PROCESSO Nº : 5854-46.2015.4.01.3504 CLASSE 51209 : CÍVEL/PREVID / OUTROS/JEF AUTOR(A) : ANA MARIA ALVES CINTRA ABDÃO RÉU : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL SENTENÇA (Tipo A) Dispensando o relatório, nos termos do art. 38, in fine, da Lei n. 9.099/95 c/c art. 1 da Lei n. 10.259/01. Passo a fundamentar e decidir. A parte autora busca a desaposentação, isto é, a renúncia à aposentadoria de que atualmente é titular (aposentadoria por tempo de contribuição fl. 113) e novo jubilamento, com a aplicação da nova fórmula de cálculo 85/95, objeto da MP 676/2015, com a contagem do novo tempo de contribuição vertido ao RGPS. Requer, ainda, o pagamento pelo INSS das diferenças devidas. No mérito, constata-se que o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de admitir a renúncia à aposentadoria, possibilitando a concessão de outra mais benéfica, com o aproveitamento do tempo de contribuição, sem a necessidade de devolução de parcelas pretéritas percebidas sob o mesmo título. No caso, verifico que o INSS computou até a data do requerimento administrativo da aposentadoria de que a parte autora é titular tempo de contribuição equivalente a 30 anos, 01 mês e 20 dias, conforme Memória de Cálculo de fl. 113. A parte autora, por outro lado, após a concessão da aposentadoria, manteve seu vínculo empregatício com o empregador José Augusto Fleury Curado, Pág. 1/5
vertendo, portanto, contribuições para o RGPS, na qualidade de segurada obrigatória, conforme CNIS e CTPS trazidos aos autos, contabilizando, assim, até a data de ajuizamento da demanda (14/10/2015), o equivalente a 04 anos, 08 meses e 25 dias, conforme extrato de fl. 114. Constata-se, assim, que, somando o tempo utilizado para a concessão do benefício de que a parte autora já é titular, com o tempo de contribuição após a DIB, chega-se ao total de 34 anos, 10 meses e 15 dias. No que tange à nova aposentadoria pleiteada, verifica-se que a Medida Provisória 676/2015, que havia incluído o art. 29-C na Lei de Benefícios, foi convertida na Lei n. 13.183 de 04 de novembro de 2015. De acordo com o novel dispositivo legal: Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos. (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) No caso em apreço, observa-se que, na data do ajuizamento da demanda (14/10/2015), a requerente possuía 53 anos de idade (fl. 12), que, somados ao tempo de contribuição de 34 anos, 10 meses e 15 dias, superam a quantidade de pontos necessária para a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição sem a incidência do fator previdenciário, conforme pleiteado na inicial, tendo sido, ainda, observado o tempo mínimo de contribuição, nos moldes Pág. 2/5
estabelecidos pelo artigo citado. Logo, faz jus a parte autora à concessão da aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais, sem a incidência do fator previdenciário, nos termos do art. 29-C da Lei n. 8.213/91, mediante renúncia à aposentadoria por tempo de contribuição de que já é titular, a partir de 14/10/2015 (data do ajuizamento da demanda), dispensada a devolução dos valores já recebidos. No que tange à sua efetiva implantação, é de rigor o deferimento da antecipação dos efeitos da tutela de mérito, porque o direito ao benefício encontra-se demonstrado e a demora para implementar essa verba alimentícia traz o risco de lesão irreparável ao segurado. ANTE O EXPOSTO, resolvo o mérito do processo (art. 269, I do CPC) e JULGO PROCEDENTE o pedido formulado para, reconhecendo o direito da parte autora à renúncia ao benefício de aposentadoria em favor da concessão de novo benefício, dispensada a devolução dos valores já recebidos, determinar ao INSS, em ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, que seja contabilizado o novo tempo de contribuição (15/01/2011 a 14/10/2015), somando-o ao tempo de contribuição utilizado para a concessão do benefício renunciado, e, consequentemente, seja implantado o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais, sem a incidência do fator previdenciário, nos termos do art. 29-C da Lei n. 8.213/91, à parte autora, a contar desta data (DIB em 14/10/2015 e DIP em 11/02/2016) e no prazo de até 60 (sessenta) dias, contado da remessa dos autos à autarquia, cessando, ainda, a partir da implantação da aposentadoria concedida nesta ação, o benefício identificado pelo n. 151.835.233-0, que deverá ter como data final 13/10/2015. Condeno-o, ainda, ao pagamento das diferenças encontradas entre o Pág. 3/5
valor que foi pago à parte autora decorrente do benefício n. 151.835.233-0 e aquele relativo à RMI do novo benefício de aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais, apuradas no período que vai de 14/10/2015 (DIB) até 10/02/2016, via RPV, com correção monetária pelo IPCA-E, acrescida de juros de mora que deverão ser calculados na forma do art. 1-F da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei n. 11.960/2009, com alterações da MP n. 567/2012, convertida na Lei n. 12.703/2012, sendo os juros a partir da data da citação, bem como a efetuar os cálculos para cumprimento da determinação no prazo já assinalado no parágrafo anterior, apresentando planilha em observância ao art. 12-A da Lei n. 7.713/98, que trata da tributação de rendimentos recebidos acumuladamente (RRA), e do art. 8º, inciso XVII, da Resolução n. 168 de 05/12/2011 do CJF, discriminando: 1. número de meses (NM) do exercício corrente; 2. número de meses (NM) de exercícios anteriores; 3. valor das deduções da base de cálculo; 4. valor do exercício corrente; 5. valor de exercícios anteriores. Para o eventual descumprimento desta decisão, arbitro multa, em favor da parte autora, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), que será paga por meio de RPV, com correção monetária pelo IPCA-E, acrescida de juros de mora que deverão ser calculados na forma do art. 1-F da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei n. 11.960/2009, com alterações da MP n. 567/2012, convertida na Lei n. 12.703/2012, sendo ambos calculados a partir da data de incidência da multa. jurisdição. 10.259/01. Sem honorários advocatícios e custas processuais neste grau de Publique-se. Registre-se. Intimem-se, na forma do art. 8º da Lei n. Aparecida de Goiânia, 11 de fevereiro de 2016. Pág. 4/5
ALYSSON MAIA FONTENELE Juiz Federal Pág. 5/5