010 em Conflito com a Lei - 2010 No Estado de Sergipe, de acordo com os dados da Fundação Renascer, que correspondem aos dados de 17,3% dos municípios sergipanos, no ano de 2013 haviam 2.420 adolescentes cumprindo medida socioeducativas em meio aberto e fechado, como mostra a tabela abaixo: MSE Quantitativo de Adolescentes Percentual de Municípios MSEMA 273 17,3% MSEMF 2.147 100% Tabela 1: Distribuição dos adolescentes no SUASE/SE - 2013 da pele: O gráfico abaixo apresenta o quantitativo desses adolescentes de acordo com a cor 16

Gráfico 1: Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo: Adolescentes em cumprimento de MSE quanto a cor da pele Já em relação ao sexo, tanto na esfera nacional, quanto na estadual, há predomínio de adolescentes do sexo masculino. Gráfico 2: Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo: Adolescentes em cumprimento de MSE quanto ao sexo 17

E em relação ao ato infracional cometido, segundo dados do Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo, a maioria foi em virtude de roubo. Gráfico 3: Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo: Quantitativo de adolescentes em cumprimento de MSEMA em relação ao tipo Segundo o IBGE, Carmópolis tem área territorial de 45.905km² e atualmente possui 15.283 habitantes. No ano de 2010 40,05% da população era formada por crianças e adolescentes, um total de 5.313 pessoas, sendo aproximadamente 52% do sexo masculino de 48% do sexo feminino. 18

Neste mesmo período, segundo o Diagnóstico Socioterritorial do MDS, o município tinha taxa de população em situação de extrema pobreza de 41,18%, ou seja, quase metade da população está em situação de vulnerabilidade social. Das pessoas ocupadas 57,5% tinham carteira assinada, 15,5% não tinham carteira assinada, 16,2% atuam por conta própria e 0,1% eram empregadores. Destes, 1,9% possuem de 10 a 13 anos de idade, ou seja, estão em situação de trabalho infantil. Ainda levando em consideração o ano de 2010, em relação a situação educacional, Carmópolis tinha taxa de analfabetismo de 13,6%, sendo que para a população de 10 a 14 anos essa taxa era de 8,4%. De acordo com dados do INEP, divulgados no diagnóstico do MDS, em 2012, a taxa de distorção idade-série, ou seja, a taxa de alunos atrasados na escola, no ensino fundamental foi de 22,8% do 1º ao 5º ano e de 43,9% do 6º ao 9º ano, como mostra o gráfico a seguir: 19

Segundo dados disponibilizados pelo Conselho Tutelar do Município, crianças e adolescente de Carmópolis vem sofrendo diversos tipos de violação de direitos, e a ausência de um fluxo de atendimento e falta de articulação da rede vem dificultando a proteção integral destes, causando a revitimização. De acordo com a tabela abaixo, nos anos de 2006, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013 a maioria dos atendimentos foi em virtude de negligencia familiar, um percentual de 34% do total de atendimento de todos os anos; em 2007 a maioria foi de crianças e adolescentes que sofreram algum tipo de violência; e em 2014 dos que praticaram algum tipo de violência. E nos últimos anos vem crescendo o número de crianças e adolescentes que sofreram e praticaram algum tipo de violência, no ano de 2014, certa de 30% sofreram e 28% praticaram algum tipo de violência. DADOS DE ATENDIMENTO DO CONSELHO TUTELAR DE 2006 A 2014 MOTIVO 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Negligencia Familiar 40 25 30 51 64 50 41 53 41 Sofreu Violência física/psíquica/moral 35 30 25 24 30 45 25 35 52 20

Praticou Violência física/psíquica/moral 20 19 22 20 16 33 20 30 56 Acolhimento Institucional 4 1 3 4 5 2 4 0 1 Uso de Substancias Psicoativas 3 5 6 5 11 15 20 22 27 MSE - PSC 0 1 2 0 20 9 16 0 10 MSE LA 1 1 4 0 5 0 0 0 0 MSE - Semiliberdade 1 1 1 2 1 1 0 0 0 MSE - Internação 0 4 2 0 0 0 2 2 1 TOTAL POR ANO 104 87 95 106 152 155 128 142 188 TOTAL GERAL 1157 De acordo com os dados disponibilizados pelo Conselho Tutelar sobre medidas socioeducativas, apesar de esclarecerem que não possuem informação real do quantitativo de adolescentes que cumpriram, a maior parte das medidas executadas foi de Prestação de Serviço a Comunidade, com percentual de aproximadamente 67% e a menor parte de semiliberdade, com percentual de 8,2%. A maioria das medidas, 80%, foram executadas em meio aberto e 20% em meio fechado. O município de Carmópolis, em relação atendimento socioeducativo em meio aberto, ainda está dando os primeiros passos, em virtude de ser um município de pequeno porte I, atuar somente na proteção básica, ou seja, prioritariamente com a prevenção e um outro fator é a não ter a rede de garantia de direitos fortalecida. Buscando melhorar o atendimento a toda a população, prioritariamente as famílias, mulheres, idosos, crianças e adolescentes que tiveram seus direitos violados, através da iniciativa da Secretaria Municipal de Assistência Social, algumas iniciativas foram tomadas, 21