As Energias Renováveis. Estratégia Nacional para o Desenvolvimento das Mini-Hídricas. Intenções e Realidade

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Transcrição:

Estratégia Nacional de Energia Barragens e Mini-Hídricas As Energias Renováveis. Estratégia Nacional para o Desenvolvimento das Mini-Hídricas. Intenções e Realidade António Eira Leitão 1 1. Estratégia europeia e nacional, no quadro geral das energias renováveis 2. Potencialidades hidroeléctricas nacionais e seu grau de concretização 3. Metas visadas para as hidroeléctricas e possibilidade de as alcançar 4. Constrangimentos sucessivos e crescentes para o desenvolvimento das mini-hídricas em Portugal e forma de os ultrapassar Encontro Nacional de Engenharia Civil Maio de 2011 Ordem dos Engenheiros/FEUP

Legislação portuguesa sobre as energias renováveis 2 A produção independente de energia eléctrica a partir de recursos naturais renováveis pode ser exercida por qualquer pessoa singular ou colectiva, de direito público ou privado, qualquer que seja a forma jurídica que assuma, segundo o disposto no Decreto-Lei n.º 189/88, de 27 de Maio A actividade tem sido regulada por resoluções de sucessivos Conselhos de Ministros e outros diplomas legais, ultimamente pelos Decretos-Leis n.º 225/2007, de 31 de Maio, e n.º 126/2010, de 23 de Novembro Complementarmente, o Decreto-Lei n.º 312/2001, de 10 de Dezembro, define o Regime de Gestão da capacidade de recepção pela rede pública da energia proveniente dos centros electroprodutores independentes

Regime tarifário português para as energias renováveis 3 O tarifário de venda de energia eléctrica de fontes renováveis endógenas baseia-se num somatório de três parcelas - fixa, variável e ambiental -, as quais contemplam, respectivamente: - os custos de primeiro investimento evitados com a não entrada em serviço da central electroprodutora cuja construção é evitada; - os custos de aquisição e transporte de combustível e de operação e manutenção evitados com a entrada em exploração da nova central; - os prejuízos de natureza ambiental (emissão de GEE) evitados pelo uso de recursos naturais não poluentes na nova central renovável. Na versão actual, a tarifa de venda de energia continua a ser diferenciada consoante as características do recurso renovável e da tecnologia utilizadas, sendo aplicável a centrais hidroeléctricas até 30 MW de potência instalada, nos primeiros 20 ou 25 anos de exploração

Estratégia europeia para o mercado da electricidade 4 Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (1993) e consequente Protocolo de Quioto (1997) - visam a reposição das emissões de GEE, no período 2008-2012, nos níveis de emissão registados em 1990 Directiva 2003/54/CE - estabelece regras comuns para o mercado interno europeu de produção, transporte, distribuição e fornecimento de electricidade Directiva 2003/87/CE - cria um regime de comércio de licenças de emissão de GEE Directiva 2009/28/CE - promove a utilização de energia proveniente de fontes renováveis, definindo para Portugal uma meta de 31% de renováveis no consumo final de energia em 2020

Utilização do domínio hídrico para produção hidroeléctrica 5 As actividades que tenham um impacte significativo no estado das águas, públicas ou privadas, só podem ser desenvolvidas ao abrigo de título de utilização, de acordo com a Lei da Água (n.º58/2005, de 29 de Dezembro) e com o Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de Maio As utilizações privativas do Domínio Público Hídrico para produção de energia estão sujeitas a concessão A concessão da utilização do domínio hídrico é atribuída através de procedimento concursal, que pode resultar da iniciativa pública, ou de pedido apresentado por particular interessado O prazo da concessão para produção energética, que não pode exceder 75 anos, é fixado atendendo à natureza e à dimensão dos investimentos associados, bem como à sua relevância económica e ambiental

Evolução da potência instalada em pequenos AHE 6 Potência instalada (MW) 350 300 250 200 150 100 50 0 323 MW 37 MW 45 MW 4,5 MW 0,5 MW 1894-1900 1900-1920 1920-1940 1940-1980 1980-2010 Período pioneiro Centrais com 100-200 kw Electrificação de V. Real, Braga, Guarda, V. Franca do Campo Sistemas locais Pequenas centrais 200-500 kw Excepções: - Ribafeita (Vouga) 970 KW - Desterro I (Alva) 2 000 KW Sistemas regionais Médias centrais < 30 MW Rios Lima, Varosa, Cabrum e Alva, ribeira de Nisa, etc. Grandes centrais hidroeléctricas < 240 MW - Sistema Ave- Vizela - Maciço da Serra da Estrela Produção independente < 10 MW Instalação de 85 pequenos AHE no Centro e Norte do País Primeira central: rio Corgo 118 kw Actualmente em exploração: 120 pahe

Evolução da potência instalada em grandes AHE 7 Potência instalada (MW) Antes 1950 1951-1960 1961-1970 150 366 Lei n.º 2002, de 1944 (Prof. Ferreira Dias) 1043 Novas Centrais Hidroeléctricas em exploração Hídricas que pertencem actualmente ao SENV Venda Nova, Castelo do Bode, Pracana, Belver, Salamonde, Caniçada, Cabril, Bouçã, Paradela, Picote e Miranda Bemposta, Alto Rabagão e Tabuaço 1971-1980 1981-1990 1991-2000 817 864 907 Carrapatelo, V. Furnas (GR 1), Régua, Fratel e Valeira Aguieira, Raiva, Pocinho, Crestuma, V. Furnas (GR 2) e Torrão Alto Lindoso, Touvedo, Pracana, Caldeirão e Miranda II 2001-2010 428 Alqueva e Venda Nova II Década de 50 Década de 60 Décadas de 70 e 80 Década de 90 Grande desenvolvimento do parque hidroeléctrico, principalmente das bacias do Cávado e do Zêzere. Início da exploração do rio Douro. Introdução de grupos térmicos de maior dimensão (T. Outeiro e Carregado) e desaceleração do investimento em novas hídricas. Entrada das grandes centrais térmicas (Setúbal e Sines) e retoma do programa hidroeléctrico principalmente com centrais nos rios Douro e Mondego. Entrada da maior central hidroeléctrica (Alto Lindoso, 630 MW) e reforço de Miranda. Entrada da central do Pego e da Tapada do Outeiro (ciclo combinado). Fonte: EDP Produção

Potencialidades hidroeléctricas do Continente português 8 (i) exploradas por explorar totais (i) pahe 410 710 1120 (ii) (actualmente c 30 MW) gahe 4578 4802 9380 (iii) total das renováveis 9290 (iv) 12410 21700 segundo estatísticas da DGEG e REN, relativas a Dezembro/2010 Potencialidades (MW) (ii) conforme Cenários de Evolução Prev. da Produção em Regime Especial 2005-2025, da REN (iii) segundo planeamento da EDP Produção (2005), acrescido dos reforços de potência planeados (iv) produzindo em 2010 cerca de 50% do consumo total de electricidade (52 200 GWh)

Perspectivas de evolução das hidroeléctricas em Portugal 9 Potencialidades (MW) Metas (MW) actual Governo/2020; PNAER pahe 1120 750 gahe 9370 8800 total das renováveis 21700 19200 Potencialidades efectivas em recursos Metas justificadas, embora ambiciosas

Novos grandes aproveitamentos hidroeléctricos concessionados PNBEPH EDP Foz Tua 255 Baixo Sabor 170 Alvito 225 Fridão 238 Ribeiradio 77 965 IBERDROLA Alto Tâmega 127 Daivões 118 Gouvães 660 905 ENDESA Girabolhos 364 364 Reforços de potência EDP Picote II 246 MW 10 Bemposta II 191 Alqueva II 256 Venda Nova III 736 Salamonde II 204 Paradela II 318 1951 Total geral 4185

Metas para a produção de energia em Portugal em 2020 11 Objectivo da nova Directiva das Energias Renováveis 31% Consumo global de energia (dependência externa: 83% 69%) Modo de concretização desse objectivo, europeu e português 21-22% Energias renováveis ( 63-66 66% de produção eléctrica nacional) 24-25% Actuais hidroeléctricas (grandes e peq. AHE) 8-8.5% Futuras hidroeléctricas (PNBEPH; reforços potência; peq. e méd. AHE) 24-26% Parques eólicos (in e off-shore) 6.5-7% Outras renováveis (biomassa; biogás; ondas; solar; RSU; microgeração) 63-66% 66% 6-7% Utilização de biocombustíveis e electricidade nos transportes 3% Medidas de eficiência e de utilização racional da energia 31%

Constrangimentos antigos ao desenvolvimento das mini-hídricas 12 Procedimentos administrativos pouco ágeis e muitas vezes desarticulados entre si, que não se compaginam com as orientações políticas e a necessidade económica de acelerar a concretização dos empreendimentos em energias renováveis Mudança repetida das regras de licenciamento e da definição do tarifário aplicável, dificultando o posicionamento dos produtores interessados e o financiamento por capitais próprios e alheios dos projectos Exigências ambientais desproporcionadas à dimensão dos projectos e, frequentemente, desadequadas ou desproporcionadas à sua natureza e possíveis implicações sobre os ecossistemas associados Sucessiva depreciação da tarifa aplicável, o que associado a aumentos de custo dos equipamentos hidromecânicos e electromecânicos, nalguns casos assinaláveis, tem vindo a desincentivar a realização de novos investimentos

Novos constrangimentos impostos nos recentes concursos públicos 13 A não aplicação sistemática pelas entidades licenciadoras de modelos de optimização para a selecção dos trechos fluviais postos a concurso e para a avaliação do seu potencial energético, por forma a valorizar o aproveitamento dos recursos hídricos nacionais e a apresentação de propostas fiáveis A adopção de um critério único de adjudicação dos concursos - contrapartida financeira - em prejuízo da consideração de parâmetros de selecção/qualificação dos concorrentes e da qualidade técnica e ambiental das soluções, potenciando a menor robustez dos projectos hidroeléctricos equacionados e, porventura, até a sua inexequibilidade O desajuste, por vezes significativo, entre a potência levada a concurso e a potência técnica e economicamente concretizável e viável, sendo que a contrapartida financeira exigida foi estabelecida na proporção da potência indicada no concurso A imposição de condicionantes ambientais, por vezes consideráveis por ex. altura máxima dos açudes, volume máximo das albufeiras - que limitam significativamente a procura das soluções energéticas mais adequadas, também assim contribuindo para o referido desajuste entre as potências levadas a concurso e as realizáveis

Forma de ultrapassar os constrangimentos recém-criados 14 A eliminação de condicionantes e incertezas contidas nas regras processuais adoptadas nos concursos de Novembro de 2010, para melhor aproveitamento das potencialidades hidroeléctricas nacionais e para possibilitar a formulação, no curto prazo disponibilizado para a preparação das propostas, de soluções devidamente ponderadas, consistentes e seguras A indicação, no lançamento de novos concursos, caso a caso e de modo inequívoco de: i) localização do ponto de ligação à rede eléctrica e tensão de interligação; ii) critério adequado de fixação do caudal ecológico; iii) medidas de mitigação já previstas; iv) restrições provenientes de usos da água existentes ou licenciados no trecho fluvial em concurso A reponderação do pagamento da contrapartida financeira exigida ao adjudicatário logo na celebração do contrato de implementação, ou seja, no início de um processo de licenciamento demorado e sem termo definido, pois o recurso ao crédito bancário está cada vez mais caro e difícil de justificar para uma fase de pré-investimento, portanto, com margem de risco acrescida

Em jeito de conclusão e desafio 15 De qualquer modo, o aumento significativo da tarifa aplicável à electricidade produzida nas mini-hídricas (não actualizada desde Fevereiro de 2005), para possibilitar a exigência de contrapartidas pelo Estado aos produtores independentes, deve ser repensado, pelos efeitos contraproducentes que pode acarretar a longo prazo para o desenvolvimento deste tipo de energias renováveis, com tão grande passado e prestígio em Portugal Este mecanismo de subida repentina da tarifa em cerca de 25% - para 95 por MWh vai funcionar como um bombom envenenado para as mini-hídricas, que vão ficar com a fama de caras quando, de facto, lhes estão a exigir que financiem à cabeça o Estado com o valor acrescentado que esse aumento de tarifa vai propiciar ao longo da exploração dos empreendimentos

FIM 16