O ENFOQUE INSTRUMENTAL DO ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA NO CURSO DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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Transcrição:

O ENFOQUE INSTRUMENTAL DO ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA NO CURSO DE SECRETARIADO EXECUTIVO Débora Andrea Liessem Vigorena 1 RESUMO: Uma reflexão quanto a ensino do espanhol instrumental no curso de Secretariado Executivo tendo em vista os métodos de aquisição de língua estrangeira e o enfoque que os professores necessitam visar para o desenvolvimento da comunicação dos alunos em língua espanhola. Retoma-se, dessa forma, o que se considera competência comunicativa para então partir para a prática em classe com atividades de fins específicos. PALAVRAS-CHAVE: espanhol, métodos, comunicação ABSTRACT: A reflection about the instrumental teaching approach of Spanish in the Bilingual Secretarial degree referring to methods of acquisition of foreign language and the approach that the professors need to aim at for the development of the student s communication in this language. First, we consider the communicative ability and then, we analyze the possible activities developed in the classroom for specific purposes. KEY WORDS: spanish, methods, communication 1 INTRODUÇÃO A necessidade de analisar-se a formação em língua estrangeira do profissional de secretariado partiu da reflexão quanto aos possíveis métodos a serem utilizados pelo professor e que por sua vez permitam aos acadêmicos comunicarem-se na língua estrangeira no seu caráter instrumental. 1 Professora colaboradora do curso de Secretariado Executivo Bilíngüe da Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE Campus de Toledo. e-mail: dvigorena@fsnet.com.br

34 De acordo com Abadía (2000), um determinado enfoque pode ou não conduzir a um método. Os docentes podem desenvolver seus próprios procedimentos de ensino partindo de uma teoria sobre a natureza da língua. Estes procedimentos serão revisados e modificados a partir da atuação dos estudantes. Por isso, é possível coincidir na forma de entender o que é aprender uma língua, compartilhando assim um mesmo enfoque. O objetivo deste estudo é apresentar qual o enfoque direcionado à disciplina de espanhol do curso de Secretariado Executivo, bem como discorrer sobre as atividades que podem ser utilizadas em classe para atingir-se os objetivos de aprendizagem propostos. Considerando-se a competitividade do mercado e a necessidade de atualização constante de informações científicas e tecnológicas e as dificuldades das traduções de artigos, livros e outras publicações em tempo hábil, é que a disciplina de espanhol instrumental do curso de Secretariado Executivo Bilíngüe foi sendo focalizada nas necessidades exigidas pelo mercado de atuação do profissional. Para tanto, primeiramente será explicada a organização da disciplina de espanhol no curso de Secretariado Executivo, assim como os principais objetivos de aprendizagem em cada nível. À continuação será exposto uma relação de atividades que o professor de língua estrangeira instrumental poderá utilizar em classe, sendo necessário ainda resgatar-se o que é competência comunicativa. 2 O ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA NO CURSO DE SECRETARIADO EXECUTIVO O curso de Secretariado Executivo ofertado pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus de Toledo é de bacharelado, sendo que o estudo de línguas estrangeiras (língua inglesa e espanhola) é uma área que contempla 1/3 da carga horária total do curso. A outra parte da carga horária é distribuída igualmente para as áreas de Administração e de Secretariado Executivo (Secretarial). No estudo do língua espanhola, o secretário/a executivo deverá desenvolver competências comunicativas direcionadas à prática da profissão. Sendo assim, o conteúdo deverá contemplar vocabulário potencial e instrumental, redação

35 comercial, etc., além de propiciar situações comunicativas que simulem situações reais do futuro profissional. De acordo com Cervero (2000), o vocabulário potencial não pode ser delimitado quantitativamente, pois se trata de uma capacidade cognitiva que se nutre dos conhecimentos de mundo, do domínio da língua materna, de outras línguas estrangeiras e da capacidade de interferir através do estabelecimento de categorias, analogias, etc. Já o vocabulário instrumental é um conjunto de atividades léxicas que caracteristicamente se utiliza para falar de outras palavras, defini-las e organizá-las dentro da comunicação. Ressalta-se que a formação em língua estrangeira no curso de Secretariado Executivo contemplada na disciplina de Espanhol I tem por objetivo a exposição do aluno às funções básicas da linguagem; fonética, prosódia, morfologia e sintaxe da Língua Espanhola, desenvolvimento da competência comunicativa, seja ela verbal, oral ou escrita em nível básico nesta língua. O léxico geral, produção oral e escrita em nível básico, interpretação e compreensão de textos orais ou escritos, visando às habilidades comunicativas relacionadas à atividade do Secretário Executivo Bilíngüe. Na disciplina de Espanhol II e III, a língua deverá atuar como instrumento de trabalho; incremento das destrezas de compreensão, leitura, redação e conversação; as técnicas de correspondência comercial e atividades que se baseiam na rotina da atividade do secretário/a; ampliação léxica referente ao vocabulário específico do ambiente organizacional e institucional, bem como o domínio da linguagem técnica, comercial e administrativa. Dentre os objetivos de ensino de língua estrangeira no curso está a aprendizagem intercultural. Esse é um elemento importante no processo de aquisição de uma língua estrangeira, sobretudo para fomentar a consciência intercultural do futuro profissional. Segundo Abadía (2000), tradicionalmente, ensinar cultura estava relacionado com a leitura de textos literários, artísticos ou históricos. Atualmente, trabalhar cultura na sala-de-aula significa trabalhar referentes socioculturais, normas culturais ou hábitos culturais que estão implicitamente refletidos em nossa forma de comunicação e cujo desconhecimento pode provocar interferências na comunicação e mal entendidos.

36 A pessoa que aprende uma língua estrangeira traz para a sala-de-aula, entre outras coisas, sua própria cultura e um sistema de valores. O desenvolvimento da interculturalidade como capacidade de aceitar a diferença e descobrir uma nova cultura por meio da língua, e poder ver a sua própria como se tratasse de uma nova, é um dos objetivos da didática atual e se considera um elemento importante para o processo de aquisição de uma língua estrangeira. 3 COMPETENCIA COMUNICATIVA Com o objetivo de se levantar algumas atividades práticas apresentadas pelos diversos métodos de aquisição de língua estrangeira, verifica-se a necessidade de se organizar os conteúdos de forma a desenvolver determinada competência comunicativa, dependo dos objetivos propostos. Segundo Lobato (2002), no começo dos anos setenta assistimos a uma dura crítica aos modelos anteriores de competência comunicativa. Foi um deslocamento da perspectiva formal e lingüística para a comunicativa. Paradoxalmente, a inovação metodológica surgiu como crítica à definição de competência lingüística, tal como foi formulada por Chomsky. Nasceu então o conceito de competência comunicativa, procedente de uma tradição, sobretudo etnológica y filosófica, que aborda o estudo da língua em seu uso e não como um sistema descontextualizado. Para se entender melhor o que supõe o conceito de competência comunicativa se faz necessário analisar as partes que o integram, o da competência e o da comunicação. O termo competência no faz pensar rapidamente no conceito chomskiano, em que a competência comunicativa se refere à habilidade de atuar. No entanto, o conceito de competência comunicativa vai mais além das fronteiras lingüísticas das que chegava a competência chomskiana. A idéia de competência de Chomsky estava no desejo de formular e analisar o conjunto definido de regras que torna possível que o falante formule um número indefinido de frases gramaticais, direcionando seu estudo pela competência do falante de utilizar regras formais e critérios de gramaticais. A nova orientação das análises de linguagem, introduzida por trabalhos de Etnografia da Comunicação, tem com ponto de partida o estudo da língua como

37 comunicação e procura estreitar a relação entre língua e fatores extralingüísticos e a necessidade de relacionar linguagem com fatores socioculturais e sociolingüísticos, para então conseguir alcançar por completo o seu uso lingüístico. (LOBATO,2002) A competência comunicativa desenvolvida por Dell Hymes apresenta quatro dimensões. A primeira é a competência lingüística, que se refere às regras gramaticais. Significa que a atuação lingüística é formalmente possível. A segunda é a dimensão da factibilidade, isto é, que as expressões sejam factíveis de acordo com os meios disponíveis: limitação de idade, formação, fatiga. Não significa que as expressões que são sintaticamente corretas sejam necessariamente possíveis. A terceira dimensão é a da aceitabilidade a adequação. Significa que a atuação lingüística deve acontecer de acordo com as regras sociolingüísticas do contexto no qual se produz. É o caso, por exemplo, dos tratamentos de tu e usted que ocorrem na vida social no caso do espanhol, que refletem a inadequação de algumas fórmulas que frequentemente são encontradas em alguns livros. O grau de aceitabilidade de um tipo ou de outro pode variar conforme o contexto. Os malentendidos se devem às diferentes normas que se apresentam conforme as classes sociais, variações locais, sexo dos falantes, que fazem necessária esta adequação sociolingüística. A quarta dimensão da competência comunicativa é a de se tomar consciência da realidade. Isto que dizer que, um estudante de uma língua estrangeira formula respostas com orações completas quando nativos sempre respondem sí ou no. O fato de não se considerar fatores como a tematização e a influência das variantes na organização das expressões verbais tem levado a oferecer como exemplo orações que oralmente não aconteçam fora de sala-de-aula. À continuação, serão apresentados os objetivos da aplicação do conceito de competência comunicativa para a didática. De acordo com Llobera (1995), esquematizar as áreas de competência ajuda a orientar as bases ao ensino e avaliação que devem seguir cada um dos modos (compreensão auditiva, conversação, compreensão de leitura e escrita). Os objetivos e os modos podem ser combinados para proporcionar mais atividades. Por exemplo, em uma mesma atividade procurar dirigir o uso do vocabulário e a formação de frases, na qual os modos podem ser combinados para dirigir-se às áreas como da conversação (compreensão auditiva e fala) e escrita (compreensão auditiva e escrita).

38 Segundo Canale ( apud LLOBERA 1995), a competência comunicativa está dividida em varias subcompetências, de forma que pode falar-se da competência gramatical, competência sociolingüística, discursiva e estratégica. Estes quatro componentes são o reflexo da amplitude conceitual do termo. O conceito proposto por Chomsky é que, efetivamente, em cada uma de estas subcompetências intervêm também outros sistemas de conhecimento como o conhecimento de mundo o da teoria da ação humana, que leva em conta fatores como a personalidade. A competência gramatical é o domínio do código lingüístico, verbal e não verbal. Inclui-se o conhecimento e a habilidade nas características e regras formais da linguagem, tais como o vocabulário, a formação de palavras e frases e o da pronunciação. (LOBATO, 2002) O tema de como desenvolver a competência gramatical na sala-de-aula depara-se com um campo muito interessante, em que surgem propostas que levam a um ensino da gramática baseada em aproximações mais indutivas que dedutivas e nas quais o professor ajuda os estudantes mais com chaves que lhe permitam descobrir uma possível explicação que com regras explícitas de aplicação mais o menos gerais. (LLOBERA, 1995) A competência sociolingüística é o domínio das regras socioculturais de uso e as regras do discurso, isto é, nos orienta no uso apropriado do código em situações socioculturais determinadas. Na maioria dos programas de ensino de línguas, existe uma tendência a considerar a competência sociolingüística como um componente menos importante do que a competência gramatical. Essa tendência se deve ao fato de se pensar que a correção gramatical das frases é mais importante do que serem gramaticalmente adequadas e apropriadas a diferentes situações comunicativas. Além disso, ignora que a competência sociolingüística é crucial na hora de interpretar frases e seu significado social, quando o significado literal das mesmas não está claro. A competência discursiva está centrada no domínio da pragmática, de como combinar as formas e os conteúdos gramaticais para conseguir uma produção oral ou um texto escrito unificado, nos diferentes gêneros e tipos de texto. A unidade se consegue através da coesão e coerência do conteúdo.

39 A competência estratégica é o domínio das estratégias de aprendizagem e das estratégias de comunicação, verbais e não-verbais, empregadas para resolver problemas do tipo comunicativo. O uso de estratégias pode incidir sobre qualquer dos outros componentes da competência comunicativa. Existe o uso estratégico direcionado a resolver dificuldades da competência gramatical, da mesma forma que existem estratégias utilizadas para resolver problemas comunicativos devido a uma insuficiente competência sociolingüística. O processo em que se dá o desenvolvimento das competências comunicativas será relatado ainda neste estudo, de forma a oferecer algumas práticas metodológicas para professores de língua estrangeira instrumental. (LOBATO, 2002) A combinação de todas estas subcompetências é um desafio para a docência, ou seja, como apresentá-las e desenvolvê-las em sala-de-aula. É evidente que uma apresentação da competência comunicativa vista como uma soma de subcompetências não deixa de apresentar vários problemas, visto que todas estas subcompetências precisam entrar em jogo ao mesmo tempo de maneira simultânea. Sendo assim, é duvidoso que não tenham que ser aprendidas de maneira simultânea, dificultando desta maneira uma docência que tem tendência a ensinar de maneira parcializada. (LLOBERA, 1995). 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO São inúmeras as atividades que podem ser realizadas pelo docente, já que cada método ou enfoque dá preferência a um tipo determinado de atividades, exercícios e tarefas para alcançar seus objetivos. (ABADÍA, 2000) Os métodos mais utilizados na aquisição de língua estrangeira são: o método da gramática-tradução; direto; audiolingual e audiovisual e o enfoque comunicativo. No curso de Secretariado já se percebe, por exemplo, a necessidade de se sair do estudo sistemático de vocabulário e regras gramaticais para um estudo mais abrangente de textos autênticos retirados das próprias fontes de informação. Essa

40 nova forma de ler textos em espanhol envolve estratégias de leitura, tais como, fazer previsões do conteúdo do texto a partir da análise de títulos, gráficos e ilustrações cujas atividades requerem o acionamento do conhecimento de mundo e conhecimento prévio do assunto pelo leitor. Neste caso, o enfoque comunicativo é utlizado para ensinar a gramática e vocabulário de forma contextualizada. De acordo com Cervero (2000), no enfoque comunicativo as atividades são abertas, variadas e motivadoras porque favorecem a interação entre os alunos, assim como o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem do léxico e o uso criativo do mesmo. Outro recurso bastante interessante, e de caráter instrumental é o desenvolvimento de atividades com anúncios e artigos de jornais. É possível trabalhar a parte léxica de um conteúdo em diferentes publicações e comparar o vocabulário utilizado. Um exercício que pode ser muito interessante para organizar o vocabulário específico que será trabalhado. São apresentados textos relacionados ao meio profissional. A prática de exercícios com anúncios publicitários ou artigos de jornais apresenta-se como uma ferramenta para se trabalhar o léxico de forma direcionada. Além disso, o estudante estará praticando a escrita através da leitura e também ao escrever um texto opinativo sobre o assunto que foi lido. São apresentados ainda aspectos de cultura geral que contribuem para o desenvolvimento não só da expressão escrita como de outras habilidades. A tradução de textos para níveis avançados também representar um importante exercício do método de gramática e tradução. (CERVERO, 2000) Já no método audiviosual e audiolingual, o mais importante é o uso de um laboratório de línguas, principalmente para a prática de pronúncia e compreensão auditiva. Os discentes podem estudar aspectos da fala de nativos da língua estrangeira e praticá-la nas mais diversas formas. No método audiovisual a linguagem oral se apresenta sempre que possível associada com imagens. (ABADÌA, 2000) O curso de Secretariado Executivo dispõe de um laboratório de línguas que pode ser aproveitado para inúmeras atividades com os discentes. Pode-se trabalhar com vídeos direcionados a estudantes de língua estrangeira. Na disciplina de espanhol do curso de Secretariado Executivo foi adotada a coleção dos vídeos

41 Viaje al Español, que aborda assuntos relacionados a vida cotidiana e profissional, ademais do aspecto lingüístico e cultural. Uma das dificuldades da utilização de vídeos é o fato de isso exigir um investimento de tempo para a busca dos materiais mais adequados. Quando se trata de espanhol instrumental, a dificuldade se agrava já que os vídeos que tratam de situações profissionais são na maior parte importados. O professor de língua deve preparar exercícios adequados a situações representados nos vídeos para não estimular a passividade do aluno neste tipo de atividade. O vídeo pode ser utilizado para apresentar situações reais do meio profissional que é objetivado, mostrar um traço cultural do país da língua meta (festas, costumes, receitas culinárias), trabalhar variedades lingüísticas (formas de tratamento, variedade sintática e semântica), até mesmo tratar de um problema social e buscar soluções. O professor poderá realizar a atividade com vídeo, assistindo o material por partes, selecionando fragmentos determinados, assistindo ao vídeo sem som ou som sem imagem. (ABADÌA, 2000) Mais um recurso interessante é o uso da literatura nas aulas de língua estrangeira que proporciona um contato direto com a língua equivalente ao nível que têm os nativos. De acordo com o nível e o interesse dos estudantes, se pode trabalhar poemas, contos ou romances curtos. Não se trata de um estudo profundo dos contos como uma crítica literária. A idéia do uso da literatura é conhecer autores ibero- americanos e as variedades da língua, além de estimular os alunos ao prazer da leitura. È possível também realizar apresentações teatrais e concursos de poesía, por exemplo. (DÌAZ, 2003) Recomenda-se a escolha de literaturas universalmente conhecidas, premiadas e que despertem o interesse dos alunos e enriqueça o nível cultural destes. Um recurso que sem bem aplicado pode ser uma prática bastante estimulantes para os discentes é a música. Ela representa um excelente recurso de apoio no processo de ensino aprendizagem de uma língua estrangeira. Verifica-se que a música utilizada como um dos recursos no processo de ensino-aprendizagem oferece ao docente uma oportunidade de desenvolver exercícios que envolvam qualquer conteúdo que esteja sendo estudado. Além disso,

42 a música é uma atividade de compreensão auditiva que pode despertar a curiosidade do discente e incentivá-lo a contribuir na aprendizagem. Uma pessoa que aprende uma língua estrangeira traz para a sala de aula, entre outras coisas, sua própria cultura e um sistema de valores. O conceito de interculturalidade da didática de línguas estrangeiras parte, sobretudo, de reflexões pedagógicas que resultam ao analisar-se com maior exatidão as tradições e os costumes (na aprendizagem), o conhecimento de mundo, as vivências, a relação entre as culturas, a motivação individual, o rendimento na aprendizagem, as condições nas quais se aprende e o reconhecimento social da língua estrangeira. (ABADÍA, 2000). 5 CONCLUSÕES Em geral, a metodologia do espanhol instrumental do curso de Secretariado Executivo Bilíngüe da Universidade Estadual do Oeste do Paraná tem como premissa básica levar o aluno a descobrir suas necessidades acadêmicas e profissionais dentro de um contexto autêntico, relacionado ao mundo real. Portanto, é elaborado a partir do levantamento de situações em que o conhecimento da língua espanhola permite ao aluno desempenhar melhor uma função lingüística específica. Sendo assim, o professor de qualquer língua estrangeira, principalmente aquele que visa ao enfoque instrumental, depara-se com a necessidade de estar em constante processo de desenvolvimento de recursos metodológicos. Pode-se dizer que são inesgotáveis as fontes e as atividades que podem ser trabalhadas em classe utilizando-se diversos recursos, e de acordo com a necessidade de cada grupo. O maior desafio está em saber precisamente como todos os materiais disponíveis podem ajudar os alunos no processo de aprendizagem, preocupando-se ainda com o desenvolvimento de uma sensibilidade frente a outras culturas e outros grupos sociais que possam enriquecer as aulas.

43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABADÍA, Pilar Medeiro. Métodos y enfoques en la enseñanza/aprendizaje del español como lengua extranjera. Madrid: Edelsa, 2002. CERVERO, M. Jesús; CASTRO, Francisca P. Aprender y enseñar vocabulario. Madrid: Edelsa, 2000. DÍAZ, Lourdes; AYMERICH, Marta. La destreza escrita. Madrid: Edelsa, 2003. LLOBERA, Miguel. Competencia Comunicativa: documentos básicos en la enseñanza de lengua extranjera. Madrid: Edelsa, 1995. LOBATO, Jesús Sánchez. Asedio a la enseñanza del español como (L2) e (LE). Madrid SGEL, 2002.