Comércio eletrônico em ritmo acelerado



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Transcrição:

Comércio eletrônico em ritmo acelerado Com o aumento do percentual de brasileiros que se conecta à Internet, cresce também a movimentação desse tipo de negócio O comércio eletrônico não pára de crescer. De 2001 até o final de 2006, de acordo com a e-bit, empresa de pesquisas da área, o faturamento cresceu oito vezes: saltou de R$ 550 milhões para R$ 4,4 bilhões. A previsão para este ano é chegar a R$ 6,4 bilhões. Otimismo para isso não falta, já que no primeiro semestre, as vendas movimentaram mais de R$ 2,6 bilhões, sem incluir passagens aéreas, automóveis e leilões virtuais. O montante é 49% maior do que o do mesmo período de 2006. O balanço do semestre mostra, também, que 19% dos consumidores compraram pela Internet pela primeira vez, o que contribuiu para um tíquete médio de R$ 296. O índice de satisfação chegou a 87,15%. Prova de que as lojas virtuais têm correspondido às expectativas dos e-consumidores, afirma Pedro Guasti, diretor-geral da empresa. A entrada de novos consumidores, que elevou para cerca de 8 milhões o número de pessoas que já fizeram compras pela rede, é decorrência do crescimento dos domicílios brasileiros que possuem ao menos um computador em 2001 eram 12,3%; hoje, 22,4%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse total, 16,9% têm acesso a Internet. Além disso, atribui-se ao crescimento do setor o aumento da freqüência de compras por usuários mais experientes aliado à escolha de produtos com maior valor agregado 11% responderam que realizaram mais de dez compras nos últimos seis meses. O avanço deve ser creditado também à ampliação dos serviços de banda larga, que oferecem acesso de alta velocidade à Internet 24 horas por dia, e à elevação do grau de confiabilidade dos sistemas de segurança e das empresas que comercializam eletrônicamente. Com o fim do controle de tempo de utilização da rede, prática habitual nos serviços de acesso discado (telefone), e com a perda da resistência de informar dados pessoais, até por conta da comodidade, era de se esperar o crescimento contínuo. Apesar de as empresas que vendem pela Internet terem motivos para comemorar, elas não escondem que, além da preocupação em oferecer garantia de segurança aos seus clientes, a busca pelos melhores preços é um de seus maiores desafios. Isso porque a tecnologia também está do lado do consumidor, que conta com diversos sites que coletam informações, vasculham os conteúdos dos varejistas e informam os preços, as parcelas e até as condições de pagamento. Mesmo os que não compram pela Internet se utilizam desse expediente. Cerca de 70% dos usuários do BuscaPé, que fornece comparação de preços entre diversas lojas, não faz compras on line. Preferem pesquisar os preços para depois fechar negócios pessoalmente em uma loja física. Nichos Essa situação, de acordo com especialistas, deverá mudar com a fusão dos dois maiores varejistas eletrônicos do Brasil Submarino e Americanas.com -, que passarão a controlar 60% do mercado, e com o início de operações, a partir do ano que vem, das lojas virtuais de empresas como Casas Bahia, Wal Mart e Carrefour, reconhecidas por seus preços baixos, facilidades de pagamento e alta credibilidade junto aos clientes. Devido aos seus portes, têm condições de negociar preços e prazos com os fornecedores, condições que tendem a contribuir para a derrubada dos preços e inibir a presença de pequenos participantes no mercado. Para quem não pretende bater de frente com as gigantes varejistas, a saída, de acordo com a professora Patrícia Vance, da Fundação Instituto de Administração (FIA) e do Programa de Administração do Varejo (Provar), é atuar em nichos ou com produtos diferenciados.

Essa também é a opinião de Dailton Felipini, professor de Comércio Eletrônico na Universidade Mackenzie. Em um artigo ele diz que ninguém consegue ser o melhor em tudo, principalmente uma empresa que vende quase um milhão de itens diferentes. Tamanho costuma representar força, mas também pode trazer problemas, como lentidão nas respostas às demandas do mercado. Vale lembrar que a agilidade é um fator estratégico e crucial na nova economia. Mas como ter agilidade se a baixa capacitação de recursos humanos e financeiros e os altos custos de implantação da infraestrutura necessária para essa forma de fazer negócios desafiam as pequenas e médias empresas? Estudo da e-bit, com 8 mil empresas desses portes, revela que 77% têm páginas na Internet e que 46% fazem comércio eletrônico. Apesar disso, não conseguem ampliar seus negócios. Em outras palavras: o comércio eletrônico não pára de crescer - em 2001 eram apenas 1,1 milhão de pessoas que compravam virtualmente; no final do ano, deverão ser 9,5 milhões, dos quais 45% mulheres; a renda média do consumidor on line é de R$ 3.692, a metade (49%) tem curso superior e situa-se entre 35 e 49 anos mas será que vai ter espaço para quem é pequeno? Densidade Pequena Banda larga e comércio eletrônico são coisas que devem caminhar juntas. Em função do grande número de informações sobre produtos nos sites de compras, utilizar-se de acesso discado é um exercício de paciência. Infelizmente, apesar de contar com 6,54 milhões de assinantes um crescimento de 35,9% sobre o mesmo período do ano passado -, a densidade do serviço é muito pequena. São três conexões por 100 habitantes, o que deixa o Brasil atrás da Argentina (4%) e do Chile (7%), sem contar da Coréia do Sul, que está próxima de 30%. Os números são de um estudo da Cisco do Brasil e do IDC (Internet Data Center), que projeta para 2010 a meta de 12 a 13 milhões de usuários. Entre os obstáculos da banda larga estão a falta de cobertura, a competição limitada e os impostos altos. Mais de 3 mil municípios não têm opção de internet rápida, deixando de fora cerca de 3 milhões de usuários que poderiam pagar pelo serviço. Devido aos impostos de importação e a carga tributária sobre os serviços superior a 40% -, os equipamentos usados no acesso chegam ao País custando até duas vezes e meia a mais. Mais Concorrido que o Vestibular Com salários de até R$ 3,5 mil, os programas de trainees mobilizam milhares de recém-formados Sair da universidade e, em pouco tempo, conseguir uma boa colocação profissional é o sonho da maioria dos futuros profissionais. Os salários tentadores, que chegam a R$ 3,5 mil, com benefícios e a possibilidade de chegar rapidamente a cargos gerenciais, no entanto, tornam esse sonho um privilégio para poucos, já que a disputa por uma vaga de trainee costuma ser, em algumas empresas, mais concorrida do que o próprio vestibular - em alguns casos chegam a 400 candidatos por vaga. Os interessados devem ter, em média, 25 anos, prestes a concluir a graduação ou formados há, no máximo, dois anos. Os aprovados são submetidos a treinamentos que duram de um a dois anos. Neste período, circulam por todas as áreas da empresa. A idéia é que por meio de programas estruturados, venham a ter a possibilidade de assumir cargos gerenciais.

Implantados há cerca de 30 anos, os programas de trainees ganharam expressão em meados da década passada, quando grandes corporações passaram a investir em diversos projetos. Hoje, a onda para o desenvolvimento de novos líderes está tão intensa, que segmentos sem tradição nesse tipo de contratação, como construção e moda, também estão interessados em formar novos líderes. Com isso, o número de vagas, de acordo com estimativas, cresceu 30% nos últimos 12 meses. O que estaria levando as empresas a esse fenômeno é a estabilidade econômica. A consultora Adriana Rosa, especializada na coordenação de processos de escolha de trainees, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo, que a nova realidade econômica do País contribuiu para que as empresas pensassem a longo prazo, já que a formação de líderes é um investimento cujos frutos são colhidos depois de vários anos. Na prática, o que as organizações querem são jovens talentos que buscam desafios. Em troca, oferecem capacitação profissional e a chance de uma carreira sólida. Para ela, ter a felicidade de ser escolhido por um programa dessa natureza, certamente é um dos melhores inícios de carreira que alguém almeja ter. Além da notoriedade para o currículo, o futuro profissional desenvolve uma visão organizacional maior. Mas não deve pensar que por ser um selecionado estará com a vida garantida. Ele será sempre o mais cobrado, alertou. Parte das empresas que buscam formar executivos é relativamente nova no mercado, mas com intenção de crescer muito e rápido, o que acaba por despertar o interesse de recém-graduados. Ao se inscrever no programa da petroquímica Braskem, a psicóloga Ana Bastos soube aproveitar bem a chance. Durante o período de treinamento, que durou dois anos, ela desenvolveu o programa de estágios da empresa. Hoje, além desse projeto, ela cuida do programa que a viu adentrar os portões da empresa: o de trainee. Também na mesma empresa, Paulo de Motta Coelho, ex-trainee que chegou ao posto de gerente comercial de poliolefinas, trocou um trabalho em uma multinacional de tecnologia para estar em um local em que pudesse crescer junto com os negócios. Para ele, mais do que estar em uma empresa que se admire, o jovem deve encontrar um lugar onde a carreira possa ser desenvolvida no ritmo que ele gostaria. Desavenças Segundo Adriana Rosa, antes de promover uma seleção de trainees, as empresas devem dar oportunidades para o seu próprio pessoal. Fazer por fazer, sem dar oportunidade de crescimento interno, pode gerar desavenças e rejeição aos trainees, afirmou. A Bosch é uma das empresas que só partem para a seleção depois de verificar o potencial do seu quadro interno. O gerente de Recursos Humanos da empresa, Fábio Amaral Machado, entende que contratar um profissional no mercado é importante por conta da experiência, mas o trainee pode ser treinado desde o início com a cultura da empresa. Ele acredita que, apesar de muito jovens, os possíveis sucessores de cargos de gestão são pessoas que usam com maturidade as ferramentas que adquiriram, tais como: uma boa formação, uma língua estrangeira e a capacidade de se comunicar bem com os colegas. Fábulas Sobre a Difícil Arte de Administrar No tempo em que os animais falavam, ocorreu um boato na floresta de que o céu ia desabar na cabeça da bicharada. O desespero tomou conta dos animais, que começaram a correr em todas as direções, sem saber a quem recorrer ou, pelo menos, onde ficar. No meio do caos, um tigre avistou um pássaro deitado tranqüilamente, com os pés para o alto e as asas recostadas no solo. Surpreso, perguntou ao pássaro se ele não tinha ouvido a notícia sobre o que iria acontecer. Claro que ouvi, e estou aqui, nesta posição, para tentar segurá-lo, respondeu. Não satisfeito, o tigre disse que ele não ia conseguir. O pássaro retrucou: o que vai acontecer eu não sei ao certo, estou somente fazendo a minha parte. Essa história poderia ser mais uma das que se contam para as crianças. No entanto, faz parte da coleção de fábulas proferidas pelo administrador José Roberto Machado ao final das palestras e treinamentos que ministra. A idéia é deixar uma mensagem reflexiva sobre o que foi discutido, afirma. No caso da fábula acima, esclarece, diariamente somos bombardeados por fatos difíceis de se lidar. Assim, esperar o céu cair na cabeça significa como iremos reagir a eles. Costumo dizer que existem três grupos de pessoas: as que esperam acontecer; as que perguntam o que aconteceu; e as que fazem acontecer. Cabe a cada uma escolher qual o grupo que quer pertencer, explica.

Consultor especializado em planejamento estratégico e gestão para pequenas empresas, Machado entendeu que precisava ir além. Reuniu 11 fábulas relacionadas aos temas que exigem mais reflexão dos participantes de suas palestras e das pessoas que acompanham seus treinamentos e as publicou no livro Fábulas sobre a difícil arte de administrar (Editora QualityMark). São histórias populares, algumas delas de filósofos como Platão e Sócrates, esclarece. Diferente do seu trabalho do dia-a-dia, em que as histórias são contadas no final, no livro esse processo é inverso. Primeiro são apresentadas as fábulas, fazendo-se, a seguir, analogias com a realidade que povoa o cotidiano das empresas. O autor, que também é professor universitário na área de Administração, lembra que, apesar de não ser novidade transmitir conhecimentos por meio desse recurso, é a primeira vez que alguém o faz na área de Administração. A linguagem é simples, o que facilita a analogia entre as fábulas e os conceitos de Administração. Machado afirma que o ensinamento por meio de fábulas é importante porque os problemas das pequenas empresas são muito parecidos. Geralmente ligados à estratégias malformuladas ou dificuldades de entender os conceitos de gestão. Essa semelhança faz com que seja constantemente interpelado em suas palestras por pequenos empresários que dizem: professor, o senhor conhece a minha empresa? E ele responde: não conheço, mas provavelmente sei que uma grande quantidade de empresas tem as mesmas características que a sua. Em um dos capítulos, ele fala sobre um presídio em que os condenados, divididos em grupos, eram acorrentados em círculos. No meio de cada círculo havia um caldeirão de sopa, único alimento a eles oferecido. Cada preso tinha uma colher longa, pois o caldeirão ficava longe. O inconveniente era o de que, por ser excessivamente comprido, ninguém conseguia girar o utensílio e levá-lo à boca. Mas ao fazer uma visita, o comandante do presídio teve uma surpresa: apesar de a sopa ser servida diariamente, as celas estavam cheias de pessoas esqueléticas e malnutridas. Porém, em uma delas os prisioneiros estavam fortes e bem alimentados. A razão para isso poderia ser a benevolência dos guardas, soltando os presos na hora da alimentação, ou, então, um verdadeiro milagre. Mas, por ser inteligente, o comandante percebeu que aqueles homens haviam descoberto o significado da palavra parceria, passando a alimentar uns aos outros. Como o cabo da colher era muito grande, cada um alimentava quem estivesse à sua frente. Assim, todos comiam, enfatizou. Na prática, o que os presidiários descobriram era que para sobreviverem tinham de trabalhar em conjunto. Em outras palavras: no mundo globalizado, parte dos negócios precisa ser complementada por ações desenvolvidas por outras empresas. Quem abrir mão dessa realidade, pode ter vida curta.

Questão de Bom Senso Há um divórcio entre os anseios da sociedade e as decisões tomadas pelos parlamentares. O caso mais recente desse desequilíbrio está na aprovação da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) pela Câmara Federal. Por outro lado, louva-se a atitude da Comissão de Constituição e Justiça do Senado ao aprovar, por unanimidade, o fim da votação secreta para temas como cassação de mandato, análise de vetos presidenciais e aprovação de indicação de ministros para os tribunais superiores. As decisões ainda dependem de três votações para serem colocadas em prática, mas o que se espera é que, em ambos os casos, a sociedade seja a beneficiada. No caso do provável fim do voto secreto, a expectativa é a de que a transparência possa permitir que a população não só cobre como dê a devida paga aos parlamentares que traem a confiança de seu eleitorado. Assim, os que praticarem o chamado estelionato eleitoral, que é a posição contrária à defesa de teses de programas pré-eleitorais, ou a adoção de comportamentos opostos às exigências dos cargos que ocupam, teriam que dar boas explicações para manterem o conceito alto. E isso já estaria valendo, se a sociedade soubesse quem votou a favor ou contra a prorrogação da CPMF. A esperança em torno da não continuidade da CPMF também é grande. Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que compara os últimos projetos do governo federal com as respectivas execuções, mostra que no próximo ano haverá uma folga acima de R$ 53 bilhões no Projeto de Lei Orçamentária enviado pelo governo. Assim, a CPMF, cuja arrecadação está estimada em R$ 39 bilhões para 2008, pode ser perfeitamente extinta. Além do que, sob o ponto de vista econômico e administrativo, a prorrogação dessa contribuição significa a manutenção de um imposto injusto. Por ser cobrada em cascata, onera os investimentos e a produção, sem contar que não traz embutida a preocupação social como o Imposto de Renda, por exemplo, em que as classes menos favorecidas contribuem com menos. Assim, que não se enganem todos com a nomenclatura. Apesar da denominação contribuição, trata-se, na verdade, de um imposto, já que a União se apodera de toda a receita sem ter que repassá-la para Estados e municípios. Tomara que o bom senso ilumine os parlamentares para que legislem em favor da sociedade. Ainda há tempo para isso. Café com Toque Feminino Adm. Carlos Eduardo Uchoa Fagundes CRA-SP 21929 President Poucos acreditaram na sua idéia de plantar café. Hoje, Maria Helena Monteiro Alves Bastos (foto) é uma das empreendedoras mais influentes do País Ela deixou a carreira bem-sucedida de executiva de uma multinacional de Recursos Humanos para viver um sonho: comprar a Fazenda Monte Alto, em Dourado, interior de São Paulo, local que a viu nascer, crescer e se casar, e que outrora pertencera à

família, para plantar café. A idéia foi considerada absurda pelos amigos, que chegaram a chamá-la de louca. Não era para menos: na região da pequena cidade de 9 mil habitantes, a cultura cafeeira havia cedido espaço para a cana-de-açúcar. Assim começa a história da empreendedora Maria Helena, que, em 1999, ao investir suas economias na fazenda de 100 alqueires, enxergou no cultivo do café a oportunidade de um grande negócio. Por trás da decisão, afirma, a constatação de que o Brasil, embora seja o maior produtor do mundo e o segundo que mais consome, não bebe um bom café, e o desejo de retomar a história secular dessa cultura na região. É claro que no início nem tudo eram flores. Mesmo planejando e contando com assessoria técnica, havia a inexperiência. Para superá-la, ficou meses lidando direto com o café, gradeando, semeando e colhendo. Com foco na qualidade e na escolha de quatro varietais 100% arábicas - catuaí vermelho e amarelo, acaiá e obatã, a recompensa não tardou chegar. A fazenda que tinha 130 mil pés de café, hoje conta com cerca de 1 milhão. Esse crescimento fez com que a empresária percebesse que podia agregar valor à produção, se a industrializasse. Assim, montou na sede da fazenda uma torrefadora. Ao produto deu o seu próprio nome - Café Helena, hoje comercializado em cerca de 200 pontos da capital paulista e em diversas cidades do interior. A torrefação, segundo ela, é uma fonte mais segura. O café de prateleira não cai de preço, justifica. A fórmula de sucesso que rendeu à cafeicultora o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2006 e o título uma das 20 mulheres empreendedoras mais influentes do Brasil, dado pela revista Forbes, foi por ela explicada no CRA-SP, em seminário promovido pelo Grupo de Excelência Empreendedorismo e Inovação, com apoio da Business Professional Women, organização não governamental que agrega mulheres empresárias e profissionais. No mesmo evento, Anna Maria Tuma Zacharias, da Rede Zacharias de Pneus, e Izabel Maria Barros Galvão, do Grupo Bardhal, também descreveram como se tornaram empreendedoras (ver abaixo). Oportunidade feminina Dedicação, persistência, crença, comprometimento dos colaboradores são itens que recheiam a receita de qualquer empreendimento de sucesso. Para Maria Helena não foi diferente. No entanto, louva-se o fato de ser vitoriosa em uma atividade basicamente masculina. Costumo dizer que um homem inteligente é o que abre espaços para as mulheres mostrarem seus talentos. Elas também sabem fazer, improvisar e alçar vôos, declarou. Não é à toa que o logotipo do Café Helena é precedido da frase o toque feminino na tradição. Idéias e segredos O ato de empreender, segundo Maria Helena, exige inovação constante e a agregação de diferenciais. Citou o exemplo do Circo de Soleil, que transformou uma idéia antiga, a de pular corda, em um espetáculo diferente, no qual os participantes sobrepõem o obstáculo de várias formas. Isso é inovar e é o que precisamos fazer com as nossas empresas. Não dá para pular corda apenas por pular. É preciso ir além, fazendo coisas que nunca ninguém pensou, destacou. Outro segredo, afirmou, é saber empreender na crise, ou seja, enxergar oportunidades em situações em que a maioria vê somente dificuldades. Citou também a importância do foco e da concentração, que podem ser fortalecidos por planejamentos mentais. Essa prática, esclareceu, não deixa o empreendedor desviar-se de seu caminho, fazendo-o acreditar ser possível vencer as armadilhas e artimanhas impostas ao negócio. Isso exige muita sensibilidade, percepção e presença de espírito. Por fim, a sensibilidade. É preciso gostar daquilo que se faz para que tudo saia com maestria. É isso que proporciona diferenciais, o que contribui para que as pessoas não desistam de seus sonhos. Girar a roda De acordo com Maria Helena, os funcionários acreditam na viabilidade do empreendimento quando ele for precedido de um cunho social. A idéia da empresária foi construir um trabalho que valorizasse a comunidade, principalmente a mulher da região, praticamente desassistida. O papel da gente é girar a roda. Assim como eu cresço, ela (comunidade) cresce também, finalizou. A Mulher já nasce administradora Ao dizer não ser empreendedora, mas uma seguidora das obras deixadas pelo marido Antonio Leme Nunes Galvão, Izabel Galvão, do grupo Bardhal, afirmou que uma das características femininas é nascer administradora. Caminhamos sem saber que estamos nessa brincadeira e quando nos damos conta percebemos que podemos comandar o mundo, enfatizou, ao lembrar que

seu ex-marido ficou conhecido como dirigente esportivo (foi presidente do São Paulo), mas era um homem de negócios, envolvido em vários empreendimentos, como o de ter participado da construção de Brasília, por exemplo. Quem também não tinha qualquer experiência empresária é Anna Maria Tuma Zacharias, presidente da rede Zacharias de Pneus. Meu marido era empreendedor, mas tudo tinha de ser ao seu modo, o que fez com que eu e minhas filhas caíssemos de paraquedas na empresa após a sua morte, há sete anos, lembrou. Ao assumirem, perceberam que a empresa de 74 anos, e que se encontra na terceira geração, estava desfalecida. O fato de não saberem negociar somente aumentava os problemas, agravados com a perda de uma parceria com uma distribuidora de pneus, que já durava décadas. Após uma reestruturação, que culminou com a dispensa de funcionários, o fechamento de algumas lojas e a incorporação de uma nova fornecedora de pneus, a empresa está dando a volta por cima. Anna Maria Tuma Zacharias, Izabel Maria Barros Galvão, Márcia Kitz, presidente da BPW, e Maria Helena Bastos Sox. O Brasil Precisa de uma Lei como esta? Um dos pontos favoráveis à criação de uma Sox brasileira é a segurança para o investidor À medida que o mercado brasileiro de capitais se robustece e se mostra cada vez mais maduro e desenvolvido, ganha corpo a discussão sobre a incorporação de leis semelhantes a norte-americana Sarbanes-Oxley (Sox) à legislação brasileira, no que se

refere ao modelo de governança corporativa. A afirmação é de Sidney Ito, integrante do Grupo de Excelência Governança Corporativa, do CRA-SP. Criada em 2002, a Sox determina novas exigências aos executivos, Conselhos de Administração e Comitês de Auditoria no que se refere à divulgação de informações contábeis, com a finalidade de assegurar as boas práticas de governança corporativa. Quem fraudar ou negligenciar essas informações está sujeito a multas de até US$ 5 milhões e a penas de até 20 anos de prisão. Isso gera mais segurança ao investidor, afirma Ito. Além disso, a Sox estabelece fronteiras de atuação da empresa, do Comitê de Auditoria e dos auditores externos. A Administração gera normas e procedimentos, regras de ética e conduta e um conjunto mínimo de controles internos, como forma de garantir a veracidade das demonstrações financeiras. O Comitê de Auditoria é responsável pelo monitoramento da escolha e aplicação das práticas contábeis pela administração e a qualidade das demonstrações financeiras. Acompanha, também, as atividades da auditoria interna. Já a auditoria externa é responsável pela contratação, substituição e discussões técnicas sobre o planejamento e o escopo dos trabalhos, problemas identificados e a configuração do parecer antes de sua emissão. Essas exigências, explica, levariam o Brasil a obter ganhos evidentes de eficácia e controle das operações. Uma vez que uma empresa é obrigada a compreender e documentar os seus principais processos, além de testar e garantir a eficiência dos controles internos, ela passa a entender com detalhes o seu próprio negócio, além de manter apenas os processos que permitam prevenir ou detectar erros ou fraudes nas demonstrações financeiras, destaca. Um dos pontos desfavoráveis é a estrutura de governança no Brasil, bastante diferenciada da dos Estados Unidos. No Brasil, temos o Conselho Fiscal, que primariamente presta contas aos acionistas minoritários, com características em alguns momentos semelhantes e, em outros, divergentes de um Comitê de Auditoria (que neste caso atua no suporte ao Conselho de Administração), enfatiza Ito, ao lembrar que o Comitê de Auditoria americano deve ser formado integralmente por membros do Conselho de Administração, enquanto nossas regras societárias não permitem que um membro do Conselho Fiscal integre simultaneamente o Conselho de Administração. Fatos como este, somados aos aspectos de independência, eventuais conflitos e aumento de custos com a manutenção dos dois grupos, inibiriam a sua formação. A remuneração é outro inibidor. Em 2002, o executivo americano com maior salário recebeu US$ 1 milhão de salários fixos e cerca de US$ 260 milhões em remuneração variável. Uma remuneração assim pode incentivar um executivo a manipular as demonstrações financeiras para alcançar as metas, afirma Ito. No Brasil, a política de remuneração variável não segue esses padrões e, portanto, o profissional brasileiro não é tão incentivado a esta conduta. Como se vê, há argumentos fortes contra e a favor da instituição de leis semelhantes a Sox, finaliza Ito. Livros de Interesse do Administrador VOCÊ É O LÍDER DA SUA VIDA, Juliano César Souza, Editora Sextante Apresenta a jornada de um jovem profissional em busca de novos horizontes e desafios. Desejando conhecer modelos originais de liderança, ele e sua mulher embarcam numa viagem ao redor do mundo para identificar as estratégias de sucesso na arte de inspirar pessoas. Deparam-se com experiências diferentes e descobrem que não há um modelo perfeito de liderança nem modelos prontos para chegar lá. Mesclando ficção e realidade, o livro não é destinado apenas a empresários e empreendedores, mas a qualquer pessoa que deseja se tornar melhor naquilo que faz. O autor é administrador pela Universidade Federal da Bahia e consultor nas áreas de estratégia, marketing e RH.

CRIATIVIDADE, Pat Fallon e Fred Senn, M. Books Editora Ensina a transformar a criatividade em uma poderosa vantagem de negócio. Os autores argumentam que não importa o aparecimento de uma nova mídia ou o desaparecimento de uma velha. O que deve permanecer sempre é o poder da criatividade como força para mover o mercado a seu favor. Para eles, os líderes de organizações têm mais criatividade do que imaginam. No entanto, por reprimi-las acabam canalizando-as em direções erradas. Com a autoridade de 25 anos de marketing bem-sucedido e muitos trabalhos premiados, Fallon e Senn oferecem ao leitor um eficiente procedimento: identificar o problema-chave que sua empresa precisa resolver e, então, procurar, obstinadamente, novas idéias que levem a uma solução. Fallon e Senn são co-fundadores da Fallon Worldwilde, um dos maiores conglomerados de mídia e propaganda do mundo. EM BUSCA DO SUCESSO, Robert Henry Srour, Disal Editora De linguagem acessível, apresenta conceitos éticos a partir da análise de casos reais. Mostra como alcançar o alto desempenho sem apelar para o mundo cão. Desvenda a lógica da inteligência ética, uma ferramenta científica que cria valor para os acionistas e constrói a boa reputação das empresas e dos profissionais que nela trabalham. Henry Srour é professor de MBA (Master Business of Administration) em faculdades paulistas. Mais informações Editora Sextante www.sextante.com.br

atendimento@esextante.com.br Fone (21) 2286.9944 M. Books Editora vendas@mbooks.com.br Fone (11) 3645.0409 Disal Editora www.disaleditora.com.br comercialdisal@disal.com.br Fone (11) 3226.3111 CRA-SP Inaugura o Espaço Manacá A idéia é promover a convivência e disseminar o conhecimento Em solenidade que contou com a presença de cerca de 400 pessoas, o CRA-SP inaugurou, dia 17 de setembro, o Espaço Manacá. O evento registrou, também, o lançamento oficial da revista Administrador Profissional. De estilo neoclássico e com 763 metros quadrados, o espaço, além de servir de ponto de encontro dos administradores, foi idealizado para ser referência no mundo corporativo, já que incorpora o que há de mais moderno para a realização de eventos executivos e atividades técnico-científicas e culturais. Um dos pontos altos da solenidade foi a homenagem prestada ao administrador Roberto Carvalho Cardoso, com a entrega de uma placa de prata. Uma forma de agradecê-lo pelos 38 anos que ficou a frente dos destinos da entidade, e também por ele ter sido o idealizador do novo espaço A bem da verdade, é que para falar de Roberto Cardoso seriam necessárias muitas páginas. Porém, essa homenagem não poderia terminar sem mencionar algumas de suas qualidades: a simplicidade e a forma carinhosa que dispensa a quem quer que seja. Conversa com todos que o procuram, daí o seu grande mérito de fazer amigos. É por isso, e como já dizia a canção, que ele é uma dessas pessoas para serem guardadas no lado esquerdo do peito.

A Tecnologia Joga a Favor do Teletrabalho Empresas de telecomunicações estão aptas a contribuir para o desenvolvimento da modalidade, afirma diretor da Nokia Siemens Quem mora em uma grande cidade, como São Paulo, sabe bem o que é perder horas em um trânsito caótico. Para quem trabalha é um tempo que poderia ser aproveitado para o fechamento de negócios, ou ficar curtindo um pouco mais a família. Felizmente, essa é uma realidade que pode ser colocada em prática. É possível trabalhar driblando ou ignorando os engarrafamentos e, com isso, dedicar, por exemplo, um tempo para levar o filho para a escola em pleno horário de expediente. A prática, que atende pelo nome de teletrabalho, ao possibilitar que o trabalhador exerça suas atividades de onde estiver, com a mesma produtividade que teria em um escritório, ainda engatinha no Brasil. Apenas 0,9% da população empregada, ou 1,63 milhão de pessoas, é teletrabalhadora. O índice é inferior ao da Bolívia e ao do Chile em relação a população total, países cujos deslocamentos de pessoal estão bem abaixo dos das grandes cidades brasileiras.

A tendência, porém, é de crescimento da modalidade. É cada vez maior o número de pessoas com acesso aos computadores e aos recursos da telefonia celular. Hoje, grande parte das ações de nossas vidas particulares ou profissionais passam por esses dois instrumentos, que contam com a infra-estrutura do setor de telecomunicações, afirmou Wilson Cardoso, diretor de engenharia e redes da Nokia Siemens para a América Latina, em palestra no CRA-SP, a convite do Grupo de Excelência Convergência Tecnológica e Mobilidade Corporativa. Segundo ele, os serviços de banda larga, que permitem que os dados viajem em grande velocidade, são o grande passo para a disseminação do teletrabalho. Com a chegada da telefonia celular de terceira geração, cujos aparelhos funcionam com a mesma velocidade dos computadores, trabalhar na beira da piscina ou no saguão de um aeroporto pode ser mais comum do que se imagina. Atentas a isso, algumas empresas de telecomunicação começam a disponibilizar planilhas de cálculos e editores de textos para os equipamentos de seus clientes. Cardoso lembrou que o teletrabalho está ligado à mobilidade das empresas e com a forma como elas trocam informações. Assim, ele pode ser classificado de duas maneiras: como fator de integração e comunicação de negócios e como fator de interação, que varia conforme o grau de mobilidade. Se a empresa for formada por apenas uma pessoa, onde ela vai a empresa segue junto. Se tiver várias pessoas interagindo, o grau de mobilidade é maior, em função do aumento do compartilhamento das informações, enfatizou. Grande aliada Apesar das vantagens, a tecnologia pode apresentar dissabores para quem adota o teletrabalho. Antes quando se precisava falar com um funcionário, bastava ir à sua mesa. Agora ele pode estar trabalhando em Recife ou na Finlândia, o que remete à dúvida: será que está em alguma reunião que não pode ser interrompida?, revelou Cardoso, ao dizer que o e-mail também é um recurso falível. Quando enviado, parte-se do pressuposto de que será lido pelo destinatário, mas pode ser que algum problema no processo como erro de endereço impeça que isso aconteça. É uma prática que pode fazer empresas perderem milhões, se o que está em jogo são informações sobre negócios. Mas ninguém ignora que o grande mérito da tecnologia é o de ser aliada. Permite, por exemplo, realizar audioconferências com três ou quatro pessoas, por meio do telefone celular. Todas podem interagir ao mesmo tempo, ou ter um ou dois que fiquem apenas na escuta, manifestando-se caso sejam autorizados. Permite, também, que várias pessoas trabalhem ao mesmo tempo em um só documento. Uma pode complementar a informação da outra e, no final, gerar um documento único. No caso da Siemens, existem projetos delineados por pessoas de várias partes do mundo. Seria muito difícil reuni-las em um só local para cumprir esse objetivo, explicou Cardoso. Mudança cultural Entre os impeditivos do teletrabalho estão a conciliação da vida profissional com a pessoal e a inexistência de uma legislação trabalhista específica, o que, às vezes, gera muita discussão sobre as formas de como os contratos devem ser redigidos. Deveseconsiderar, ainda, como ficam as relações das pessoas que passam a se ver uma vez por semana e, até mesmo, por mês. O teletrabalho, na realidade, é uma mudança cultural radical, uma revolução trabalhista. Cardoso explicou que na Siemens a implantação da modalidade promoveu nos dois últimos anos três fatores de mudança: evolução da mentalidade, tecnológica e econômica. Para ele, a mudança cultural é uma espécie de análise do potencial de um novo estilo de trabalho, que exige pessoas predispostas a participar e que preferem ficar trabalhando uma hora a mais em casa do que ficar duas no trânsito. Isso faz com que economize dinheiro, tempo e saúde, finalizou.

Movimento Ético Infelizmente neste país os crimes de colarinho branco proliferam porque não existe punição nenhuma. Caberia ao CRA-SP iniciar um movimento ético, pelo menos no que tange aos administradores de empresa. Por que o CRA-SP não luta para que as empresas em recuperação judicial sejam obrigadas a contratar um administrador registrado? Por que não cassar o registro do administrador que assina duplicatas frias? Essa prática criminosa está cada vez mais comum em nosso país e nunca vi ninguém ser punido. Por que se permite que qualquer um exerça a profissão de administrador sob a nomenclatura de Gerente Financeiro, Gerente Administrativo e semelhantes? Atualmente com a nova lei de falências, virou prática comum a emissão de milhões de duplicatas frias e posterior pedido de recuperação judicial. Ou seja, foi institucionalizado o calote, o golpe Chegou a hora do CRA-SP defender a ética nas empresas e lutar para que a profissão de Administrador seja motivo de orgulho. Adm. Inês Lustosa Cabral CRASP 91.534