Ao Excelentíssimo Senhor Carlos Mário Guedes de Guedes Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

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Transcrição:

Ofício 42/2014 Ao Excelentíssimo Senhor Carlos Mário Guedes de Guedes Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Ref.: Informações acerca da morosidade para publicação da portaria de titulação do território da comunidade quilombola Invernada Paiol de Telha. A Associação Pró Reintegração da Invernada Paiol de Telha Associação Heliodoro, sociedade civil sem fins lucrativos com sede na Rua Candido Xavier Ribas, n. 346, bairro Santana, Guarapuava Paraná, e inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas sob o número 01.194. 255/0001-03 e a Terra de Direitos Organização de Direitos Humanos, pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob o número 05.145.844/0001-44, com sede à Rua Ermelino de Leão, nº 15, 7º andar, sl 72, CEP 80410-230, Centro, Curitiba, Paraná, vêm por meio deste solicitar informações acerca da morosidade para publicação da portaria de reconhecimento do território da comunidade quilombola Invernada Paiol de Telha, pelas razões a seguir aduzidas: 1. BREVE SÍNTESE FÁTICA A comunidade quilombola Invernada Paiol de Telha, localizada nos municípios de Guarapuava, Pinhão e Reserva do Iguaçu, Estado do Paraná, foi reconhecida pelo Estado brasileiro como remanescente das comunidades de 1

quilombo em nove de agosto de dois mil e quatro. Por sua vez, requereu junto ao INCRA a abertura de procedimento administrativo visando à identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação, desintrusão, titulação e registro das terras da comunidade em vinte nove de setembro de dois mil e cinco. O processo administrativo 54.200.001727/2005-08, que tem por objeto a titulação do território da comunidade quilombola Invernada Paiol de Telha, já passou, morosamente, pela maioria das etapas previstas na Instrução Normativa n 57, estando pendente, há mais de um ano, a publicação da portaria que declara os limites territoriais, nos termos do art. 17 da IN 57. Frise-se que a comunidade Invernada Paiol de Telha sofre, há longos anos, ameaças concretas a seu modo de vida, tudo pela da perda da posse de grande parte seu território tradicional, fruto das ações ilegais de espoliação realizadas há décadas. A titulação do território tradicional é medida urgente que se faz necessária para garantir a sobrevivência física, social, econômica e cultural da comunidade quilombola como tal. É de conhecimento desta autarquia que Cooperativa Agrária Agroindustrial, empresa que hoje ocupa a maior parte das terras tradicionais da comunidade, ingressou com a ação ordinária nº 2008.70.00.000158-3, na Justiça Federal do Paraná, com o objetivo de anular o procedimento administrativo e declarar a inconstitucionalidade do Decreto 4.887/2003. Ressalte-se que no final do ano de 2013 a comunidade Paio de Telha obteve importante vitória no julgamento dessa ação perante a Corte Especial do Tribunal regional Federal da 4ª Região, uma vez que aquele Tribunal, por ampla maioria, declarou a Constitucionalidade do Decreto Federal 4887/03. Essa importante vitória judicial reforça a necessidade e a oportunidade de dar andamento ao processo administrativo de titulação do território quilombola. Desse modo, tendo em vista a morosidade ilegal e indevida na publicação da portaria que declara os limites territoriais da comunidade Invernada Paiol de Telha, vimos, por meio deste, com fulcro na Lei 12527/2011 (Lei de Acesso à 2

Informação), requerer informações acerca dos motivos para a não edição, até a presente data, da referida portaria. 2. O ACESSO À INFORMAÇÃO E A PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO DE DEMARCAÇÃO MOROSIDADE NA PUBLICAÇÃO DA PORTARIA A Lei 12.527/2011 impõe, aos órgãos e entidades do poder público, o dever de criar serviços de informação por meio dos quais serão disponibilizadas, entre outras, informações referentes à tramitação de documentos em suas respectivas unidades. O artigo 6 do Decreto 4887/03, por sua vez, assegura aos remanescentes das comunidades dos quilombos a participação em todas as fases do procedimento administrativo, diretamente ou por meio de representantes por eles indicados. Tais dispositivos legais devem ser interpretados conjuntamente, de modo a garantir a efetiva participação das comunidades em todas as fases do procedimento administrativo, o que pressupõe, por certo, a disponibilização de informações a respeito das circunstâncias reais (incluindo-se aqui as políticas e econômicas, entre outras) que permeiam a tramitação do processo de demarcação e titulação das suas terras. Por esse motivo, entende-se que ao inciso I, letra b do artigo 9 da Lei de Acesso à Informação deverá ser dada uma interpretação que abarque, para além do mero andamento processual, informações quanto à dinâmica interna dos órgãos, obstáculos e entraves ao andamento regular do processo, entre outros. Isso para que possam, as comunidades quilombolas, participar de fato do procedimento, e não apenas acompanhar, de forma passiva, o seu andamento. Dispõe, ainda, o artigo 21 da Lei de Acesso à informação que não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais. Importante lembrar aqui, que, no caso das comunidades tradicionais, a proteção de seus modos de criar, fazer e viver (inciso 3

II do artigo 216 da Constituição Federal), por meio da qual se busca garantir a preservação de sua memória e identidade, constitui requisito para a efetivação da dignidade humana, fundamento da República Federativa do Brasil, previsto no inciso III do artigo 1 da Constituição Federal desses sujeitos. Sendo, portanto, o direito à cultura um direito fundamental, associado à dignidade da pessoa humana, o qual, no caso das comunidades remanescentes de quilombos, depende, para a sua efetivação, da demarcação e titulação das terras a elas pertencentes, não poderá, o INCRA, negar o fornecimento das informações solicitadas, pois somente em posse de tais informações poderá a comunidade, se for o caso, tomar as providências (administrativas ou judiciais) cabíveis, sejam elas a impetração de Mandado de Segurança, de modo a garantir o regular andamento do processo de demarcação, essencial à preservação de sua cultura e dignidade, ou o ajuizamento de ação de indenização pelos danos causados pela morosidade excessiva do processo. Recorde-se, aqui, que, conforme anteriormente mencionado, a Cooperativa Agrária Agroindustrial, empresa que hoje ocupa as terras dos ancestrais da comunidade, ingressou com a ação ordinária 2008.70.00.000158-3 na Justiça Federal do Paraná com o objetivo de anular o procedimento administrativo e de declarar a inconstitucionalidade do Decreto 4.887/2003, hoje pendente de julgamento em Argüição de Inconstitucionalidade no Órgão Especial do Tribunal regional Federal da 4ª Região. Lembre-se, ademais, que o direito à razoável duração do processo, seja no âmbito judicial ou administrativo, é direito fundamental, positivado no inciso LXXVIII do artigo 5 da Constituição Federal. Quanto à relevância e a justificativa para a inclusão do direito à razoável duração do processo no rol dos direitos fundamentais, lembra, Paulo Hoffman 1, que, não raro, a vida e o destino das pessoas está diretamente vinculada à solução de um 1 HOFFMAN, Paulo. O direito à razoável duração do processo. Em: jus navigandi, Teresina, ano 9, nº 782, 24. Agr. 2001. 4

determinado processo, não podendo o Estado, que se pretende democrático, abandonar seus cidadãos a um processo lento e viciado. Por esse motivo, o Superior Tribunal de Justiça tem admitido e acolhido a possibilidade de impetração de Mandado de Segurança nos casos em que se verifique a excessiva morosidade do processo, seja ele administrativo ou judicial. Eis um dos inúmeros acórdãos do STJ que adotam tal entendimento: MANDADO DE SEGURANÇA. ANISTIA. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO. DEMORA NA RESPOSTA. PRAZO RAZOÁVEL PARA APRECIAÇÃO. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA EFICIÊNCIA E DA GARANTIA À DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO. OMISSÃO CONFIGURADA. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO ART. 49 DA LEI N. 9.784/99. 1. Concedida a anistia política, encontra-se pendente de solução, por mais de quatro anos, recurso administrativo que busca a indenização com proventos de Capitão-de-mar-e Guerra. 2. Em que pesem o grande número de pedidos feitos ao Ministro da Justiça e o fato dos membros da Comissão de Anistia, seu órgão de assessoramento, atuarem pro bono, aqueles que se consideram atingidos no período de 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988, por motivação exclusivamente política, não podem ficar aguardando, indefinidamente, a apreciação do seu pedido, sem expectativa de solução em prazo razoável. 3. Não é lícito à Administração Pública prorrogar indefinidamente a duração de seus processos, pois é direito do administrado ter seus requerimentos apreciados em tempo razoável, ex vi dos arts. 5º, LXXIII, da Constituição Federal e 2º da Lei n. 9.784/99. 4. O prazo a ser fixado para o julgamento do pedido de anistia pela autoridade coatora, na linha da orientação firmada por esta Terceira Seção, deve ser de 30 (trinta) dias, prorrogáveis por igual período, desde que expressamente motivado, conforme estabelecido no art. 49 da Lei 9.784/99, dispositivo aqui aplicado de forma subsidiária. 5. Segurança concedida. (STJ - MS: 13584 DF 2008/0111040-4, Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento: 13/05/2009, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 26/06/2009) Nos termos do acórdão supracitado é de se reconhecer que o processo de expedição da portaria de reconhecimento do território tradicional da comunidade quilombola Paiol de Telha por está autarquia já ultrapassou, em muito, o prazo de trinta dias estipulado em lei, dando vez ao presente requerimento de informações. 3. DOS PEDIDOS Pelas razões expostas, requer-se, com fulcro no inciso XIV do artigo 5 da Constituição Federal; no inciso II do parágrafo único do artigo 1, nos artigos 3, 5 5

e na alínea b do inciso I do artigo 9 da Lei 12527/2011 e no artigo 6 do Decreto 4887/2003, informações que demostrem os motivos que levam à morosidade para publicação da portaria de reconhecimento do território da comunidade quilombola Invernada Paiol de Telha. Ademais, requer-se que seja expedida, imediatamente, a portaria de reconhecimento do território da comunidade quilombola Invernada Paiol de Telha. As informações deverão ser encaminhadas para o endereço Rua Des. Ermelino de Leão, nº 15, sl 72, Centro Curitiba, Paraná ou para o e-mail terradedireitos@terradedireitos.org.br, no prazo de 15 dias a contar da data de recebimento do presente ofício, sob pena de descumprimento do artigo 5 da Lei 12527/2011: É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão. Curitiba, 04 de abril de 2014. Fernando Gallardo Vieira Prioste OAB/PR 53.530 6