AVALIAÇÃO DA FARINHA DE FRUTA OBTIDA POR MEIO DA SECAGEM SOLAR CONVECTIVA DE CASCAS DE MEXERICA

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA FARINHA DE FRUTA OBTIDA POR MEIO DA SECAGEM SOLAR CONVECTIVA DE CASCAS DE MEXERICA L. H. S. BONTEMPO 1, R. N. SILVA 1, V. S. CARDOSO 2, L.V. CASTEJON 2, K. G. SANTOS 1 1 Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Instituto de Ciências Tecnológicas e Exatas Departamento de Engenharia Química, Uberaba 2 Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Uberlândia E-mail para contato: leticiah.bontempo@gmail.com RESUMO O desenvolvimento de novos produtos e o aproveitamento de resíduos vem sendo explorado cada vez mais em diferentes segmentos. Devido à alta umidade dos resíduos de frutas, estes devem ser secos em condições controladas de temperatura, para evitar a degradação dos nutrientes. No entanto, a secagem pode ser uma operação dispendiosa, principalmente devido à energia gasta no aquecimento do ar. Diante disso, empregar a energia solar no aquecimento do gás de secagem torna o processo ambientalmente sustentável e menos oneroso. No presente trabalho, foi realizada a secagem convectiva de cascas de mexerica empregando um secador solar do tipo caixa. Foram avaliadas o efeito da variação da massa de matéria e a velocidade do ar sobre a temperatura e a umidade final e composição centesimal do material. Todas as condições estudadas obtiveram boa taxa de secagem, permitindo que após as 6 hs de secagem em dia ensolarado, o material seco fosse triturado para compor a farinha da casca de mexerica. 1. INTRODUÇÃO As frutas possuem papel essencial na alimentação humana representando excelentes fontes de vitaminas, minerais e nutrientes. Por possuírem um alto teor de umidade (cerca de 80%), as frutas e legumes são altamente perecíveis. Segundo a EMBRAPA (2015) (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a secagem é uma das técnicas mais utilizadas na conservação dos alimentos, pois além de gerar um ambiente inadequado ao crescimento microbiano ela também reduz o peso e as dimensões do produto, permitindo menores custos de transporte e armazenamento. Segundo Silva (2010), a técnica de secagem de alimentos através de energia solar pode ser realizada através de secadores solares. Estes podem ser de dois modelos: exposição direta e exposição indireta. Na secagem em exposição direta, o alimento recebe a radiação solar diretamente em sua superfície. Já na secagem indireta, o alimento é colocado em prateleiras, são utilizados um coletor e uma câmara de secagem, sendo este modelo mais indicado pois evita contaminações e perdas significativas do alimento.

A tangerina é uma fruta cítrica altamente consumida, quase exclusivamente na forma in natura, sendo rica em fibras, vitamina C e potássio. A casca da tangerina é um dos principais resíduos do processamento da fruta e consiste em uma fonte rica de fibras, compostos fenólicos, flavonoides e vitaminas (PETRUNGARO, 2015). Essa pode ser inserida na dieta alimentar como suplemento na forma de farinha de fruta, podendo ser empregada na fabricação de pães, bolos, barras de cereal, dentre outros. Uma das formas para se obter a farinha da casca da tangerina é por meio da secagem, que consiste na remoção de parte da água livre presente no alimento. 2. METODOLOGIA 2.1. Caracterização das Cascas de Tangerina As tangerinas utilizadas foram devidamente higienizadas, descascadas e fatiadas manualmente separando-se a polpa, que não foi utilizada. As cascas de tangerina foram cortadas em cubos uniformes de aproximadamente 1 cm. Os fatores de forma e a distribuição de tamanho das partículas, bem como o diâmetro médio volumétrico foram calculados por meio da análise de imagens das partículas, empregando o software ImageJ. Modelos de Distribuição Granulométrica: A partir das dimensões das partículas, obtidas pela aferição de 30 partículas com o paquímetro, foi calculado o volume de cada partícula e assim, o diâmetro da esfera de mesmo volume que a partícula. A partir dessas medidas, a amostra foi particionada por tamanhos para obter a distribuição de frequência e a distribuição acumulativa (X) do tamanho das partículas. Assim, foram ajustados os modelos de distribuição granulométrica mais comuns da literatura: GGS, RRB e sigmoide, representados pelas Equações 1 a 3, respectivamente. m D X k D X 1 exp k p D X 1 k m 1 (1) (2) (3) Porosidade do leito empacotado: Para o cálculo da porosidade do leito empacotado ( ) das cascas de tangerina utilizou-se a Equação 4, em que V p o volume realmente ocupado pelas partículas e V R é o volume do leito empacotado. Vp 1 (4) V R Cálculo da densidade aparente: Cortou-se um cubo de casca de tangerina e mediu-se suas dimensões. A densidade aparente da casca de tangerina foi calculada pela razão entre a massa média de uma partícula pelo volume médio da partícula (paralelepípedo).

2.2 Experimento de Secagem Solar O equipamento de secagem solar utilizado foi construído por alunos do curso de Engenharia Química da UFTM na disciplina de Desenvolvimento de Processos Químicos conforme mostra a Figura 2. O coletor solar é representado por 1, a bandeja por 2 e o cooler por 3. (a) (b) Figura 2 - Secador solar convectivo do tipo bandeja: (a) esquema; equipamento com 1) refletores, 2) calha bandeja; 3) cooler Duas configurações foram testadas: secagem em bandeja e com leito fixo. Na Configuração 1 foram realizados quatro experimentos de secagem solar variando a massa de cascas de tangerina em 210 g e 310 g e a rotação do cooler em máxima e mínima. Na Configuração 2 foi executado um teste com massa constante de 410 g de material, que foi disposto na cesta perfurada, leito fixo. De 15 em 15 min, a amostra era retirada do forno para obtenção dos dados de perda de massa com o tempo, durante 6 h de experimento. A temperatura nas duas condições foi medida de 30 em 30 minutos com um multímetro. O equipamento foi sempre posicionado onde havia maior captação de raios solares. 2.3 Obtenção da Farinha da Casca de Tangerina A farinha da casca de tangerina foi obtida após a secagem convectiva solar das cascas, em que pequenas amostras foram trituradas com o auxílio de um mixer. As amostras foram analisadas no Instituto Federal do Triângulo Mineiro-Campus Uberlândia. Foram realizadas análises físicoquímicas para determinação de teor de umidade, cinzas, proteínas, fibra e lipidios seguindo os procedimentos descritos no Manual de Métodos Físicos-químicos de Análise de Alimentos do Instituto Adolfo Lutz. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Caracterização da Partícula As partículas apresentaram uma forma entre circular e angular, e um pequeno alongamento. O valor médio encontrado para a esfericidade foi de 0,887, ou seja, as partículas não são esféricas. Os dados de diâmetro médio volumétrico foi de D v =0,816 cm. O modelo que melhor se ajustou a distribuição de tamanho das amostras foi o modelo G.G.S. com maior valor do coeficiente de correlação quadrática com R 2 = de 0,987. Com as dimensões do paralelepípedo medidas de 0,38 x 0,82 x 0,97 cm e sua massa de 0, 29g, obteve-se uma densidade aparente de 0,959 g/cm³. O leito apresentou uma porosidade média de 0,51, ou seja, 51% do volume do leito é composto por vazios. 3.2 Secagem no Secador Solar do Tipo Bandeja Configuração 1 Os resultados obtidos são mostrados na Tabela 1. Pode-se observar que todo os testes realizados obtiveram resultados bastante expressivos e similares, removendo mais de 87% da umidade inicial do material, sendo a eficiência média de secagem de 93,45%. Tabela 1 - Dados experimentais para as condições avaliadas Variáveis Experimento Massa (g) Rotação bu0 X Xbuf bs0 Respostas X Eficiência % 1 210 Baixa 0,6980 0,0252 2,3115 0,0259 96,38 2 210 Alta 0,7481 0,0382 2,9698 0,0397 94,89 3 310 Baixa 0,7455 0,0906 2,9292 0,0996 87,85 4 310 Alta 0,6877 0,0365 2,2022 0,0379 94,69 X bsf Em geral, esperava-se que maiores rotações de cooler, ou seja, maiores velocidades do ar de secagem favorecessem o aumento da eficiência de secagem e que maiores massas de material no equipamento diminuíssem a eficiência de secagem. Infelizmente, devido à pequenas variações nas condições climáticas, a temperatura do experimento 4 foi inferior às demais, inviabilizando a análise dos efeitos das variáveis, uma vez que a temperatura influencia a secagem e não se tem o controle da mesma. É importante salientar que todas as condições testadas levaram a um material com baixa umidade final, possibilitando a fabricação da farinha da casca de tangerina. A Figura 3 apresenta as variações de temperatura com o passar do tempo para cada experimento. Uma vez que a temperatura da secagem é dependente das condições climáticas, não é possível controlar seu valor neste tipo de experimento. Os maiores picos de temperatura ocorreram por volta de 12:00 e 13:00 horas, momento este em que os raios solares incidem diretamente sobre o coletor. Observa-se que alguns experimentos tiveram maiores temperaturas que outros, isso porque os experimentos foram realizados em dias diferentes e consequentemente, condições climáticas diferentes, ou seja, experimentos realizados em dias mais quentes, com incidência maior de raios solares obtiveram maiores temperaturas.

Temperatura [ºC] 80 70 60 50 40 30 20 Experimento 1( 210g baixa rotação) Experimento 2( 210g alta rotação) 10 Experimento 3( 310g baixa rotação) Experimento 4( 310g alta rotação) 0 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 Hora do dia Figura 3 - Variações de temperatura com o passar do tempo nas diferentes condições experimentais. Neste caso, a repetição dos experimentos nas mesmas condições é indicada, uma vez que foram realizados no verão, período de muita incidência solar, e alto índice pluviométrico, o que torna mais difícil a realização de muitos experimentos nas mesmas condições. 3.3 Análise do Encolhimento das Partículas A Tabela 2 apresenta os dados obtidos em relação ao encolhimento das partículas após a secagem na configuração 1. Pode-se observar, que os resultados apresentaram maior encolhimento de espessura do que da área superficial. Isso pode ocorrer devido ao fluxo de ar horizontal que foi paralelo à superfície exposta das cascas de tangerina, como sugerido por Tosato (2012). A forma mais simples e frequente de se explicar o encolhimento é a remoção de água líquida do material. Tabela 2- Dados de encolhimento das cascas de tangerina 210 g 310 g Medidas Baixa rotação Alta rotação Baixa rotação Alta rotação Exp. 1 Exp. 2 Exp. 3 Exp. 4 Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final Área superficial 1,266 0,632 1,355 0,726 0,732 0,481 - - Espessura 0,372 0,244 0,307 0,256 0,282 0,237 0,370 0,278 Volume 0,471 0,154 0,416 0,186 0,206 0,114 - - Encolhimento Superficial 49,92% 53,58% 65,67% - Encolhimento da espessura 65,59% 83,38% 84,04% 75,14% Encolhimento Volumétrico 32,74% 44,67% 55,19% -

3.4 Secagem no Secador Solar em Leito Fixo Configuração 2 Nesta configuração, as cascas de tangerina foram colocadas em um leito fixo (Figura 4) permanecendo estáticas enquanto o ar de secagem é forçado a passar através do espaço intersticial da massa das cascas de tangerina. (a) (b) Figura 4 Leito fixo com cascas de tangerina: (a) início; (b) após a secagem. Ao término da secagem observou-se que a secagem não ocorreu de forma uniforme no leito fixo, pois as cascas que se encontraram nas laterais do mesmo secaram mais que as cascas no meio do leito. Isso pode ter ocorrido porque as cascas das laterais tiveram contato direto com a parede da bandeja sofrendo perda de umidade por condução de calor e também por convecção do ar proveniente do cooler. Em contrapartida, as cascas que permaneceram no centro do leito perderam menos umidade por condução. Á medida em que a amostra seca e sofre o encolhimento, o leito vai se empacotando diminuindo a área ocupada pelas cascas, o ar pode passar facilmente. A Figura 5 mostra a perda de massa da casca de tangerina no leito fixo, ao final das 6 h de secagem nem toda umidade havia sido retirada e somente 47% da umidade inicial foi removida. Apesar desta configuração não se mostrar satisfatória nas condições empregadas já que o material ficou muito heterogêneo, a secagem ocorreu e este equipamento pode ser uma boa alternativa, desde que se trabalhe com maiores vazões de alimentação de ar de secagem e dias com alta incidência de radiação solar. 4.5 Avaliação da Farinha da Casca de Tangerina Após a secagem na Configuração 1, as amostras de casca secas foram trituradas e peneiradas, a fim de compor a farinha da casca da fruta. A Figura 7 apresenta a imagem das farinhas obtidas. A Tabela 3 mostra os teores de umidade, cinzas, proteínas, fibra e lipídeos das farinhas obtidas nos experimentos de 1 a 4. Observa-se que a umidade da farinha foi cerca de 10%, o teor de cinza variou entre 2,6 e 6,2%, a percentagem de proteínas na amostra foi baixa, entre 0,99 e 1,45%, a porcentagem de fibras cerca de 60% e não apresentou lipídeos em sua composição. O restante da análise centesimal é composto por carboidratos, lipídeos e fibras, indicando que a farinha é uma rica fonte desses

Massa de cascas de tangerina (g) componentes. No entanto, análises mais específicas, como de cromatografia líquida dos extratos das cascas devem ser realizadas para a completa indicação da farinha como suplemento alimentar. 450 Massa de cascas de tangerina 400 350 300 250 200 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 Hora do dia Figura 5 Perda de massa com o tempo no experimento 5, em leito fixo. Figura 6 Amostras de farinha de casca de tangerina Tabela 3 Análise de umidade, teor de cinzas e proteínas das farinhas de casca de tangerina. Experimento Umidade Cinzas Proteínas Fibras Lipídeos 1 11,042 ±0,894 5,540 ±2,209 0,991 ±0,039 60,654 ±1,645-2 10,997 ±0,530 2,644 ±0,087 1,068 ±0,058 57,493 ±3,606-3 10,482 ±0,025 6,209 ±0,387 1,449 ±0,061 61,120 ±5,263-4 10,460 ±0,664 3,045 ±1,379 1,221 ±0,552 56,748 ±2,408-5 CONCLUSÃO A configuração do equipamento se mostrou eficiente na secagem das cascas de tangerina com uma eficiência de 93,45%. Apesar de não se obter a melhor condição operacional, a secagem por um

secador solar convectivo é um método eficaz na desidratação da casca de tangerina e conservação da mesma, auxiliando assim no aproveitamento deste resíduo. Houve maior encolhimento de espessura do que superficial. Isso pode ocorrer devido ao fluxo de ar horizontal que foi paralelo à superfície exposta das cascas de tangerina. E foi possível obter a farinha de fruta de mexerica com o secador solar e chegou-se a resultados visualmente satisfatórios quanto a característica final da casca de tangerina. 5. NOMENCLATURA S b Encolhimento volumétrico S e Área sup. da esfera de mesmo volume que a partícula S p Área superficial da partícula V c Volume da partícula V p Volume ocupado pela partícula V r Volume do leito empacotado V s0 Volume inicial V s Volume num dado tempo ε Porosidade - Esfericidade Φ Fator de forma 6. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio financeiro provido pela FAPEMIG (PCE-00154-16: Participação Coletiva em Eventos Técnicos-Científicos). 7. REFERÊNCIAS EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Tecnologia de alimentos. Disponível em:<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/tecnologia_de_alimentos/arvore/cont000fid5sgie 02wyiv80z4s473tokdiw5.html > Acesso em 30 nov. 2015. PETRUNGARO, B. Benefícios da Tangerina. Disponível em: :<http://www.nutricaopraticaesaudavel.com.br/index.php/saude-bem-estar/conheca-os-beneficios-datangerina/ > Acesso em 30 nov. 2015. SILVA, I. G. da. Viabilidade técnica e econômica de secadores solar e elétrico na desidratação de bananas no estado do acre. 2010. 108 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Agronomia, Universidade Federal do Acre, Rio Branco-AC, 2010. TOSATO, P. G. Influência do etanol na secagem de maçã fuji. 2012. 158 f. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2012.